sexta-feira, 15 de agosto de 2025

TOSCO: Brutalidade e Consciência no Metal Nacional

Por Guilherme Freires

Banda da Baixada Santista, em São Paulo, lançou em 15 de fevereiro seu mais recente trabalho ao vivo, Facão Afiado – Ao Vivo em São Paulo, com 12 faixas registradas durante o festival Trash disConcert II, em setembro do ano passado, no Redstar Studios, na capital paulista. O evento contou também com a participação da banda Faces of Death. A produção e mixagem ficaram a cargo de Ivan Pellicciotti, do O Beco Estúdio (Curitiba/PR), enquanto a arte de capa foi assinada por Emerson Silva Maia.

Atualmente formada por Oswaldo Fernandes (vocal), Ricardo Lima (guitarra), Carlos Diaz (baixo) e o novo baterista Bruno Conrrado – também integrante seminal da banda Vulcano , o quarteto apresentou um setlist arregaçador, que capturou toda a fúria e visceralidade da banda no palco. O repertório passeia por três álbuns de estúdio lançados ao longo de quase uma década de carreira.

Com letras que atacam de frente as mazelas da sociedade, o grupo mantém sua sonoridade crua e combativa, entregando um trabalho técnico e intenso. A introdução avassaladora já prepara o terreno para um som brutal, com baixo encorpado, riffs pesados, solos cortantes e uma bateria marcada por pedais duplos e uso preciso do chimbal. O peso das letras e os discursos inflamados de Oswaldo, com seu vocal rasgado e furioso, refletem uma visão crítica e implacável sobre a podridão social e a corrupção política.

O álbum reúne faixas como “Mais Uma Vez”, “O Monstro”, “O Brasil é um Crime”, “Dois Psicopatas”, “Dia de Decisão” e “Lei do Silêncio”, além de destaques como as impactantes “Cala Boca Globo”, “Casa de Noia”, “Cenário de Chacina” e “João do Cão”. O registro encerra com um cover poderoso de “Guerreiros do Metal”, do Korzus, reafirmando a conexão com o legado do metal nacional e mantendo viva a tradição do Thrash Metal Hardcore brasileiro, forjada há mais de quatro décadas.

No momento, a banda busca parcerias para o lançamento físico do álbum e já trabalha em um novo projeto inédito.

Acompanhe a banda nas redes sociais:

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Entrevista - Killrape: Um Novo Olhar Sobre o Thrash Metal Nacional

 


O Killrape foi formado em 1993 pelos irmãos Nilmon Filho (guitarra, ex-Hicsos, Vengeance of Mine e Imperfecta) e Rodson Lemos (vocal). Chamado inicialmente de Corrosive, o grupo alterou o nome e estreou com o álbum “Corrosive Birth” (2010), depois lançou "Corrosive  Legion" (2011) e "Corrosive Master" (2023), após longa espera.  

Sobre o nome da banda Nilmon explica em release: “Killrape é o mal encarnado. Nascido de uma noviça de alma e corpo estuprados, o filho do Diabo chega à raça humana com a determinação e o sentimento de vingança herdados de seu pai. Fazendo de sua mãe biológica sua primeira vítima já no nascimento corrosivo, a saga de filho do Mal começou em 2010."

Confira na entrevista com Nilmon um pouco mais sobre a banda e seu mais recente trabalho, sendo que o Killrape já prepara um novo lançamento, um EP com músicas ao vivo.


- Olá Nilmon. Obrigado pela sua gentileza em nos atender. Parabéns pelo lançamento do álbum “Corrosive Master”, pois o material ficou de primeira…

Obrigado a vocês pelo espaço. Estamos muito orgulhosos com o resultado. Demorou mais do que o esperado mas valeu. O álbum ficou bem do jeito que queríamos. Seguimos no thrash metal mas com características épicas e melódicas que só o Killrape faz.


- Como você pode descrever o trabalho na composição deste tipo de sonoridade?

Não queremos ser mais uma banda que emula o som dos anos 1980 do thrash. Mas também não queremos ser djent ou nenhum tipo moderno de metal. Juntamos tudo que curtimos como influência e juntamos em um som bem original. Com influências, sim, mas diverso e acima de tudo próprio. Eu e Rodson trabalhamos juntos para chegar nesse resultado que nos agrada completamente. E estamos sempre em busca de melhorar.


- Eu escutei o material diversas vezes e, só após várias tentativas, consegui captar parte das suas ideias. Os fãs têm sentido este tipo de dificuldade também?

Que bom! Não deve ser algo também fácil de entender mesmo. Quanto mais você ouve, mais você entende. Nossa ideia é fugir do óbvio mesmo. Por isso abrimos com uma música de 15 minutos. E ainda fechamos o álbum com uma de 1:30 min. O Killrape é isso!

