Em clima de muita nostalgia, Edu Falaschi trouxe novamente a São Paulo, no último dia 5 de julho, o show da Temple of Shadows In Concert, celebrando 20 anos do aclamado Temple of Shadows, do Angra. Junto com ele, o renomado vocalista norueguês Roy Khan relembrou sua bem-sucedida passagem pelo Kamelot, tocando boa parte do incrível The Black Halo.
O clima nostálgico estava no ar, pois seriam executados 2 dos grandes álbuns que estavam completando seus 20 anos, ano em que o Heavy Metal Progressivo estava em alta entre os fãs do estilo. Se notava isso pela enorme quantidade de faz usando camisetas do Angra e do Kamelot, antigas bandas dos dois vocalistas principais da noite.
A abertura dessa noite mágica ficou por conta da banda baiana de metal Auro Control. O primeiro trabalho da banda, The Harp, foi lançado em maio de 2024 e contou com participações de peso, como Aquiles Priester e Jeff Scott Soto. A banda fez uma apresentação curta, com apenas cinco músicas, que foram muito bem executadas, apesar de algumas falhas técnicas, que voltariam a se repetir no show seguinte.
Mesmo com o público ainda chegando ao Tokio Marine, eles conseguiram esquentar a galera para o que ainda estava por vir. Um show curto, direto ao ponto, que com certeza rendeu novos fãs para a banda.
Logo em seguida, tivemos o show da Noturnall, que já nos primeiros momentos demonstrou muita personalidade e experiência de palco. Infelizmente, a banda enfrentou sérios problemas técnicos, que voltaram a acontecer com mais intensidade. Logo no início, o vocalista Thiago Bianchi teve dificuldades com o microfone, chegando a precisar trocar o equipamento em alguns momentos.
Esses contratempos acabaram impactando diretamente o setlist, que precisou ser reduzido e adaptado com improvisos. Ainda assim, a banda se manteve firme, contando com o carisma e a bagagem de Thiago para manter o público conectado.
Vale também destacar o guitarrista Guilherme Torres, novo integrante da banda, que mesmo sendo jovem demonstrou grande maturidade ao lidar com os problemas que, infelizmente, recaíram sobre ele.
No final, a banda mostrou carisma e bom humor para lidar com a situação, e o público reconheceu o esforço com muitos aplausos e gritos de apoio. Apesar das dificuldades, foi uma apresentação marcante, que deixou a galera ainda mais animada para o que viria nessa noite especial em São Paulo.
Quando os músicos da ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DE ARTUR NOGUEIRA começaram a se posicionar no palco, já era possível perceber que estávamos prestes a presenciar uma noite muito especial.
Eis que surge Roy Khan, abrindo o show com a poderosa “When the Lights Are Down”. Já nas primeiras estrofes, ficou claro o quanto sua voz continua impactante e como o tempo longe dos palcos parece ter feito bem ao vocalista. Vale lembrar que Edu Falaschi foi o principal responsável por essa nova fase da carreira de Roy - incentivando-o a lançar-se em carreira solo -, e São Paulo foi a cidade escolhida para esse recomeço.
Roy esteve impecável nas sete músicas escolhidas para compor o setlist, todas retiradas do aclamado álbum The Black Halo. O mais impressionante foi ouvi-las ao vivo com acompanhamento orquestral, o que deu um peso e uma grandiosidade ainda maiores ao show. A orquestra, regida pelo maestro Adriano Machado, teve papel fundamental nessa atmosfera épica. Também é preciso destacar a excelente performance da banda brasileira Maestrick, que acompanhou Roy durante todo o espetáculo, executando com maestria - fazendo jus ao nome da banda - cada canção do Kamelot. Mencionamos aqui os vocais de apoio de Juliana Rossi e do vocalista do Maestrick, Fabio Caldeira, que brilharam especialmente em diversos momentos da apresentação.
Os arranjos orquestrais para “Moonlight”, “Soul Society” e “The Haunting (Somewhere in Time)” foram de tirar o fôlego – com destaque para essa última, que contou com a participação da versátil vocalista Adrienne Cowan, que também se apresentaria mais tarde com Edu Falaschi. Adrienne interpretou com perfeição as partes originalmente cantadas por Simone Simons (Epica).
O show seguiu com os belíssimos duetos de Adrienne e Roy em “Abandoned”, “Memento Mori” e, para fechar com chave de ouro, “March of Mephisto”. Essa última evidenciou por que Adrienne é considerada uma das vocalistas mais versáteis do heavy metal atual, executando com maestria os vocais guturais originalmente gravados por Shagrath, da banda de black metal sinfônico Dimmu Borgir. Nessa música, tivemos ainda a participação especial do guitarrista brasileiro Bill Hudson.
Roy Khan prometeu e cumpriu. Escolheu a dedo o repertório para entregar exatamente aquilo que os fãs desejavam ouvir. O show só reforçou que ele é um artista completo, pronto para desbravar sua carreira solo, assim como Edu fez em 2017 ao revisitar seu legado no Angra. Que Roy não se esqueça de nós, fãs brasileiros, nas próximas turnês que certamente virão.