domingo, 17 de dezembro de 2017

Entrevista - Jim Peterik: "Eu faço isso como uma necessidade de comunicar minha música para tantas pessoas quanto eu puder"




Um exímio criador de hits e grandes canções, um músico que experimentou o sucesso comercial, vendendo milhões de álbuns, colocando músicas no topo dos charts já aos 19 anos, com o Ides of March nos anos 70, e mais tarde, nos anos 80, premiado com um Grammy  e indicado a um Oscar de melhor canção. Inspirou milhões de pessoas com canções como "Eye of the Tiger", que é praticamente um patrimônio da humanidade.  (English Version)

Escreveu também muitas canções para artistas e grupos como Sammy Hagar, Van Zant, Beach Boys, 38 Special, Cheap Trick e Reo Speedwagon. Segue produzindo e inspirando pessoas em seus trabalhos com o The Songs, Ides of March,  Pride of Lions, Peterik/Scherer, e mais recentemente com Scherer/Batten, projeto o qual traz canções suas e também sua produção.

Tivemos a oportunidade de conversar com esta verdadeira lenda da música, que nos falou um pouco mais desse novo projeto, e claro, algumas histórias de sua carreira. Confira:



RtM: Olá Jim, obrigado por arrumar um tempo para nos atender. Antes de falar sobre seu mais recente trabalho, o projeto Scherer/Batten, gostaria de voltar um pouco no tempo e perguntar se no início de sua carreira, precisamente no lançamento do primeiro álbum com o Ides of March, você imaginou um dia ser um vencedor de prêmios, como um Grammy, vender alguns milhões de álbuns, ter hits no topo das paradas ou ter uma música indicada para o Oscar? O quão longe você chegou em relação aos seus sonhos? 
Jim Peterik: (Ri muito!) Quando você tem 19 anos e com um álbum sendo o número um, você está vivendo o momento. Não estávamos a contemplar o sucesso a longo prazo ou o impacto sobre o qual teríamos em um âmbito maior dentro do cenário. Então eu tenho que dizer que eu ultrapassei meus sonhos de jovem. E por uma distância considerável!


RtM: Eu estava lembrando uma entrevista que li há muito tempo, onde você falou sobre a inspiração para escrever "Vehicle", que se tornou seu primeiro grande sucesso. Gostaria que você nos lembrasse um pouco da história desta música, especialmente para os fãs e leitores mais novos, e descreva-nos como você se sentiu no momento, vendo que a música acabou tendo uma grande repercussão? 
Jim Peterik: Para explicar brevemente, eu escrevi "Vehicle" para ganhar minha namorada. Eu acho que funcionou, porque Karen e eu já estamos casados e felizes há 45 anos!

"Eu tenho uma palavra de alegria e otimismo para compartilhar que não tem nada a ver com o comércio. Trata-se de paixão!"
RtM: Nos anos 80 você criou vários sucessos com o Survivor, uma direção muito diferente do Ides of March. Quando você começou a banda, o que você tinha em mente para o Survivor? Você já imaginava o tipo de som que você queria? Algum artista ou banda em particular o inspirou naquele momento? 
Jim Peterik: Frankie e eu começamos a banda no inverno de 1977. Nosso objetivo era fazer Hard Rock e Melodic Rock. Tenho certeza de que o Foreigner estava em nossas inspirações, com seu som poderoso e mainstream. E um grande vocalista.

RtM: E como você vê essa formação atual do Survivor, capitaneada por Frankie?
JP: Frankie obteve os direitos de usar o nome quando deixei a banda em 1996. Estou feliz por ele continuar a espalhar para muitos mais a música que criamos.

"Todo artista parece ter aquela música que se destaca e o define. A "Eye of the Tiger" é essa música para mim."
RtM: Bom, eu tenho que falar sobre "Eye of the Tiger", que é uma música que se tornou um hino, e sempre é lembrada em cenas que se referem à ação ou bravura em filmes, comerciais e eventos esportivos, sinônimo de luta e busca pela superação, além de ter recebido muitas versões e covers. Você escreveu tantas outras excelentes músicas, mas você poderia nos contar um pouco sobre a importância desta música em sua história? 
JP: Todo artista parece ter aquela música que se destaca e o define. A "Eye of the Tiger" é essa música para mim. As histórias que ouvi de pessoas de como aquela música influenciaram suas vidas são realmente mais valiosas para mim do que o lado monetário. Os relatos de pessoas superando doenças, longas jornadas e desafios alimentam minha alma diariamente


RtM: Belas palavras, "Eye of the Tiger" é realmente magnífica. Voltando ao presente, gostaria que você falasse sobre como começou a parceria com Marc Scherer, com quem você lançou o álbum "Risk Everything". Outro grande artista que você "descobriu". 
JP: Ao longo dos anos, tive pelo menos duas "quase" chances de trabalhar com Marc. Cada vez que eu ouvia seu seu incrível registro de tenor em algum estúdio adjacente, acabava pegando seu número, mas acabava perdendo! Finalmente nossas estrelas se alinharam e tem sido uma veia muito rica de inspiração mútua. Este último CD, "Battle Zone", de Marc Scherer/Jennifer Batten é o ponto culminante final.