- Existem planos para o lançamento de “Corrosive Master” através da MS Metal Records, atual gravadora de vocês, no formato físico?

Fizemos uma prensagem limitada de maneira independente pelo nosso selo Zombie One Records. Estamos com planos de relançar os três primeiros álbuns pela MS Metal Records com faixas bônus e remasterizados. Fiquem ligados!


- Como estão rolando os shows em suporte ao disco? A aceitação está sendo positiva?

Não temos feito shows. Temos uma formação para executar as músicas ao vivo mas usamos, por enquanto, para gravar em estúdio, ao vivo, e lançar no EP que vem por aí.


- Quem assinou a capa do CD? Qual a intenção dela e como ela se conecta com o título?

Para a capa, fomos direto nas entranhas da história: arrancamos um fragmento de uma pintura do século XV, criada pelo italiano Giovanni de Modena na Basílica de São Petrônio. Essa obra, que escancara o Inferno de Dante em detalhes brutais, mostra sem pudor Maomé sendo devorado por demônios. Arte proibida, blasfema e incômoda — exatamente como a gente gosta. Cada traço carrega séculos de polêmica e guerra entre céu e inferno, um conflito que pulsa em várias letras do Killrape.

No encarte físico, mergulhamos ainda mais fundo nessa iconografia sombria, espalhando trechos desse inferno medieval por cada página. Para a gente, encarte não é perfumaria: é parte do ataque. No Killrape nada é aleatório — tudo é pensado e forjado para atingir quem ousar abrir o álbum.


- “Corrosive Master” foi todo produzido pela banda, confere? Foi satisfatório seguirem por este caminho?

Sim. Nosso som é muito pessoal. Por enquanto, nossa ideia é seguir sem ajuda e opinião de ninguém a não ser nós dois: eu e Rodson.


- Imagino que já estejam trabalhando em novas composições. Se sim, como está se dando o processo e como ele está soando?

Temos uma música velha que queremos gravar com esse time que está conosco nos registros ao vivo, em estúdio. Lançar um single e partir para compor novas músicas. Temos apenas riffs e ideias de letras por enquanto.


- Novamente parabéns pelo trabalho e vida longa ao KILLRAPE... 

Muito obrigado e que possamos voltar em breve para dar mais detalhes sobre as novidades do Killrape. Abraços e vida longa!

 Killrape Instagram 

Phantom Star: Um Hino Moderno ao Heavy Metal e à Resistência Brasileira



Uma das mais promissoras revelações do metal nacional, a banda curitibana Phantom Star apresenta seu novo e impactante single, “I Am the Storm”. 

A faixa, carregada de peso e significado, mergulha na história de resistência dos povos originários, traçando um paralelo com os desafios políticos e sociais do Brasil contemporâneo. 

É um manifesto em forma de música, exaltando soberania nacional, memória coletiva e orgulho pelas raízes guerreiras do povo brasileiro.

Da esquerda para direita: Ricke Nunes (baixo), Maurício “The Fox” (guitarra), Lucas Licheski (guitarra), Matheus Luciano (vocais) e Vinícius ‘Muh’ Vastrinche (bateria)

Musicalmente, o grupo mantém seu DNA inconfundível: uma poderosa fusão de heavy metal tradicional, elementos progressivos, hard rock e uma atmosfera cósmica e enigmática que já se tornou marca registrada. 

As influências de Dio, Savatage e Iron Maiden estão presentes, mas nunca de forma óbvia, aqui, elas são filtradas pela personalidade da banda, resultando em um som grandioso e cinematográfico.

Formada em 2024 por músicos veteranos da cena Metal de Curitiba, a Phantom Star rapidamente conquistou atenção com seu single de estreia, “Touch of a Curse”, elogiado pela intensidade e teatralidade. Agora, com “I Am the Storm”, a banda expande sua paleta sonora e lírica, oferecendo uma música que soa ao mesmo tempo, atemporal e urgente.


Ao ouvir “I Am the Storm”, é impossível não se sentir em um épico. Os riffs são cortantes, os vocais carregam emoção e força, e o refrão, daqueles que ficam na cabeça, soa como um grito de união e resistência. 

É heavy metal como ele deve ser: cheio de atitude, alma e um senso de grandeza que transporta o ouvinte para outro mundo. Se o objetivo da Phantom Star era criar um hino de resistência com cara de clássico, eles chegaram muito perto, e deixam a expectativa pelo álbum de estreia ainda mais alta.

