quarta-feira, 24 de abril de 2024

Cobertura de Show: Jethro Tull – 13/04/2024 – Vibra/SP

Jethro Tull celebra lançamentos em sete décadas e capricha no audiovisual em apresentação marcada pela restrição a celulares

O Jethro Tull, banda britânica de Rock Progressivo, Folk Rock e Blues Rock, finalizou a turnê “Seven Decades Tour” – ou “RökFlote Tour”, como também foi divulgada em alguns veículos e no ingresso – em São Paulo, no último sábado (13), no VIBRA São Paulo, localizado na Zona Sul da Capital Paulista, após passagens por Porto Alegre e Curitiba. 

O show, organizado pela MCA Concerts, contou com um setlist de 17 músicas, divididas em dois atos e um bis, que trouxe o repertório da maior parte dos álbuns lançados pela banda – ao menos um a cada década desde os anos 60.  Além disso, a configuração num espectro teatral e a proibição de gravações e fotos com celulares – e até a exigência da banda por não ter fotógrafos para cobrir o show – foram destaques além da apresentação.


Pré-show

Chegar ao VIBRA não é um problema, pensando que há linhas de ônibus que passam em frente ao local e, também, há a Estação João Dias a pouco mais de um quilômetro do local. E foi da primeira forma que cheguei, já observando a organização para os estacionamentos dentro e fora do terreno da casa de eventos.

Muitas pessoas deixaram para comprar os ingressos de última hora, na bilheteria do local. Isso foi um fator que atrapalhou a retirada do ingresso, mas que não impactou no horário para o show. Ainda assim, cheguei num horário em que não deu para observar qual banda, aparentemente vinculada a alguma ação da rádio Kiss FM, tocava no Hall do VIBRA, fora o fato de ter chegado no final da apresentação. Ficou a curiosidade, devido ao bom som ouvido do lado de fora – a área, inclusive, seguia com muitas pessoas a circular pelas entradas.

Membros da imprensa subiram em uma entrada diferente e que direcionou para as cadeiras superiores. Ao subir as escadas rolantes, percebi que havia um comunicado da banda, a respeito da proibição de celulares para fotos ou vídeos, algo reforçado pela agente que fez a leitura dos ingressos na porta da entrada. Este mesmo comunicado apareceu, em diversos momentos, nos telões laterais do palco: 

“A pedido do Ian Anderson e da banda Jethro Tull, é proibido tirar fotos ou fazer vídeos com smartphones ou câmeras durante toda a apresentação.

Ao adentrar a casa, certifique-se de que seu telefone está desligado ou em modo avião. 

As luzes dos aparelhos e dispositivos podem atrapalhar o artista e banda. Caso seja necessário, a equipe de segurança solicitará o desligamento dos mesmos.

Agradecemos a atenção e a colaboração de todos. Desejamos um bom show”.

Outro ponto a destacar envolve a posição onde os repórteres ficaram nas cadeiras superiores: na última fileira, no topo do local. Não foi ruim, exceto por um pequeno ponto cego em que a viga superior (e horizontal) de iluminação atrapalhava a visão do telão esquerdo, na visão do telespectador, algo que também deve ter atrapalhado os espectadores da posição inversa a região do topo. Fora isso, foi algo inédito, pois sempre estive em shows de pista, em pé e próximo ao palco. O conforto de ver o show sentado, na poltrona, foi o ponto mais positivo de todo este contexto.

Aparentemente, os setores abaixo de onde eu estava lotaram. Na superior, as cadeiras mais próximas às paredes tinham lugares vazios e, apesar de pensar que o espaço não lotaria consideravelmente, houve uma ocupação bem considerável, com pessoas que chegaram mais tarde, em cima do horário previsto, e até dentro do tempo de atraso, muito provavelmente por ainda comprarem os ingressos. 

E foi justamente este montante de pessoas que teria causado o atraso de cerca de 20 minutos para o início do show. Dentro desse tempo, a publicidade interna ocupou os telões laterais, enquanto o principal tinha a animação de um rio, com a logo em texto da banda da noite.

Às 21h15, o comunicado exposto nos telões foi narrado duas vezes, como forma de reforçar o aviso em relação ao uso de celulares. Três minutos depois, todas as luzes se apagaram para o início do show.


Jethro Tull e um show ilustrado, lírico e performático

É importante salientar três elementos do evento que, juntos da configuração das cadeiras em todos os setores, deram sentidos reflexivos à performance e tornaram mais entendível a proposta de uma espécie de concerto musical. O primeiro envolve a configuração em que os postos instrumentais estavam: na visão dos espectadores, os teclados ficaram à esquerda, a bateria à direita e, no meio, um amplo espaço para que guitarrista, baixista e vocalista ficassem, junto a um espaço de circulação amplo para o frontman Ian Anderson – uma vez que os instrumentistas de corda pouco saíram de seus postos durante o show. O segundo é o telão central, que mostrou vídeos elaborados para cada uma das faixas e que combinavam perfeitamente com cada passagem de cada música. Por fim, as danças do líder da banda, fossem ao centro do palco ou nas regiões frontais mais vazias, tentaram trazer algo teatral em meio às partes musicais. Com isso em mente, a descrição dos acontecimentos do show pode fazer mais sentido.

O início da apresentação veio com o primeiro grande vídeo da noite: uma transição do logo do Jethro Tull para uma mão que, fora da água, segurava uma baqueta. Os membros logo chegaram ao palco, um por um: John O’Hara (teclado e backing vocal), Scott Hammond (bateria), David Goodler (baixo), Jack Clark (guitarra) e Ian Anderson (vocal e flauta). O novo guitarrista, inclusive, substituiu Joe Parrish, que deixou o grupo em janeiro deste ano.

