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terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Cobertura de Show: Loserville Gringo Papi Tour – 20/12/2025 – Allianz Parque/SP

Loserville Gringo Papi Tour transforma o Allianz Parque em caos coletivo com Bullet For My Valentine e Limp Bizkit

A tão aguardada edição do “mini festival” Loserville Gringo Papi Tour desembarcou no Brasil no último sábado, 20/12, reunindo nomes como Slay Squad, Riff Raff, Ecca Vandal, Bullet for My Valentine, que entrou como substituição após o cancelamento do Yungblud e o aguardado headliner da noite, Limp Bizkit.

A equipe do Road To Metal esteve presente e relata abaixo como foi a experiência do que se consolidou como o último grande festival de metal a encerrar o ano de 2025, marcando o calendário com peso, nostalgia e muita energia.


Slay Quad

O grupo californiano Slay Squad, que mistura hip hop, death metal e elementos industriais, foi responsável por abrir as apresentações do dia, enfrentando um calor intenso e um público que ainda chegava timidamente ao local.

O show teve início por volta das 16h10 e contou com cerca de 30 minutos de duração, encerrando-se às 16h40.

Ainda pouco conhecida por parte do público brasileiro, a banda chamou atenção pelo estilo agressivo de se apresentar, sobretudo pela energia constante de seus integrantes, que não economizaram na interação: ao longo do set, foram arremessados diversos itens de merch para a plateia, camisetas, palhetas e até um tênis, lançado pelo vocalista Brahim Grousse.

Riff Raff

O rapper americano Riff Raff, nome artístico de Horst Christian Simco, subiu ao palco às 16h55 para uma apresentação solo, sem banda de apoio. Com um setlist curto, figurino extravagante e pouco carisma, o artista teve dificuldades em prender a atenção do público, que também pareceu não compreender totalmente sua proposta de estética caricata.

O mini show durou cerca de 15 minutos, encerrando-se por volta das 17h10, deixando uma impressão morna e sem grande impacto na plateia.

Ecca Vandal

Em sua estreia em solo brasileiro, a artista sul-africana Ecca Vandal levou ao público presente uma energia e carisma distintos. Vestindo uma camiseta do Sepultura, com letras rápidas, muita dança e um forte “gingado”, a cantora que mescla punk e hip hop, conseguiu elevar o clima do festival, recuperando a energia que havia sido deixada pela atração anterior.

Com um setlist ainda curto, consequência da quantidade de artistas escalados para a noite, a apresentação teve cerca de 30 minutos, tempo suficiente para deixar uma excelente impressão em todos os presentes e marcar positivamente sua primeira passagem pelo país.

311

A banda americana 311 foi a primeira atração do dia a contar com mais tempo de palco e um setlist completo. Conhecida por mesclar rock alternativo, hip hop e reggae, a sonoridade do grupo é bastante familiar aos fãs de Sublime, por exemplo.

Liderada pelo vocalista Nick Hexum, a banda entregou uma performance que equilibrou momentos de energia, como em “Down” e “Come Original”, e com passagens mais melancólicas, destacando “Love Song”, cover do The Cure.

A sinergia entre os vocais de Hexum e Doug "SA" Martinez (DJ e também vocalista) evidenciou o entrosamento da banda no palco. A apresentação contou com 10 músicas e teve duração aproximada de 1 hora, sendo um dos pontos altos da tarde.

Bullet For My Valentine

A Bullet for My Valentine foi a primeira grande banda a se apresentar no dia. A participação do grupo galês veio após o cancelamento, por problemas de saúde, do artista Yungblud. Muitos fãs e inclusive este que vos escreve, consideraram a troca melhor do que o line-up inicial, algo que o Bullet For My Valentine fez questão de provar logo na primeira música.

A banda havia prometido executar na íntegra seu álbum de estreia, The Poison, lançado em 2005. Bastaram os primeiros acordes para ficar claro o porquê de o Bullet ter sido a melhor escolha possível como banda de abertura para o Limp Bizkit.

