terça-feira, 29 de julho de 2025

Cobertura de Show: Edu Falaschi – 05/07/2025 – Tokio Marine Hall/SP

Em clima de muita nostalgia, Edu Falaschi trouxe novamente a São Paulo, no último dia 5 de julho, o show da Temple of Shadows In Concert, celebrando 20 anos do aclamado Temple of Shadows, do Angra. Junto com ele, o renomado vocalista norueguês Roy Khan relembrou sua bem-sucedida passagem pelo Kamelot, tocando boa parte do incrível The Black Halo. 

O clima nostálgico estava no ar, pois seriam executados 2 dos grandes álbuns que estavam completando seus 20 anos, ano em que o Heavy Metal Progressivo estava em alta entre os fãs do estilo. Se notava isso pela enorme quantidade de faz usando camisetas do Angra e do Kamelot, antigas bandas dos dois vocalistas principais da noite. 

A abertura dessa noite mágica ficou por conta da banda baiana de metal Auro Control. O primeiro trabalho da banda, The Harp, foi lançado em maio de 2024 e contou com participações de peso, como Aquiles Priester e Jeff Scott Soto. A banda fez uma apresentação curta, com apenas cinco músicas, que foram muito bem executadas, apesar de algumas falhas técnicas, que voltariam a se repetir no show seguinte. 

Mesmo com o público ainda chegando ao Tokio Marine, eles conseguiram esquentar a galera para o que ainda estava por vir. Um show curto, direto ao ponto, que com certeza rendeu novos fãs para a banda.

Logo em seguida, tivemos o show da Noturnall, que já nos primeiros momentos demonstrou muita personalidade e experiência de palco. Infelizmente, a banda enfrentou sérios problemas técnicos, que voltaram a acontecer com mais intensidade. Logo no início, o vocalista Thiago Bianchi teve dificuldades com o microfone, chegando a precisar trocar o equipamento em alguns momentos.

Esses contratempos acabaram impactando diretamente o setlist, que precisou ser reduzido e adaptado com improvisos. Ainda assim, a banda se manteve firme, contando com o carisma e a bagagem de Thiago para manter o público conectado.

Vale também destacar o guitarrista Guilherme Torres, novo integrante da banda, que mesmo sendo jovem demonstrou grande maturidade ao lidar com os problemas que, infelizmente, recaíram sobre ele.

No final, a banda mostrou carisma e bom humor para lidar com a situação, e o público reconheceu o esforço com muitos aplausos e gritos de apoio. Apesar das dificuldades, foi uma apresentação marcante, que deixou a galera ainda mais animada para o que viria nessa noite especial em São Paulo.

Quando os músicos da ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DE ARTUR NOGUEIRA começaram a se posicionar no palco, já era possível perceber que estávamos prestes a presenciar uma noite muito especial.

Eis que surge Roy Khan, abrindo o show com a poderosa “When the Lights Are Down”. Já nas primeiras estrofes, ficou claro o quanto sua voz continua impactante e como o tempo longe dos palcos parece ter feito bem ao vocalista. Vale lembrar que Edu Falaschi foi o principal responsável por essa nova fase da carreira de Roy - incentivando-o a lançar-se em carreira solo -, e São Paulo foi a cidade escolhida para esse recomeço.

Roy esteve impecável nas sete músicas escolhidas para compor o setlist, todas retiradas do aclamado álbum The Black Halo. O mais impressionante foi ouvi-las ao vivo com acompanhamento orquestral, o que deu um peso e uma grandiosidade ainda maiores ao show. A orquestra, regida pelo maestro Adriano Machado, teve papel fundamental nessa atmosfera épica. Também é preciso destacar a excelente performance da banda brasileira Maestrick, que acompanhou Roy durante todo o espetáculo, executando com maestria - fazendo jus ao nome da banda - cada canção do Kamelot. Mencionamos aqui os vocais de apoio de Juliana Rossi e do vocalista do Maestrick, Fabio Caldeira, que brilharam especialmente em diversos momentos da apresentação. 

Os arranjos orquestrais para “Moonlight”, “Soul Society” e “The Haunting (Somewhere in Time)” foram de tirar o fôlego – com destaque para essa última, que contou com a participação da versátil vocalista Adrienne Cowan, que também se apresentaria mais tarde com Edu Falaschi. Adrienne interpretou com perfeição as partes originalmente cantadas por Simone Simons (Epica).

O show seguiu com os belíssimos duetos de Adrienne e Roy em “Abandoned”, “Memento Mori” e, para fechar com chave de ouro, “March of Mephisto”. Essa última evidenciou por que Adrienne é considerada uma das vocalistas mais versáteis do heavy metal atual, executando com maestria os vocais guturais originalmente gravados por Shagrath, da banda de black metal sinfônico Dimmu Borgir. Nessa música, tivemos ainda a participação especial do guitarrista brasileiro Bill Hudson.

Roy Khan prometeu e cumpriu. Escolheu a dedo o repertório para entregar exatamente aquilo que os fãs desejavam ouvir. O show só reforçou que ele é um artista completo, pronto para desbravar sua carreira solo, assim como Edu fez em 2017 ao revisitar seu legado no Angra. Que Roy não se esqueça de nós, fãs brasileiros, nas próximas turnês que certamente virão.


