sábado, 6 de janeiro de 2018

Entrevista: Chaos Synopsis - Deuses Mitológicos e Poderosos Death/Thrash




Uma banda que merece ser olhada com muito mais atenção, fundada em 2005 em São José dos Campos (SP), o Chaos Synopsis já possui um currículo bem invejável, tendo já 3 full-lenghts de estúdio e um ao vivo, tendo também vários shows fora do Brasil, alcançando boa repercussão lá fora.  Com o mais recente trabalho, "Gods of Chaos" (2016), onde estreou nova formação,  o grupo recebeu novamente muitos elogios pelo seu Death/Thrash vigoroso, criativo e de muito boa técnica, sendo relacionado em muitas listagens de melhores do ano. No ano passado a banda prosseguiu a tour de divulgação, retornando inclusive ao exterior para 23 shows, passando por 7 países, prosseguindo depois para mais shows pelo Brasil.

Conversamos com o fundador Jairo Vaz Neto para falar sobre "Gods of Chaos", que traz sua temática voltada a deuses antigos de diversas culturas, além de nos contar mais sobre as 4 tours pelo exterior e desse caminho ascendente que o grupo vem percorrendo. Confira a seguir.
              (English Version)

RtM: Saudações Jairo, vamos iniciar já falando sobre o "Gods of Chaos". Bom, nos álbuns anteriores vocês sempre focaram em algum tema central, gostaria então que vocês nos falassem sobre a escolha do conceito do álbum, que fala sobre deuses antigos. Como surgiu a ideia?
Jairo Vaz Neto: Quando fomos convidados para gravar o split“Intoxicunts” (2016), escrevi uma letra sobre o deus do caos egípcio Apep. Quando terminei a letra, me veio na hora o nome do álbum e a temática, que gostei muito.

RtM: Ainda sobre o conceito, a parte lírica dos seus álbuns é sempre muito interessante. Como foi a pesquisa e escolha dessas figuras mitológicas abordadas nas músicas?
Jairo: Costumo fazer as pesquisas e dar uma lida rápido sobre o tema em questão, com isso vão surgindo as figuras escolhidas e então me aprofundo em cada um. No caso em questão, fiz questão de tentar incluir figuras de todos os locais do globo, com um panteão vasto e que remete a várias diferentes eras.

"Todos os instrumentos ouvidos no álbum foram gravados de amplificadores, sem alterações de timbres na mixagem, deixando o mais próximo possível do som que fazemos em shows."
RtM: Uma característica que é notada em seus trabalhos, é a busca por trazer sempre algo diferente a cada álbum.  Em “Gods of Chaos” me parece um álbum mais direto e brutal que seus antecessores. Coincidiu com a escolha do tema “Deuses do Caos” o fato de apresentar uma sonoridade correspondente? Gostaria que vocês comentassem a respeito.
Jairo: Não foi algo muito pensado, geralmente colocamos um prazo final e trabalhamos para que as músicas estejam prontas naquela data, então nos juntamos e vemos o que sai. Acho que trouxemos um pouco do que fazíamos em “Kvlt ov Dementia”, assim como inserimos mais melodias, contribuição essa vinda do Diego Sanctus, que trouxe muito da sua forma diferente de criação.

RtM: A produção me soou também mais crua. Vocês optaram por algo mais cru propositalmente, a fim de ressaltar o peso e brutalidade de “Gods of Chaos”? Gostaria que vocês comentassem um pouco a respeito da produção do álbum.
Jairo: Foi proposital. Queríamos um álbum sem nada além de guitarra, baixo, bateria e vocal, sem inclusão de samplers e tal. Todos os instrumentos ouvidos no álbum foram gravados de amplificadores, sem alterações de timbres na mixagem, deixando o mais próximo possível do som que fazemos em shows.

RtM: O álbum marca a estreia de Luiz e Diego nas guitarras, então gostaria que vocês comentassem sobre essas mudanças de line-up, que critérios são valorizados para a busca de novos membros, até para não comprometer a identidade da banda, e o que a dupla trouxe de novo ao seu som?
Jairo: Os dois são grandes guitarristas, cada um a sua maneira. Diego tem muitas ideias de composições e melodias, contribuindo muito para a criação das músicas. Quanto ao Luiz, além das contribuições nos solos dos álbuns, ele é o cara que vale a pena ter na estrada, além de ser muito divertido, está conosco como roadie desde 2013 e entende bem o que é estar na estrada.O principal pra gente, além de ser responsável, é curtir viajar, se divertir conosco e ter vontade de chegar sempre mais longe.

"Algo bem legal desse som, Raising Hell, é que a letra foi escrita pelo meu avô, em uma antiga poesia dele, chamada ‘A Tríade Satânica’."
RtM: Dentre as músicas do álbum, gostaria que vocês comentassem um pouco mais a respeito da sonoridade e dos temas da abertura com “Raising Hell” e da “Sixteen Scourges”, que, inspiradas em culturas diferentes, mas tratam, digamos, da figura suprema do mal segundo as referidas culturas.
Jairo:“Raising Hell”acho que é a música com a pegada mais Chaos Synopsis de todo o álbum e acredito que traga o tema mais conhecido, Satanás, que em nosso país, trata-se da mais conhecida figura mitológica. Algo bem legal desse som é que a letra foi escrita pelo meu avô, em uma antiga poesia dele, chamada ‘A Tríade Satânica’. “Sixteen Scourges” tem aquela pegada do death metal dos anos 90, brutal e rápida, trazendo Ahriman, o mal encarnado, da primeira religião monoteísta que se tem conhecimento.Os dois tem uma ligação, por tratarem-se basicamente da mesma figura, sendo que boa parte da história do cristianismo é influenciado pelo Zoroastrismo.