Logo de cara, a banda tocou “My Sunday Feeling”, faixa que abre o disco de estreia, “This Was” (1968). Goodler fez o forte riff da faixa e Ian, ao entrar, veio com sua icônica flauta. Ao fundo, o telão mostrava televisões de tubo da década de 1960 que transmitiam imagens de membros mais antigos da banda – incluindo Ian – performando em outros shows. O frontman, inclusive, aparentava uma pequena dificuldade para puxar vozes mais longas, levantando a cabeça para o alto não somente nesta, como em outras faixas do show. Apesar disso, o tom da voz do vocalista condizia a como a banda tocava a faixa e, junto a isso, o solo de Jack Clark trouxe a tonalidade Blues Rock necessária.

Após os aplausos, o grupo tocou “We Used to Know”, música que representou o disco “Stand Up” (1969). Mais imagens antigas da banda em performances, somadas a ambientações urbanas da Inglaterra, apareciam no telão central, enquanto Ian Anderson se entregou ainda mais com a flauta e Jack Clark, pouco tempo depois, fez um dos grandes solos da noite.

O Jethro Tull pulou para o final dos anos 1970 com a faixa “Heavy Horses”, que leva o mesmo nome do álbum, lançado em 1978. As imagens de cavalos e tratores nos campos ingleses ilustravam uma faixa que, apesar do início mais lento, passou para um ritmo mais rápido. Ian também fez a primeira interação com os companheiros de banda no palco, ao reverenciar Clark em um novo solo de guitarra.

Em “Weathercock”, um cata-vento de fazendas, com a representação de um galo, e imagens da rosa dos ventos, eram o destaque ilustrativo. No palco, as luzes amarelas davam um novo tom visual dentro da faixa, enquanto a banda tocava um folk rock mais calmo. Nessa faixa, era visível a circulação de alguns seguranças na área superior que, muito provavelmente, tentaram conter possíveis tentativas de gravação dos fãs. 

Na sequência, foi a vez de “Roots to Branches” e, levando ao pé da letra, a imagem era de uma raiz que, aos poucos, formaram galhos de árvores. Cada membro teve um momento de destaque, mas Anderson e Clark tiveram tempo maior de execução por conta da faixa. Depois, o Jethro Tull tocou “Holly Herald”, do álbum de Natal da banda, lançado em 2003 e com um teor Folk muito evidente. Foi nesta faixa que Ian se soltou mais no palco e se aproximou pela primeira vez nas extremidades laterais, de modo a ficar mais perto do público por um momento.

“Wolf Unchained” foi a primeira faixa do mais recente álbum da banda, “RökFlote” (2023), a ser tocada na apresentação. O vulto de um lobo deu entrada para a faixa, seguido de um forte uivado e da introdução com guitarra e teclado. A figura facial de um outro lobo apareceu e logo sumiu e, enquanto isso, Ian Anderson voltava à ponta do palco para tocar sua icônica flauta enquanto estava ajoelhado. Em outro momento da faixa, ele e Jack Clark se juntaram para uma nova interação, tocando juntos a parte de solo da música.

A reta final do primeiro ato da noite veio com as faixas “Mine Is The Mountain”, destacada pela interação de Ian com o baixista David Goodier, e pelas imagens alternadas de montanhas e representações de Deus, no telão; e “Bourrée in E minor”, um cover do compositor barroco Johann Sebastian Bach, em que todos os instrumentos encaixaram bem com a sonoridade e tom da composição em questão. Ian Anderson esbanjou sua performance diferenciada, ao tocar de diversas formas: com pernas cruzadas, uma perna para o ar, próximo do público e evidenciando sua voz junto à flauta, no final. 

Fortes aplausos vieram de todos os setores ao fim do ato e os 15 minutos foram suficientes para quem foi ao banheiro ou precisou comprar algum lanche.

As luzes se apagaram às 22h26, para o segundo ato. O uso de celulares seguia proibido e houve reforço no telão, com a imagem de Ian Anderson com um binóculo e, em cada lente, um indicativo de que fotos e vídeos eram proibidos. Os membros do Jethro Tull retornaram e um fã chegou a gritar “Toca Raul” nesse momento. 

A música que abriu o segundo ato foi “Farm on the Freeway”, única representante do álbum “Crest of a Knave” (1987). Nela, as características de Rock Progressivo ficaram mais evidentes e a dupla Anderson-Clark se destacou novamente no início da faixa, enquanto imagens de fazendas e cidades rodavam no telão central. Nesta faixa, Ian foi ao menos três vezes para perto do andar do teclado, onde um dispositivo muito provavelmente regulava a altura da flauta; e David Goodier fez o backing vocal pela primeira vez na noite.

Em “The Navigators”, segunda faixa da era “RökFlote” e baseada na história do deus nórdico Njord, os elementos de rock progressivo voltaram à tona, enquanto o videoclipe da faixa passava ao fundo. Na sequência, a música “Warm Sporran” começou com as luzes acesas e Ian Anderson fora do palco. No entanto, ele apareceu sorrateiramente segundos após o início do som. Foi nesta faixa, inclusive, que uma pessoa atrapalhou a visão de outros espectadores ao ficar de pé na escadaria de uma das áreas das cadeiras superiores, causando uma pequena maré de reclamações destes e dos seguranças.

Em “Mrs Tibbets”, uma faixa que conta uma história crítica baseada em acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, imagens de aviões de guerra, uma bomba atômica com o gorro de Natal e explosões e dos resultados após os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, ilustraram a faixa enquanto a banda tocava. Clark recebeu outro momento de destaque com seu solo, que tocou no mesmo momento em que o fogo das explosões aparecia no telão principal.

