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domingo, 3 de outubro de 2021

Suck This Punch: Evolução, Doses Extras de Peso e Groove em Segundo Full-Lenght

Formada em Limeira-SP no ano de 2015, o Suck This Punch no mesmo ano já lançou seu debut, indo logo ao ponto, e o álbum é bem interessante, com uma certa crueza, e trazendo um Hard Rock/Heavy com influências clássicas e nuances Rock n' Roll, riffs tradicionais e até guittaras dobradas, remetendo a bandas AC/DC, Motörhead, Thin Lizzy e etc, e buscando agregar a isso sonoridades mais contemporâneas.  A experiência dos músicos contribuiu para que não soasse algo precipitado essa debut.

Durante esses 7 anos que separam os álbuns, o grupo passou por mudanças na formação e uma evolução natural. Agora em 2021 o grupo lança seu segundo trabalho, "The Evil on All of Us", o qual já haviam antecipado algum material, mostrando a evolução sonora, trazendo principalmente mais peso e groove, timbres mais graves e wha-whas nas guitarras, uma maior diversidade, tanto instrumental como nos vocais de Tadeu Bon Scott (que além do inconfundível timbre, que é desnecessário dizer com quem se assemelha, explora outra nuances de sua voz). Resumindo, aquela proposta musical que a banda perseguia, está aqui realizada, madura e coesa.

Não é uma comparação, mas para ajudar a situar o leitor, a banda agregou ás inspirações tradicionais, sonoridades mais contemporâneas do Metal e Thrash, além de Southern, Stoner e  Groove Metal, e citaria como referência o Black Label Society, Kyuss, Pantera e Audioslave.

O que logo nota-se é qualidade da produção, bem superior ao debut, e em seguida a evolução na sonoridade, conforme já citei, trazendo maturidade e coesão na mistura que a banda pretendia, entre as influências tradicionais com as mais atuais do Heavy Rock e Metal.

Temos que elogiar também o trabalho gráfico, com o design da capa muito legal, e a parte lírica, tratando de temas psicológicos e comportamentais, e Tadeu explicou sobre o contexto: "Trata sobre o mal que está sob o homem e também sobre o mal que ele cria para si e para as outras pessoas. Toda a angústia, mágoa, depressão, raiva e temores que são guardados e enterrados do qual acaba criando monstros, pessoas perdidas que acabam se tornando alienadas, escravas de um sistema que suga seu tempo e suas mentes, e as tornam cegas, sem direitos à pensar ou ter uma opinião sobre algo."


São 9 faixas, iniciando com "Machines", onde já salta aos ouvidos a evolução em termos de produção e sonoridade, trazendo bastante peso e groove, timbres "gordos" e vocais mais diversificados, com Tadeu utilizando drives, soando com agressividade e indo a tons mais altos quando necessário; "You're the Best Gun" tem um riff arrastadão, andamento bem quebrado, vocais agressivos e um ótimo solo com utilização precisa do wha-wha;

"Alone" traz um andamento mais acelerado, timbres robustos na guitarra e baixo, batera quebradona, riff principal marcante e um refrão forte. Tadeu varia entre vocais graves e mais rasgados e agressivos; "Just Follows" tem nuances do Stoner, inicia com uma linha do baixo para em seguida a guitarra entrar com riffs graves e cheios de groove e harmônicos, assim como a seção rítmica quebrada. Um trecho de calmaria e com o baixo em destaque abre caminho para mais um solo com técnica e melodia;

"Shout it Out" traz também um andamento mais arrastado e riffs carregados de groove, uso sempre preciso dos harmônicos e wha-wha, seção ritmica sempre técnica e com "suingue", e Tadeu mais uma vez abusando de vocais agressivos e técnicos. "We All live in a Hole" inicia em um tom nostálgico, com o ruído de um vinil ao fundo, vocais a capella e acompanhamento de dedos estalando, mas logo após entra todo o peso e groove que permeia este trabalho de ótimo nível.

"Coward", é tipo uma balada pesada, começa com arranjos de viola, com uma levada meio Southern, meio country, e vocais sussurrados, e em seguida vai crescendo,  com o peso pouco a pouco entrando, alternando com trechos mais melodiosos;

"Blindman" entra com um peso caótico e guitarras numa levada do Thrash contemporâneo, destacando os riffs carregados de wha-wha; "Sons of War" inicia com percussões e berimbau, e uma narrativa falando sobre como a religião foi "empurrada" a alguns povos, que eram impedidos de praticar suas crenças. É uma faixa com muita percussão, groove e peso, inevitávelmente lembrando o que o Sepultura fez lá atrás em discos como "Roots". Um ótimo encerramento para um belo trabalho.

Um álbum com uma excelente produção, trazendo um Suck This Punch mostrando sua personalidade, em um álbum maduro, moderno, com groove e peso, mas acima de tudo, com músicas marcantes, bem construídas e diversificadas.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Suck this Punch
Álbum: "The Evil on All of Us" 2021
Estilo: Heavy/Thrash/Stoner/Groove Metal
País: Brasil
Selo: Voice Music
Assessoria: Som do Darma

Line-up:
Tadeu Bon Scott: Vocais
Phil Seven: Guitarras
Matheus Bonon: Baixo
Giacomo Bianchi: Bateria








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