Anette Olzon, esta talentosa suéca, dona de uma voz bela e delicada, começou cedo na música, mas também por diversos empregos antes de viver apenas disso, participando de shows de talentos, bandas cover (como a Take Cover, que fazia covers de ABBA) e tendo destaque com a Alyson Avenue, banda de Melodic Rock com a qual lançou dois bons álbuns, até que ficou mundialmente conhecida após ser escolhida como a nova vocalista da banda finlandesa Nightwish.
Após dois álbuns com a banda e viajar o mundo, ano passado a
vocalista teve uma saída conturbada do grupo finlandês, porém, já com um álbum
solo em mãos ("Shine", lançado ano passado), muitos planos, e também
aliviada por voltar a ter uma vida mais tranquila, Anette segue em frente,
mostrando que possui brilho próprio, talento e personalidade para seguir sua
carreira e também dedicar-se a familia e outras atividades.
Confira a seguir
entrevista com a cantora, que também acaba de estrear um show em canal de TV Finlandesa.
(English version HERE)
(English version HERE)
RtM:Primeiro
de tudo, gostaria de dizer que eu realmente gostei do seu álbum, música de bom
gosto, belas interpretações, moderno e emocional. Há quanto tempo você vinha trabalhando
no álbum? Quando você começou a compor você tinha em mente algum direcionamento
musical?
Anette: Muito
obrigado, feliz em ouvir que você gostou! Eu escrevi todas as músicas em 2009, quando eu decidi que queria fazer um álbum
solo. Apenas uma não foi composta naquela época. Uma canção foi escrita pouco antes do lançamento, “One
Million Faces”. Quando eu comecei a escrever as músicas eu ainda estava no Nightwish
e não queria que soasse parecido com a minha então banda, e é por isso que é um álbum
muito mais suave.
RtM: E como você
avalia a recepção do álbum, um ano praticamente após o lançamento? Eu acompanhei
as opiniões e comentários dos fãs, e são em sua maioria positivas. Claro,
sempre vai ter aqueles que estavam esperando algo mais próximo ao Nightwish, ou
mais voltado para o metal sinfônico. Bem, eu acho que é algo que você vai
carregar para sempre, o fato de que você foi ex-vocalista do Nightwish.
Anette: Sim,
todos os comentários têm sido muito bons e muitos fãs realmente amaram o álbum,
mas como você diz, aqueles que são puramente fãs de Metal, claro, pensaram que
eu faria um álbum de Metal, e quando não foi o que fiz, meio que o rejeitaram.
RtM: A
faixa-título, "Shine", é muito bonita, traz uma roupagem moderna,
refrão cativante. Gostaria que você falasse um pouco mais sobre essa música e
sua bela letra.
Anette: Shine
é uma música muito especial para mim, principalmente porque as letras significam muito para mim, e como eu quero que,
aqueles que foram vítimas de bullying ou ridicularizados, maltratados por
alguém, levantem e sintam esperança em
minhas letras.
“Shine” fala que essas pessoas que querem intimidar você são apenas
pessoas amargas, sem vida, então simplesmente levante a cabeça e siga em
frente. Mostre a eles que você é melhor do que eles por permanecer forte.
RtM: Acredito
que algumas das composições possam ter refletido um pouco o clima conturbado no Nightwish. Ele traz uma certa melancolia,
sendo muito emocional. Lembro da música "Lies", que parece que
reflete alguns problemas que você passou.
Anette: Bem,
na verdade não, porque “Lies”, por exemplo, é sobre o meu casamento que não
estava mais funcionando, o que realmente aconteceu logo após eu entrar no NW.
E
o sentimento geral de melancolia é só porque eu busquei memórias e coisas de
dentro de mim, sentimentos que eu vinha internalizando, e os trouxe para a
superfície, o que deu as letras e músicas um sentimento melancólico.
RtM: "Falling"
também traz grandes melodias e refrãos cativantes, e é mais um dos destaques na
minha opinião. Eu gostei dessa música, e eu acredito que ela segue uma linha
como "Lies" e "Shine", mostrando já sua personalidade como
artista solo, criando uma identidade no primeiro álbum.
Anette: “Falling”
foi na verdade a primeira música que escrevi quando nos sentamos pra compor, e também é a mais “Metal” do álbum. Após essa canção eu senti que eu queria que as
músicas partissem para um lado mais suave e menos Rock/Metal, assim é por isso
que se difere um pouco das outras.