O Jethro Tull continuou com “Dark Ages”, introduzida pelo teclado de John O'Hara no tom de um órgão, sons de chocalho e imagens ficcionais da Terra antes e depois de explosões nucleares – como Ian explicou antes, é uma faixa sobre o fim dos tempos. Outras cenas em vídeo tornaram este o momento mais reflexivo da noite, como contrastes que envolveram amontoados de pessoas na Black Friday e moradores de rua, além de imagens rios e mares poluídos, geleiras em processo de derretimento, brigas políticas, confrontos que faziam alusão a protestos e guerras civis, dentre outros vídeos que impactaram o público durante a faixa. A sonoridade, claro, não deixou a desejar, desde a condução geral até o solo de guitarra de Gary Clark, passando pela finalização orquestrada de bateria, teclado e flauta.

Na reta final, o grupo tocou “Aquadiddley”, faixa instrumental que serviu de introdução para a clássica “Aqualung”. Foi nesta faixa que Ian Anderson teve mais afinco na forma de cantar e seguiu assim do início ao fim desta música, finalizada de forma apoteótica com as batidas de bateria em sincronia com as linhas de piano, além dos pulos dos outros instrumentistas.

O bis foi o momento mais comemorado pelo público - sem contar os aplausos e ovações do final de parte das faixas tocadas na noite -, pois logo apareceu uma animação de Ian Anderson permitindo a gravação com celulares e câmeras a partir daquele momento. Grande parte dos presentes – inclusive eu – sacou seus aparelhos para gravar “Locomotive Breath”, também pertencente ao álbum “Aqualung” (1971), como forma de ter um pequeno registro musical da noite. Cada membro teve seu momento de apresentar um pouco do potencial musical e, claro, a finalização é digna de um show de pluralidades mais que interessantes para uma apresentação ao vivo.

Por fim, o telão mostrou imagens divertidas de cada membro, enquanto estes iam até a frente do palco para se apresentar e agradecer por uma última vez. Ian arrancou mais risadas por conta de sua imagem e, claro, os aplausos foram calorosos, com o público de pé por minutos apenas para isso.

A saída do público foi ao som de “What a Wonderful World”, icônica canção de Louis Armstrong, sendo uma forma de fechar uma noite interessante e curiosa em termos de música, performance e num modelo de experiência de concerto diferenciado além de, principalmente, ver novamente, uma banda solicitar o não uso de aparelhos em um show e o público, em sua maioria, respeitar, mesmo que sob o medo de receber um sermão da equipe de segurança. 


Texto: Tiago Pereira
Edição/Revisão: Gabriel Arruda

Realização: MCA Concerts
Mídia Press: Midiorama


Jethro Tull

Set 1
My Sunday Feeling
We Used to Know
Heavy Horses
Weathercock
Roots to Branches
Holly Herald
Wolf Unchained
Mine Is the Mountain
Bourrée in E minor (Johann Sebastian Bach cover)

Set 2
Farm on the Freeway
The Navigators
Warm Sporran
Mrs Tibbets
Dark Ages
Aquadiddley
Aqualung
***Encore***
Locomotive Breath

OBS: Devido a pedido do Ian Anderson, junto com os demais músicos do Jethro Tull, não foi permitida a entrada de fotógrafos profissionais e nem registro de vídeos e fotos de celular. Portanto, não há ilustrações e conteúdo audiovisual nesta matéria por conta das normas citadas. Agradecemos a compreensão dos que leram.


segunda-feira, 22 de abril de 2024

Cobertura de Show: Leather Leone – 12/04/2024 – Jai Club/SP

Leather agita a noite em São Paulo com muito carisma e Heavy Metal!


Sabe aquela sexta-feira perfeita para curtir um show? Nem muito calor, nem muito frio... assim estava a sexta-feira do dia 12 de abril, na Jai Club, com três shows agendados para a noite: os guarulhenses do Hell On Wheels, os paulistas do Selvageria e a nova-iorquina Leather Leone, atração principal da noite e acompanhada de uma banda composta por grandes músicos do metal nacional.

Hell On Wheels

Cheguei na casa de shows com o som da banda Hell On Wheels, que estava programado para 18h45. O grupo presta um tributo à banda belga Acid e é composto por Andressa Castelhano (vocal), Reinaldo Padua (guitarra), Emanuel Ueverton (guitarra), Glauco Silva (bateria) e o baixista Amilcar Risk que, por conta de dengue, não esteve presente.

Dito isso, a banda performou muito bem sem um baixista, num setlist de oito músicas e com muita energia, além de um som de qualidade rolando. Tudo era em cima do palco até a participação diferenciada do guitarrista Reinaldo Padua, descendo do palco e indo tocar no meio do público ali presente. Pode-se dizer facilmente que a banda toca muito bem ao vivo, com a vocalista Andressa Castelhano sendo bem carismática deixando assim um gostinho de quero mais.

Selvageria

Minutos depois de uma pausa de transição de equipamentos, o Selvageria entrou no palco em sequência, banda essa que é uma velha conhecida por metaleiros old school.

Formada em 2005, o Selvageria passou por uma brusca mudança, com a saída do antigo vocalista. Quem assumiu os vocais foi o baterista da banda, Danilo Toloza. Mas então, o que se esperar de uma banda que o batera também é o vocal? Eu te digo: TUDO! O Danilo manda muito bem tanto no instrumental quanto no vocal. Estou reforçando esse detalhe porque se já é um desafio para os guitarristas/baixistas tocarem e ainda apoiar no vocal, imagina como deve ser para o baterista fazer isso?

A banda entrou no palco às 19h40 tocando a música “Metal Invasor”, do seu segundo álbum, também chamado “Selvageria”. Não precisou de muito tempo para ver que a banda formada por Danilo Toloza (bateria e vocal), Cesar Capi (guitarra) e Tomas (baixo) vieram para fazer em seu setlist também composto por oito músicas. Que sonzeira! Importante ressaltar o impacto que o guitarrista Capi tem para a banda também, atuando também no backing vocal e fazendo solos de arrepiar a espinha.

