terça-feira, 29 de julho de 2025

Cobertura de Show: Edu Falaschi – 05/07/2025 – Tokio Marine Hall/SP

Em clima de muita nostalgia, Edu Falaschi trouxe novamente a São Paulo, no último dia 5 de julho, o show da Temple of Shadows In Concert, celebrando 20 anos do aclamado Temple of Shadows, do Angra. Junto com ele, o renomado vocalista norueguês Roy Khan relembrou sua bem-sucedida passagem pelo Kamelot, tocando boa parte do incrível The Black Halo. 

O clima nostálgico estava no ar, pois seriam executados 2 dos grandes álbuns que estavam completando seus 20 anos, ano em que o Heavy Metal Progressivo estava em alta entre os fãs do estilo. Se notava isso pela enorme quantidade de faz usando camisetas do Angra e do Kamelot, antigas bandas dos dois vocalistas principais da noite. 

A abertura dessa noite mágica ficou por conta da banda baiana de metal Auro Control. O primeiro trabalho da banda, The Harp, foi lançado em maio de 2024 e contou com participações de peso, como Aquiles Priester e Jeff Scott Soto. A banda fez uma apresentação curta, com apenas cinco músicas, que foram muito bem executadas, apesar de algumas falhas técnicas, que voltariam a se repetir no show seguinte. 

Mesmo com o público ainda chegando ao Tokio Marine, eles conseguiram esquentar a galera para o que ainda estava por vir. Um show curto, direto ao ponto, que com certeza rendeu novos fãs para a banda.

Logo em seguida, tivemos o show da Noturnall, que já nos primeiros momentos demonstrou muita personalidade e experiência de palco. Infelizmente, a banda enfrentou sérios problemas técnicos, que voltaram a acontecer com mais intensidade. Logo no início, o vocalista Thiago Bianchi teve dificuldades com o microfone, chegando a precisar trocar o equipamento em alguns momentos.

Esses contratempos acabaram impactando diretamente o setlist, que precisou ser reduzido e adaptado com improvisos. Ainda assim, a banda se manteve firme, contando com o carisma e a bagagem de Thiago para manter o público conectado.

Vale também destacar o guitarrista Guilherme Torres, novo integrante da banda, que mesmo sendo jovem demonstrou grande maturidade ao lidar com os problemas que, infelizmente, recaíram sobre ele.

No final, a banda mostrou carisma e bom humor para lidar com a situação, e o público reconheceu o esforço com muitos aplausos e gritos de apoio. Apesar das dificuldades, foi uma apresentação marcante, que deixou a galera ainda mais animada para o que viria nessa noite especial em São Paulo.

Quando os músicos da ORQUESTRA SINFÔNICA JOVEM DE ARTUR NOGUEIRA começaram a se posicionar no palco, já era possível perceber que estávamos prestes a presenciar uma noite muito especial.

Eis que surge Roy Khan, abrindo o show com a poderosa “When the Lights Are Down”. Já nas primeiras estrofes, ficou claro o quanto sua voz continua impactante e como o tempo longe dos palcos parece ter feito bem ao vocalista. Vale lembrar que Edu Falaschi foi o principal responsável por essa nova fase da carreira de Roy - incentivando-o a lançar-se em carreira solo -, e São Paulo foi a cidade escolhida para esse recomeço.

Roy esteve impecável nas sete músicas escolhidas para compor o setlist, todas retiradas do aclamado álbum The Black Halo. O mais impressionante foi ouvi-las ao vivo com acompanhamento orquestral, o que deu um peso e uma grandiosidade ainda maiores ao show. A orquestra, regida pelo maestro Adriano Machado, teve papel fundamental nessa atmosfera épica. Também é preciso destacar a excelente performance da banda brasileira Maestrick, que acompanhou Roy durante todo o espetáculo, executando com maestria - fazendo jus ao nome da banda - cada canção do Kamelot. Mencionamos aqui os vocais de apoio de Juliana Rossi e do vocalista do Maestrick, Fabio Caldeira, que brilharam especialmente em diversos momentos da apresentação. 

Os arranjos orquestrais para “Moonlight”, “Soul Society” e “The Haunting (Somewhere in Time)” foram de tirar o fôlego – com destaque para essa última, que contou com a participação da versátil vocalista Adrienne Cowan, que também se apresentaria mais tarde com Edu Falaschi. Adrienne interpretou com perfeição as partes originalmente cantadas por Simone Simons (Epica).

