Entrevista por: Raquel de Avelar e Caco Garcia
Fotos: Divulgação e Arquivo da Banda
Formada em 2007, no Rio de Janeiro, a Revengin se consolidou no cenário do Metal brasileiro com uma proposta que combina peso, melodia e letras reflexivas.
A banda lançou em 2009 o EP “Synergy Through The Ashes”, que abriu caminho para o primeiro álbum completo em 2012, "Cymatics”, o qual também foi lançado na Europa em 2014 pelo selo Secret Service, e no mesmo ano a banda fez sua primeira tour no exterior.
Após turnês e participações em importantes festivais, como o Rock in Rio em 2022, e já com um outro EP lançado, o grupo lançou em abril deste ano o seu segundo full-lenght, “Dark Dogma Embrace”, sob o selo europeu Wormhole Death Records”, álbum que aprofunda ainda mais a sonoridade da banda e traz novas camadas à sua identidade musical.
Nesta entrevista, a vocalista Bruna Rocha, uma das fundadoras da banda, fala sobre a trajetória construída até aqui, detalhes sobre o novo trabalho e planos para o futuro.
RtM: Passaram-se 12 anos entre “Cymatics” e “Dark Dogma Embrace”. O que vocês consideram que foram as maiores mudanças na sonoridade da banda de lá para cá?
Bruna: O “Cymatics” foi surgindo conforme íamos gravando, foi um álbum bastante experimental em todos os sentidos. Hoje estamos mais maduros não apenas pelo tempo, mas também musicalmente e quanto à direção que queremos tomar.
Já o “Dark Dogma Embrace" acredito que seja um álbum mais visceral, mais obscuro e com elementos modernos agregados às orquestrações, que sempre foram a base de nossas composições. Outra diferença está no vocal, que explora outras “regiões” além do lírico.
RtM: Prosseguindo sobre o novo álbum, quais são as temáticas centrais que vocês buscaram abordar nas músicas? Alguma faixa em especial carrega um significado mais profundo ou pessoal para a banda?
Bruna: O "Dark Dogma Embrace" é, de forma geral, um álbum mais pessoal, que explora sentimentos que muitas vezes tentamos esconder ou ignorar. O maior exemplo disso é a faixa "Wish You the Same but Worse". Ela é visceral e traduz exatamente o que queríamos transmitir.
RtM: As letras do Revengin sempre parecem carregar uma atmosfera intensa e ao mesmo tempo reflexiva. Como vocês trabalham a construção lírica das músicas?
Bruna: Geralmente eu componho as letras, e elas sempre têm a ver com algo que estou pensando ou sentindo. O mesmo acontece com a orquestração: os instrumentos escolhidos, os momentos em que entram ou se destacam — tudo isso faz parte da expressão desses sentimentos.
RtM: A Revengin já tem 17 anos de carreira. O que vocês consideram como os maiores momentos da banda?
Bruna: Temos alguns… Nossa primeira vez na Europa, quando fomos praticamente com a cara e a coragem após um convite de uma pessoa que nos assistiu em um evento na Maré. Os shows na Argentina também foram marcantes, pois estavam entre os primeiros liberados após o lockdown. Claro, o convite para o Rock in Rio e, agora, o lançamento de “Dark Dogma Embrace”.
RtM: E sobre a participação no Rock in Rio, como foi a experiência? Existe algum festival que vocês consideram o festival dos sonhos?
Bruna: Foi totalmente inesperado. Recebi uma ligação da produção enquanto estava dando aula — nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer. Foi do nada. Para nós, foi um verdadeiro “intensivão” em todos os sentidos, principalmente sobre o que significa ser profissional. E, sim, o festival dos nossos sonhos é o Wacken.
Bruna: Foi totalmente inesperado. Recebi uma ligação da produção enquanto estava dando aula — nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer. Foi do nada. Para nós, foi um verdadeiro “intensivão” em todos os sentidos, principalmente sobre o que significa ser profissional. E, sim, o festival dos nossos sonhos é o Wacken.
RtM: A Revengin é considerada por muitos uma banda de Symphonic Metal, mas vocês já disseram em outras entrevistas que a sonoridade vai além do sinfônico. Vocês acham que, no fim das contas, tantos subgêneros dentro do metal atrapalham mais do que ajudam na hora de o público conhecer novas bandas?
