A ideia desta matéria (devidamente batizada "Maidens of Metal", também aproveitando o trocadilho com "Made of Metal) surgiu em março, no clima do mês da Mulher e do Dia Internacional das Mulheres, pensamos em realizar um artigo especial, então nossa equipe colheu depoimentos de algumas mulheres atuantes na cena Metal e Rock Pesado, para saber a opinião delas quanto ao papel hoje da mulher nessa cena, antes dominada pelo sexo masculino.
Antes, as raras pioneiras penavam com a discriminação e falta de apoio, mas buscaram seu lugar e conquistaram respeito, mesmo que seguindo mais a linha do que era feito pelos representantes masculinos, como as Runaways, Girlschool, Wendy O. Williams, Doro Pesch, Jo Bench, London Wilde e Leather Leone, e aqui no Brasil Volkana, Flammea, Valhalla e Placenta, para citar algumas.
Mais tarde, uma outra geração mostrou que as mulheres não precisavam deixar a serem femininas e até delicadas, ou usarem um figurino mais estilizado, e citamos aí Liv Kristine, Anneke, Kari e logo em seguida Tarja, Cristina Scabbia, Vibeke Stene... e partir daí, bandas com integrantes femininas, não só nos vocais, e até formadas somente por mulheres só cresceu, tendo até alguns rótulos específicos, e inclusive festivais exclusivos, surgindo novos ano a ano, como Metal Female Voices, que acontece desde 2003 na Bélgica, e o She Shakes the Earth, aqui no Brasil, em Brasília.
Mas, e afinal? Ainda há muita dificuldade, discriminação? É justo explorar a imagem das musicistas femininas, utilizando rótulos como "Female Fronted Metal" ou "Female Fronted Band"?
E usar esse rótulo é justo ou é tirar proveito, às vezes até para suprir uma possível falta de outras qualidades? Vencer num território predominantemente masculino sem perder a feminilidade também é um desafio. O que elas pensam sobre isso tudo? E também perguntamos a opinião dos "caras".
Sabemos que são poucos depoimentos face a quantidade de bandas, a diversidade dentro dessa cena, além da individualidade de pensamento de cada pessoa, mas acompanhe conosco, porque com certeza, muita coisa conseguimos abranger, conversando com pessoas de diversos países e de diversos sub-estilos dentro do Metal, e, claro, também dê a sua opinião. Vamos lá conferir o que elas têm a dizer?
A experiente London Wilde, que vem de uma época que era bem mais complicada a cena, principalmente para as mulheres, tem restrições quanto à rótulos como "Female Fronted Metal" e também expressa sua opinião às mais jovens:
"Acho que as mulheres são muito mais aceitas no mundo do Metal hoje em dia. Você vê um monte de mulheres que fazem música pesada, e já não é mais uma surpresa, e isto é ótimo! Mas uma coisa que eu acho que realmente é preciso, é se livrar do rótulo de "Female Fronted Metal", ele não diz nada sobre a música que uma banda realiza!"
Sobre a questão de mudar-se para a Holanda, em busca de melhores oportunidades, Marcela explica:
"Há uma série de fatores que mostram que manter uma banda na Europa é mais fácil do que no México, mas um dos principais é que há , pelo menos na Holanda, muito mais apoio do governo para as artes do que no México, por exemplo."
Marcela mudou-se do México para a Holanda, mas no outro lado do Oceano também há países em que o apoio é precário, tanto para homens como para mulheres. Veja o que Daria Piankova (Concordea-Rússia) e Nelly Hanael (Majesty of Revival - Ucrânia) têm a dizer. Daria vê como uma questão ainda difícil de opinar quanto a participação feminina, e a busca de manter o equilíbrio entre mostrar força sem perder feminilidade, enquanto Nelly tem uma visão mais "poética".