Logo nos primeiros segundos, entregando todo seu scream rasgado, Matthew Tuck, mais conhecido como Matt, incendiou o público com “Her Voice Resides”. A sequência veio com “4 Words (To Choke Upon)”, e nada acompanhou melhor a banda do que moshpits intensos, que surgiam por todos os lados. O público estava tão eufórico que sinalizadores vermelhos tomaram conta do espaço.

Sem dar tempo para respirar, “Tears Don’t Fall” entrou como uma verdadeira pedrada: muitos cantavam, muitos se jogavam no mosh, e muitos faziam as duas coisas ao mesmo tempo. Vale destacar que, mesmo após 20 anos do lançamento do álbum, a voz de Matt soa praticamente idêntica à de estúdio, sem oscilações. Os backing vocals de Jamie Mathias acompanham o frontman de forma magistral.

A sequência seguiu com “Suffocating Under Words of Sorrow (What Can I Do)” e “Hit the Floor”. Para dar um breve respiro após tantos pulos e rodas, veio a já clássica “All These Things I Hate (Revolve Around Me)”. Mas a calmaria durou pouco: em “Hand of Blood”, qualquer pausa foi deixada de lado. Sendo uma das faixas perfeitas para rodas punk, o que se viu foi um verdadeiro redemoinho de moshpits, novamente tingidos de vermelho pelos sinalizadores, um espetáculo tanto da banda quanto dos fãs.

Já se encaminhando para o final, “Room 409” e a faixa-título “The Poison” mantiveram o público em êxtase. A todo momento, Matt agradecia o público brasileiro, e a banda parecia tão empolgada quanto os fãs, que não viam o grupo no país desde 2022, quando passaram pelo Rock in Rio e um apresentação solo na Audio.

“Cries in Vain” sinalizou que a apresentação se aproximava do fim. A dobradinha final com “The End” e “Waking the Demon” encerrou o set, mas não a energia. Os fãs abriram a maior roda punk da noite até então, aquecendo definitivamente os motores para o headliner que viria a seguir.

Após aproximadamente 1h10 de apresentação, o Bullet for My Valentine mostrou toda a sua força e deixou claro o porquê de ter sido a escolha perfeita para a noite, reunindo fãs, incendiando o público e criando a atmosfera ideal para a sequência do festival.

Limp Bizkit

Todo o aquecimento e a energia deixados pelo Bullet For My Valentine vieram à tona quando o Limp Bizkit finalmente subiu ao palco. Com o estádio lotado e o público em êxtase antes mesmo da aparição dos integrantes, rolou uma singela e respeitosa homenagem ao ex membro Sam Rivers, faleceu em 18 de Outubro aos 48 anos.

Aos poucos, os membros da banda começaram a dar as caras e, logo nos primeiros segundos de “Break Stuff”, o público simplesmente não se conteve. Toda a energia que havia sido economizada durante as apresentações anteriores foi liberada de uma vez só, já no início do show.

Moshs, pulos, gritos, coros e muitos, muitos mesmos - sinalizadores tomaram conta do espaço. Era visível que o público parecia estar se guardando justamente para aquele momento e, como a própria música traduz, todos pareciam prontos para “quebrar alguma coisa”.

“Ladies and gentlemen, introducing the chocolate starfish and the hot dog flavored water”. A introdução marcante de “Hot Dog” trouxe ainda mais ritmo e energia ao palco, elevando o nível do show e mantendo o público em constante explosão.

Em “Show Me What You Got”, ficou evidente tudo aquilo que popularizou o Limp Bizkit: riffs marcantes, as rimas e o rap característicos de Fred Durst, além de DJ Lethal em plena ação, reforçando a identidade sonora de Nu metal, que consagrou a banda.

A sequência veio sem fôlego, com “My Generation” e “Livin’ It Up”, duas faixas que incendiaram ainda mais o público e transformaram o estádio em um verdadeiro caos controlado, com rodas, pulos e coros ecoando por todos os lados.

