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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Shark Metal Fest: Movimentando a Cena no Litoral Gaúcho

 


O litoral norte do Rio Grande do Sul está sempre cheio durante a temporada de verão — bares lotados, praias tomadas por gente e todos curtindo suas tão esperadas férias. Mas o que acontece na noite da cidade, especialmente na cena underground do rock e do metal? É isso que o Shark Metal procura responder. 

Há muitos anos a cena da cidade vem minguando. Não posso dizer que ela era inexistente, pois sempre houve pessoas correndo atrás para mantê-la viva. O cenário rock/metal de Imbé e Tramandaí mudou quando o Joe’s Pub Rock encerrou suas atividades em 2013. 

Esse pub lendário recebeu diversas bandas locais, incluindo a banda de sleaze do meu irmão — a saudosa Beijo Sangrento. 

Beijo Sangrento 

Além de apadrinhar bandas da região, o Joe’s também recebeu grandes nomes da cena brasileira, entre eles Matanza, TNT, Wander Wildner e muitos outros que marcaram a geração que viveu o período em que a cena do litoral pulsava vida. Alguns bares ainda tentaram manter o rock ativo na região, mas nenhum vingou por muito tempo. 

Matanza

Com o fim do Joe’s, o silêncio tomou conta das noites regadas a hard rock em Imbé e Tramandaí. As bandas locais se dispersaram e o público, sem ter para onde ir, acabou se distanciando. Parecia o fim da cena — até para mim, que cresci na cidade e vi tudo acontecer de perto. 

Mas agora uma nova era surge para reviver essa cena moribunda: a Shark Metal Produtora, idealizada por Werner, filho do criador do nosso tão saudoso Joe’s. A Shark nasceu com o propósito de dar voz às bandas de metal do litoral norte gaúcho. 


“No início, a ideia era apadrinhar o metal, que sempre foi a raiz da nossa história. Mas logo percebi que o problema era muito maior: o rock, em todas as suas vertentes, estava sem espaço no litoral”, conta Werner. 

E foi assim que o projeto se expandiu. O que era apenas um pequeno festival de metal transformou-se em um movimento que abraça toda a diversidade do rock da região — e agora vai além dela. 

O desafio sempre foi enfrentar a falta de palcos e conquistar um público que, embora pequeno, demonstra cada vez mais sede por música autoral e shows ao vivo. 

Wander Wildner 

“A ideia nunca foi apenas organizar eventos. A Shark Metal quer dar ao rock do litoral o mesmo reconhecimento que ele tem nas grandes cidades”, afirma Werner. 

No 5º Esquenta Shark, realizado no dia 30 de agosto de 2025, pude ver uma galera realmente empenhada em reviver essa cena: bandas empolgadas no palco e um público numeroso! Fiquei surpresa ao perceber que a todo momento chegava mais gente para curtir as apresentações — e extremamente feliz por ver minha tão querida cidade renascendo das cinzas. 

Vera Loca

O evento aconteceu no Marlboro Rock Bar (confira fotos abaixo na sequência da matéria), um lugar acolhedor e cheio de gente querida, que abriu espaço para que a cena voltasse a acontecer. Essa edição contou com as bandas Belatona (de Capão da Canoa), Leeway (de Tramandaí), Piratas Siderais (de Imbé) e Polares (de Caará). Entre uma apresentação e outra, havia expositores, tatuadores e artistas dos mais diversos estilos compartilhando sua arte com o público. 


                  E Já Tem Evento Marcado! 

Os próximos eventos do Shark já têm data marcada: no dia 1º de novembro, acontece o Especial de Halloween, com as bandas Billie the Cat, Polares, Vampiros Tropicais e Los Ratones, além do DJ Revolt, projeto paralelo do já conhecido DJ React. 


E no dia 15 de novembro, será realizado o Shark Festival Multicultural, com o apoio da Prefeitura Municipal de Imbé — um evento que reunirá bandas, DJs, expositores, artistas locais, sorteios, piercings, tatuagens e gastronomia. 


Mais do que festivais, os eventos organizados pela Shark Metal se tornaram encontros da cena alternativa underground do litoral. Além das bandas, o público encontra expositores, tatuadores, artistas plásticos e ilustradores, todos reunidos em torno de uma mesma energia: a de manter viva a arte independente e fortalecer a identidade rock/metal da região. 

A cada edição, o Shark Metal mostra que o rock ainda pulsa nas areias do litoral norte. O que se vê é um público fiel, disposto a reconstruir uma cena que parecia perdida. 


Agora, eu, Mellissa, irmã do guitarrista da Beijo Sangrento, me junto a equipe para trazer bandas que conheci ao longo de 7 anos morando fora. Eu e Werner éramos apenas crianças quando o Joe’s reinava, mas isso nunca saiu da memória — como meu irmão sofrendo para solar uma guitarra e tentar impressionar as guriazinhas com sua banda de sleaze. 


Hoje, uma nova geração de músicos e público surge, trazendo consigo a certeza de que o espírito do Joe’s Pub Rock continua vivo — agora sob uma nova forma, mais diversa, vibrante e pesada do que nunca.

Texto: Melissa Freitas 
Fotos: Arquivo Shark


Contatos:
sharkmprodutora@gmail.com
mellissadefreitas@hotmail.com

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