A experiente London Wilde, que vem de uma época que era bem mais complicada a cena, principalmente para as mulheres, tem restrições quanto à rótulos como "Female Fronted Metal" e também expressa sua opinião às mais jovens:
A experiente London Wilde, que iniciou a carreira em uma época que ainda eram raras as mulheres no Metal |
"Eu acho que o termo "Female
Fronted "pode ser negativo se evoca noções preconcebidas sobre como a
música vai soar. Eu acho que é importante para as mulheres no Metal não se
preocuparem com os estereótipos, ou em encaixar em determinado papel ou
movimento, e se concentrar apenas em realizar sua visão pessoal como artista.
"
London Wilde (Vocalista/Produtora - WildeStarr - EUA)
A mexicana Marcela Bovio optou por mudar-se para a Holanda, em busca de mais oportunidades |
"Acho que as mulheres são muito mais aceitas no mundo do Metal hoje em dia. Você vê um monte de mulheres que fazem música pesada, e já não é mais uma surpresa, e isto é ótimo! Mas uma coisa que eu acho que realmente é preciso, é se livrar do rótulo de "Female Fronted Metal", ele não diz nada sobre a música que uma banda realiza!"
Sobre a questão de mudar-se para a Holanda, em busca de melhores oportunidades, Marcela explica:
"Há uma série de fatores que mostram que manter uma banda na Europa é mais fácil do que no México, mas um dos principais é que há , pelo menos na Holanda, muito mais apoio do governo para as artes do que no México, por exemplo."
Marcela Bovio (Natural do México, Marcela é Vocalista/Violinista e compositora do Stream Of Passion - Holanda)
Marcela mudou-se do México para a Holanda, mas no outro lado do Oceano também há países em que o apoio é precário, tanto para homens como para mulheres. Veja o que Daria Piankova (Concordea-Rússia) e Nelly Hanael (Majesty of Revival - Ucrânia) têm a dizer. Daria vê como uma questão ainda difícil de opinar quanto a participação feminina, e a busca de manter o equilíbrio entre mostrar força sem perder feminilidade, enquanto Nelly tem uma visão mais "poética".
Daria Piankova, do Concordea, oriunda da região Ural na Rússia |
"É uma pergunta difícil, principalmente porque essa música era originalmente desempenhada por homens e não por mulheres. Comumente este tipo de música está associada com o protesto, revolta, agressividade, poder, o que é - eu digo outra vez esta palavra - principalmente prerrogativa dos homens, mesmo dentro de nossa cultura moderna ... Então, quando você fala sobre o papel das mulheres nesta música, você tem que enfrentar muitos estereótipos no ar, na mente dos homens e das mulheres. Hoje as mulheres tentam contribuir com sua parcela a sério neste negócio ... e seu objetivo é combinar sua ternura natural e o poder que eu mencionei acima. Criar beleza e ser firme. E continuar sendo mulheres apesar de tudo. Não é uma tarefa das mais simples, acredite em mim!"
(Daria
"Domovik" Piankova, Guitarra - banda Concordea - Rússia).
"Para mim, uma combinação da
suavidade feminina e o poder da música Heavy Metal sempre foi (e ainda é) a
coisa mais maravilhosa e mágica no estranho mundo de vários instrumentos
musicais e vozes. Quando uma mulher começa a cantar em uma música poderosa, e
ela traz uma pequena (ou nem tanto) linha melódica você precisa seguir e
apreciar de qualquer jeito, principalmente quando a cantora é uma profissional!
Todas essas mulheres me lembram
uma donzela guerreira - uma combinação de força, beleza e profunda ternura em
suas raízes. É uma espécie de conto de fadas da cena Rock/Metal, que deve
existir e continuar a progredir!...
Nelly Hanael (Ucrânia) |
...E sobre o rótulo de "Female Fronted
Band”, acho ótimo esse rótulo existir porque essas pessoas, que gostam de ouvir
vozes femininas no Metal e no Rock facilmente podem encontrar muitas boas
bandas. E também mais fácil para as bandas encontrarem a gravadora certa, as
quais conhecerão o seu trabalho dessa forma! He he he.”