O show seguiu com os belíssimos duetos de Adrienne e Roy em “Abandoned”, “Memento Mori” e, para fechar com chave de ouro, “March of Mephisto”. Essa última evidenciou por que Adrienne é considerada uma das vocalistas mais versáteis do heavy metal atual, executando com maestria os vocais guturais originalmente gravados por Shagrath, da banda de black metal sinfônico Dimmu Borgir. Nessa música, tivemos ainda a participação especial do guitarrista brasileiro Bill Hudson.

Roy Khan prometeu e cumpriu. Escolheu a dedo o repertório para entregar exatamente aquilo que os fãs desejavam ouvir. O show só reforçou que ele é um artista completo, pronto para desbravar sua carreira solo, assim como Edu fez em 2017 ao revisitar seu legado no Angra. Que Roy não se esqueça de nós, fãs brasileiros, nas próximas turnês que certamente virão.


22h30 em ponto, a Orquestra Sinfônica Jovem de Artur Nogueira, juntamente com seu maestro Adriano Machado, volta ao palco e se posiciona. As luzes se apagam e a introdução "Deus le Volt" anuncia o início do show e do disco Temple of Shadows.

Logo em seguida, com a empolgante "Spread Your Fire", Edu surge no palco e o Tokio Marine Hall vem abaixo. "Glorious" é cantada em uníssono por todos os fãs no refrão, como se estivessem lavando a alma. "Angels and Demons" dá sequência à catarse nostálgica e mostra que Edu está na sua melhor fase vocal – muitas críticas negativas e problemas com a voz no passado cairam por terra.


Em "Waiting Silence", Edu coloca o lugar inteiro para pular. Os excelentes arranjos para orquestra, executados sob a regência de Adriano Machado, caíram perfeitos na balada "Wishing Well".

O primeiro convidado – e um dos mais esperados da noite – sobe ao palco na apoteótica "Temple of Hate": Mr. Kai Hansen, o "inventor do Power Metal", como o próprio Edu o apresentou.


O que incomodou parte do público foi o fato de Kai ter ficado preso a um canto do palco, lendo a letra em quase toda a música. Alguns comentaram que parecia um karaokê. Como sua participação foi curta, muitos acharam que ele poderia, ao menos, ter decorado a letra. Puxões de orelha à parte, a presença de um ícone como ele numa noite tão emblemática foi a cereja do bolo.


A apresentação seguiu com a maravilhosa "Shadow Hunter", em que se notou certa dificuldade do guitarrista Victor Franco nas partes de violão: muitas notas não saíram e os dedilhados soaram atravessados e fora do tempo. Talvez pela falta de experiência com violão, nervosismo (ele está na banda há apenas quatro meses), ou ambos. Ainda assim, Edu brilha, mostrando uma voz poderosa e empolgante aos 53 anos.

"No Pain for the Dead", uma das músicas mais bonitas de toda a carreira de Edu e do Angra, contou com a participação de Adrienne Cowan, que interpretou as partes originalmente gravadas por Sabine Edelsbacher. Foi um dos momentos mais emocionantes da noite. Adrienne colocou sentimento e técnica nas partes solo, mostrando 100% de profissionalismo com toda a letra decorada. Ela permaneceu no palco para cantar as partes de Hansi Kürsch em "Winds of Destination".


Mais uma vez, "Sprouts of Time" teve problemas técnicos nas partes de violão, com notas que insistiam em não sair, mas isso não tirou o brilho dessa música incrível. A sequência continuou com "Morning Star", que teve pequenos desencontros de andamento entre os músicos, prontamente corrigidos pela competência da banda.

O disco se encerra com a emocionante "Late Redemption", em que Edu convida o público a cantar as partes originalmente gravadas por Milton Nascimento. Um lindo coro tomou conta do Tokio Marine, um grande acerto de Edu.

Temple of Shadows finalizado, Edu apresenta sua nova era com “The Ancestry”, do excelente disco solo Vera Cruz. Infelizmente, a música ainda é pouco conhecida entre os presentes, que estavam lá principalmente para celebrar o álbum lançado há 20 anos.

Um dos momentos mais surpreendentes do show foi a execução de "Bleeding Heart", música originalmente composta para o Angra, que foi regravada em português pela banda de forró Calcinha Preta. Edu cantou alguns trechos da versão nordestina em português, que foi entoada em alto e bom som pelo público.

Durante uma pausa no show, Edu agradeceu aos fãs que vieram de várias partes do mundo para assistir à apresentação – Japão, Guatemala, Chile, Estados Unidos, Argentina e Peru –, mostrando que esse foi realmente um show lendário.