RtM: "Watch
me From Afar" é outra canção forte, e mostra um lado mais "New
Age" e "Folk", e eu senti você especialmente inspirada nesta
canção, com uma interpretação cheia de emoção. Conte-nos um pouco mais sobre
esta canção.
Anette: Essa
música é muito especial para mim e para Stefan e Johan, porque quando nós nos
sentamos no piano e bateria apenas para experimentar a melodia, então o sentimento
dela veio a nós imediatamente, e a letra é para o meu marido Johan, por isso é uma verdadeira
canção de amor.
RtM: Falando
sobre inspiração, que cantores e cantoras que você citaria como suas maiores
influências?
Anette: As
vozes que eu ouvia na minha infância, como Agneta Fältskog, Barbra Streisand,
Sting, Carola Singer, Whitney Houston e Mariah Carey. Grandes vozes que sempre me
inspiraram.
Anette: Bem, Anders
não foi co-writer, mas eu usei a sua equipe de compositores, Stefan Örn e Johan Glössner e gravei o álbum em seu estúdio por isso
ele foi lá e deu suas opiniões, o que foi muito útil. Ele é um grande compositor e
sabe como construir grandes linhas melódicas e criar aquele "gancho" para as canções.
RtM: Em um futuro
álbum, quem você gostaria de convidar para um dueto, ou dividir composições?
Anette: Eu quero
escrever canções com Stefan e Johan novamente e também Martijn Spierenburg, do Within Temptation, com quem escrevi "One Million Faces". Tenho
também pedido ao Peter Tägtgren do Pain, para co-escrever comigo, o que vai ser
divertido! Duetos...eu não sei quem, mas se eu tiver uma música que sirva ou necessite de um dueto, eu acho que existem muitos bons. Jake do Amaranthe
tem uma grande voz e é um amigo meu, por isso ele seria uma boa escolha para uma colaboração.
RtM: Gostaria que
você falasse um pouco sobre a experiência no filme "Imagenaerum", e
se bem me lembro que você já teve experiências no teatro. Você pensa em fazer
algum trabalho deste tipo no futuro?
Anette: Foi uma boa
experiência e também difícil, porque eu tenho um pouco de medo do palco e
mais ainda quando há um grande número de pessoas com câmeras em torno de mim,
de modo que fazê-lo foi um pouco estressante. Mas foi ótimo, por exemplo ver como um
filme é feito. Eu não acho que eu irei procurar estrelar um outro filme, mas um musical seria bom fazer. Isso encaixaria melhor comigo.
Anette: Michael é um bom amigo do Niclas, do Alyson Avenue, então ele me perguntou, logo em
seguida, se eu queria cantar em uma canção sua, e assim aconteceu. Nós nunca nos encontramos, hoje em dia isso é comum, você enviar as músicas um para o outro somente, e é isso o
que nós fizemos.
RtM: E o seu
trabalho com Alyson Avenue? Você têm falado com os caras? Talvez você possa
voltar para a banda? Eu acho que seria ótimo, especialmente com a exposição que
você teve, juntamente com o potencial da banda. Eu acho que sua voz é perfeita neste tipo de música (Melodic Rock), e eu acho que você deve fazer algo no
futuro. O que você diz? Lembrei-me também a participação no álbum do Brother Fire Tribe, que segue a mesma linha.
Anette: Falamos o
tempo todo, eu e Niclas, pois somos como família um para o outro. Falamos
sobre como recomeçar o Alyson novamente e todos nós queremos que em algum momento isso aconteça,
mas deve ser no tempo certo para todos.
Niclas está bastante ocupado compondo canções para seu novo álbum com o Sapphire Eyes e eu estou ocupada com um
programa de TV na Finlândia nesta primavera (O programa estreou dia 1º de março, no final da entrevista você pode ver o vídeo, ou acesse AQUI). Mas espero que nós tenhamos algum
tempo em breve =)
RtM: Falando ainda sobre o Alyson Avenue e Melodic Rock, acho que é incrível como a Suécia é um país que
produz muitas bandas e artistas de grande qualidade, que criam ótimas e cativantes melodias. Como você explica este "fenômeno", esta
tendência para a criação de grandes melodias? Sem falar no ABBA, que é
idolatrado, inclusive por músicos de Metal, tendo até tributos. Recentemente eu fiz uma
entrevista com Snowy Shaw, e lembrei que ele tem tatuado ABBA em seus dedos.