(Nelly Hanael - Vocalista - Majesty of Revival - Ucrânia)
E aqui no Brasil? Um pouco do que nossas "Mulheres de Metal" aqui pensam:
"Cada vez
maior e em ascensão. As coisas mudaram bastante numa média de 10 anos pra cá,
hoje em dia, as mulheres estão cada vez mais presentes na cena rock/metal,
tanto comparecendo aos shows e comprando material quanto como integrantes das
bandas e produtoras e organizadoras dos eventos! Autênticas, vestindo , ouvindo
e agindo da forma que lhes agrada sem ter que provar nada a ninguém pra fazer
parte de um grupo.
Vejo muitas meninas mais jovens querendo ter uma banda, por exemplo, não são apenas os garotos, eu fico muito feliz por isso e me sinto muito realizada em ver que isso é reflexo dessa mudança de comportamento, hoje mulheres e homens são tratados da mesma forma e recebem o mesmo respeito, pelo menos da maioria, o que demonstra como conseguimos efetivamente conquistar nosso espaço dentro dessa coletividade."
Vejo muitas meninas mais jovens querendo ter uma banda, por exemplo, não são apenas os garotos, eu fico muito feliz por isso e me sinto muito realizada em ver que isso é reflexo dessa mudança de comportamento, hoje mulheres e homens são tratados da mesma forma e recebem o mesmo respeito, pelo menos da maioria, o que demonstra como conseguimos efetivamente conquistar nosso espaço dentro dessa coletividade."
Jana lembra também que, se algumas seguiram firmes, outras foram desencorajadas pelo machismo de outrora e preconceitos:
"É claro que sempre estivemos por ai, desde o inicio, mas as cobranças e o clima machista de outrora desencorajou muita gente . Mulheres não curtem som, mulheres só curtem caras, mulheres só causam discórdia entre os caras das bandas, mulher no role tá caçando um cabeludo, mulher é poser (pelo simples fato de ser mulher), mulher no Metal que não pega os caras é “machinho”, mulher que pega os caras é vagabunda... pois bem, o que posso dizer é que se esse pensamento ainda existe, ele agora tem que ficar bem guardadinho pois não será tolerado! O Metal e o Rock são movimentos de transgressão.
Não existe espaço pro machismo, o indivíduo que pensa assim, definitivamente não vive o Metal, é só um curtidor, não entendeu nada! Participamos da cena como headbangers que somos, estamos de olho e unidas para proteger e impedir qualquer tipo de preconceito e injustiça. A mulher da cena hoje é consciente do seu direito e seu espaço, sente-se a vontade para falar, tocar, curtir, ir onde ela quiser, dizer suas opiniões , encarar quem quer que a afronte, de igual pra igual. E o cenário só tem a ganhar com isso!"
"É claro que sempre estivemos por ai, desde o inicio, mas as cobranças e o clima machista de outrora desencorajou muita gente . Mulheres não curtem som, mulheres só curtem caras, mulheres só causam discórdia entre os caras das bandas, mulher no role tá caçando um cabeludo, mulher é poser (pelo simples fato de ser mulher), mulher no Metal que não pega os caras é “machinho”, mulher que pega os caras é vagabunda... pois bem, o que posso dizer é que se esse pensamento ainda existe, ele agora tem que ficar bem guardadinho pois não será tolerado! O Metal e o Rock são movimentos de transgressão.
Não existe espaço pro machismo, o indivíduo que pensa assim, definitivamente não vive o Metal, é só um curtidor, não entendeu nada! Participamos da cena como headbangers que somos, estamos de olho e unidas para proteger e impedir qualquer tipo de preconceito e injustiça. A mulher da cena hoje é consciente do seu direito e seu espaço, sente-se a vontade para falar, tocar, curtir, ir onde ela quiser, dizer suas opiniões , encarar quem quer que a afronte, de igual pra igual. E o cenário só tem a ganhar com isso!"
Jana Lemos (Sakhet - Brasil)
"Mulheres são atuantes em todas as vertentes do rock-metal, temos ótimas representantes em todos os gêneros e desempenham seus papéis admiravelmente, sem deixar a desejar em nada ao sexo masculino.. como sou mais do extremo Death e Grind vou citar alguns nomes de respeito e atitude: Marly (No Sense), Ana (Haemorrhage), Gabi (Nuclear Frost), Larissa (High School Massacre e Retaliaçao Infernal), Fernando (Obitto), as gurias do Valhalla de Brasília e muitas outras que não lembro agora.. Mas todas dignas de respeito e admiração!!!!"