Leather

A Jai Club ficou mais lotada a partir dos preparos para a última atração. Poucos minutos antes do horário do show, quem estava próximo ao palco já conseguia ver Leather Leone se preparando para uma noite de metal ao lado do palco. Pontualmente, às 20h45 do último dia 12, Leather subiu ao palco do Jai Club, na Zona Sul de São Paulo, tocando o clássico “Ruler of the Wasteland” deixando todos ali presentes extasiados com sua energia.

A banda que acompanhou Leather naquela noite foi formada por Marcus Dotta (bateria), Fabio Carito (baixo), Vinnie Tex (guitarra) e Kiko Shred (guitarra). E que verdade seja dita, que grandes músicos são estes! Com um som extremamente limpo e bem executado, fizeram jus aos clássicos tocados na noite daquela sexta-feira. Os solos tocados por Vinnie Tex e Kiko Shred fazem qualquer headbanger se emocionar.

Na sequência, veio a música “Black Knight” do aclamado álbum “Mistery of Illusion” de sua antiga banda, Chastain. Os punhos serrados da plateia subiram com a introdução da faixa “Mistery of Illusion”, do álbum de mesmo nome. Em uma performance de cair o queixo, Leather continua cantando muito bem, fazendo um controle impecável de sua voz, com bastante potência e tons melódicos muito bem executados.

A banda seguiu tocando “I’ve Seen Tomorrow”. Um ponto importante de se comentar é que, apesar de seus 65 anos, Leather Leone não parava um minuto, do minuto inicial do show até o final ela continuava pulando, sorrindo, vibrando com a plateia deixando então aquela sensação nostálgica do que é um show de metal bem executado.

Esbanjando simpatia, Leather se arriscou até na língua portuguesa durante o show, após algumas músicas, com termos como “Foda para caralho” que, segundo a própria, foi uma definição para a reação do público ali presente.

Vale ressaltar novamente que Leather Leone não sabe o significado de cansaço. A noite contou com 15 músicas no setlist relembrando desde o primeiro álbum do Chastain até músicas dos trabalhos solo da cantora. Sem muitos intervalos, a banda fez um show impecável para quem curte um bom metal.

Outro grande momento da noite foi na faixa “We are the Chosen”, não somente por ser uma das mais populares e levar o nome do álbum mais recente da cantora, lançado em 2022, como por ter sido uma das faixas mais cantadas pelo público na apresentação.

Leather continua facilmente ocupando o status de “rainha do metal”. Com sua energia contagiante e sua voz sem igual, com toda certeza, quem esteve presente no Jai Club nessa noite, irá demorar para esquecê-la.


Texto: Marcos Lopes, After do Chaos

Fotos: Paula Cavalcante

Edição/Revisão: Gabriel Arruda

 

Realização: Caveira Velha Produções

Mídia Press: Isabele Miranda Press

 

Hell on Wheels

America

Lucifera

Bottoms Up

Ghostriders

Lost in Hell

Hell on Wheels

Max Overload

Black Car

 

Selvageria

Metal invasor

Selvageria

Na lâmina da foice

Cinzas da inquisição

Águias assassinas

Trovão de aço

Cavaleiro da morte

Hino do mal

 

Leather

Ruler of the Wasteland

Black Knight

Mystery of Illusion

I´ve Seen Tomorrow

Shockwaves

We Take Back Control

Angel of Mercy

Live Hard

The 7th of Never

Who Rules the World

For Those Who Dare

We Are the Chosen

Voice of the Cult

The Battle of Nevermore

The Battlefield of Life

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Entrevista - Rhapsody Of Fire: Explorando Novos Caminhos


Por Mey Maeve, com condução de Gabriel Arruda e Pamela Gaiguer

Fotos: Divulgação

Rhapsody Of Fire, uma das bandas mais famigeradas da história do Power Metal, volta ao Brasil para um show único, em São Paulo, no próximo dia 9 de maio no Carioca Club. A turnê, que também vai passar por outros países da América Latina, faz parte da divulgação do novo álbum, “Glory For the Enchanted Lands”, a ser lançado também no próximo mês via AFM Records. 

O fundador, tecladista, compositor, produtor e arranjador, Alex Staropoli, atendeu a ROAD TO METAL para um bate papo bem descontraído falando um pouco de como é o seu processo de compor novas músicas e o que gosta de estar fazendo durante e longe das turnês, além de relembrar os momentos especiais que teve com os saudosos cantores Christopher Lee e Andre Matos.

Hoje quais são suas inspirações para compor? Você sente que mudou em algo ou as suas inspirações pessoais, seus gostos, sua visão de vida são as mesmas?

Alex Staropoli: No que diz respeito à música, temos uma visão, temos um plano musical, sempre seguiremos nosso coração, nossa energia. Cada nova produção é uma emoção, onde queremos fazer cada vez mais e experimentar coisas novas. Esse novo álbum em particular, não tem baladas, não tem introdução, são só músicas mais pesadas, bem rápido, onde todos estão no seu auge em seus instrumentos, e é emocionante poder, finalmente, após três anos, lançar um novo álbum.

E pegando esse gancho, muitas pessoas do meio musical comentam que é importante inovar, experimentar coisas novas, até porque acaba acontecendo naturalmente de a vida seguir novos rumos e até mesmo sendo a formação da banda diferente do original, acredito que o processo de composição acaba sendo diferente. Eu queria saber o que você sente que é mais importante: inovar o estilo, buscar coisas novas ou manter a essência e os elementos que já deram certo?

Alex Staropoli: Não se trata de uma fórmula que funciona, e sim da música que amamos fazer. O que gostamos de fazer é criar música que esteja ligada à música clássica, à fantasia, imaginação. Você pode trazer novos elementos, claro, mas como músico, compositor e produtor da banda, o que eu gosto de trazer são novos instrumentos que nunca usamos, como por exemplo, a gaita de fole e entre outros que gosto de combinar com a nossa música. Não sei em que tipo de banda e/ou estilo a palavra inovação significa, quero dizer, em nosso mundo, tentamos ser mais modernos. Uma grande parte é maneira como a bateria, baixo e guitarras soam. 

