terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Cobertura de Show: Avantasia – 29/11/2025 – Vibra SP/SP

Os fãs de metal viveram uma noite épica no último sábado, 29 de novembro, quando o Avantasia transformou o Vibra São Paulo em um verdadeiro universo de fantasia, emoção e riffs poderosos.  Em sua nova turnê mundial, Here Be Dragons World Tour 2025, o projeto liderado por Tobias Sammet mostrou por que é considerado um dos maiores fenômenos do metal contemporâneo.

Um pouco antes da apresentação, o grande telão de LED que seria usado no show foi gentilmente cedido pela produção para transmitir a final da Libertadores da América entre Palmeiras e Flamengo. Assim que o jogo terminou, as cortinas foram fechadas para que o palco fosse preparado para o espetáculo que estava prestes a acontecer.

Quando as luzes se apagaram e os primeiros acordes de “Creepshow” ecoaram, as cortinas se abriram novamente e ficou claro que a noite seria especial. Com luzes cinematográficas e uma banda extremamente afiada, o Avantasia entregou um espetáculo de quase três horas que prendeu o público do começo ao fim. A casa lotada respondeu com intensidade: coros, pulos, braços erguidos e muita emoção a cada refrão.

O setlist trouxe um equilíbrio perfeito entre faixas do novo álbum e clássicos queridos pelos fãs que acompanham o projeto desde os tempos de The Metal Opera. A sensação era de reencontro com uma história viva.

Em “Reach Out for the Light” — originalmente gravada pelo inigualável Michael Kiske, que infelizmente não estava nesta turnê — a excelente vocalista Adrienne Cowan assumiu os vocais e mostrou por que é considerada uma das grandes revelações da música pesada nos últimos anos. Na sequência, o vocalista do Kamelot, Tommy Karevik, interpretou com Tobias a “sombria” e enérgica “The Witch”.

Herbie Langhans, que até então estava no coral juntamente com Adrienne Cowan e Chiara Tricarico, assumiu o centro do palco para comandar “Devil in the Belfry”. Em “Phantasmagoria”, foi a vez do veterano Ronnie Atkins (Pretty Maids) mostrar a que veio, com vocais poderosos e a experiência de quem domina o gênero há décadas. Já em “Against the Wind”, Kenny Leckremo (H.E.A.T.) incendiou o local com sua energia e seu vocal impressionante. Na humilde opinião deste que vos escreve, esses dois últimos foram os grandes destaques da noite — roubaram a cena.


Tobias Sammet, sempre carismático, fez questão de conversar com o público, brincar, agradecer e reforçar o carinho que sente pelo Brasil — um dos países onde o Avantasia possui uma das bases de fãs mais leais e apaixonadas do mundo. A energia da plateia confirmava esse laço: cada interação parecia elevar ainda mais o clima épico do show.


Em “Twisted Mind”, a voz de Tommy Karevik casou muito bem com a versão originalmente gravada pelo ex-vocalista do Kamelot, Roy Khan. Na maior parte das linhas interpretadas por Tommy, se fechássemos os olhos, sentiríamos que o próprio Roy estava ali, devido à semelhança entre os dois vocalistas.

Visualmente, o espetáculo impressionou com luzes dramáticas, painéis de LED imersivos e um clima teatral que já é marca registrada do Avantasia. A qualidade do som foi outro ponto alto: firme, pesado, cristalino e muito bem mixado, permitindo que cada voz e instrumento brilhasse em seu devido lugar.

Para quem acompanha a cena do metal, ficou claro que esse show entrou para a lista dos grandes momentos internacionais de 2025 no Brasil, evidenciando que a banda funciona muito melhor em ambientes fechados do que em festivais — especialmente quando comparado aos dois últimos shows da Metal Opera que foram realizados justamente em festivais.

Antes do final do show houve também uma breve e tocante homenagem de Tobias a Andre Matos, falecido em 2019, levando o público a celebrar o saudoso vocalista brasileiro. Sempre é bonito ver Sammet demonstrando esse carinho por Andre, apesar de até o momento ele não ter participado do documentário sobre a vida do músico, cuja parte final está prevista para 2026. Vale lembrar que a última vez que Andre subiu ao palco foi justamente em um show do Avantasia, em junho de 2019 — uma semana antes de nos deixar.

