Fabio Lione encerra turnê com casa cheia e entrega noite de nostalgia e potência vocal
Encerrando a primeira etapa da turnê Symphony of Enchanted Lands, o vocalista italiano Fabio Lione passou por São Paulo com três apresentações no Teatro APCD, na zona norte da cidade. Foram dois shows no sábado, 17, e o terceiro e último no domingo, 18 de maio. Com ingressos esgotados em todas as sessões, o espetáculo celebrou um dos álbuns mais marcantes do power metal sinfônico, executado na íntegra, além de incluir outros sucessos do Rhapsody of Fire e alguns covers. A realização foi da Estética Torta.
Dogma: visual provocativo, presença morna
Não conhecia a Dogma até o barulho recente nas redes após sua apresentação no Bangers Open Air, no início de maio. Foi justamente esse buzz que despertou a curiosidade para ver o que a banda formada por cinco mulheres que se apresentam com figurinos de freiras e corpse paint tinha a oferecer no palco. A proposta visual é clara: provocar, romper com códigos religiosos, causar estranhamento. Mas ali, no palco do Teatro APCD, no último show da turnê de Fabio Lione em São Paulo, essa estética ousada não encontrou a mesma força na performance.
A Dogma passou a integrar a turnê de Fabio Lione na semana seguinte ao Bangers, acompanhando o vocalista em várias datas pelo Brasil até a reta final, em São Paulo. No show de domingo, a impressão foi de que a banda ainda buscava firmar sua presença ao vivo dentro desse novo contexto. A estética chamou atenção, mas não sustentou sozinha a conexão com a plateia, que parecia mais curiosa do que empolgada.
Num primeiro momento, a apresentação soou morna. A presença de palco era calculada, quase ensaiada demais, o que tirava parte da espontaneidade que esse tipo de show demanda. Musicalmente, a Dogma aposta em um hard rock com elementos góticos e melódicos. Embora tecnicamente bem executadas, as faixas carecem de impacto ao vivo, especialmente diante da promessa visual transgressora.
A produção da banda, que mistura elementos teatrais com simbologias religiosas e provocação sexual, chama mais atenção que o som em si. E isso acaba jogando contra, porque se cria uma expectativa de intensidade que não se cumpre plenamente no repertório nem na performance.
Ainda assim, houve evolução ao longo da apresentação. Aos poucos, o público foi entrando no clima, reagindo melhor às últimas faixas e aplaudindo com mais entusiasmo. Para quem viu a banda pela primeira vez, como eu, ficou a impressão de que ainda há um caminho a ser trilhado entre a proposta imagética e a entrega musical, algo que pode amadurecer nos próximos shows, especialmente se a banda souber usar o interesse que vem crescendo desde o festival.
Dogma – setlist:
Forbidden Zone
My First Peak
Made Her Mine
Banned
Carnal Liberation
Like a Prayer (Madonna cover)
Bare to the Bones
Make Us Proud
Pleasure From Pain
Father I Have Sinned
The Dark Messiah
Fabio Lione – Symphony of Enchanted Lands em São Paulo
O espetáculo com lotação esgotada nos dois dias em que tocou em São Paulo — dois shows no sábado, 17, e o terceiro no domingo, 18 — trouxe a turnê do álbum Symphony of Enchanted Lands cantado na íntegra, além de outros sucessos do Rhapsody of Fire e alguns covers.
Em conversas com amigos, comentamos que, embora a voz do Fabio Lione no Angra não fosse ruim, muitas vezes faltava aquele alcance e potência que ele demonstra no Rhapsody of Fire. Nesta turnê, fica claro que a voz de Lione continua impressionante. Eu, fã desde os meus 12 anos, me senti várias vezes transportada para aquelas sessões de RPG e encontros com amigos embalados por músicas de dragões e terras médias.
Fabio Lione, um front man muito simpático e comunicativo, usou todo o seu bom português durante a apresentação que durou quase duas horas. A empolgação do público foi constante do início ao fim, sem queda de ritmo ou desânimo, demonstrando a força do repertório e a conexão entre artista e fãs. Em diversos momentos, Lione interagiu e pediu ajuda do público em refrões e palmas, até desceu ao meio da plateia para cantar e interagir diretamente com os fãs, fortalecendo essa troca que deixou a noite ainda mais especial.
A banda de apoio estava afiada e empolgada, acompanhando com precisão e energia cada música, o que só elevou o nível da apresentação. O entrosamento entre os músicos era evidente, o que garantiu uma performance técnica e cheia de vigor do começo ao fim.
No entanto, uma questão que merece reflexão foi a escolha do teatro como palco para a apresentação e o estímulo, em alguns momentos, do Fabio Lione para que o público se levantasse. Muitos atendiam ao convite, mas logo se sentavam novamente. Na segunda parte do show, ficou evidente que essa empolgação vinha dos fãs, mas que infelizmente não condiz com o formato do espetáculo proposto para um teatro. Quando compramos um ingresso para um show nesse tipo de espaço, há uma expectativa por um formato que permita a todos aproveitar o espetáculo da melhor forma possível. Além disso, muitas pessoas frequentam esses locais por questões de acessibilidade ou mobilidade, o que torna essa situação ainda mais importante para reflexão.
Ainda assim, isso não diminuiu a magnitude do show, que foi magnífico e cumpriu com excelência o que prometia: uma celebração da obra do Rhapsody of Fire em uma apresentação técnica, emocionante e cheia de significado para os fãs que acompanharam o vocalista nessa turnê especial. Foi uma noite para se elogiar.
Fabio Lione encerrou a apresentação com agradecimentos calorosos e a promessa de novas turnês trazendo outros clássicos do Rhapsody of Fire cantados na íntegra. Fica a expectativa para que em breve possamos reviver essas jornadas épicas ao som da banda, em mais uma celebração da música e da fantasia.
Aguardaremos ansiosos por esses próximos encontros e novas oportunidades de mergulhar nesse universo tão particular e cativante criado por Fabio Lione e seus músicos.
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