Texto: Jéssica Valentim 
Edição/Revisão: Caco Garcia 


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terça-feira, 12 de agosto de 2025

Cobertura de Show: 7 Seconds – 10/08/2025 – Fabrique Club/SP

O Fabrique Club, em São Paulo, recebeu no último dia 10 de agosto uma verdadeira dose de punk-hardcore com a banda americana 7 Seconds. Com mais de 40 anos de carreira, o grupo mostrou que continua firme e direto ao ponto, igualzinho aos tempos em que surgiu na cena dos anos 80.

Apesar do frio típico de inverno paulistano no lado de fora, o clima dentro do clube já estava quente antes mesmo da apresentação principal começar. Freak Fur e Os Inimigos abriram a noite com riffs intensos e uma presença de palco marcante – um clima perfeito para a chegada do 7 Seconds.






Quando as primeiras notas de “Here’s Your Warning” começaram a tocar, a reação foi quase física – uma onda de empurrões, corpos se chocando e gritos que abafaram por um momento o som das guitarras. Logo depois, “Definite Choice” e “New Wind” fizeram a galera entrar ainda mais no ritmo, criando uma sequência que misturou clássicos e músicas marcantes. A resposta foi rápida: mosh constante e participação ativa do público do começo ao fim.

Kevin Seconds, com seu carisma natural, não ficou só cantando. Ele conversava com o público entre as músicas. Em alguns momentos, se aproximava do palco que parecia quase cair no meio da galera, entregando o microfone para quem tava perto dele gritar versos que há décadas ecoam no hardcore.

O show foi como uma maratona intensa, mas ninguém queria parar. “Walk Together”, “Change in My Head”, “Young ’Til I Die” e “In Your Face” vieram numa sequência forte, com cada refrão sendo cantado junto e cada batida de bateria levando todo mundo ainda mais fundo no mosh pit. No chão, sorrisos se misturavam ao suor, numa sensação de estar participando de um ritual coletivo onde todo mundo conhece o código.

Quando “Leave a Light On” encerrou a noite, a energia ainda tava no ar. Fãs se abraçavam, gritavam agradecimentos e queriam prolongar aquele momento especial. O 7 Seconds saiu do palco, mas o que ficou foi mais do que um eco de acordes – foi um lembrete de que, no punk, as músicas podem envelhecer, mas a chama que as acende nunca se apaga.


Texto: Laila "Blask" Giaretta

Fotos: Raíssa Corrêa

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: NDP Live / Agência Powerline

Press: Tedesco Comunicação & Mídia 


7 Seconds – setlist:

Here's Your Warning

Definite Choice

New Wind

Regress No Way

We're Gonna Fight

Not Just Boys Fun

This Is the Angry

Satyagraha

Tied Up in Rhythm

Sooner Or Later

Remains to Be Seen

Somebody Help Me Scream

Still Believe

Walk Together, Rock Together

Change In My Head

Young 'Til I Die

In Your Face

Leave a Light On

99 Red Balloons (Nena cover)

Bis

You Lose

Trust

The Crew

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

No More Death: Thrash em Album Conceitual e Inspirado pelos Titãs do Estilo

 



O No More Death é o novo  projeto de Tiago Torres, fundador, guitarrista e vocalista da extinta Mad Dragzter, que entre 2001 e 2015 lançou três álbuns, conquistando um espaço bem considerável no cenário nacional, participando inclusive de edição do saudoso festival BMU.

O que temos aqui é praticamente uma continuação do que Tiago produziu anteriormente, ou seja , Thrash Metal inspirado em pilares como Metallica, Exodus e Slayer.

O projeto e álbum, "The Death is Dead", começou a tomar forma em 2024, e mostra o quanto Tiago estava inspirado e ansioso por este retorno, pois podemos sentir a gana e pegada, despejando riffs e mais riffs.


A parte sonora, gráfica, o conceito e o release para imprensa, inclusive com informações faixa a faixa, são muito bem cuidados, mostrando o profissionalismo com que o projeto é tratado, coisa que muitas vezes falta na cena, e daí o povo não sabe porque não sai do lugar.

O álbum traz um conceito central, e os próximos trabalhos darão continuidade à narrativa lírica iniciada nele, a qual Tiago explica no release: "O tema é o mais complexo e profundo de toda a raça humana em todos os tempos: a Morte. Como lidar com ela. Como escapar dela. Como exterminá-la. Como viver para sempre? Isso é possível? Contamos no álbum como isso não só é possível como já foi resolvido".


Tiago Torres gravou todas as guitarras, vocais e baixos do disco, e contou com a coprodução de Demis Kohler, que ficou responsável pela engenharia de som, timbres, mixagem, masterização e ainda gravou todos os solos de guitarra.

O trabalho tem ênfase nas guitarras e riffs, que estão bem “na cara”, e a cozinha sem firulas está bem encaixada na proposta.