“No Return”, dedicada a Andre Matos, foi tocada e cantada e uníssono por todos os presentes, que antecedeu “Lost In Space” e “Sign of the Cross”, essa última com todos no palco. 

A combinação de técnica, emoção e grandiosidade fez da noite no Vibra São Paulo uma experiência inesquecível — daquelas que os fãs comentam por anos. O Avantasia provou mais uma vez que não é apenas uma banda: é um universo inteiro, e São Paulo teve o privilégio de mergulhar nele.





Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Rider2



Avantasia – setlist:

Creepshow

Reach Out for the Light (com Adrienne Cowan)

The Witch (com Tommy Karevik)

Devil in the Belfry (com Herbie Langhans)

Phantasmagoria (com Ronnie Atkins)

Against the Wind (com Kenny Leckremo)

Dying for an Angel (com Tommy Karevik)

Avalon (com Adrienne Cowan)

Promised Land (com Kenny Leckremo e Ronnie Atkins)

Avantasia (com Tommy Karevik)

Let the Storm Descend Upon You (com Herbie Langhans e Ronnie Atkins)

The Toy Master

Twisted Mind (com Ronnie Atkins e Tommy Karevik)

The Wicked Symphony (com Tommy Karevik e Kenny Leckremo)

Shelter from the Rain (com Herbie Langhans e Kenny Leckremo)

Farewell (com Chiara Tricarico)

The Scarecrow (com Ronnie Atkins)

Bis 

No Return (com Kenny Leckremo)

Lost in Space (com Chiara Tricarico)

Sign of the Cross / The Seven Angels (com todos no palco)

Cobertura de Show: Atrocity, Arkona & Leaves' Eyes – 23/11/2025 – Carioca Club/SP

As bandas Atrocity, Arkona e Leaves’ Eyes desembarcaram em São Paulo no último dia 23 para apresentações memoráveis. Talvez devido ao grande número de eventos do gênero, o público foi modesto, mas extremamente participativo. O evento ocorreu no Carioca Club e apresentou um lineup diversificado dentro do metal extremo, com influências que vão do death metal ao folk e ao symphonic metal. A participação do público, embora reduzida, foi decisiva, já que os presentes interagiram ativamente, cantando e aplaudindo, o que contribuiu para uma atmosfera empolgante. No geral, as apresentações foram sólidas, com cada banda entregando performances competentes e fiéis ao próprio estilo, mantendo a magia que só acontecem em shows ao vivo. 

A primeira banda da noite foi o Atrocity, grupo alemão de death metal formado em 1985 em Ludwigsburg. O conjunto é conhecido pela longa trajetória no cenário underground e por mesclar elementos do metal extremo com influências industriais e góticas em fases mais recentes. Fundado por Alexander Krull, vocalista e principal compositor, o grupo conta com integrantes como Thorsten “Tadd” Bauer na guitarra, entre outros músicos que contribuíram para álbuns relevantes. Com mais de três décadas de carreira, o Atrocity influenciou o metal europeu com composições marcantes e consolidou sua posição como referência do estilo por meio de uma discografia extensa e pela constante evolução sonora.

O Atrocity iniciou sua apresentação com um atraso de quinze minutos, o que forçou o corte da música “Necropolis” para adequação ao cronograma. Apesar disso, o grupo entregou um setlist consistente, incluindo “Desecration of God”, “Death by Metal” e “Reich of Phenomena”, que destacaram tanto o vocal gutural característico de Alexander Krull quanto o peso instrumental da banda. O público, pequeno, porém dedicado, respondeu de forma intensa, especialmente durante “Faces From Beyond” e “Bleeding for Blasphemy”. No geral, o show foi poderoso e atendeu às expectativas dos fãs de metal extremo, demonstrando profissionalismo ao compensar o atraso com uma performance coesa e envolvente.