Anette: Eu acredito
que é como você diz, o nosso amor por melodias cativantes e boas. Nosso modo de
falar também é muito melódico, talvez isso tenha algo a ver com isso. E o ABBA é,
creio eu, para muitos músicos suecos, ídolos, e é música que ouvíamos enquanto
crescíamos e, para mim, ABBA são os reis e deuses do pop e das grandes melodias, icones.
RtM: Você tem
planos de fazer alguns shows ao vivo ou turnê para divulgar o seu álbum? E
quais músicas você gostaria de tocar ao vivo? Além de canções de seu álbum, que mais você deseja incluir em um set-list?
Anette: Eu não fiz
tantos shows ao vivo do álbum devido a ter filhos pequenos, e não queria
deixá-los por longos períodos, mas agora eles já estão maiores e eu espero que
eu possa sair em tour com o "Shine", bem como com um novo álbum, que espero lançar
num futuro próximo. Ao vivo eu já toquei todas as minhas músicas de "Shine", e também
algumas novas canções que eu escrevi, alguns covers também. O meu próximo show deverá ter algumas músicas de meus tempos do Nightwish, e eu acredito que alguns fãs
vão gostar disso.
RtM: E o que você
faz agora que tem mais tempo livre? Deve ser bom ter mais tempo para estar com
a família. Eu li em uma entrevista que você iria se concentrar em continuar
seus estudos, e trabalhar com caridade, muito legal. Você está pensando em ficar mais longe de uma carreira dedicada exclusivamente à música?
Anette: Eu estava estudando sim, e ainda estudo, mas no momento os meus estudos tiveram que ficar de lado
um pouco, pois tem esse show de TV que estou participando na Finlândia a
partir primeiro de março, o que significa que preciso me concentrar nele por
um tempo . Gostaria muito de fazer as duas coisas e talvez eu possa, mas se eu
tiver que escolher, e eu posso viver isso novamente, a música é o que eu
quero fazer.
RtM: Eu sei que
você pode já estar cansada deste assunto (Nightwish), mas eu prometo que vou
fazer apenas algumas perguntas, a pedido de seus fãs aqui no Brasil. No DVD/
Blu-Ray que a banda lançou no ano passado, "Story Time: Live Time", que traz um documentário falando do período de sua saída
(ou demissão) do Nightwish, e você não autorizou o uso de sua imagem e voz
neste documentário, e na minha opinião eu acho que você fez a coisa certa, pois
não mostra a sua versão em alguns fatos.
No show de TV, na MTV finlandesa |
Eles chegaram a falar-lhe sobre o conteúdo do documentário? Quais são as razões pelas quais você não
autorizou o uso de sua imagem?
Anette: Eles queriam me pagar, e ser incluída nesse DVD documentário depois de me chutarem
para fora de uma forma mesquinha e cruel, então é claro que eu não queria estar
nele. Por que eu? Eu não queria mais nada com a banda, nunca mais.
E devido ao
que eles fizeram com Tarja e Marcelo no documentário que eles lançaram após demitirem ela, onde eles só mostraram o lado deles, e fizeram ela parecer o lado mau, então eu
com certeza não queria que eles fizessem o mesmo comigo. Foi fácil decidir, eu
disse que não imediatamente e eu não me arrependo da minha escolha.
RtM: Eu acredito
que você deve ter tido bons momentos durante a sua permanência na banda, como
viajar para diferentes países, se tornar uma pessoa conhecida no mundo
inteiro, e, provavelmente, em alguns lugares, quase não podendo sair anônima na
rua! Como foi para você, de repente estar em palcos de grandes festivais com milhares de fãs à frente?
Anette: Na verdade,
foi um processo difícil para mim, porque eu não gosto de ser reconhecida nas ruas e me senti estranha com isso. Fui educada de uma forma em que aprendi que somos todos iguais neste mundo, e todos têm o mesmo valor, então para mim,
eu não tive ninguém como um grande ídolo, que eu pudesse ir a
shows, pedir-lhes uma foto ou autógrafo, por isso me senti muito estranha que alguém pensasse que eu era assim tão especial e importante.
