sábado, 5 de maio de 2018

Linnéa Vikström's QFT: Vocalista do Therion em Surpreendente Projeto Solo!



A música jamais foi território estranho para Linnéa Vikström, filha de Thomas Vikström (Therion, Talk to the Town, Candlemass, Stormwind), grande vocalista sueco, sendo que o avó paterno foi renomado cantor de ópera daquele país. Desde cedo já iniciou seus estudos musicais e dedicou-se a alguns projetos, entrando depois, aos 18 anos, no Therion, em 2011, dividindo o palco com seu pai.   (English version)

Sempre buscando crescer como artista, Linnéa hoje já é realidade, sendo uma frontwoman segura e com uma personalidade vocal marcante. Era hora de dar o próximo passo com a maturidade alcançada, e a ideia de um trabalho solo se tornou realidade com o QFT (Quantum Field Theory), banda onde a vocalista mostra mais de sua personalidade, unindo algumas de suas paixões, como a música, ficção científica, física e mistérios do universo! Confira entrevista exclusiva e saiba mais sobre o recém lançado debut do QfT!

RtM: Para começar esta entrevista, você poderia nos dizer como amadureceu a ideia de você lançar um projeto solo, neste caso o QFT. Lembro-me de você comentar sobre a possibilidade de gravar um EP há algum tempo.
Linnéa: Minha ideia inicial de fazer um EP foi principalmente porque eu não tinha um selo para me apoiar. É difícil financiar um show no estúdio sem um orçamento decente. Mas quando a Despotz Records se aproximou de mim e quis me contratar para um solo, é claro que eu quis fazer um álbum completo. Eu tinha vontade de fazer algum tipo de coisa solo há muito tempo, mas estou feliz que esperei e cresci antes de fazer isso.


RtM: Como você está se sentindo a frente de sua própria banda, sendo o elemento principal?
Linnéa: Fizemos nosso primeiro show ao vivo ontem (2 de maio de 2018), e foi uma experiência absolutamente mágica. Os caras da minha banda são músicos extraordinários e realmente parece que é para ser. É claro que estou mais acostumada com a constelação de estar com 2 ou 3 outros cantores no palco, o que, na verdade, acho bom. Isso sempre me deixa alerta sobre quem é o centro das atenções e dar espaço no palco quando é necessário, mas também, é claro reivindicar, seu espaço quando deve ser reivindicado. Para resumir - com o Therion me sinto como uma princesa, e com o QFT me sinto como a rainha!

"Foi muito divertido, e realmente senti que gravar ao vivo foi a melhor decisão que já tomei."
RtM: Vejo que com o QFT você juntou várias coisas que você gosta, além da música. Eu lembro que você comentou em uma entrevista que nós fizemos que você é uma grande fã de ciência, espaço e física. Eu gostaria que você comentasse sobre a união desses elementos como inspiração para este álbum, e também onde você foi buscar as fontes para desenvolver a parte da letra.
Linnéa: Eu sempre tento ir tão fundo quanto posso na toca do coelho em busca de fontes. Eu começo assistindo um monte de clipes no youtube, tentando resumir o conteúdo, e então tentar encontrar a verdadeira fonte, e essa é uma tarefa muito difícil. Fui on-line e na biblioteca em busca de informações e inspiração para ter uma compreensão mais profunda, mas no final essas letras são mais ou menos apenas uma manifestação de como eu entendi os assuntos. Para mim, é muito mais fácil escrever música se eu tiver o título e o conceito prontos antes de começar a compor. Eu não tenho letras, mas tenho o título e as condições, então funciona como inspiração para a música também.


RtM: Nesses temas abordados no álbum, você, além de procurar por algo novo e diferente, tentou provocar a curiosidade das pessoas sobre esses assuntos?
Linnéa: Claro! Nunca foi minha intenção principal, mas se alguém ouvir o álbum e se interessar pelo assunto, eu veria como uma vitória!


RtM: Ao ouvir o álbum, senti muitas influências do Classic Rock, do Hard Rock e do Metal Tradicional, além de elementos progressivos, e as pessoas mais acostumadas a vê-la no Therion saberão mais sobre sua personalidade e marcas pessoais.Você poderia comentar mais sobre essas influências e inspirações do QFT?
Linnéa: Eu sempre escutei muito mais do hard rock do que do metal e cresci com essa música também, então isso está profundamente enraizado no meu cérebro, ha ha. Eu ouço todos os estilos musicais desde que seja bom! Eu sou influenciada por tudo, desde o pop chiclete americano dos anos 2000 até Debussy. Mas hard rock e metal é sempre meu gênero preferido.

