Satyricon, Impaled Nazarene, Belphegor, Dark Funeral, Força Macabra. O que esses nomes tem em comum? Simples. Uma total devoção a Sarcófago, mais principalmente ao álbum “I.N.R.I.” que é uma obra prima do Black Metal Mundial e, para muitos, o pioneiro da obscuridade.
Essa questão gera um debate apimentado nos fóruns de Metal, já que muitos afirmam que o Sarcófago foi a primeira banda de Black Metal, e os verdadeiros herdeiros do Venom. Entretanto, vale lembrar que esse clássico da banda foi lançada em 1987, por outro lado, o primeiro álbum do Mayhem é de 1984. Um ano depois é que o Sarcófago gravava duas músicas para a coletânea “Warfare Noise”.
Polêmicas a parte, o mais importante é destacar que esse foi o ápice do Metal Extremo nacional e se hoje Krisiun, Rebelliun, Drowned, entre outras, tem destaque lá fora, foi o Sarcófago que abriu essas portas.
A banda no auge nos anos 80
Porém, antes de comentar as faixas, vale lembrar a temática e o visual da banda nessa época: afinal de contas, nunca uma banda tinha alcançado um nível tão grande de blasfêmia e de visual tão carregado de ideias vindas principalmente de Antichrist que assumia os vocais, além de Butcher na guitarra, Incubus no baixo e D.D. Crazy na bateria.
Sua sonoridade era inovadora para a época, com guitarras pesadas, sujas e rápidas, assim como um estilo de tocar a bateria, conhecido como Blast Beat, pouco usado na época. Bandas como o Napalm Death e Fear of God já usavam a técnica de forma agressiva. O visual também fazia parte do contexto, brutal e chocante, como demonstram as fotos de seu primeiro álbum em estúdio, feitas em um cemitério, usando enormes braceletes de pregos, cintos de bala de fuzil e a pintura facial conhecida algum tempo depois como corpse paint.
O vocalista e guitarrista Antichrist, o pseudônimo de Wagner Lamounier, fez parte da primeira formação da banda Sepultura e escreveu em parceria com Max Cavalera a música “Antichrist” que foi inserido no EP “Bestial Devastation”. Vale a titulo de curiosidade, conferir a contra capa dos CDs para ver a semelhança de visual das duas bandas nos seus primórdios.
Agora o álbum em si. Ele abre com a clássica “Satanic Lust”. Não tem muito o que se dizer. Quem ouve Black Metal conhece essa música de cor: bateria ultra rápida, solos não tão audíveis mas lembrando muito Venom e os vocais com grandes variações. Ótimo inicio.
“Desecration of Virgin”: tem uma veia bem Punk, seja pela sua duração ou pela sua velocidade e que tem uma letra até cômica (dependendo do seu ponto de vista, é claro) http://letras.terra.com.br/sarcofago/191725/traducao.html
“Nightmare” é outro clássico. Essa simplesmente é um hino sem palavras.
“I.N.R.I.”, música de 2 minutos feita simplesmente para quebrar pescoços e a letra mais uma vez mostra o que é ser satanista. Impossível deixar de gritar o refrão final da música.
“Christ´s Death” no começo pode até assustar, mas isso é Black Metal (porra!): bateria na frente de tudo e bases um pouco mais trabalhadas, o que seria forte nos próximos lançamentos dos caras.
“Satanás”, uma das músicas que Antichrist canta mais rápido e tem que ficar atento, porque ele vomita uma letra mais blasfêmia que boa parte dos CDs do Deicide.
“Ready to Fuck” é mais uma música ao padrão Sarcófago. Mas ouça a virada a partir do 1:52 minutos da música e veja se essa passagem não inspirou 9 entre 10 bandas de Black Metal.
“Deathrash”, o nome já diz tudo, uma das mais rápidas músicas do CD mostra um crossover perfeito entre os estilos, ela passa rápido igual um tornado e destrói tudo em volta.
Pioneiros do Black Metal brasileiro em foto promocional
“The Last Slaughter”. Se você ouvir desatento essa faixa vai pensar que ela é do clássico “Black Metal” do Venom, mas ao final uma surpresa. Ouça e descubra, rs.
“The Black Vomit” finaliza essa obra prima, mais uma vez Anticrist dá show nos vocais, sendo ele uma grande influência para Max, ex-companheiro de Sepultura e hoje rivais ferrados. Repare também no grito meio Tom Ayala (Slayer) perto do final da faixa, outro clássico absoluto, sem dúvida.
Enfim, é isso Banger. É triste saber que hoje a banda vive apenas na memória dos fãs, já que atualmente, Wagner Lamounier é professor de ciências econômicas na UFMG. Outro integrante importante desde a sua primeira formação, é Geraldo Minelli, baixista e compositor da banda, quase dedica ao ramo de fiscalização sanitária, sendo batizado na Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Em todo o cenário do Metal extremo mundial, o Sarcófago ocupa uma posição privilegiada, graças à sua trajetória de álbuns "fiéis" ao estilo que se propunha.
Texto: Harley
Revisão do texto: EddieHead
Fotos: Divulgação
Tracklist
- Satanic Lust
- Deserration of Virgin
- Nightmare
- I.N.R.I.
- Christ´s Death
- Satanas
- Ready to Fuck
- Deathrash
- The Last Slaughter
- Recrucify - The Black Vomit
Ótimo texto,cara \,,/ Mas gostaria de lembrar que o primeiro álbum do mayhem foi lançado em 1987, em 1984 foi o ano em que a mesma foi formada
ResponderExcluirÓtima matéria, porém ....
ResponderExcluir" The Black Vomit finaliza essa obra prima, mais uma vez Anticrist dá show nos vocais, sendo ele uma grande influência para Max, ex-companheiro de Sepultura e hoje rivais ferrados. " . Influencia ? Como assim ? Max Cavelera chutou Wagner da banda, lá no inicio, qdo ainda fazia parte da bana Sepultura, como seria uma influência sua futura banda ? .
" Geraldo Minelli, baixista e compositor da banda, quase dedica ao ramo de fiscalização sanitária, sendo batizado na Igreja Adventista do Sétimo Dia. " De onde tiram isto ? Vejam o documentário Ruído de Minas, lançado há anos atrás, ele mesmo ironiza em um trecho quando pessoas comentam quanto a uma suposta conversão. Difícil acreditar, né?.