Eu, por exemplo, sou um músico da linha clássica, então é muito importante que a seção rítmica passe essa sensação de modernidade. E é claro, a mistura pode mudar tudo. Outra coisa que pode mudar tudo é a mixagem, que era mais simples, antigamente a bateria soava mais leve e dava mais espaço a orquestra. 

Hoje em dia, isso não corresponde mais ao estilo. E bom ter uma bateria mais poderosa, talvez menos espaço de orquestra, mas precisamos desse punch, dessa força, dessa energia, então, existem diferenças se você comparar o som do passado com os de hoje em dia.

Qual a parte que você mais gosta da realidade da vida musical? O processo de compor, o momento de estar no palco, as gravações, ou o momento de voltar para casa com a sensação de dever cumprido?

Alex Staropoli: Claro que apreciar todo o processo é o mais legal na vida de um músico, mas fico muito feliz quando estou em casa, escrevendo novas músicas, uma vida mais pacata, mesmo com prazos e tendo que criar um álbum novo do zero, mas, tudo é especial.

Conhecer os fãs também é importante, você não pode só escrever música e ficar em casa o tempo todo, mas sim, voltar para casa é uma sensação ótima. Quando eu viajo para o exterior, eu tento combinar momentos para aproveitarmos além do trabalho. 

Quando fomos ao Japão, por exemplo, fiquei umas duas semanas, pois queria passar férias lá, descobrir mais os países, especialmente a América Latina. É emocionante ir a um país e fazer os shows, mas conhecer a cultura é muito bom também. Em São Paulo temos uma churrascaria preferida, mas infelizmente não lembro o nome agora.

As mais conhecidas daqui de São Paulo são Fogo de Chão e Barbacoa, seria um desses?

Alex Staropoli: Não lembro mesmo.

Vocês têm um feat clássico com o Christopher Lee em “The Magic of Wizard's Dream”. Para álbuns futuros, fazer um feat é uma possibilidade? Se sim, tem alguém que você acha que seria interessante convidar para fazer uma participação em alguma música?

Alex Staropoli: Christopher Lee foi muito especial para nós, pois somos apaixonados por O Senhor dos Anéis. Especificamente gostamos da voz grave dele, então falamos: ‘esse cara tem uma voz fantástica!’. No começo, nem pensamos em quantos filmes ele tinha participado ou se estava em O Senhor dos Anéis. 

Depois de nos encontrarmos com ele, acho que foi quando “O Retorno do Rei” tinha acabado de ser filmado, ele não podia contar nada sobre o filme. E foi muito especial pois ele representa uma conexão com O Senhor dos Anéis, a voz dele é muito marcante.

Encontramos ele em Londres para fazer as narrações, esse era o trabalho. Ele veio, saiu da cabine de gravação e disse: ‘tudo bem, ok, mas eu também sei cantar e ninguém me pediu nada. Vocês têm algo que eu poderia cantar também?’. Foi então ideia dele e foi realmente único. Para o futuro, não sei ainda, mas seria fantástico ter outra participação, mas depende do preço. Atores famosos são realmente caros.

Vocês fizeram uma tour com o Shaman após o lançamento do álbum “Ritual” (2002). Você tem alguma memória especial com o Andre Matos que você gostaria de compartilhar?

Alex Staropoli: Não especificamente da turnê em si, mas eu encontrei muitas vezes quando estávamos gravando na Alemanha, no estúdio do Sascha Paeth. Era sempre bom estar com ele, “um cara super legal” era o que diziam, mas era totalmente verdade. Um músico fantástico. Fiquei muito chocado por ele não estar mais conosco, ele era muito jovem.

Agradecimentos a Dark Dimensions e a JZ Press pelo agendamento desta entrevista!






quarta-feira, 17 de abril de 2024

Cobertura de Show: Angra & Jeff Scott Soto - 12/04/24 - Bar Opinião/RS

Por: Renato Sanson

Poucos meses depois de sua última passagem pela capital gaúcha, o Angra retornava mais uma vez e dando continuidade à turnê do seu aclamado novo álbum: “Cycles of Pain” lançado no ano passado.

O local escolhido, mais uma vez o Bar Opinião, mas desta vez o Angra trazia uma participação especial, a do icônico vocalista Jeff Scott Soto para um show acústico.

A abertura (assim como no ano passado) ficou a cargo do excelente guitarrista Luiz Toffoli. Uma grata surpresa, pois, apresenta um Prog Metal de alto nível tendo como base os americanos do Dream Theater. Mas nada que tirasse o brilho de suas composições.

Com um som nítido e cristalino, a banda de Luiz desfilou técnica e requinte com sua musicalidade. Sendo o guitarrista um show a parte. Vale ainda destacar a presença do baterista Pedro Tinello que dispensa apresentações e do excelente vocalista maranhense Cassio, da banda Alchimist. Mandando muito bem em sua performance e tendo aquela influencia melódica de Halford com a vitalidade de Tim Owens.


Uma excelente abertura de uma banda muito profissional e promissora.

Eis que as 22h Jeff Scott Soto entra em cena acompanhado do fiel escudeiro Leo Mancini. O palco já montado para o acústico e ambos com seus violões em mãos. Começando a noite com “Livin the Life” (criada para a trilha sonora do filme Steel Dragon) levantando o público, seguida do clássico “Mysterious” do Talisman, que abriu caminho para “Alive” do Sons of Apollo.

É impressionante como canta Scott Soto. De forma natural e encantadora. Com muita simplicidade e simpatia ganhando os presentes. Sendo um caso raro de talento e humildade.

As composições ficaram muito bem nesse formato acústico, a exemplo de “Comes Down Like Rain” do W.E.T. e “Carry On Wayward Son” do Kansas que fez a galera cantar junto do começo ao fim.