"As mulheres sempre representaram o rock, desde o seu início, mas tendo
destaque apenas como meras fãs. Depois de um tempo as mulheres ganharam mais
espaço para serem as protagonistas do rock, vindo atualmente ocuparem papel de
grande destaque junto aos homens."
"No palco não há distinção de sexo e sim a música."
"No palco não há distinção de sexo e sim a música."
(Adriane) Adrismith Panndora, baterista da banda Panndora
O Metal é um só, e somos todos iguais, então, seguimos nossa viagem, com opiniões que vêm da Itália, Holanda, e mais Brasil!
Duas emergentes e talentosas cantoras da sempre prolífica cena Italiana, Nicoleta Rosellini (Kalidia) e Chiara Tricarico (Temperance) também nos concederam sua opinião sobre a questão da mulher no meio Metal e os rótulos:
Duas emergentes e talentosas cantoras da sempre prolífica cena Italiana, Nicoleta Rosellini (Kalidia) e Chiara Tricarico (Temperance) também nos concederam sua opinião sobre a questão da mulher no meio Metal e os rótulos:
Nicoleta Rosellini |
Ser parte do
movimento permite que você use alguns recursos exclusivos, como fanpages ou
zines dedicadas a ele.
Mas eu ainda
prefiro a descrever a minha banda como “Melodic Power Metal” em vez de
“Female-Fronted Band”, porque há muitos ouvintes que realmente não estão
interessadas no “movimento”.
Eu acho que
todas essas bandas tem que dar um passo atrás e parar de descrever a si mesmos
apenas como "Female-Fronted band"; na verdade, eu prefiro ler seu
gênero musical, em vez dessa marca."
(Nicoletta Rosellini – Vocalista do Kalídia – Itália)
(Nicoletta Rosellini – Vocalista do Kalídia – Itália)
"Estou feliz que as meninas tomaram o seu lugar na cena do Metal nos últimos anos. Eu acho que é um fato muito positivo que o público finalmente abriu sua mente para os inúmeros bons músicos femininos da cena."
E independente de estilos, elas estão prontas para quaisquer desafios:
"Eu gosto de me
expressar de muitas maneiras diferentes, e é por isso que eu não me limito em
apenas um estilo vocal. Eu gosto tanto de ópera, Rock, pop e os estilos mais
agressivos, e, geralmente, eu também faço os “growls” e “screams” no palco ahaha."
(Chiara
Tricarico, vocalista - Temperance - Itália)
Aline Happ (Rio de Janeiro-Brasil) e Deisi Wolff (Viamão-RS), jovens ainda, mas já com experiência na difícil tarefa de fazer Metal no Brasil, mostram opiniões firmes:
"Vejo as
mulheres com o mesmo papel que o homem. Várias bandas com mulheres têm
aparecido e tido destaque, principalmente os grupos com vocalistas femininos.
"
(Aline Happ,
Vocal e teclados – Lyria- Rio de Janeiro)
"Vejo o papel das mulheres no Rock/Metal de extrema importância, ano após ano estamos conquistando espaço em meio a essa “cena” onde a maioria dos músicos e público ainda é masculina. O importante é que não estejamos nos destacando apenas por ser mulher, mas sim por ter capacidade e atitude tanto quanto os homens. Hoje em dia ainda representamos uma minoria, mas esse número vem crescendo a cada dia e deve ser apoiado, pois se há uma coisa que falta entre a galera Rock/Metal, independente do sexo, é união. E quando a mulherada que faz um som, ou simplesmente apoia as bandas da forma que consegue, ao invés de ir a shows pra fazer intrigas e desfilar roupas, é de mulheres assim que o Metal precisa!”
(Deisi Wolff,
vocalista da Soul Torment/ Correspondente/redatora site Road to Metal.)