Na hora de apresentar Pegasus Fantasy, Edu fez uma pegadinha com o público: “Vamos tocar uma música nova para vocês. Sempre bom tocar música nova ao vivo.” Quando a introdução começou, o público veio abaixo. Para quem não sabe, essa é a música de abertura do anime japonês Cavaleiros do Zodíaco, na qual Edu é a voz da versão brasileira.

Perto do final, não poderiam faltar os clássicos "Rebirth" e "Nova Era", hinos absolutos da fase de Edu no Angra.


A maior surpresa ficou para o encerramento: Edu chamou todos os convidados para tocar um clássico do Heavy Metal mundial: "I Want Out", do Helloween. Subiram ao palco Kai Hansen, Adrienne Cowan, Roy Khan e o próprio Edu nos vocais. Bill Hudson também retornou para dividir as guitarras com Kai, Diogo Mafra e Victor Franco.

Edu Falaschi levou o Tokio Marine Hall de volta à era de ouro do Power Metal no Brasil. Uma noite que ficará para sempre na memória dos fãs. Foi uma verdadeira viagem no tempo até 2005, com certeza.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Live Stage / Agência Artistica 

Press: TRM Press


Edu Falaschi – setlist: 

Spread Your Fire

Angels and Demons

Waiting Silence

Wishing Well

The Temple of Hate (com Kai Hansen)

The Shadow Hunter

No Pain for the Dead (com Adrienne Cowan)

Winds of Destination (com Adrienne Cowan)

Sprouts of Time

Morning Star

Late Redemption

The Ancestry

Bleeding Heart

Pegasus Fantasy

Bis

Rebirth

Nova Era

I Want Out (com Roy Khan, Kai Hansen, Adrienne Cowan, Bill Hudson)

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Cobertura de Show: Angra (RockFun Fest) – 13/07/2025 – Viaduto do Chá/SP

Na noite do Dia Mundial do Rock, 13 de julho, o Angra mostrou por que é um dos nomes mais respeitados do metal brasileiro. A banda subiu ao palco montado em frente ao imponente Theatro Municipal de São Paulo para uma apresentação gratuita, como parte do Rockfun Fest — um evento que, com entrada livre, vem consolidando sua importância na cena musical da cidade. Mas essa noite tinha um peso especial: foi a penúltima apresentação do Angra na capital antes de um hiato por tempo indeterminado. A despedida oficial dos palcos em São Paulo está marcada para 3 de agosto. Sabendo disso, o público lotou a Praça Ramos de Azevedo com a energia de quem sabe que está vendo a história acontecer.

Com sua formação atual — Fabio Lione (vocal), Rafael Bittencourt (guitarra), Marcelo Barbosa (guitarra), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria) — o Angra entregou um setlist de respeito, equilibrando clássicos e músicas da fase mais recente da banda. A abertura com “Nothing to Say” foi explosiva; seu riff icônico já levantou o público, enquanto Rafael Bittencourt e Marcelo Barbosa duelavam nas guitarras com uma sincronia impecável, e Fabio Lione, com sua voz potente, conduzia o público com maestria.

Em seguida, "Millennium Sun" chegou com suas belas melodias, lembrando-nos o início dos anos 2000, quando a banda renasceu com o Edu Falaschi nos vocais. Com Felipe Andreoli à frente do palco, era hora de “Tide of Changes”, faixa do álbum Cycles of Pain, trabalho mais recente da banda. Com uma pegada mais progressiva, a canção trouxe um clima maior de introspecção para os fãs, que acompanhavam atentamente a performance da banda.

A seguir, a celebração dos 20 anos do disco Temple of Shadows, que faz parte dessa turnê de despedida. Nem precisa dizer muito sobre o álbum — é como chover no molhado falar de uma obra que é apreciada por 10 entre cada 10 fãs do estilo. A energia de "Spread Your Fire", uma das faixas mais rápidas do repertório, incendiou o público e mostrou que a banda vive um excelente momento. Impressiona a precisão dos músicos diante de tamanha velocidade. Não foi diferente em “Angels and Demons”, que reforçou a química afiada entre Valverde e Andreoli. Infelizmente, por conta de ser um festival, o disco não foi tocado na íntegra, como vem sendo feito na turnê. Fecharam essa parte com “Late Redemption”, anunciada como a preferida do vocalista. O público foi um show à parte: cantou maravilhosamente alto as partes em português, originalmente gravadas pelo cantor Milton Nascimento.