 "Para resumir - com o Therion me sinto como uma princesa, e com o QFT me sinto como uma rainha!"
RtM: Outra coisa muito legal sobre o álbum foi a forma como foi feito, porque você gravou praticamente tudo ao vivo, em um estilo muito vintage, obtendo assim um som mais orgânico e verdadeiro! Eu também gostaria que você comentasse sobre as gravações e o trabalho com o renomado Lennart Östlund (que trabalhou com gente do quilate de Led Zeppelin e ABBA).
Linnéa: É um prazer trabalhar com um profissional absoluto como o Lennart. Todos nós sentimos como ganhadores da loteria por poder ir pro estúdio com ele. Ele está sempre muito calmo e relaxado, o que é perfeito quando você está trabalhando com alguém como eu, ha ha ha. Estressada e excitada ao mesmo tempo! Eu não me lembro agora, mas acho que tivemos 5 dias no estúdio e tudo passou muito rápido! Foi muito divertido e realmente senti que gravar ao vivo foi a melhor decisão que já tomei.


RtM: Seus vocais ficaram incríveis também, e pelo que você postou, você também gravou tudo em algumas tomadas. Há mais partes melodiosas e técnicas, e outras com vocais mais altos e carregadas de fúria! Conte-nos um pouco mais sobre as gravações dos vocais, as inspirações que você buscou para moldar seu próprio estilo, e se você alcançou o resultado esperado nas gravações.
Linnéa: Tudo foi de fato gravado em algumas tomadas, e eu acho que há 2 notas autotunadas em todo o álbum! Se nós tivéssemos feito isso de uma forma mais convencional, seriam 4 dias no estúdio apenas para vocais, mas eu queria que soasse orgânico e construído do começo ao fim. Inspirações vocais é claro que os caras habituais, Ronnie James Dio, David Coverdale, Rob Halford, etc etc, mas eu realmente encontrei a técnica certa foi quando comecei a ouvir cantoras como Chaka Khan e Aretha Franklin. Combinando vocal runs (melisma) e tons mais altos. Andando por uma linha tênue entre ser realmente ágil e ao mesmo tempo ser realmente poderoso. É como ter um campeão de levantamento de peso dançando um balé, uma linha difícil de caminhar, mas quando você acerta, sente-se incrível.


RtM: O QFT, assim como no Therion, praticamente trabalha em um sistema "familiar", assim como seu noivo George (Dynazty), outros membros ou ex-membros do Dynazty também fazem parte da banda, e certamente isso ajudou muito nas gravações. Provavelmente também será refletido em performances ao vivo!
Linnéa: Eu também acho. Nós temos uma vibe muito boa na banda, e com a adição do tecladista Wilhelm Lindqvist ao vivo, parece que estamos realmente completos.


RtM: Falando um pouco sobre as músicas, eu gostaria que você comentasse sobre o "QFT" (Quantum Field Theory), que é um Power Ballad, por assim dizer, com lindas melodias, e seria também a primeira música composta para o álbum? inspirando também o nome da banda?
Linnéa: As letras de "QFT", a música, foram completadas por último de todas as músicas, então foi bem ao contrário. Foi o nome da banda que inspirou a música. O solo dessa música foi feito pelo Christian Vidal, a propósito!

 "A questão “por que” é algo em que acredito que devemos nos esforçar para nos encontrar, encontrar um propósito nesta curta vida que conseguimos viver."
RtM: A abertura com "End of Universe" é um começo de grande peso. Um mid-tempo e trazendo vocais furiosos em vários momentos. Uma abertura de grande impacto, eu acho!
Linnéa: Bem, eu não sei sobre "mid-tempo", uma vez que começa em 50 bpm, ha ha! Mas no final da música temos o contrabaixo, o que dá uma sensação mais mid-tempo, eu acho. Eu concordo, é uma entrada porrada para o álbum, como um soco no estômago! Ha ha


RtM: Tem razão, é mais lenta mesmo. Bom, uma de minhas favoritas, "Big Bang", com o perdão do trocadilho, é uma faixa explosiva, e tem um refrão muito notável! E aproveitando o tópico, qual a sua opinião sobre a teoria do Big Bang e a origem do universo? Até mesmo físicos levantam dúvidas sobre o universo sendo criado por acaso, por exemplo, o renomado físico Michio Kaku acredita que vivemos em um universo governado por regras moldadas por uma inteligência superior. Este mistério que é o universo é o que fascina! Nós nunca saberemos a verdade?
Linnéa: A coisa sobre isso é que eu não sei, e Michio Kaku também não sabe, mesmo sendo ele um físico de renome (amo-o por sinal). Eu acho que se a raça humana ficar por aí por um longo, longo tempo, nós definitivamente teremos mais perguntas respondidas conforme formos adiante e mantermos uma mente aberta. Como você disse, o mistério para mim é a grande jornada! A questão de como estamos aqui e como o universo foi criado, acho que vamos ver no futuro. A questão “por que” é algo em que acredito que devemos nos esforçar para nos encontrar, encontrar um propósito nesta curta vida que conseguimos viver.