Para melhorar o que já estava bom, vieram “My Way” e, na sequência, “Rollin (Air Raid Vehicle)”, a faixa perfeita para quem quer cantar, dançar ou simplesmente se jogar no meio da galera enquanto se diverte sem pensar no amanhã.

“Re-Arranged” e “Behind Blue Eyes” vieram para acalmar os ânimos e dar tempo para todos respirarem, e incluo nisso tanto o público quanto a própria banda. Em seguida, com o estádio inteiro iluminado pelos flashes dos celulares, o clima se transformou em um verdadeiro momento de celebração coletiva durante “Behind Blue Eyes”.

Arrisco dizer que a canção ganha outra atmosfera na interpretação do Limp Bizkit, encaixando-se perfeitamente à proposta do grupo e, para muitos, inclusive este que escreve, tornando-se ainda mais impactante do que a versão original do The Who.

Após esse breve momento de celebração coletiva, a banda voltou a todo vapor com “Eat You Alive” e “Nookie”, recolocando o público em estado de caos e retomando a intensidade do show.

Em “Full Nelson”, tivemos uma das grandes surpresas da noite: uma fã, Bia Marcato, foi convidada a subir ao palco para cantar ao lado de Fred Durst. O momento chamou ainda mais atenção pelo talento e desenvoltura da fã, que mostrou muita atitude e conseguiu elevar ainda mais a energia da música, arrancando uma reação imediata do público.

Mantendo o nível e o ritmo da apresentação, veio “Boiler”. Na sequência, a banda surpreendeu com um pequeno trecho de “Careless Whisper”, de George Michael, cantado em coro por todo o estádio, enquanto alguns casais aproveitavam o momento para dançar e se divertir.

Acho curioso e até engraçado, como cada vez mais bandas e artistas do Metal, vêm utilizando esse clássico em suas apresentações. Esse tipo de pausa deixa o clima do show mais leve e descontraído e passa aquele recado implícito que todo mundo entende: metal não é só porradaria, também é amor e diversão.

“Faith” trouxe aquela vibe descontraída que o Limp Bizkit executa com maestria. Em seguida, veio um dos pontos mais altos da noite com “Take a Look Around”. Como o próprio Fred Durst brincou, era hora de “incorporar” Tom Cruise em Missão: Impossível.

A segunda metade da música reuniu tudo o que havia sido visto ao longo da apresentação: moshpits intensos, sinalizadores por todos os lados e o público completamente entregue. Em um momento tão inesperado quanto insano, um fã, quase em sincronia perfeita com o refrão, acendeu um rojão, que explodiu exatamente junto ao ápice da música.

Esse momento, aumentou ainda mais a sensação de loucura coletiva, elevando o clima do show, que já se encaminhava para sua última música.

Em “Break Stuff (Part 2)”, tivemos tudo o que já havia acontecido na abertura do show, porém em uma escala ainda maior e mais coletiva. O Limp Bizkit trouxe todos os artistas que haviam se apresentado anteriormente ao palco para acompanhar a execução da música, instaurando um caos absoluto e compartilhado, perfeito para encerrar a noite em altíssimo nível, após 1h40 de show.

O Loserville Tour Brasil cumpriu o que prometeu, entregando uma noite intensa, diversa e marcada por muita energia do início ao fim. Com apresentações que cresceram ao longo do dia e um encerramento caótico e memorável do Limp Bizkit, o mini festival fechou o ano em alto nível, deixando a sensação de missão cumprida para bandas e público.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: 30e


Limp Bizkit – setlist:

Break Stuff

Hot Dog

Show Me What You Got

My Generation

Livin’ It Up

My Way

Rollin’ (Air Raid Vehicle)

Re-Arranged

Behind Blue Eyes (The Who) — cover

Eat You Alive

Nookie

Full Nelson (participação da fã Bia no palco)

Boiler (com apresentação da banda)

Faith

Take a Look Around

Break Stuff (encerramento, com Slay Squad, RiFF RAFF, Ecca Vandal, 311 e Bullet For My Valentine no palco)

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