Bruna: Acredito que sim. Essa necessidade de nichar acaba, muitas vezes, criando uma separação — e até um certo preconceito. Isso faz com que ótimas bandas não sejam conhecidas justamente por estarem “presas” a um estilo. Isso acontece com a gente.
Quando tocamos, às vezes há pessoas que dizem não gostar de “metal sinfônico”, mas acabam nos escutando e se surpreendem. Já ouvimos muitas vezes frases como: “Não gosto de metal sinfônico, mas curti muito o som de vocês”, e essas pessoas inclusive acabam comprando nosso material.
RtM: Agora que a banda assinou com um selo italiano, existe alguma previsão de uma nova turnê internacional? O que muda agora que vocês fazem parte da WormHole Death Records? Quais são os planos para o futuro?
Bruna: Sim! Acabamos de finalizar a primeira parte da turnê nacional com o "Dark Dogma Embrace". Em outubro vamos para a Europa. Fazer parte de uma gravadora nos tira da zona de conforto em todos os sentidos, estamos aprendendo muito todos os dias.
Após a turnê europeia, o plano é iniciar a produção do próximo álbum, que já está praticamente todo composto, tanto em músicas quanto em temática. Muitas novidades estão a caminho.
RtM;E como tem sido a resposta do público internacional ao trabalho de vocês?
Bruna: Tem nos surpreendido bastante. Para nós é muito gratificante, porque o “Dark Dogma Embrace" é um álbum importante e arriscado, uma verdadeira virada de chave. Receber ótimas críticas de fora nos faz perceber que todo o esforço valeu a pena.
Somos uma banda brasileira, onde o Metal ainda não é culturalmente reconhecido. Então, ver esse retorno internacional nos mostra que estamos no caminho certo — e, ao mesmo tempo, aumenta nossa responsabilidade.
RtM: E quanto ao cenário nacional do Metal e da música alternativa: como vocês avaliam o espaço para bandas independentes como o Revengin hoje no Brasil?
Bruna: Percebemos uma movimentação em prol das novas bandas de metal, ainda que de forma tímida. Poderíamos estar muito mais avançados, já que o público brasileiro para o estilo é grande. Não entendemos por que o Metal não é incentivado como acontece com o samba, o funk e outros gêneros.
Bruna: Percebemos uma movimentação em prol das novas bandas de metal, ainda que de forma tímida. Poderíamos estar muito mais avançados, já que o público brasileiro para o estilo é grande. Não entendemos por que o Metal não é incentivado como acontece com o samba, o funk e outros gêneros.
Por outro lado, vemos grupos e iniciativas trabalhando para promover o metal, e esse número vem crescendo. Quanto mais apoiamos novas bandas, mais incentivo o estilo recebe. Isso gera mais consumo, mais festivais e mais espaço. Eu mesma escuto muitas bandas nacionais, até porque também sou produtora e incentivadora do Metal autoral, especialmente das novas gerações.
RtM: Com o avanço das redes sociais e das plataformas de streaming, quais têm sido os maiores desafios e oportunidades para a banda em termos de divulgação e alcance do público?
Bruna: Esse é, sem dúvida, um dos maiores desafios atuais. Somos de uma época em que as pessoas conheciam a banda pelos shows, de boca em boca. Hoje, com a internet, tudo acontece mais rápido. Existe a necessidade constante de produzir material novo, com qualidade, e isso exige tempo e investimento.
Bruna: Esse é, sem dúvida, um dos maiores desafios atuais. Somos de uma época em que as pessoas conheciam a banda pelos shows, de boca em boca. Hoje, com a internet, tudo acontece mais rápido. Existe a necessidade constante de produzir material novo, com qualidade, e isso exige tempo e investimento.
Apesar das plataformas oferecerem um alcance maior, a divulgação não é necessariamente mais fácil, pois precisamos lidar com algoritmos e impulsionamentos pagos. O “jabá” mudou de forma. Para bandas independentes, ainda é difícil alcançar o público esperado sem investimento em tráfego pago. Então, precisamos produzir cada vez mais e melhor, até conquistar uma entrega orgânica consistente.
RtM: Agradecemos pelo tempo para nos conceder esta entrevista. Parabéns pelos anos de trabalho e dedicação — que muitas conquistas venham nessa nova fase.
Bruna: Nós que agradecemos muito pelo espaço e pela oportunidade de falar sobre nós e nosso trabalho.
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Agradecimentos: JZ Press
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