RtM: Voltando às músicas, como falei, senti um álbum baseado nos elementos mais tradicionais, mas nunca datados, e traz essas novas idéias, e essa mistura de Classic Rock, Metal e Progressive se fundem muito bem em músicas como "Black Hole", mais direta e pesada, com as mais progressivas, como "Quasar", que tem um começo mais prog e ganha peso nos riffs depois. Eu gostaria que você comentasse sobre elas também.
Linnéa: Quasar foi a primeira música que escrevi para o projeto. É uma música estranha sem refrão real e continua indo até que acaba ... termina? Haha! Black Hole é mais direta com um refrão bastante clássico de hard rock/metal. Estou extremamente feliz com a forma como as duas faixas acabaram!


RtM: "Aliens", a primeira faixa que foi apresentada, tem ótimas melodias, e me lembrou muito do Hard/Heavy dos anos 80, e Dio foi um nome que veio à minha mente, talvez pela melodia que lembrou algo da música "The Last in Line".
Linnéa: "Last in Line" é uma das minhas músicas favoritas, e você está certo, o riff tem uma harmônica e ritmização similar à ela.

Linnéa no palco, festa de lançamento do álbum
RtM: Bem, nós poderíamos falar sobre todas as faixas, porque eu gostei de tudo no álbum, e em cada audição há mais para descobrir. Para finalizar, gostaria que você falasse sobre a bela "Live in Space" e "Jóga", uma ótima versão da música da islandesa Björk, uma boa surpresa.
Linnéa: "Live in Space" é uma música que não é baseada em nenhuma teoria científica ou algo assim, é apenas uma reflexão sobre como a vida é, e eu acho que ela e a música "Time" são as músicas mais melancólicas do álbum. Foi muito poderoso gravar "Live in Space" ao vivo, acho que pode se tornar uma das favoritas dos fãs. A decisão de fazer uma cover de "Jóga" foi porque eu acho que é uma das melhores músicas já compostas, e para mim isso representa a terra no álbum. Eu adoro cantar e é uma honra cantar essa fantástica composição de Björk.


RtM: Linnéa, obrigado pela sua atenção mais uma vez, parabéns pelo álbum de estréia da QFT. Uma pena que a banda não possa vir como convidada e abrir alguns shows do Therion aqui no Brasil e na América! Seria muito legal, mas provavelmente muito cansativo para você! Ha ha!
Linnéa: Seria uma carga muito pesada para suportar sim, ha ha! Eu realmente gostaria de vir ao Brasil com a QFT algum dia no futuro! Obrigada Carlos!

Entrevista: Carlos Garcia



"Live in Space" Resenha:
Para quem conhece Linnéa como uma das vocalistas do Therion e espera um trabalho na linha do metal sinfônico, vai se surpreender positivamente com o debut do QFT, “Live in Space”, um trabalho criativo e moderno, e mesmo assim bebendo nas fontes tradicionais de estilos como o Hard e Heavy e progressivo. Essa diversidade abre muitas possibilidades de agradar públicos diversos, transitando por músicas pesadas como “End of the Universe”, explosivas e com pegajoso refrão, como em “Big Bang”; por caminhos melodiosos e melancólicos temos as belas “Time” e a faixa título, e também por nuances menos ortodoxas com a inventiva “Quasar”; e ainda a cativante “Aliens” e suas melodias hard/heavy com um “q” de space rock! 


Sob a produção do lendário Lennart Östlund, o grupo optou por gravar praticamente ao vivo em estúdio, com poucas partes colocadas após as gravações, deixando o som orgânico e verdadeiro! Linnéa também mostra sua maturidade, com diversidade vocal, técnica e também alcance, além de fúria quando necessário. Embarque nessa viagem musical pelos mistérios do universo, espaço, singularidade e também reflexão sobre a vida.


QfT are:
Linnéa Vikström: Vocals
Geoger Egg: Drums
Jonathan Olsson: Bass
Mano Lewys: Guitars


Debut album "Live in Space"
End of the Universe
Big Bang
Black Hole
QFT
Aliens
Time
Quasar
Light Speed
Live in Space
Joga

Media: cmm Music Consulting


   


     

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