Carla Van Huizen, da emergente banda Holandesa La-Ventura, vê as mulheres cada vez mais tomando a frente, e entende como positivo o rótulo "Female Fronted Metal", mas também entende que não importa o sexo do artista, e sim a qualidade:
"Eu,
pessoalmente, levo a sério o meu papel como “frontlady” de uma banda de Rock/Metal.
Para mim, é um gênero perfeito para expressar minhas emoções. É poderoso,
melódico, pesado e groovy, ao mesmo tempo. Talvez a cena Metal e Rock foi
originalmente dominada por homens, mas hoje em dia as mulheres têm provado ser
capazes de ser líder da matilha. Uma voz feminina pode facilmente equilibrar e
complementar o peso da música neste gênero. Para mim, essa cena é toda sobre as
mulheres no seu melhor: mostrando beleza e poder, ao mesmo tempo. Eu acho que
nós vamos sobreviver neste mundo "masculino".
E a tag
"Female Fronted Band" Eu acredito que é uma coisa boa, porque hoje em
dia é popular e está em evidência em muitas partes do mundo. Embora eu acredite
que devemos ser abertos para toda a boa música, não importando o sexo de quem
está à frente de uma banda. Você não concorda?"
Carla Van Huizen (Vocal - La-Ventura - Holanda)
Carla Van Huizen |
Évora Morgana, experiente musicista da cena Underground do Rio Grande do Sul, viu as mulheres ocuparem cada vez mais espaço em todas as áreas dentro do Rock e Metal:
"Bem,
este é um espaço que foi conquistado com muita dificuldade visto que tanto o
Rock como o Metal em geral é um reduto bem machista. Se no exterior foi um
espaço conquistado com dificuldade, imagina no Brasil, onde infelizmente temos
essa cultura de futebol e carnaval....
Quando comecei
eram muito poucas mulheres na cena ,tinha que ser firme e muito determinada,
sem se expor muito! o respeito é o
essencial!!
Atualmente
vejo cada vez mais mulheres guerreiras na cena, desde o Rock até o Metal extremo
e bandas só de integrantes femininas também, e não se restringe ao som, temos
mulheres empresárias , que fazem camisetas pintadas a mão ou serigrafia, zines e
muito mais!!"
Évora Morgana (Guitarrista, Imortal Perséfone e Psycophobia)
E a Rainha Doro Pesch, uma das pioneiras, começando muito jovem em uma cena quase que totalmente dominada pelos homens, o que ela tem a dizer?
"A participação
feminina hoje é fantástica, e há uma série de grandes músicos do sexo feminino na
cena. Em nenhum momento eu cheguei a sofrer discriminação. Todo mundo sempre
foi muito bom para mim e me tratou com respeito e me senti muito apoiada por
todas as outras bandas e músicos, e eu sempre, sempre senti uma conexão
profunda e sólida com os fãs. Acho que sempre senti que eu amava os fãs e a música,
mais que qualquer outra coisa neste mundo."
A jovem Doro, beleza, força e pioneirismo |
Mas e os "caras", o que eles
pensam a respeito da mulherada cada vez mais tomando frente? Confira a opinião de alguns representantes do sexo masculino:
"As
mulheres tiveram representatividade no rock/metal desde sempre, e, apesar de a
maioria das meninas preferirem seguir outros caminhos, as que partiram para esse
deixaram a sua marca...não vejo distinção entre as pessoas, o que acontece é
que muitos não levam a sério e não fazem acontecer...mas isso faz parte da
humanidade a milênios, e as que conseguem superar isso estão por aí destilando
o sangue rock/metal por suas veias.....é isso."
(Adriano Ribeiro Khrophus, guitarrista da banda Khrophus - SC)
(Adriano Ribeiro Khrophus, guitarrista da banda Khrophus - SC)
Adriano Krophus |
"Vejo que
hoje a mulher está ganhando mais espaço tanto no Rock como no Metal, um meio
praticamente dominado por homens, e isso é extremamente benéfico e importante.