Um show curto, mas muito bem executado com Soto bem à vontade e um som muito bom ecoando dos PA’s, o que deixou a apresentação ainda mais incrível.

Passado das 23h era hora da atração principal e a intro “Crossing” ecoa nos alto falantes, com Bruno Valverde fazendo a frente para o delírio dos fãs e aos poucos a banda vai adentrando e “Nothing to Say” inicia o caldeirão para o mago Fabio Lione dar o seu show. Mais um clássico chega com tudo e “Angels Cry” adentra para a felicidade dos presentes. Dispensando comentários.

O Angra atualmente consolidou o seu novo momento com Lione, Bruno e Barbosa. Mostrando muita personalidade até aqui, mas solidificando essa formação com “Cycles of Pain”. Não que os dois álbuns anteriores fossem ruins (longe disso), porém “Cycles...” traz uma formação mais amadurecida e com a “cara” do Angra. Com Lione muito mais encaixado a sonoridade.

E sim, os grandes destaques deste show ficaram por conta das composições novas, que embalam essa fase atual como: “Vida Seca” (um show de interpretação de Lione), “Dead Man on Display” (com Barbosa e Bruno soberbos), a faixa titulo que é um show de técnica e variações.

Tendo ainda a rápida e agressiva “Ride Into the Storm” e a moderna e bela “Tide of Chances Pt. 01 e Pt. 02” que contou com a participação de Jeff Scott Soto em um dueto magnifico com Fabio Lione. Que de quebra, ainda tocaram “The Show Must Go On” do Queen.

Claro que outros momentos do show também foram marcantes, como o set acústico que o Angra adotou já há alguns anos, Rafael sempre a frente, informou que desta vez tinha esquecido seu violão em casa e pegou emprestado o do amigo Leo Mancini, e brincou que teria que improvisar. Destaque deste pequeno set fica para a belíssima “Gentle Chance”. “Make Believe” também apareceu, mas no formato acústico a mesma perde força, pois é extremamente emocional e seria incrível se o Angra voltasse a tocar a mesma em seu formato original.

Outra grata surpresa foi “Time” tendo uma interpretação de tirar o folego de Fabio. Assim como "Morning Star” e “Beeding Heart”.

Mas, “Silence and Distance” foi em minha opinião o ponto alto do show em uma performance que honrou essa época dourada da banda.

O encerramento vocês já sabem:  as mais que clássicas “Carry On” e “Nova Era”. Matando a saudade dos fãs gaúchos que não lotaram a casa, mas estavam em peso em mais uma sexta-feira chuvosa em Porto Alegre.

Alguns pontos a se considerar:

Fazia muito tempo em que não via um som tão cristalino e redondo no Bar Opinião. Todas as bandas que tocaram estavam com uma qualidade acima da média. O que é ótimo para os fãs e imprensa.

Referente a polêmica pista vip. Penso que, em um local como o Opinião que abrange de 1500 à 1900 pessoas, se torna desnecessário a pista vip. Pois, o local já é pequeno e você limitando os presentes que não pagam barato para estar ali, fica insustentável. Já que era visível o desconforto dos fãs na pista vip que ficou extremamente pequena e apertada.

Finalizando, o local destinado às pessoas com deficiência deveria ser revisto, pois, é um local baixo demais e para as pessoas que utilizam cadeira de rodas é um desafio ver os shows daquela posição. Um pequeno elevador até o mezanino resolveria esse impasse e daria mais qualidade às pessoas com deficiência que pagam tanto quanto os outros para estarem prestigiando seus artistas favoritos.

 

P/S: infelizmente nossos fotógrafos não estavam disponíveis nesta data. Por isso, a cobertura consta sem fotos. Pedimos desculpas e contamos com a compreensão de todos.

terça-feira, 16 de abril de 2024

Entrevista - Marcelo Vasco: "Ter trabalhado pro Slayer é um sonho que se realizou e ás vezes até hoje eu acho que a ficha não caiu"

Por: Renato Sanson

Músico/artista entrevistado: Marcelo Vasco


Dentre seus vários projetos e bandas, atualmente você também faz parte da The Troops Of Doom. Sendo atualmente um dos maiores nomes do Thrash nacional. Como está sendo este momento?

Muito legal! O The Troops Of Doom está no seu melhor momento, estamos prestes a lançar o disco novo no final de Maio e temos muitas coisas positivas pela frente, como o show no Summer Breeze e a Tour Europeia em Agosto.

Referente ao convite do lendário Jairo. Acredito que deve ter sido inimaginável, pois, a criação da banda para os fãs foi algo que nos pegou de surpresa.

Sou fã do Jairo e do trabalho dele a vida toda praticamente (risos). Tinha poster do Sepultura da época do Bestial no meu quarto quando eu era molecão e estava começando no Metal, então fazer parte disso é do caralho. Sem contar o trabalho dele com o The Mist, que eu também adoro. Enfim, somos amigos há muitos anos e estávamos planejando fazer um projeto juntos em 2015, eu, ele e o Alex, mas como estávamos todos muitos ocupados acabou ficando na gaveta. Então veio a pandemia, todos ficamos um pouco mais sossegados e foi quando ele e o Alex tiveram a ideia de montar o The Troops Of Doom. Então visto que estávamos já planejando algo juntos, foi quase que instintivo terem me convidado. Foi algo que também me pegou de surpresa, mas fiquei bastante empolgado, claro.

A recepção com o Debut “Antichrist Reborn” foi um presente aos fãs. A velha escola está ali e resgatando aquela alma do Thrash/Death Metal oitentista. Como é o processo de composição da banda?

Animal! Que bom que o povo está curtindo o nosso trabalho. A gente fica feliz das pessoas captarem bem essa nossa ideia desse resgate a um passado glorioso que infelizmente hoje em dia já não existe mais e está ficando cada vez mais raro. Somos meio órfãos desse tipo de Metal.

