sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Entrevista – Felipe Machado: Tomando Uma Nova Direção


Após uma eletrizante turnê comemorando os 25 anos do “Soldiers Of Sunrise” do Viper e divulgando o lançamento do primeiro DVD ao vivo da banda, o guitarrista e compositor Felipe Machado decidiu seguir seu rumo e soltou, no final do ano passado, o primeiro disco solo da carreira, intitulado de “FM Solo”, que contém a parceria do guitarrista Val Santos (Viper, Toyshop) e do baterista Guilherme Martin (Viper, Toyshop).

E é sobre esse assunto que o Road To Metal foi atrás dele para saber sobre esse recente trabalho, que foge do seu habitual que costuma fazer no Viper, explorando nuances e estilos diferentes.

Road to Metal: Antes de tudo Felipe, gostaria de agradecer essa oportunidade de falar com nós do Road To Metal. Pra começar, gostaria saber de onde venho a ideia de fazer um álbum solo?

Felipe: Esse álbum solo (“FM Solo”), que eu lancei no final de 2015, nasceu no final da turnê de reunião do Viper, a gente acabou fazendo muitos shows e a turnê foi bem longa. E quando acabou, eu quis continuar tocando. (risos) Eu tinha já algumas músicas, que já estava começando a trabalhar e tal. E eu comecei a me encontrar com o Val Santos, que é um amigo meu de longa data. E eu acabava mandando as músicas pra ele, ele mandava uma sugestão de bateria e começamos a fazer de uma maneira despretensiosa, até porque, eu vi que cada música era de um estilo, muito diferente do Viper. Eu fui gravando as músicas, bem na boa e em casa. Eu poderia continuar fazendo isso durante anos, mas quando chegou em 10 músicas, eu falei: ‘Val, vamos parar por aqui. Vamos mixar isso daqui para ver o que dá’. A gente acabou lançando o disco, fazendo alguns shows e tal. “FM Solo” nasceu de uma maneira despretensiosa, mas estou bem feliz com o resultado.

RtM: As composições desse disco são antigas, atuais ou são registros que já tinham sido criados na época do Viper?

Felipe: Não. Na verdade, são mais atuais mesmo. Tem a música “The Shelter”, que é do “Evolution” (Viper). Tem dois covers, um do Morrisey e outro do Athlete, que não são tão antigos, mas não são exatamente novos. E as outras músicas eu comecei a fazer quando o Viper parou e comecei a brincar com elas. Não tinha muitas músicas antigas não, elas refletiam o momento que eu estava no ano de 2014 e 2015, mais ou menos o tempo que elas foram compostas. Elas não eram antigas, elas foram criadas e gravadas nessa mesma época.

"FM Solo” nasceu de uma maneira despretensiosa, mas estou bem feliz com o resultado."
RtM: A questão de ter gravado o disco em casa ajudou a trabalhar de uma maneira mais calma e bem pensada?
Felipe: Super! Foi muito legal! Eu nem imagino, hoje em dia, trabalhando de outra forma, porque graças a tecnologia a gente consegue ter uma qualidade de gravação tão boa em casa quanto em alguns estúdios. O Val também é um ótimo produtor! E esse jeito de gravar em casa permitiu que a gente pudesse ter uma total liberdade de testar as coisas, refazer, fazer de novo e um monte de coisa. Então foi um jeito bem legal de poder criar de uma maneira mais descontraída.

RtM: O “FM Solo” que você lançou ano passado, possui uma direção muito diferente do Viper, que é um pouco mais ‘clean’ e não tão carregado. Fazer isso foi uma maneira de ter saído da área de conforto e explorar outros gêneros musicais?

Felipe: Sim. Como eu tinha liberdade total, quando você está numa banda, o estilo da banda é a soma dos integrantes. Então quando eu pude fazer sozinho as coisas, acabei fazendo uma coisa totalmente que eu queria. Não tinha a obrigação de ser Heavy Metal ou de fazer qualquer estilo mais definido, então eu pude ficar mais a vontade de fazer exatamente o que eu queria. Não tinha muita obrigação de me prender a nenhum estilo.