Com a recepção calorosa do público, Fabio Lione se empolgou e decidiu testar as habilidades dos presentes com praticamente um solo de vocal. Com a aprovação do vocalista, anunciaram a emblemática “Rebirth”. Nem precisa dizer que o lugar veio abaixo, mostrando a força do Angra. “Angels Cry”, sem anúncio, foi tocada em seguida, e mais uma vez o público se entregou completamente, cantando cada verso como se estivesse se despedindo de velhos amigos, encerrando com emoção esse momento épico.

No bis, a dobradinha “Carry On/Nova Era” foi simplesmente apoteótica. Clássicos absolutos, essas faixas fecharam o set não apenas revisitando os primórdios do Angra, mas também servindo como um lembrete poético do legado da banda. Certamente, um momento que será lembrado por muito tempo.

Vale destacar que essa apresentação no Rockfun Fest não foi apenas mais uma data na agenda: foi a penúltima vez que o Angra pisaria nos palcos de São Paulo, com a despedida marcada para 3 de agosto, anunciando um hiato por tempo indeterminado. Essa sombra de fim iminente adicionou um peso emocional extra ao show, transformando cada nota em um adeus temporário. Com uma formação tão coesa, o Angra provou mais uma vez porque conquistou fãs ao redor do globo, deixando todos ansiosos pelo que virá após o hiato — e esperançosos de que essa pausa seja apenas o prelúdio para um retorno ainda mais grandioso. 


Texto: Marcelo Gomes


Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: RockFun Fest


Angra – setlist:

Nothing to Say

Millennium Sun

Tide of Changes - Part I

Tide of Changes - Part II

Spread Your Fire

Angels and Demons

Waiting Silence

Late Redemption

Rebirth

Angels Cry

Carry On/Nova Era

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Entrevista - Vox Mortem: Thrash Metal forte e direto, como deve ser.

 

- Olá Leone e Esaú. Obrigado pela sua gentileza em nos atender. Parabéns pelo lançamento do álbum “Duality”, pois o material ficou de primeira... Como você pode descrever o trabalho na composição deste tipo de sonoridade?

Esaú: Olá, agradeço a oportunidade de comentar sobre o trabalho. Bom, podemos dizer que Duality apresenta uma maturidade alcançada no som do Vox Mortem, hoje podemos dizer q achamos definitivamente a formula Vox Mortem de soar, o disco está coeso, as musicas estão bem distintas dentro da proposta que é fazer um Thrash Metal forte e direto, procurei usar o melhor das minhas influencias musicais da forma que individualmente penso como compositor e vi nitidamente que meus companheiros também tiveram isso como prioridade e isso na minha opinião contribuiu pra solidificar o disco e faze-lo soar como Vox Mortem.

- Eu escutei o material diversas vezes e, só após várias tentativas, consegui captar parte das suas ideias. Os fãs têm sentido este tipo de dificuldade também?

Leone: Usamos este disco para explorar novos horizontes, tanto musicalmente quanto nas temáticas de nossas letras. Como o nome do álbum diz, exploramos a dualidade e as múltiplas interpretações que podem existir tanto do nosso som – que é thrash metal com influências de vários outros estilos, do death metal ao hardcore – quanto nas temáticas de nossas letras. É natural, e esperado, que, ao aumentarmos a complexidade e a pluralidade, muitas ideias não sejam absorvidas de imediato. Mas não há mistério: a maioria das músicas usa a fé e a religiosidade como ferramenta metafórica para falar dos desafios cotidianos dos seres humanos: ser um trabalhador subjugado, não estar nem à direita nem à esquerda, mas embaixo dos poderosos, nossa hipocrisia em propagar fé enquanto buscamos hedonismo, o quanto somos autocentrados e encaramos altruísmo como ingenuidade, e muitas outras ideias.

- Existem planos para o lançamento de “Duality” através da MS Metal Records, atual gravadora de vocês, no formato físico? 

Leone: Sim, o lançamento físico já esta em trabalho de impressão

- Adorei o fato de trabalharem com o inglês, mas isso não pode vir a atrapalhar vocês no mercado nacional?

