Páginas

sábado, 28 de junho de 2025

Cobertura de Show: Best Of Blues And Rock – 07/06/2025 – Parque Ibirapuera/SP

Nem o frio e a chuva típicos de junho conseguiram esfriar os ânimos do público que lotou o Parque Ibirapuera no primeiro fim de semana do festival.

Entre riffs históricos e novos talentos promissores, o evento provou mais uma vez por que é um dos grandes marcos do calendário musical brasileiro. Um festival cheio de atitude  das bandas ao público presente – que não deixou a desejar quando o assunto é entretenimento de qualidade e música boa.

E não poderia haver escolha melhor para dar o pontapé inicial do que a Cachorro Grande. A banda gaúcha, conhecida por sua energia crua e potente, subiu ao palco com a missão de abrir o festival – e fez isso com a maestria de quem conhece bem o rock’n’roll. Foi uma entrada com o pé na porta: distorção no talo, carisma no palco e um repertório que fez até os mais jovens cantarem junto. Com hits como "Você Me Faz Continuar" e "Sinceramente", o grupo entregou um show vibrante e nostálgico, emocionando fãs antigos e reacendendo o espírito garageiro que marcou sua trajetória. A apresentação não só matou a saudade, como também provou que o rock nacional segue pulsando forte.

O céu de São Paulo escurecia e a temperatura caía, mas o clima no Parque Ibirapuera esquentava na mesma proporção  muito por conta da chegada de Richard Ashcroft ao palco. O ex-líder do The Verve, uma das vozes mais emblemáticas do britpop, entregou um show memorável, carregado de emoção, presença de palco e aquele toque agridoce que só ele sabe dosar.

Vestido com sua jaqueta característica e óculos escuros – que já se tornaram quase uma extensão da persona , Ashcroft conduziu o público por uma viagem intensa entre o lirismo melancólico e a grandiosidade sonora que marcaram sua carreira. Hits como "Sonnet", "Break the Night with Colour" e, claro, "Lucky Man" arrancaram coros apaixonados da multidão, que entoava cada verso como uma oração.

Um detalhe que chamou a atenção de muitos foi a camisa que Richard escolheu para o show: nada menos que uma camiseta do grande Ayrton Senna – uma bela homenagem aos fãs brasileiros, e que funcionou muito bem.

Sem surpresas, veio "Bitter Sweet Symphony". Quando os primeiros acordes ecoaram pelo parque, o público se transformou em um coral de milhares de vozes. Foi um daqueles momentos raros e intensos em que artista e plateia se fundem – uma catarse coletiva que, por si só, justificou o valor do ingresso (ainda que muito criticado). Na coletiva de imprensa, Richard comentou que gostaria de voltar ao Brasil em um show solo, pois, em festivais, não consegue ter noção do tamanho de sua base de fãs. Espero que ele realmente volte – e veja que tem muitos fãs ansiosos esperando por esse retorno. E posso afirmar: esta que vos fala é uma dessas pessoas.

Após uma sequência de grandes nomes, coube à Dave Matthews Band a missão de encerrar o primeiro dia do Best of Blues and Rock 2025.

Com seu formato único – que mistura rock, jazz, folk e improvisos quase psicodélicos , o grupo liderado por Dave Matthews entregou uma performance hipnótica e envolvente, fazendo o público oscilar entre momentos de pura contemplação e explosões de euforia. Confesso que não sabia que a banda tinha fãs tão fiéis e comprometidos! Conheci e conversei com gente de todos os cantos: membros de fã-clubes, casais que tiveram o relacionamento marcado pela banda, famílias inteiras... Foi uma das coisas mais lindas de se ver.

Canções como "Crash Into Me", "Walk Around the Moon" e "Ants Marching" ganharam longas passagens instrumentais e solos inspirados, evidenciando a absurda sintonia entre os músicos. Com seu carisma tranquilo e falas entre músicas que misturavam gratidão e brincadeiras com o público brasileiro, Dave parecia completamente à vontade. Ele realmente é muito carismático  e ainda contou com uma participação especial de um gaitista brasileiro Gabriel Grossi emocionando a plateia.

O encerramento veio sem pressa – como é típico da banda , com longos aplausos e aquele sentimento coletivo de não querer que acabe, fazendo com que todos aproveitassem cada segundo e ouvissem cada instrumento sem pressa.

A Dave Matthews Band não apenas fechou a noite: deixou uma assinatura musical delicada e poderosa no festival. Um final digno de um primeiro dia que foi, do começo ao fim, um tributo ao poder atemporal da música ao vivo. Um show que valeu cada minuto e cada centavo do ingresso. Foi um encerramento potente e emblemático  e uma escolha certeira ter a banda como headliner nos dois primeiros dias do Best of Blues and Rock.

OBS: O show do Vitor Kley não foi incluído nesta resenha por não estar alinhado à linha editorial do site.


Texto: Mayara Dantas

Fotos: Mariana Dantas

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Dançar Marketing 

Press: Marra Comunicação


Richard Ashcroft – setlist: 

Sonnet

Space and Time

Weeping Willow

A Song for the Lovers

Break the Night With Colour

The Drugs Don't Work

Lucky Man

Bitter Sweet Symphony


Dave Matthews Band – setlist:

Don't Drink the Water

So Much to Say

Anyone Seen the Bridge

Too Much

You Never Know

Grace Is Gone

Satellite

Walk Around the Moon

You Might Die Trying

Gravedigger

What Would You Say (feat. Gabriel Grossi)

Crash Into Me

Jimi Thing

Everyday

Typical Situation

You & Me

Shake Me Like a Monkey

Tripping Billies

Bis

Peace on Earth

Ants Marching

Nenhum comentário:

Postar um comentário