Em seguida, veio o Arkona, que é uma banda russa de pagan folk metal formada em 2002 em Moscou e que se destaca pela fusão de elementos tradicionais da cultura eslava, como flautas e percussões folclóricas, com o peso do metal extremo. Liderada por Masha “Scream” Archipova, vocalista e principal letrista, a banda conta com músicos como Sergei “Lazar” Atrashkevich na guitarra, além de outros integrantes que incorporam instrumentos étnicos às composições. Com álbuns consagrados, o Arkona obteve reconhecimento internacional ao celebrar o folclore pagão e a mitologia eslava, misturando vocais limpos e agressivos em um som marcante.

A apresentação do Arkona no Carioca Club seguiu sem imprevistos e ofereceu um show dinâmico que reforçou a proposta estética do grupo. Com um setlist que incluiu “Kob’”, “Ydi” e “Goi, rode, goi!”, a banda envolveu o público com performances enérgicas conduzidas pela presença marcante de Masha Archipova. A participação da plateia foi incrivel, especialmente durante “Khram” e “Zimushka”, criando um ambiente imersivo. O show foi bem executado, mantendo qualidade sonora e entregando uma experiência culturalmente rica que atendeu às expectativas e reforçou o apelo da banda no cenário metal brasileiro.

Fechando a noite, era a vez do Leaves’ Eyes. Banda alemã de symphonic metal formada em 2003. O grupo foi originalmente idealizado pela vocalista norueguesa Liv Kristine, ex-Theatre of Tragedy, que contribuiu com uma abordagem lírica e operística ao lado de Alexander Krull (também do Atrocity) e demais integrantes responsáveis por acrescentar elementos orquestrais e temáticas vikings ao som da banda. Com discos dedicados à mitologia nórdica e arranjos sinfônicos marcantes, o Leaves’ Eyes consolidou presença internacional e participação constante em grandes festivais.

O show do Leaves’ Eyes no Carioca Club foi uma excelente surpresa, contrastando com o peso das bandas anteriores. A apresentação destacou o caráter sinfônico e melódico do grupo, que abriu com “Chain of the Golden Horn” e incluiu “Hammer of the Gods”, “Who Wants to Live Forever” e outras faixas marcantes. A banda entregou um setlist variado, evidenciando a qualidade vocal e a presença cênica de Liv Kristine. A plateia, embora pequena, participou de forma ativa, especialmente durante “My Destiny”, sendo ainda surpreendida com doses de vodca distribuídas pela banda. Outro destaque foi a apresentação de “Song of Darkness”, faixa anunciada como parte do próximo trabalho. No geral, a performance foi excelente e reforçou o domínio de palco do grupo, sobretudo em “Sign of the Dragonhead”, momento em que Alexander surgiu com vestimentas medievais e empunhando uma espada, elevando ainda mais o clima teatral da apresentação.

Em síntese, as três bandas apresentaram shows de qualidade, mantendo o público engajado e satisfeito.  Para um domingo à noite, o lineup diversificado atraiu os fãs verdadeiros, provando que não é sobre quantidade, mas da qualidade e da entrega daqueles que contribuem para fazê-lo acontecer. 


Texto: Marcelo Gomes

Fotos: Edu Lawless 

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Estética Torta

Press: Acesso Music 


Atrocity – setlist:

Desecration of God

Death by Metal

Fire Ignites

Fatal Step

Spell Of Blood

Faces From Beyond

Bleeding for Blasphemy

Shadowtaker

Reich of Phenomena 


Arkona – setlist:

Kob'

Ydi

Na strazhe novyh let

Yav'

Khram

Goi, rode, goi!

Zakliatie

Zimushka


Leaves' Eyes – setlist:

Chain of the Golden Horn

Hammer of the Gods

Across the Sea

Serpents and Dragons

Edge of Steel

Who Wants to Live Forever

Sign of the Dragonhead

Song of Darkness

Realm of Dark Waves

My Destiny

Swords in Rock

Hell to the Heavens

Farewell Proud Men

Forged by Fire