Ainda há muito a ser conquistado, mas com tantos talentos surgindo, não duvido
que alcancem esse objetivo."
(Vitor
Rodrigues, vocalista - VOODOOPRIEST, ex-Torture Squad - SP)
Dave Starr, uma lenda do Metal, acompanhou a evolução da participação feminina, juntamente com sua esposa London Wilde, mas também não concorda com rótulos que separam gênero, assim, como são da mesma opinião Baronvon Causatan, editor da Satanic Militia, e o redator e coordenador do Road, Carlos Garcia, os quais também enfatizam as pioneiras:
"Eu acho ótimo que há mais
mulheres no Rock/Metal nos dias de hoje. As coisas são muito diferentes hoje do
que eram 20 ou 30 anos atrás, e isso é uma coisa boa. Naquela época, haviam
realmente apenas algumas poucas bandas com mulheres, agora há um número maior. Pode
não ajudar, mas capacita as mulheres a verem quantas chegaram lá nos dias de
hoje. Dito isto, acho que a classificação "Female Fronted Band" está
desgastada e ultrapassada.
Nós mesmos (WildeStarr) usamos em nosso site, mas a removemos há alguns anos. O rótulo apenas parece datado e chato para mim. Acho que todo músico ... e cada banda deve ser julgada pelos seus méritos, e não pelo seu gênero. Se realmente queremos viver em uma sociedade sem discriminação, não importando a cor da pele , também devemos viver em uma sociedade que não se importa com o gênero. A boa música é boa música, não deve realmente importar quem a faz. "
(Dave Starr - Guitarrista - WildeStarr, e ex-baixista e membro fundador do Vicious Rumors)Nós mesmos (WildeStarr) usamos em nosso site, mas a removemos há alguns anos. O rótulo apenas parece datado e chato para mim. Acho que todo músico ... e cada banda deve ser julgada pelos seus méritos, e não pelo seu gênero. Se realmente queremos viver em uma sociedade sem discriminação, não importando a cor da pele , também devemos viver em uma sociedade que não se importa com o gênero. A boa música é boa música, não deve realmente importar quem a faz. "
"Uma pena
que as mulheres demoraram para tomar o seu lugar entre as bandas, deixando de
lado apenas aquela babação de ovo com os músicos, o que ao meu ver estragou e
atrasou demais a conquista de espaços nos palcos. Claro que ainda temos as
mulheres que infelizmente agem assim, mas pelo menos temos agora exemplos que
valem muito mais a pena em cima do palco (não atrás em algum sofá). Poucas
bandas tinham uma mulher a frente, talvez uma ou outra tocando algum
instrumento, mas tomando a frente foram poucas. Exemplos como Jynx Dawnson da
Coven, Wendy Williams da Plasmatics, passando por Doro Pesch na Warlock e não
podemos deixar de lembrar de Runaways, Suzy Quatro, mesmo não gostando do
trabalho vale destacar Janis Joplin também.
Atualmente
vemos em todos os estilos, bandas com algum membro feminino na formação ou
mesmo bandas completas de mulheres, e quando digo em todos os estilos, são
todos mesmos. Desde tradicional Heavy Metal chegando até as podreiras
Splatter/Gore.
Eu até acho
que chegamos ao exagero de ficar separando por gênero algo que não precisa, mas
seja por questões sociais ou por cabeças pequenas dos dois lados (homem/mulher)
essa competição e diferenciação surge.
Baronvon Causatan |
Eu sempre
disse que tem mulher fazendo som melhor que muita gente por aí, tem vocalista
aí que tá dando pau em muito barbado quando abre a boca para fazer um gutural.
Acho que o
lado feminino não tem mais que lutar por um espaço e sim fazer o mesmo por manter,
dar continuidade e sair da posição de simplesmente refletir aquela coisa de
ficar correndo atrás de cabeludo porque toca em banda ou porque tem um cabelo
grande, porque são essas que estragam a imagem da mulher dentro do Metal,
felizmente é um pequeno grupo (ou groupies kkk) que só perdem espaço ao meu
ver. Enquanto tivermos bandas e mulheres representando o seu espaço, podem
estar certos de que as mulheres estão indo muito bem no cenário!!!!"