Conforme já explicitado acima, a sonoridade é inspirada pelo Thrash Metal forjado na década de 80 pelos titãs do estilo, com velocidade, agressividade, riffs - muitos riffs - e refrãos que prendem de imediato, além de boas doses de melodia.

São 8 petardos Thrash de qualidade bem uniforme, mas destaco aqui algumas que no meu ver se sobressaem e darão uma tônica do trabalho para quem vai pegar para ouvir, e já na abertura, com a faixa título, a No More Death apresenta suas credenciais, com riffs em profusão, refrão forte e pegajoso, velocidade e agressividade, convidativa a abrir rodas de mosh e bater cabeça.


Temos também os tradicionais riffs “cavalgados” em “Forever Young”, faixa  menos acelerada e com solos melodiosos; e destaque extra para o encerramento com “Love is Immortal”, com seu início de atmosfera melodiosa, trazendo várias mudanças de andamento, com peso e melodia, além de um refrão grandioso.

O certo é que em “The Death is Dead” o ouvinte vai se deparar com um álbum consistente, com tudo que espera de um bom disco de Thrash, e que agradará os fãs do estilo. Bem-vindo de volta à cena Tiago, com certeza tem muito a contribuir com o Metal e Thrash brasileiro.

Texto: Caco Garcia 
Fotos: Divulgação 

Tracklist 
The Death is Dead
Thy Glory
Great White Thrones
Forever Young 
Sons of Light
Annihilated 
Dreams About Eternity 
Love is Immortal 








quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Sacrifix: Peso, Técnica e Paixão pelo Thrash Metal

Por Guilherme Freires

Fevereiro trouxe boas novidades para os fãs de bandas como Sodom, Megadeth, Destruction, Slayer e Exodus. A banda paulistana de Thrash Metal Sacrifix lançou, no dia 12 de fevereiro de 2025, seu mais novo EP, "Let's Trash", já disponível em todas as plataformas digitais como Spotify, YouTube e Deezer.

Formada por Frank Gasparotto (vocal e guitarra), Diego Domingos (guitarra), Filippe Tonini (baixo) e Fábio Moisés (bateria), a banda entrega neste novo trabalho toda a brutalidade visceral e a técnica do seu Thrash Metal "old school". Gravado ao vivo no Tori Studios, em Diadema/SP, o EP funciona como um prelúdio para o terceiro álbum da banda, previsto para o final de 2025. As faixas contam ainda com registros de ensaios no Armazém Studio e produção, mixagem e masterização assinadas por Marco Nunes. A arte de capa é de Emerson da Silva Maia, com contracapa e layout de Johnny Z.

O EP "Let's Trash" possui 6 faixas e foi lançado de forma independente.

A faixa-título, "Let's Trash", abre o EP com uma linha de baixo pesada e bem marcada por Filippe Tonini, acompanhada por levadas rápidas de bateria, com destaque para os pedais duplos e o uso do chimbal. Os riffs são agressivos e os solos de guitarra, impressionantes. A composição é coletiva e a letra presta uma verdadeira homenagem ao Thrash Metal clássico, contando ainda com a participação especial de Pedro Zupo (Livin Metal) nos vocais.

"Sacrifix" inicia com riffs pesados e bateria marcada no bumbo duplo, com um toque de cowbell por Fábio Moisés e um baixo consistente. O destaque vai para o vocal intenso e os solos de guitarra afiados.

"Raped Democracy" é uma faixa veloz e brutal, com riffs densos e uma base de bateria similar à da música anterior. O cowbell se destaca novamente, assim como o groove pesado do baixo e o solo de guitarra insano em escala. O vocal rasgado de Frank Gasparotto reforça a agressividade da música.

"Rotten" traz riffs intensos e solos furiosos das guitarras de Frank e Diego, com bateria bem marcada no pedal duplo e baixo poderoso. Os solos são um verdadeiro show à parte.

"Mundo Nojento", única faixa em português, vem com uma pegada brutal. Os solos de guitarra são bem elaborados, a bateria é veloz e técnica, e o vocal entrega a intensidade necessária. É uma faixa que mostra a banda confortável em sua língua nativa sem perder a essência do estilo.

Fechando o EP, temos novamente "Let's Trash", agora em versão ao vivo gravada durante o ensaio no Armazém Studio. A performance reafirma a potência e brutalidade da faixa com execução técnica e precisa.

"Let's Trash" apresenta uma sonoridade poderosa, capturando com fidelidade a energia da banda ao vivo, sem perdas na qualidade sonora. É um lançamento que mostra a força do Thrash Metal nacional e consolida o Sacrifix como uma das grandes apostas do estilo.

O EP já está disponível em todas as plataformas digitais.