Esaú: Então, nos trabalhos anteriores tivemos composições em português as quais gostamos muito, Duality teve ideias de letras em português também, só que compartilhamos da opinião de que devemos fazer o que a música pede, chegamos até a gravar uma versão em português de uma musica do Duality, ao final achamos que a musica ficou boa nas duas versões mas se saiu melhor em inglês, ficou guardada a versão em português para um lançamento futuro (é uma surpresa rs). Quanto ao mercado nacional, acredito que muitas pessoas que ouvem metal hoje conseguem entender basicamente do que fala uma letra ao lerem mesmo estando em inglês, claro, importante dizer q não desistimos de compor na nossa língua, pode ter certeza que virão composições em português ainda.

- Como estão rolando os shows em suporte ao disco? A aceitação está sendo positiva?

Leone: Estamos em fase de montagem do nosso novo show e começaremos a divulgar o álbum a partir de 24 de agosto, no tradicional evento Aliança Negra no Rio de Janeiro. 

- Quem assinou a capa do CD? Qual a intenção dela e como ela se conecta com o título?

Esaú: Criei o conceito artistico da capa, nós, seres humanos fatalmente precisamos lidar com as dualidades que permeam nossas vidas, apesar que pessoalmente acho que nem sempre tudo é uma dualidade admito que há coisas que são, a capa pode representar a vida e a morte, como tambem o conceito figurativo do mal e do bem que habita em cada um de nós, conecta-se tambem com o que fala a letra da música, do “apagar fogo com acido” (fazer o mal acreditando que se faz o bem), do “se apegar a paz divertido-se com corpos multilados”, são versos da letra.

- “Duality” foi todo produzido pela banda, confere? Foi satisfatório seguirem por este caminho?

Esaú: Nós sempre trabalhamos muito unidos em tudo que fazemos, como uma familia mesmo, o disco principalmente não foi diferente, temos o Marco Anvito do Hicsos que nos ajuda muito na produção, é um co-produtor, é um amigo querido e um cara que é da nossa familia, isso nos da liberdade de conversar e propor sempre as coisas sem nenhum tipo de amarra e total liberdade, esse ponto tem nos deixado muito satisfeitos com o resultado final da produção

- Imagino que já estejam trabalhando em novas composições. Se sim, como está se dando o processo e como ele está soando?

Esaú: As composições no Vox Mortem fluem como a agua de um rio rsrs, tenho varias ideias e riffs já prontos esperando serem concretizados, como em Duality da praperceber, flertamos muitas vezes com o death metal pq temos muita influencia dele, então nuncaabandonaremos o Thrash Metal, nossa essencia, mas virão sempre passagens e coisas de death metal ainda mais nos lançamentos futuros, somando as ideias de meus companheiros pode ter certeza que a tendencia é estarmos mais viscerais e as musicas estarem cada vez mais soando como o Rafael diz no inicio dos nossos shows: semeando o caos e a desordem rsrsrs

- Novamente parabéns pelo trabalho e vida longa ao VOX MORTEM...  

Leone e Esaú: Mais uma vez agradecemos muito a oportunidade e Salve Metal!!!


terça-feira, 22 de julho de 2025

“Ozzy, obrigado por tudo. Nos vemos no outro lado.”

 


Quando as primeiras notícias começaram a surgir, muitos pensaram, ou desejavam, que fossem “fake news”, mas logo a chocante verdade atingiu a todos como um tsunami: Ozzy Osbourne, lendário vocalista do Black Sabbath e ícone do heavy metal mundial, faleceu deixando um legado imortal.

Ozzy, que em outras ocasiões chegou a anunciar uma aposentadoria, e este ano na grandiosa despedida do Mad Man no evento “Back to the Beginning”, ele e todos nós sabíamos que era realmente a última vez dele no palco, mas acreditávamos que o príncipe das trevas ainda ficaria mais um tempo neste plano, porém, parece que ele já pressentia, e somente aguardava esse grandioso último ato para se despedir de seus fãs. 


A sua carreira foi marcada por polêmicas, superações e álbuns históricos, tanto com o Sabbath quanto em sua bem-sucedida trajetória solo. Com sua presença única, Ozzy cativou gerações e junto ao Sabbath ajudou a moldar o Heavy Metal. Mesmo com problemas de saúde nos últimos anos, continuava sendo uma figura reverenciada e ativa na cena musical, e sua obra seguirá viva.


A seguir, alguns relatos de nossa equipe, como uma singela homenagem a este ícone da cultura pop e do Heavy Metal.