RtM: E também tem a questão de você assumir os vocais principais nesse disco. Como você avalia seu desempenho vocal diante do “FM Solo”?

Felipe: Ah, eu não tenho que avaliar, vocês que tem que avaliar. (risos) Foi um jeito de se expressar de uma maneira mais legal. E como eu já estava acostumado a trabalhar com outros vocalistas e queria fazer uma coisa mais minha mesmo, achei que seria legal poder cantar também. E ficou uma coisa legal, adaptei as músicas para o meu arranjo vocal e para minha capacidade vocal também. Então eu fiquei bem feliz com o resultado.

"Não tinha a obrigação de ser Heavy Metal ou de fazer qualquer estilo mais definido, então eu pude ficar mais a vontade de fazer exatamente o que eu queria."
RtM: Em especial, destaco as músicas “Perfect One”, faixa de abertura, que você até criou uma bebida pra ela; a “Dark Angel”, que tem a participação da sua afilhada, Giovana. E a instrumental “Iceland”, onde são combinados vários instrumentos eruditos dentro da música. Tem outras que você mencionaria ou classificaria essas mesmo?

Felipe: Cada música tem uma história. Na verdade, cada música tem a sua característica mais marcante. Cada uma é bem diferente da outra, e a ideia era justamente essa. E foi muito legal poder brincar com esses ritmos e estilos diferentes, porque no Viper estou um pouco mais preso no Metal. E foi legal poder me libertar um pouco e fazer coisas de outras influencias que eu tenho também.

E como foi convite de colocar a sua afilhada para fazer a participação na faixa “Dark Angel”?

Felipe: Ela é uma compositora chamada Giovana Cervera, ela tinha essa música e trouxe pra gente. Estávamos compondo ela em Campos do Jordão, brincando com o violão, e a gente acabou fazendo a música juntos. Fiquei super feliz! Em breve ela deve ter um disco solo. Então é muito legal que a gente pode fazer essa coisa em família. A minha filha também acabou gravando um backing vocal nessa música, então foi bom pra manter as coisas em família.

RtM: Saindo fora do ambiente da música, você já teve oportunidade de escrever para vários vínculos daqui de São Paulo, incluindo jornais, revistas e até publicações fora do Brasil. E também você teve oportunidades de escrever livros, como o Martelo dos Deuses, Bafana Bafana (sobre a Copa do Mundo na África em 2010) e o Ping Pong (sobre as Olímpiadas de 2008).  Como é essa experiência de escritor, saindo fora da música?

Felipe: Eu já tinha essa carreira como jornalista antes. Eu nunca penso que uma hora eu vou fazer um livro ou fazer um disco. Tudo é um pouco de se expressar, de uma maneira geral, de acordo com meu estilo e de como eu penso. Então essa é outra parte da minha carreira, do jornalismo, que eu gosto muito! E não consigo dividir muito na minha cabeça de quando eu vou fazer um projeto ou outro, eles vão aparecendo, meio que vou tomando conta e vou dando atenção para cada um deles.

Eu nunca penso que uma hora eu vou fazer um livro ou fazer um disco. Tudo é um pouco de se expressar, de uma maneira geral, de acordo com meu estilo e de como eu penso.
RtM: Agora que o Viper encerrou sua turnê de divulgação do DVD, você pretende fazer uma turnê divulgando seu trabalho solo?

Felipe: Sim. Já fiz alguns shows pelo estado de São Paulo e pretendo fazer outros pelo resto do Brasil. Quero cair na estrada!

RtM: Muito obrigado mais vez pela oportunidade Felipe! E gostaria que você deixasse uma mensagem para os leitores do Road To Metal.

Felipe: Obrigado pela oportunidade! E essa coisa da internet possibilita, realmente, pessoas que não só têm acessos as informações diferentes, mas também a produção dessas informações. Então é um exercício bem legal e uma forma de democratizar a cultura e a informação. Então parabéns aí e obrigado mais uma vez!

Entrevista: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Renato Sanson
Fotos: Divulgação

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