Eu acho que o ser humano de uma maneira geral é um bicho nostálgico (risos). Hoje as bandas estão em sua maioria muito “boazinhas” e o Metal muito plastificado, seguindo fórmulas, cada vez mais monótono, sem alma, especialmente as bandas que estão ou querem estar mais no mainstream. O foco é puramente comercial e com isso elas se moldam de acordo com a demanda. É triste!

Mas voltando a sua pergunta, o processo de composição do The Troops acontece praticamente de maneira remota, via WhatsApp, já que eu estou aqui na Serra Gaúcha, o Alex no Rio e o Jairo e o Alexandre em BH. Mas tem funcionado super bem. Nessas horas a tecnologia fica muito a nosso favor, pois se fosse anos atrás, algo desse tipo seria inviável. De qualquer forma o início das composições acontecem assim, mas quando temos pronto o esqueleto das músicas, o Jairo normalmente vem aqui pro Sul, passa um tempo na minha casa e a gente finaliza tudo juntos, antes de entrar em estúdio de fato. 

A gente sempre grava antes uma espécie de Demo, que funciona como uma pré-produção, então o Alex pode encaixar os vocais e o Alexandre trabalhar nas baterias, até que chegue o momento de gravar o material oficialmente.

Não poderia conversar contigo sem perguntar sobre seu foco principal, suas artes! Além de ter realizado todas as artes da reta final do Slayer você também está agora trabalhando com Kerry King para o álbum solo do mesmo. Conte-nos para nós está ocasião.

Ter trabalhado pro Slayer é um sonho que se realizou e as vezes até hoje eu acho que a ficha não caiu pra mim. Eu sou fã demais deles, é minha banda favorita desde que eu era moleque, então essa conquista é algo surreal demais. E recentemente, quando o Kerry King me convidou para ser o artista da banda solo dele, eu fiquei maluco também. 

Feliz demais de poder fazer parte dessa história do Metal de alguma forma. É algo muito importante, especialmente pros fãs de Slayer, que ficaram órfãos, e posso afirmar que o disco está fantástico e já está no meu Top 5 de 2024. Pra mim soa como uma espécie de continuação do Slayer, tem a essência da coisa. Fiquei muito surpreso com o vocal do Mark inclusive. Muito foda!

Sobre o Slayer. Referente a esta volta repentina, qual a sua opinião?

Eu não sabia de nada e tomei um baita susto. De cara achei que fosse alguma brincadeira ou fake news, mas quando soube que era oficial mesmo, fiquei muito feliz. Acho que o balanço do universo foi restaurado. 

A vida sem o Slayer é muito chata (risos). Teve muita gente que não entendeu nada, principalmente porque a notícia chegou no mesmo momento em que o Kerry King estava anunciando seu disco solo e tudo mais, mas na realidade eu creio que essa volta foi apenas uma volta “parcial”, eles não vão voltar a fazer Tour mundial e acho que nem gravar novos discos. 

São shows esporádicos aqui e ali, mas pra mim já é super válido. Fiquei muito triste quando eles anunciaram aquela “aposentadoria”. Recentemente eles me pediram umas artes novas pra Merchandise inclusive. Quase nem fiquei feliz (risos).

Como é processo criativo e de influencias para desenvolver um trabalho gráfico para um artista? Tem muita interferência dos músicos?

Eu costumo trabalhar em cima do título do álbum, conceito ou até letras, e claro, sempre procuro captar um “norte” do que a banda está buscando em termos estéticos através de algumas conversas inicias. 

Mas gosto de estar completamente livre pra criar, sem muros e sem muitos dedos, até porque é dessa forma que eu consigo me expressar melhor, sem ser usado somente como uma ferramenta, mas como um artista de verdade, de poder interpretar visualmente aquilo através da música e conceito criado pela banda. Normalmente não, a maioria das bandas me deixa muito livre pra criar através da minha própria perspectiva, o que é muito legal, quase sempre eles confiam no meu trabalho e na minha visão. 

Quando eu sinto que a banda está interferindo muito, é sinal de que talvez eu não seja o artista certo pro trabalho e até prefiro não fazer parte do projeto.

Como anda a situação da banda Patria? O disco mais recente (“Hexerei”) já faz dois anos. Tem previsão de algum lançamento futuro?

Caramba, 2 anos já do Hexerei? O tempo passa rápido demais! O Patria é uma banda que nunca foi muito ativa e compromissada, no bom sentido, especialmente no âmbito dos shows. Tocamos muito pouco ao vivo e desde o lançamento do “Hexerei” só fizemos um show, com o Watain, em Porto Alegre. 

Depois disso paramos de tocar e nem temos muito interesse, pra ser honesto. Estamos aqui na Serra Gaúcha e o custo para shows é muito alto, simplesmente não fecha a conta e torna tudo praticamente impossível, comercialmente falando. Então a ideia é realmente não tocar mais, a não ser que algo decente e digno apareça, que é extremamente raro. 

Atualmente a banda continua, mas está mais para um projeto de estúdio. Não temos nenhum plano a curto prazo, mas sem dúvidas no futuro haverão mais discos.

 

Voltando ao The Troops of Doom, vocês estarão no Summer Breeze Brasil em breve. Qual a expectativa? Teremos surpresas no setlist? Alguma coisa do vindouro “A Mass to the Grotesque” aparecerá?

Sim, curtimos demais o convite pra tocar no Summer Breeze Brasil e estamos animados pro show. Acho que vai ser muito foda! Somos headliner do palco Waves, o que deixou a gente muito honrado. Estaremos tocando também ao lado de bandas que eu adoro, como o Mercyful Fate, Amorphis, Carcass, Ratos de Porão e várias outras. 

Vai ser uma experiência muito legal! Claro, teremos músicas de praticamente toda nossa discografia, dos primeiros EPs, do primeiro disco “Antichrist” e uma estreia ao vivo do novo “A Mass To The Grotesque”, além de algumas músicas clássicas do Sepultura, da época do Jairo na banda.