Mas eu
aprendi e compreendi que isto faz parte do trabalho, porém hoje em dia eu ainda me sinto
um pouco constrangida se alguém me reconhece, mas também sinto que eles gostam de mim e se importam muito comigo.
RtM: O seu trabalho
na banda sempre acabava sendo comparado a Tarja, com uma leva de fãs não
aceitando a mudança, e lembro que você disse que até chegou a sofrer algumas
ameaças de morte de alguns estúpidos. É muito estranho que níveis podem chegar as idolatrias ou obsessões. As pessoas às vezes esquecem que no palco
são pessoas com famílias, sentimentos e uma vida além do trabalho.
Anette: Bem, eu
entendo a frustração que sentiam, Tarja foi a cantora oficial desde o início e
ela tem uma voz muito especial, sendo esta rainha do Metal um pouco
"fria" e intocável, e ela era o oposto total de mim, seja como ela se parece, canta e atua no palco.
Eu sou uma pessoa muito aberta, feliz,
extrovertida e canto com uma voz mais comercial, e soou tão diferente para os
fãs do NW, assim os fãs "die hard" não conseguiam aceitar. E foi
uma pena que eu levasse alguma culpa por isso, pois eu não deveria, mas às vezes
as pessoas não entendem, e agem como eles acham que devem agir quando estão movidos pela paixão por algo.
RtM: Você tem tido algum contato com alguns dos membros do Nightwish, ou alguns deles entraram em
contato com você? Como foi a sua relação com a banda e equipe? Agora, passado um tempo, quais seriam as principais razões para o rompimento com a banda?
Anette: Não, nós não
temos nenhum contato. A equipe e eu éramos todos amigos e não tinha
problemas. E na banda havia alguns membros que sempre ficaram comigo, assim como tinham os que me queriam fora. Assim, era um grupo de pessoas divididas. A razão para isso é, naturalmente, algo que só os membros sabem, então não
posso dizer exatamente o que, mas eu acredito que tivemos opiniões diferentes e
eu também fiquei grávida novamente, e não foi algo que os agradou, e então eles
me chutaram para fora.
RtM: Pelo que vemos do lado de fora, Tuomas controla quase tudo na banda,
parece-me que talvez chegue a um ponto que a banda se torne um projeto solo
dele. E agora, vamos ver como será o relacionamento com Floor Jansen, se ela terá
uma continuidade. Eu acho complicado para a maioria dos músicos não poder contribuir com ideias ou composições.
Ensaio para o show de TV |
Anette: Sim, NW é
apenas Tuomas, e mesmo quando é escrito ou feito algum comunicado oficial, sempre escreve: Tuomas e Nightwish. Portanto, é a sua sua banda, ele
controla, ele toma as decisões, mas ele também ouve os outros e, por vezes, talvez as pessoas erradas, mas isso é a escolha dele e vamos ver até onde ele vai.
Acredito que ainda não ouvimos as últimas deles em se tratando de
trocas de membros porque algo não funcionou, simplesmente não funcionará, não
importa quem entrar para o grupo. Se eles não tentarem mudar e evoluir nada será
diferente, e vão surgir os mesmos problemas.
É fácil culpar o membro
"novo" pelos problemas, mas quando isso acontece várias vezes eu
acho que as pessoas vão perceber que não é bem assim.
RtM: Bom, finalizando, eu
gostaria que você citasse seus passatempos favoritos, e sobre música, quais
bandas ou artistas você ouve quando você está em casa?
Anette: Gosto de me exercitar, eu faço "cross fit", também gosto de estar na academia, musculação. Eu ouço todo tipo de música, pop, hip hip, rock, Metal... qualquer
coisa desde que eu acredite que a música é maravilhosa, não importa o gênero. Sou muito mente aberta quando se trata de música.
RtM: Anette, muito
obrigado pela sua atenção, estamos ansiosos pelos próximos trabalhos e para ouvir sua bela voz! Deixo estas linhas finais para que você envie uma
mensagem para os fãs brasileiros!
Anette: Obrigada, e eu
quero dizer obrigada para todos os fãs no Brasil e espero que eu possa ir cantar para vocês algum dia em breve =)
Entrevista: Carlos Garcia
Tradução e Edição: Carlos Garcia
Anette Olzon's Facebook
Anette's Official Site
Entrevista: Carlos Garcia
Tradução e Edição: Carlos Garcia
Anette Olzon's Facebook
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