“No momento em que percebi que realmente eram verdadeiras as notícias sobre o falecimento de Ozzy, e centenas de veículos de imprensa, músicos, amigos e familiares do vocalista começaram a publicar notas e homenagens, tive aquela sensação de tristeza, algo como se alguém próximo mesmo tivesse falecido. Enviei a notícia e também recebi mensagens de vários amigos, e comentamos perplexos sobre o acontecido, quase não acreditando.



Difícil expressar em palavras esses sentimentos sobre a partida desta lenda, é como disse um amigo próximo: “É como se também morressemos um pouco.” Ozzy esteve presente na minha vida desde cedo, no início dos anos 80, quando comecei a descobrir o Black Sabbath e depois a carreira solo do Mad Man. Acompanhei pelo streaming a sua despedida dos palcos e, como milhares, não contive lágrimas no momento da inesquecível execução de “Mama I’m Coming Home”, onde Ozzy não segurou a emoção, sua voz embargou, e comoveu a todos, transformando esse momento em um dos mais marcantes e emocionantes da história da música. 


Ozzy Osbourne cumpriu sua missão, e jamais esquecerei dessas palavras dele: “Vocês não sabem o que isso significa isso pra mim.” demonstrando toda a emoção de estar vivendo aquele momento, aquela homenagem, na cidade onde tudo começou, com aqueles quatro garotos que começaram a moldar a música pesada. Uma despedida digna de uma lenda da magnitude dele.

Era a última vez que Ozzy bradaria “I can’t hear you!”, e mandaria vários “God bless you all”, frases típicas dele e que ecoarão para sempre em nossas mentes. Obrigado Ozzy.”
Carlos Garcia 





"Em um dos melhores ensinamentos do meu pai, ele me apresentou ao 1⁰ álbum do Black Sabbath quando eu tinha apenas 12 anos de idade. Mal eu sabia que eu acabaria conhecendo um mundo que sequer sabia que existia, culminando com aquilo que amo tanto quanto a vida em si: o Heavy Metal.

E agora... um buraco foi cravado no lugar onde o meu coração deveria estar.

Seu legado irá ecoar pela eternidade. Obrigado pelas memórias, Ozzy."
Bruno França





"Minha adolescência foi pautada por muita MTV. Minha principal fonte sobre metal era o programa Fúria MTV e, obviamente, eu assistia ao programa The Osbournes, do qual me lembro de passar horas comentando os episódios com um colega de classe. 

Posso dizer que minha relação com o Ozzy foi mais forte com sua carreira solo; ainda me lembro do lançamento do clipe "Gets Me Through" vividamente, e isso me causa grande nostalgia. 

Eu guardo até hoje, com muito cuidado, o CD tributo ao Randy Rhoads, que um amigo me deu quando eu disse que tinha interesse em conhecer mais sobre Ozzy Osbourne. Só tenho a agradecer pelos amigos que fiz por causa dele."
Raquel de Avelar 




"Nunca conheci um headbanger que não tenha sido magicamente tocado pelo Ozzy. Seja pelo que inventou e construiu com o Sabbath, seja na carreira solo ou mesmo pelo comportamento extra palco. Uma verdadeira lenda. Irretocável, mesmo nos erros e falhas. 

Para além de um “maluco pulando no palco” e “mordedor de morcego” que a imprensa não especializada costuma destacar, para mim é certamente uma das figuras mais resilientes, que fez dos erros, das perdas e das dores o combustível para seguir em frente. 

Quem, dentre tantos artistas, conseguiu influenciar tanta gente e preparar o seu derradeiro show, subir ao palco, ainda que limitadamente, para cantar seus maiores clássicos e dar um adeus ao mundo?
 
Ozzy viveu e morreu como lenda. Seu legado será lembrado enquanto existirem humanos na Terra."
Eduardo Cadore



"Durante minha infância, fui do reggae, pop, Hip Hop, samba, dentre outros estilos...
Em minha adolescência fui apresentado ao eterno Príncipe das Trevas, o saudoso Ozzy Osbourne, falecido hoje.

Ao conhecer a sonoridade do Sabbath e carreira solo, um novo mundo se abriu para mim. 
Uma nova mentalidade, visão de mundo, gostos e atitudes tomaram conta, e para melhor.

Ozzy Osbourne esteve presente em alguns dos piores, e também melhores, momentos da minha vida, me ajudando a lidar com sentimentos conflitantes e mudanças ocorridas por conta de realizações que percebi. 

Me ajudou a me fazer adulto em diversas situações, mas manter viva a criança interna que muitos consideram desnecessárias em suas vidas adultas, me ensinou a ser "durão", porém preservando a doçura para e com quem a merece, e por isso serei eternamente grato. 

