O domingo, 8 de junho, amanheceu com céu limpo e uma expectativa vibrante no ar. Foi ao som de soul, funk e brasilidade que o segundo dia do Best of Blues and Rock 2025 deu início a mais uma jornada musical no Parque Ibirapuera.
Quem teve a honra (e a responsabilidade) de abrir os trabalhos foi a poderosa Paula Lima, em um show especial com o projeto batizado de Soul Lee – uma homenagem vibrante, cheia de afeto e atitude à lendária Rita Lee. Com sua voz potente, presença cativante e um repertório que celebrou o legado de Rita com alma e personalidade, Paula transformou a tarde em um ritual de amor à música brasileira.
O setlist trouxe versões cheias de suingue e sofisticação de clássicos como "Agora Só Falta Você" e "Mania de Você", tudo com o tempero próprio de Paula, que costurou cada música com histórias, reverência e energia. Acompanhada por uma banda afiada e dançante, ela deu novo corpo às canções de Rita, sem perder a essência original, a ousadia e a liberdade. Foi uma abertura afetiva e poderosa –dessas que já chegam dizendo a que vieram. O festival começou o segundo dia não só celebrando o rock, mas também reconhecendo suas raízes múltiplas, fortes, femininas e cheias de cor.
Quando o céu escureceu, o Barão Vermelho subiu ao palco – e, em segundos, transformou o festival numa máquina do tempo, onde cada riff parecia abrir uma janela para a história do rock brasileiro. Sem cerimônia, a banda chegou com o peso de quem carrega décadas de estrada e a leveza de quem ainda tem muito a dizer. Foi um show que misturou memória e uma energia crua que só o Barão sabe entregar. O público, que já lotava a área diante do palco, respondeu à altura: braços erguidos, olhos brilhando e vozes entregues em cada refrão de "De Puro Êxtase" e "Pro Dia Nascer Feliz".
Como grande fã da banda em todas as suas formações, não poderia estar mais satisfeita: um show vibrante, enérgico e completo. Todos da banda estavam completamente entregues e felizes por estarem ali. Ao final, o Barão provou mais uma vez por que continua relevante mesmo depois de quatro décadas de estrada. Não é só pela história – é pela presença, pela entrega e pela verdade que colocam em cada acorde.
Richard Ashcroft, ex-líder do The Verve, veio para a penúltima apresentação do dia com sua camiseta amarela da Seleção Brasileira de Futebol. A atmosfera do parque mudou assim que os primeiros acordes de "Sonnet" ecoaram. O público, que já havia cantado e dançado o dia inteiro, mergulhou em um estado quase hipnótico, embalado pelas melodias melancólicas e pelas letras carregadas de sentimento.
Entre as faixas de sua carreira solo, como "A Song for the Lovers" e "Break the Night with Colour", e os aguardados clássicos do The Verve, Richard mostrou por que é uma das vozes mais singulares da música alternativa.
Sempre muito carinhoso, Richard parecia mais à vontade no segundo dia: dançava pelo palco, corria, interagia mais com a banda. Sempre segurando o símbolo da camisa com a bandeira do Brasil, beijava, mordia, sempre entusiasmado. Ashcroft encerrou seu show com classe, reverência e alma – sem exageros, sem pressa. Apenas deixando a música falar por si – e ela falou alto.
O segundo dia do Best of Blues and Rock 2025 foi encerrado com uma verdadeira aula de musicalidade e conexão ao vivo. A Dave Matthews Band, um dos nomes mais aguardados do festival, subiu ao palco quando a noite já tomava conta do Parque Ibirapuera – e entregou um show hipnótico, vibrante e emocionalmente expansivo. Logo nos primeiros minutos, ficou claro: não seria apenas uma apresentação, mas uma experiência sonora completa. Com sua formação plural – que une rock, jazz, folk e improvisos virtuosos –, a banda guiou o público por um repertório repleto de surpresas, transições inesperadas e momentos de pura contemplação.
Clássicos como "Don’t Drink the Water" surgiram em versões estendidas, com solos criativos e interações espontâneas entre os músicos. O palco virou um organismo vivo, em constante transformação, com cada integrante trazendo sua identidade para o coletivo – do violino ao saxofone, da percussão ao groove do baixo.
Dave Matthews, sempre carismático em sua simplicidade, falou com o público com o sotaque arrastado e o sorriso tímido que o tornaram um ícone. Fez piadas, interagiu com o público, e suas expressões faciais marcaram o show do começo ao fim.
Em algumas músicas, as pessoas dançavam de olhos fechados, como se estivessem em outro tempo. Em outras, batiam palmas em uníssono, criando momentos coletivos de arrepiar. Houve até um cover de "Just Breathe", do Pearl Jam – e, na minha opinião, eles podiam gravar e lançar essa versão. Ficou incrível e emocionante!
A Dave Matthews Band encerrou o primeiro final de semana do festival não com uma explosão, mas com uma elevação. Um final que não gritou – sussurrou alto. Um encerramento à altura de dois dias intensos de música e emoção. Um lembrete de que, no fim das contas, o que fica é aquilo que toca fundo – como só a música ao vivo consegue fazer
Texto: Mayara Dantas
Fotos: Mariana Dantas
Edição/Revisão: Gabriel Arruda
Realização: Dançar Marketing
Press: Marra Comunicação
Barão Vermelho – setlist:
Maior Abandonado
Por que A Gente é Assim?
Bete Balanço
Tente Outra Vez (Raul Seixas cover)
Pense e Dance
O Tempo Não Para (Cazuza cover)
Meus Bons Amigos
Down em Mim (Cazuza cover)
Por Você
Codinome Beija-Flor (Cazuza cover)
Malandragem Dá Um Tempo (Bezerra da Silva cover)
Puro Êxtase
Amor pra Recomeçar (Frejat cover )
Pro Dia Nascer Feliz
Richard Ashcroft - setlist:
Weeping Willow
Music Is Power
Lover
Sonnet
Break the Night With Colour
The Drugs Don't Work
Lucky Man
Bitter Sweet Symphony
Dave Matthews Band - setlist:
Warehouse
Dancing Nancies
The Best of What's Around
Why I Am
Lie in Our Graves (com "Wonderful Tonight")
Pantala Naga Pampa
Pig
Rapunzel
Lover Lay Down
Idea of You
#41 (feat Gabriel Grossi)
Say Goodbye
The Space Between
Madman's Eyes
Crush
Grey Street
All Along the Watchtower (Bob Dylan cover) (com "Stairway to Heaven" )
Bis
Just Breathe (Pearl Jam cover)
Two Step
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