22h30 em ponto, a Orquestra Sinfônica Jovem de Artur Nogueira, juntamente com seu maestro Adriano Machado, volta ao palco e se posiciona. As luzes se apagam e a introdução "Deus le Volt" anuncia o início do show e do disco Temple of Shadows.

Logo em seguida, com a empolgante "Spread Your Fire", Edu surge no palco e o Tokio Marine Hall vem abaixo. "Glorious" é cantada em uníssono por todos os fãs no refrão, como se estivessem lavando a alma. "Angels and Demons" dá sequência à catarse nostálgica e mostra que Edu está na sua melhor fase vocal – muitas críticas negativas e problemas com a voz no passado cairam por terra.


Em "Waiting Silence", Edu coloca o lugar inteiro para pular. Os excelentes arranjos para orquestra, executados sob a regência de Adriano Machado, caíram perfeitos na balada "Wishing Well".

O primeiro convidado – e um dos mais esperados da noite – sobe ao palco na apoteótica "Temple of Hate": Mr. Kai Hansen, o "inventor do Power Metal", como o próprio Edu o apresentou.


O que incomodou parte do público foi o fato de Kai ter ficado preso a um canto do palco, lendo a letra em quase toda a música. Alguns comentaram que parecia um karaokê. Como sua participação foi curta, muitos acharam que ele poderia, ao menos, ter decorado a letra. Puxões de orelha à parte, a presença de um ícone como ele numa noite tão emblemática foi a cereja do bolo.


A apresentação seguiu com a maravilhosa "Shadow Hunter", em que se notou certa dificuldade do guitarrista Victor Franco nas partes de violão: muitas notas não saíram e os dedilhados soaram atravessados e fora do tempo. Talvez pela falta de experiência com violão, nervosismo (ele está na banda há apenas quatro meses), ou ambos. Ainda assim, Edu brilha, mostrando uma voz poderosa e empolgante aos 53 anos.

"No Pain for the Dead", uma das músicas mais bonitas de toda a carreira de Edu e do Angra, contou com a participação de Adrienne Cowan, que interpretou as partes originalmente gravadas por Sabine Edelsbacher. Foi um dos momentos mais emocionantes da noite. Adrienne colocou sentimento e técnica nas partes solo, mostrando 100% de profissionalismo com toda a letra decorada. Ela permaneceu no palco para cantar as partes de Hansi Kürsch em "Winds of Destination".


Mais uma vez, "Sprouts of Time" teve problemas técnicos nas partes de violão, com notas que insistiam em não sair, mas isso não tirou o brilho dessa música incrível. A sequência continuou com "Morning Star", que teve pequenos desencontros de andamento entre os músicos, prontamente corrigidos pela competência da banda.

O disco se encerra com a emocionante "Late Redemption", em que Edu convida o público a cantar as partes originalmente gravadas por Milton Nascimento. Um lindo coro tomou conta do Tokio Marine, um grande acerto de Edu.

Temple of Shadows finalizado, Edu apresenta sua nova era com “The Ancestry”, do excelente disco solo Vera Cruz. Infelizmente, a música ainda é pouco conhecida entre os presentes, que estavam lá principalmente para celebrar o álbum lançado há 20 anos.

Um dos momentos mais surpreendentes do show foi a execução de "Bleeding Heart", música originalmente composta para o Angra, que foi regravada em português pela banda de forró Calcinha Preta. Edu cantou alguns trechos da versão nordestina em português, que foi entoada em alto e bom som pelo público.

Durante uma pausa no show, Edu agradeceu aos fãs que vieram de várias partes do mundo para assistir à apresentação – Japão, Guatemala, Chile, Estados Unidos, Argentina e Peru –, mostrando que esse foi realmente um show lendário.

Na hora de apresentar Pegasus Fantasy, Edu fez uma pegadinha com o público: “Vamos tocar uma música nova para vocês. Sempre bom tocar música nova ao vivo.” Quando a introdução começou, o público veio abaixo. Para quem não sabe, essa é a música de abertura do anime japonês Cavaleiros do Zodíaco, na qual Edu é a voz da versão brasileira.

Perto do final, não poderiam faltar os clássicos "Rebirth" e "Nova Era", hinos absolutos da fase de Edu no Angra.


A maior surpresa ficou para o encerramento: Edu chamou todos os convidados para tocar um clássico do Heavy Metal mundial: "I Want Out", do Helloween. Subiram ao palco Kai Hansen, Adrienne Cowan, Roy Khan e o próprio Edu nos vocais. Bill Hudson também retornou para dividir as guitarras com Kai, Diogo Mafra e Victor Franco.

Edu Falaschi levou o Tokio Marine Hall de volta à era de ouro do Power Metal no Brasil. Uma noite que ficará para sempre na memória dos fãs. Foi uma verdadeira viagem no tempo até 2005, com certeza.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Live Stage / Agência Artistica 

Press: TRM Press


Edu Falaschi – setlist: 

Spread Your Fire

Angels and Demons

Waiting Silence

Wishing Well

The Temple of Hate (com Kai Hansen)

The Shadow Hunter

No Pain for the Dead (com Adrienne Cowan)

Winds of Destination (com Adrienne Cowan)

Sprouts of Time

Morning Star

Late Redemption

The Ancestry

Bleeding Heart

Pegasus Fantasy

Bis

Rebirth

Nova Era

I Want Out (com Roy Khan, Kai Hansen, Adrienne Cowan, Bill Hudson)

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