The King is dead, long live the King. Vai pelas sombras para encontrar a luz e teu merecido descanso."
Vinny Vanoni 












Thanks Ozzy, we can hear you Forever.



quarta-feira, 16 de julho de 2025

Guia do Wacken 2025: Guns N’ Roses, Gojira, Papa Roach e mais

Nos dias 30 e 31 de julho e de 1º a 2 de agosto, acontece mais uma edição do Wacken Open Air, um dos festivais mais importantes de heavy metal do mundo, realizado anualmente na Alemanha. Serão mais de 200 bandas divididas em oito palcos, com destaque para os principais: Faster, Harder e Louder, que recebem os shows mais aguardados.

Além dos shows, o Wacken Open Air oferece uma experiência imersiva única para os fãs de metal. A lendária área de camping, que acomoda milhares de pessoas, é tomada por headbangers do mundo inteiro e conta com uma infraestrutura completa com zonas temáticas, pontos de alimentação, mercados e áreas com banheiros e chuveiros disponíveis durante os quatro dias de festival.

Mas a experiência vai muito além da música. O festival também oferece uma ampla variedade de atrações, como workshops, sessões de autógrafos, espaço para cosplay e performances medievais – uma verdadeira celebração da cultura alternativa e do universo metal.

Nesta matéria, vamos destacar os headliners desta edição, que incluem nomes como Guns N' Roses, Gojira, Papa Roach, Machine Head, entre outros.


Guns N' Roses

Liderado pelo vocalista Axl Rose, o Guns N' Roses continua conquistando novos fãs ao redor do mundo com clássicos como "Welcome to the Jungle", "Paradise City" e "Sweet Child O' Mine". Originária de Los Angeles, a banda possui seis álbuns de estúdio. Appetite for Destruction (1987), um dos álbuns de estreia mais vendidos da história, é até hoje o mais bem-sucedido da carreira. Com quase 40 anos de estrada, Axl, ao lado do guitarrista Slash e do baixista Duff McKagan – que retornaram ao grupo em 2016 –, segue lotando arenas e festivais pelo mundo.

Gojira

O Gojira vem se consolidando como uma das melhores bandas de heavy metal da atualidade. Sua mistura de death metal com elementos progressivos, aliada a letras que abordam questões ambientais, chamou a atenção do mundo todo. Com quase três décadas de existência e sete álbuns lançados em sua discografia, a banda vive seus melhores momentos nos últimos anos – o maior deles sendo a participação na abertura das Olimpíadas de 2024, em seu país natal, a França. Liderada pelos irmãos Joe (vocal/guitarra) e Mario Duplantier (bateria), a banda é conhecida por seus shows impressionantes, marcados por intensidade, emoção e uma performance técnica única.

Papa Roach

O Papa Roach é uma das bandas que marcaram época, especialmente para os apreciadores do nu metal. O grupo se consolidou mundialmente com o álbum Infest (2000), que contém o maior clássico dos californianos, "Last Resort", que se tornou um hino do estilo e é indispensável em seus shows. Liderada pelo vocalista Jacoby Shaddix, a banda expandiu seus horizontes musicais ao longo dos anos, incorporando elementos que vão do punk à música eletrônica, sem perder a originalidade que os consagrou como uma das principais bandas dos anos 2000.

Machine Head 

Liderado pelo vocalista e guitarrista Robb Flynn – único membro original –, o Machine Head renovou a maneira de se fazer thrash metal nos anos 1990 com os álbuns Burn My Eyes (1994) e The More Things Change (1997). Ao longo dos anos, a banda americana se consolidou como uma das principais e mais pesadas representantes do metal moderno. As performances ao vivo são explosivas, rendendo mosh pits e muita energia por parte dos fãs. Mesmo com diversas mudanças na formação, o grupo nunca perdeu a força, mantendo a agressividade como marca registrada.

SERVIÇO

Wacken Open Air 2025 (ALE)

Dias: 30 de julho a 2 de agosto de 2025

Horário: Das 7h às 0h (horário local)

Local: Wacken, Alemanha

Ingressos: Esgotados 

terça-feira, 15 de julho de 2025

Entrevista: Fohatt - Os Novos Rumos do Doom Metal Brasileiro

 

- Olá Gustavo. Obrigado pela sua gentileza em nos atender. Parabéns pelo lançamento do álbum “Reflections of Emptiness”, pois o material ficou de primeira...