RtM: Vocês buscaram temas em diversas culturas, e destaco “Storm of Chaos”, inspirada na mitologia Taino e  “The Beast that Sieges Heaven”, que fala de Typhoon, da mitologia grega, deus da seca, que representa o ar em sua forma mais furiosa. Gostaria que vocês falassem um pouco mais também destas duas músicas.
Jairo: “Storm of Chaos” é uma das músicas mais rápidas da banda, com uma pegada brutal, exatamente para refletir a deusa dos furacões, que destrói tudo que passa pela frente.“The Beast” tem uma boa inspiração na música “Chaos Synopsis”, a primeira composição da banda. Uma pegada destruidora, com riffs fortes e mudanças de andamento, principalmente durante a batalha entre Zeus e Typhoon no Monte Olimpo, na parte lírica.

RtM: A banda este ano foi para sua quarta tour pelo exterior, é isso? Conte-nos como surgiram essas oportunidades, pois muitas bandas ainda somente sonham em tocar fora do país.
Jairo: Após a primeira vez em 2010, na qual fomos na cara e na coragem com 3 shows marcados e chegando lá marcamos mais alguns, conseguimos muitos contatos, que mantemos até hoje, além de termos ganhado cada vez mais fãs pelo velho continente, o que facilita e muito a nossa ida e as negociações de shows. Além disso, nosso manager Xandão, da On Fire Booking, trabalha incessantemente para que as tours sejam cada vez maiores e que sempre passem por novos locais.

"Vendemos cerca de 500 CDs nesta tour, o que para uma banda underground, é um número bem considerável."
RtM: Quais as condições que vocês encontraram nessas tours lá fora, em termos de infraestrutura? E o que agregou à banda também em termos de experiência, retorno quanto à divulgação da banda e economicamente, foram experiências positivas?
Jairo: O que facilita muito em excursionar pela Europa é que as distâncias são menores, as estradas melhores e é comum ao pessoal ir em shows dia de semana. Tocar todos os dias traz muita experiência quanto ao business, compromissos com horários, seguir regras e conviver com um monte de pessoas diferentes.A cada tour temos um retorno maior, economicamente falando, pois os números de vendas sempre aumentam a cada tour. Vendemos cerca de 500 CDs nesta tour, o que para uma banda underground, é um número bem considerável.

RtM: O Nervochaos passou por alguns problemas em sua recente tour lá fora, especificamente em Bangladesh, onde não puderam se apresentar, ficando detidos no aeroporto. Vocês chegaram a passar por alguma situação desconfortável em alguma tour? Seja aqui ou lá fora?
Jairo: No geral somos muito bem recebidos por todos os promoters, tanto aqui quanto lá, o que mais pega em uma tour é mesmo a condição física. Esse ano mesmo, tínhamos um show em Praga na República Tcheca, estávamos vindo de um show em Berlin na noite anterior que o frio estava extremo e não conseguimos tocar devido a febre e dor no corpo de dois integrantes. Nem sempre temos hotel pra dormir, muitas vezes devido a distância dormimos na van enquanto viajamos e chega uma hora que o corpo não aguenta.

RtM: Mesmo o Metal Extremo brasileiro tendo boa representatividade e reconhecimento, o que vocês acham que falta para mais bandas aqui do Brasil conseguir uma exposição maior, e ter, por exemplo, condições receber um suporte como recebeu o Sepultura, que está com a Nuclear Blast lá fora, e um Krisiun, e até um Nervosa, que estão em selos porte, como Century Media e Napalm Records?
Jairo: basicamente, como a maioria das bandas não ganha grana, fica difícil investir em propaganda. Selos grandes investem em bandas que trarão retorno financeiro e para isso uma banda precisa aparecer muito pela via independente ou ter um padrinho que faça as vias. Trata-se de muito trabalho acompanhado de um pouco de sorte. Além de tudo, estamos muito distantes dos grandes polos do metal, Europa e EUA, o que dificulta que o som chegue até as pessoas certas.

"Tenho um pensamento de que não importa o fim, mas sim a caminhada."
RtM: E os planos para o futuro imediato, quanto a divulgação do álbum, e também quis os passos que vocês entendem que a banda precisa dar a partir de agora, a fim de evoluir em todas as áreas?
Jairo: Estamos a toda marcando shows para a divulgação de “Gods of Chaos”, porém já temos planejado tudo que faremos até 2020, mas foquemos no agora, além dos shows, devemos gravar alguns sons para o lançamento de um 7 EP para 2018. Se tem algo que gostamos, é gravar! Continuamos passo a passo, fazendo com que todos os shows sejam excelentes e divertidos para nós e público, independente de quantos estejam nos assistindo. Tenho um pensamento de que não importa o fim, mas sim a caminhada.

RtM: Pessoal, obrigado pela atenção, que venham muitas conquistas para a banda, fica o espaço para sua mensagem final, lembrando que estamos disponibilizando a entrevista também em inglês, a fim de atingir os sues fãs lá fora, e também apresentar a banda a mais pessoas.
Jairo: Eu que agradeço pelo espaço, por estudarem a história da banda e se aprofundarem nos temas pra criar a pauta, isso é muito importante e demonstra um respeito muito grande pela banda.Agradeço a todos que apoiam a banda e espero encontrar todos na estrada qualquer hora dessas.


Entrevista: Carlos Garcia
Fotos: Arquivo da banda
Assessoria: Rômel Santos

Line-up
Jairo Vaz - Voice of Command and Heavy Attack
Friggi - Mad Beats
Luiz Ferrari - Deadly Arrows
Diego Santos - Tormentor

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