RtM: Falando em descobrir e produzir novos talentos, temos o seu companheiro de Pride of Lions, Toby Hitchcock, outra ótima voz que você apresentou aos fãs do Melodic Rock. Abrindo um parêntese, gostaria que você falasse sobre Toby e seu trabalho com você no Pride of Lions. 
JP: Minha sobrinha, Kelly Ferro, me deu uma dica de um cantor que ela havia ouvido, quando ela estava fazendo uma audição para um programa de talentos da TV, de Dick Clark em 2002. Depois de finalmente contatá-lo (na primeira vez em um show do Ides Of March em sua cidade natal, Valporaiso, Indiana) ele veio e gravou (e participou de audição) no meu estúdio. Quando minha gravadora, a  Frontiers, o ouviu, concordou que eu tinha encontrado o cantor da minha nova banda, o Pride Of Lions.

"Finalmente nossas estrelas se alinharam e tem sido uma veia muito rica de inspiração mútua." (sobre a parceria com Marc Scherer)
RtM: Continuando com a parceria com Marc, gostaria que você nos dissesse sobre como surgiu a ideia do projeto Scherer/Batten e como foi o processo de escolha das músicas que seriam parte do álbum, já que você procurou várias músicas, usando a expressão de Marc, do seu baú de tesouros? 
JP: Eu estava gravando um novo álbum com Marc, com algumas de minhas músicas favoritas do meu catálogo passado, que sempre senti que mereciam uma segunda chance. Nós trouxemos a incrível Jennifer Batten para fazer algumas guitarras no álbum, mas quando ouvimos seu trabalho incrível, nós sabíamos que ela estava destinada a ser mais que um músico contratado. Ela se tornou uma parte vital de uma poderosa nova entidade - Scherer/Batten. Como minha esposa, Karen, disse quando ouviu algumas músicas, ela disse: "Ela é como uma segunda voz". Nós três acabamos escrevendo 3 novas músicas para o álbum, incluindo a faixa-título.


RtM: Foi um achado trazer Jennifer Batten para o projeto. E como foi para trabalhar com ela? 
JP: É uma alegria trabalhar com ela. Sempre super preparada, criativa e focada.


RtM: Havia músicas com as quais vocês iniciaram a trabalhar, mas acabaram sendo excluídas?
JP: Sim. Havia algumas. Mas acho que escolhemos sabiamente.


RtM: Sobre as músicas que entraram no álbum, quais as que você gostou mais do resultado final? Eu preciso dizer-lhe que a nova versão para "The Sound of Your Voice", que foi gravada pelo 38 Special, achei incrível, mais vibrante e moderna.
JP: Essa também é uma das minhas faixas favoritas. E Jeff Carlisi, Don Barnes e Danny Chauncey adoram também!

Sessões de gravação com Jennifer Batten
RtM: E o processo de produção do álbum? Foi muito trabalho, devido o número de pessoas e grandes músicos envolvidos, e com agendas ocupadas?
JP: Todo mundo acabou concentrando suas forças neste álbum. Era uma "Rock Machine" bastante eficiente em comparação com a maioria.


RtM: A Frontiers já foi responsável por muitos retornos. Eles, ou algum outro selo, propuseram lançar um novo álbum do Survivor? Você já pensou  ou existe alguma possibilidade de lançar algo novo com a banda?
JP: Meus projetos atuais só incluem o Ides Of March - Pride of Lions - Scherer/Batten e The Songs. Todos novos e atuais.


RtM: Como você vê a indústria da música hoje em dia? Muitos artistas chegaram a dizer que não vale a pena fazer novas músicas ou gravar álbuns. O que você pensa sobre isso e o que o move para continuar a produzir e criar novas músicas?
JP: Eu faço isso como uma necessidade de comunicar minha música para tantas pessoas quanto eu puder. Eu tenho uma palavra de alegria e otimismo para compartilhar que não tem nada a ver com o comércio. Trata-se de paixão!


Rtm: Jim, mais uma vez obrigado pelo seu tempo para nos responder esta entrevista, nós amamos seu trabalho! 
Jim Peterik: Obrigado! Isso significa tudo para mim.


Entrevista: Carlos Garcia
Agradecimentos: Maggie Poulos e MIX Tape Assessoria
E claro, a Jimbo, por toda sua grande música.

Jim Peterik Site Oficial

 Jim's discography

Resenha do álbum Scherer/Batten





     


     


     


     

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