Agradeço de profundamente pelo espaço e pelas palavras. É sempre gratificante quando o trabalho, feito com tanta entrega, ressoa de forma positiva com quem escuta.


- Como você pode descrever o trabalho na composição deste tipo de sonoridade?

A sonoridade da Fohatt é resultado de um processo muito intuitivo. Buscamos expressar estados emocionais profundos, atmosferas melancólicas, reflexões espirituais e visões da natureza como um portal para o invisível. Cada integrante contribui com sua vivência e bagagem musical, e isso nos leva a um som que mistura o peso do doom metal com camadas acústicas, teclados etéreos e uma fluidez que foge de estruturas fixas. O foco é sempre a sinceridade emocional e a criação de um universo próprio.


- Eu escutei o álbum diversas vezes e, só após várias tentativas, consegui captar parte das suas ideias. Os fãs têm sentido este tipo de dificuldade também?

Sim, recebemos muitos relatos semelhantes, e isso nos alegra. Não buscamos criar algo de assimilação imediata — o álbum foi pensado como uma jornada. “Reflections of Emptiness” exige escuta atenta, tempo e silêncio interno. Ele se revela aos poucos, conforme o ouvinte também se permite mergulhar. Quem se conecta acaba voltando a ele em momentos diferentes da vida.


- Existem planos para o relançamento de “Reflections of Emptiness” através da MS Metal Records, atual gravadora de vocês, no formato físico em maior escala?

O álbum já foi lançado em CD pela Eternal Hatred Records, divisão da MS Metal, e também em vinil pela Metal Army Records. Temos interesse, sim, em ampliar essa distribuição, especialmente fora do Brasil.

Aproveito para mencionar que recentemente relançamos nosso EP Ancient Ritual of the Season em formato físico, com nova arte gráfica. Essa reedição foi realizada em parceria com os selos Anaites Records, Coldwinter Records, que têm nos apoiado fortemente no underground. Esse EP representa o início da jornada sonora da Fohatt e merecia uma nova vida à altura de sua importância. O resultado ficou muito especial.


- Adorei o fato de trabalharem com o inglês, mas isso não pode vir a atrapalhar vocês no mercado nacional?

A escolha pelo inglês veio da vontade de dialogar com uma cena mais ampla, especialmente no estilo doom e atmospheric metal, que tem uma tradição forte nesse idioma. Mas também temos usado nossa língua mãe o português em várias faixas em outros projetos, no álbum colaborativo “Ao Fechar os Olhos”. Sabemos que cantar em inglês pode gerar certa distância com o público nacional, mas acreditamos que a sinceridade do som fala mais alto. Quem se identifica com a proposta acaba se conectando independentemente da língua.


- Como estão rolando os shows em suporte ao disco? A aceitação está sendo positiva?

Ainda não realizamos shows. A banda surgiu durante o período da pandemia, e priorizamos compor, gravar e lançar o material com qualidade.


- Quem assinou a capa do CD? Qual a intenção dela e como ela se conecta com o título?

A arte é uma colaboração entre a banda e o artista gráfico da Síria, responsável pela edição física. A intenção foi transmitir um estado contemplativo, introspectivo e silencioso — uma paisagem desolada que reflete o vazio interior. A conexão com o título está justamente nesse espelhamento: o vazio não como ausência, mas como espaço fértil para a escuta interna, para o encontro consigo mesmo.


- “Reflections of Emptiness” foi todo produzido pela banda, confere? Foi satisfatório seguirem por este caminho?

Sim, o álbum foi totalmente produzido por nós. A gravação, mixagem e conceito foram elaborados coletivamente. Foi um processo intenso, mas muito enriquecedor. A produção independente nos deu liberdade criativa total, e isso refletiu na identidade do álbum. Contamos com o apoio técnico do Léo Lemes, do estúdio Toca 64 de Curitiba-PR.

- Imagino que já estejam trabalhando em novas composições. Se sim, como está se dando o processo e como ele está soando?

Sim, estamos em processo avançado de composição de um novo álbum. A sonoridade está mais etérea, contemplativa, com passagens acústicas e atmosferas que misturam serenidade e melancolia. Continuamos explorando dualidades — sombra e luz, matéria e espírito.


- Novamente parabéns pelo trabalho e vida longa ao FOHATT...

Muito obrigado! É uma honra ter esse espaço em um veículo tão importante quanto a Road to Metal. Vida longa também ao metal underground e a quem mantém essa chama acesa. Seguimos em frente, com sinceridade e entrega total à arte.