Sou muito fã do projeto Hellscourge que no qual você também faz parte. Lançando dois discos icônicos para o Metal extremo old school. Existe a possibilidade de um novo material? (Desculpa, mas o lado fã falou mais alto agora hahaha).

Haha Legal demais! Obrigado! O Hellscourge é um projeto super podreira, toscão e totalmente sem compromisso, fazemos mais pela diversão mesmo. Mas a gente fica feliz da galera ter curtido e entendido a proposta. 

Já faz um tempo que não planejamos nada. A gente até tinha um terceiro disco em mente muitos anos atrás, mas acabou ficando parado, mas claro, ainda há planos de reviver essa ideia ai. Não sei exatamente quando, mas acredito que não vá demorar muito não! Vamos ver!

Marcelo, muito obrigado pela disponibilidade e parceria. Antes de encerrar, quais álbuns e artes da sua extensa discografia e catalogo você indicaria para alguém que não conhece o artista Marcelo Vasco?

Eu que agradeço o interesse pelos meus trabalhos! Muito obrigado! De álbuns meus mais desconhecidos eu indicaria o último do Le Chant Noir “La Société Satanique des Poètes Morts”, que eu adoro, que é um projeto meu com o vocalista Lord Kaiaphas, que foi vocalista do Ancient (Noruega) e com o batera Malphas, da formação original do Mysteriis. 

Também posso indicar o Demoniac Harvest “The Midnight Obsessor”, que não tem nas plataformas digitais, mas é possível encontrar no Youtube. O “Hexerei” do Patria e o “About The Christian Despair” do Mysteriis. E é claro, fiquem ligados no novo disco do The Troops Of Doom “A Mass To The Grotesque”, que está muito do caralho. 

A mixagem e masterização foi feita pelo Jim Morris, no lendário estúdio Morrisound Recording, na Flórida, que foi o estúdio responsável pelos maiores clássicos do Death Metal dos anos 80/90, então a sonoridade do álbum está fora da curva e mega especial.

Em relação as artes, eu acho que a trinca Slayer “Repentless”, Borknagar “Winter Thrice” e Soulfly “Enslaved” representa muito bem o meu estilo artístico e serve como uma boa introdução ao meu trabalho :) Espero que todos gostem! Valeu! Muito obrigado e grande abraço!

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Cobertura de Show: Orphaned Land – 07/04/2024 – Carioca Club/SP

A banda israelita de Heavy Metal Orphaned Land, com forte influência da música oriental, voltou ao país para uma apresentação única, em São Paulo, no último dia 07/04 em um domingo ameno na cidade e a Sociedade Esportiva Palmeiras conquistando mais um título paulista – o terceiro consecutivo – em cima do Santos Futebol Clube. 

Com a abertura da casa às 17hrs, a apresentação teve início por volta das 18h30 quando o vocalista Kobi Farhi saudou o público com um Salaam Aleikum. A performance contou com apenas quatro membros – Chen Balbus e Idan Amsalem (guitarras) e Matan Shmuely (bateria). O baixista Uri Zelcha, um dos integrantes originais, estava ausente devido a problemas na coluna, o que afetou a qualidade sonora.

O show teve alguns problemas técnicos, com uma das guitarras apresentando volume mais baixo que a outra na primeira música. O técnico de som demorou um pouco, mas ajustou o volume e tudo fluiu bem. 

Na falta de alguns instrumentos característicos, como violão ou cítara, a substituição foi feita por playback, assim como as partes dos coros e vocais femininos na primeira música, "The Cave"

Kobi não deixou a desejar em termos de presença de palco, técnica e voz, mesmo sendo o membro que está a mais tempo na banda. Os guitarristas, Chen e Idan, se saíram bem, enquanto o destaque foi o baterista Matan, que tocou com muita energia e cantava as músicas, assumindo também às funções de roadie ao ajustar os seus microfones em alguns momentos.

O repertório foi diversificado, com o uso de telão para exibir clipes das músicas durante suas performances. As luzes estavam perfeitas, os fotógrafos tiveram uma sorte grande para esses registros. Kobi, mais uma vez, interagiu bastante com a plateia, ensinando ritmos e trechos de músicas em hebraico para o público fazer o coro. 

Não houve discursos políticos durante o show, enfatizando que a apresentação é uma celebração de amor e paz. Essa união, carregada tanto no conceito lírico e na vida pessoal de cada um dos músicos, pode ser notada numa família que estava presente no show: uma mãe, com o braço em uma tipoia; um pai, com uma mochila de porquinho cor de rosa; e uma criança, que corria para lá e para cá, chamaram a atenção de algumas pessoas.

Antes de começar a música "All Is One", Kobi destacou a importância de comunicar essa mensagem ao mundo, independentemente da situação difícil em Israel. O tal pai com a criança, mencionado a pouco, agitou em “Sapari” com ela nos seus ombros. A última música, “Norra el Norra (Entering the Ark)”, emendada com “Ornaments of Gold”, foi cantada em hebraico.

Ao em vez de se juntarem para agradecer, os membros da banda fizeram gestos de oração e saíram do palco após o encerramento. Eles também atenderam os fãs que permaneceram até o final do show.


Texto: Ingrid Evelin

Fotos: Paula Cavalcante

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Estética Torta

Mídia Press: Lex Metalis Assessoria e Agenciamento


Orphaned Land

The Cave

The Simple Man

All Is One

The Kiss Babylon (The Sins)

Ocean Land (The Revelation)

Brother

Like Orpheus

Let the Truce Be Know

Birth of the Three (The Unification)

In Propaganda

All Knowing Eye

Sapari

In Thy Never Ending Way (Epilogue)

***Encore***

The Beloved’s Cry

Norra el Norra (Entering the Ark) / Ornaments of Gold