(Baronvon Causatan, webmaster da Satanic Militia Magazine)
(Baronvon Causatan, webmaster da Satanic Militia Magazine)
Carlos Garcia (Road to Metal) |
(Carlos Garcia, Editor e Coordenador Site Road to Metal)
A matéria é relativamente pequena para o tamanho do assunto e a proporção que hoje as mulheres ocupam na cena Rock e Metal, mas esperamos com este artigo, além de uma homenagem, também mostrar que as opiniões, dificuldades e conquistas possuem pontos muito parecidos, não importando a idade, país ou continente, e esperamos retomar ainda o tema em mais algumas matérias especiais em breve.
A colaboradora do Road to Metal Fernanda Vidotto, ficou com a tarefa de ajudar a concluir a matéria, e também enfatiza as dificuldades que as mulheres encontravam, e ainda encontram certo preconceito, principalmente no interior e lugares mais conservadores, parecendo precisar sempre ter algo a provar, mas que a mulher conquistou muito e ainda busca mais:
As mulheres estão muito presentes em um espaço musical, que não tão antigamente era associado à masculinidade e ao coletivo masculino.
E através de
suor, sangue e lágrimas a mulher vai à luta e quer rock. E quer pogar, moshar e
mostrar que também pode e deve ser vista como um ser humano normal e não como
um cristal que se quebra. SOMOS FORTES. SOMOS de METAL, me ouso à dizer.
A
representatividade é visivelmente maior que a de antigamente, porém ainda nos
deparamos com muitos casos de preconceito; violência e toda forma de abusos
contra as mulheres dentro do “cenário underground”. Como se isso fosse uma
falácia, um absurdo para alguns conservadores rudimentares aceitarem.
Se você toca,
ou trabalha, ou mesmo prestigia apenas como uma fã, existe SIM uma cobrança,
como se fosse necessário mostrar ao mundo três vezes mais o motivo do porquê se
está no meio.
Assim como
vejo encarcerado na comunidade banger feminina um teor de competição nada
saudável. As mulheres são encaradas com um ar de afronta por outras, e isso,
não adiciona em nada na vida de ninguém.
Creio que em
aspectos gerais sim, conquistamos muito espaço mas em aspectos interpessoais
ainda temos que nos “organizar” de forma mais coesa visto que a música é uma
excelente forma (assim como demais formas de expressão artística) de se passar
ideias e ideologias e criar vínculos, fomentar opiniões e etc. "
(Fernanda
Vidotto – Amazon Press e Colaboradora site Road to Metal)CONCLUSÃO FINAL
Pudemos observar que todos os entrevistados concordam que hoje a mulher ocupou naturalmente seu espaço na cena, estando presente em vários setores da "indústria musical", mesmo que ainda possa ser encontrado algum preconceito e resistências mais conservadoras (sabemos que existem preconceitos contra religiões, preferências sexuais, e até absurdos como discriminar por diferenças da cor da pele, e ainda, mesmo sendo difícil conceber, lugares do mundo a mulher é tratada como ser inferior), mas em um mundo civilizado e globalizado, não se pode admitir certos absurdos, seja o ambiente que for, então, muito menos na música e menos ainda no Rock e Metal, onde sempre pregou-se a liberdade em todas as formas.
Especificamente sobre o assunto aqui tratado, a mulher tomou seu espaço, está ativa, presente, criativa, bela e independente de tudo, outro aspecto em que a maioria concorda, mesmo que alguns são da opinião que tags como "Female Fronted Band" também tenham papel positivo, o que importa é a qualidade da música, não os rótulos, gênero, credos ou o que for.
Matéria: Carlos Garcia, Fernanda Vidotto e Deisi Wolff
Edição, textos adicionais e Revisão: Carlos Garcia
Charge: Márcio Baraldi
Agradecimentos: Agradecemos à todos que colaboraram respondendo à esta matéria, ao Márcio Baraldi e à todas a mulheres no Rock e Metal.
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