sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Cobertura de Show: Grave Digger – 12/11/2025 – Tork N' Roll/CWB

Noite de Heavy Metal épico em Curitiba!

Quarta feira foi noite de Heavy Metal em Curitiba, a banda Grave Digger comemorando seus 45 anos de estrada, juntamente com os suecos do Ambush fizeram mais um dia de semana revigorante para os headbangers da cidade. E ainda teve abertura dos brazucas do Hellway Train para animar o público do happy hour, afinal os trabalhos começaram cedo, por volta das 19:40. 

O evento aconteceu na casa de shows Tork N´Roll, queridinha do público do rock, afinal possui toda a estrutura para deixar qualquer público confortável, ar condicionado, camarotes com jogos, muitas mesas, praça de alimentação completa, incluindo estação central de bebidas e uma adega para os amantes do vinho. Neste dia, não teve separações de pista, sendo que todos tinham o mesmo acesso à frente do palco, com exceção dos camarotes, com vista superior. 

A banda Hellway Train trouxe um repertório autoral, bem executado, porém o volume estava um pouco acima do esperado, prejudicando um pouco a experiência. Os mineiros apresentaram um setlist recheado de canções old school com um toque mais acelerado, deram prioridade para as canções de seu álbum “Borderline”, lançado ano passado (2024) e é claro alguns singles anteriores que fizeram sucesso. 

Ao decorrer do show, o som me lembrou muito o Judas Priest, o que sempre é bem vindo. Apesar da energia e odes de revolta ao sistema e as crenças coletivas, a casa ainda estava um pouco vazia. 

Mas a explicação talvez seja que na mesma noite ocorreu a apresentação do cantor Billy Idol na cidade, e na noite anterior, o Tork N´Roll recebeu os gigantes do Power Metal Hammerfall, com casa lotada. Então, acredito que a onda de shows praticamente simultâneos tenha dividido o público da cidade.

Mas deixemos os pormenores de lado e vamos apresentar os suecos do Ambush, banda formada em 2013 e muito aguardada pelo público brasileiro. Cabe ressaltar, que o grupo é destaque dentre a panelinha da NWOTHM (New Wave Of Traditional  Heavy Metal) pela sua qualidade e originalidade na revitalização do Heavy Metal “Old School”. 

Os músicos subiram ao palco no horário previsto e com muito vigor, digno de banda no auge. A este ponto da noite, a pista já estava bem movimentada com a frente do palco tomada, restando somente as laterais da grade de proteção com algum espaço, para aqueles que preferiram ficar nas mesas se deliciando com as comidinhas de boteco.

A primeira música “Firestorm”, já um clássico da banda, foi avassaladora, deixando o público bem eufórico. Mas um problema técnico na luz, durante a execução da segunda canção, deixou os músicos suecos no escuro, literalmente. Mas existem momentos onde o profissionalismo e garra aparecem, sendo assim, o Ambush continuou a tocar perfeitamente, ganhando a admiração de todos que lá estavam. 

Muitos tentavam iluminar o palco com seus celulares, mas em vão. O apagão continuou durante boa parte do show, mas podia-se ver a movimentação dos técnicos da casa e da banda para solucionar o problema o mais breve possível. Tanto que não houve pausa para anúncios, somente os comentários divertidos da banda, tentando tornar o momento mais descontraído e envolvente.

Após a escuridão, veio a luz, mas somente no início da execução de “Come Angel Of the Night”, que inclusive foi anunciada pelo vocalista, em tom de risada, como sendo bem apropriada para o momento, que tudo começou a voltar ao normal. 

Ressaltando um parabéns a todos os envolvidos em resolver o problema com a celeridade necessária. Inclusive quem estava ao lado direito do palco, presenciou o alívio da equipe técnica, que resultou em abraços e comemorações silenciosas. 

A partir dali foi só comemoração e alegria ao som do Heavy Metal potente do Ambush, que finalizou o show com nada menos que “Don't Shoot (Let 'em Burn)” de seu álbum de estréia.

Por fim, após as emoções dos capítulos anteriores, a tensão e ansiedade cresceu em todos os presentes. Nos bastidores, podia-se ver os integrantes do Grave Digger nos últimos preparativos para sua entrada. Isto graças às aberturas de portas e janelas transparentes que separam banda e público no local. 

Mas somente os olhares curiosos conseguem perceber este tipo de movimentação, que ainda desperta a nostalgia e glamour dos anos de ouro do Metal. 

Mais do que pontualmente, sobem ao palco os músicos que marcaram gerações e influenciaram muitas das bandas do momento, com vocês: Grave Digger! É só o que vem nos pensamentos são “Como descrever esta dinâmica entre carisma, musicalidade, presença e peso?”. Simplesmente não é possível sem ter estado lá. 

O setlist começou com “Reign of bones”, e logo após o término da música, conseguiu se ouvir um alarme tocando, que segundo os falatórios, tratava-se do acionamento acidental do alarme de incêndio da casa. 

Apenas um susto imperceptível, bora para o show, e chegam “Under My Flag”, “Valhalla”, “The Dark of The Sun”, todas cantadas em uníssono pelos fãs. 

Inclusive, entre uma canção e outra, uma pausa para o grito da plateia clamando o nome “Digger” repetidas vezes. 

Pontos fortes da apresentação durante a execução de “Excalibur”, “The Devils 's Serenade” e “Back To The Roots”, esta última, precedida das palavras “Estão prontos para um pouco de Old School Heavy Metal!”. Mas também não faltaram os novos petardos do último álbum da banda “The Bone Collector”, muito bem distribuídos dentre a vasta discografia presente no repertório.

Cabe relatar também uma cena muito emocionante e genuína, por volta das 22 horas ao lado do palco, apoiados em caixas de equipamentos, estavam alguns dos integrantes do Ambush, com os olhos vidrados, assistindo ao show inspirador do Grave Digger. 

Convém ressaltar que a banda ganhou mais presença e força nesta apresentação, em local mais intimista. Fato este, perceptível para os que assistiram a apresentação dos alemães no festival Bangers Open Air 2023 em São Paulo (Na época, ainda chamado de Summer Breeze Brasil). Realmente o palco menor e mais próximo do público fez toda a diferença. 

Por último, não posso deixar de falar que apesar dos longos anos de estrada, o grupo parece ter bebido da famosa “Fonte da juventude”, lenda ligada ao explorador espanhol Ponce de León, tamanha vitalidade e energia apresentada por Chris Boltendahl e companhia. Mais um show com a excelência do Heavy Metal alemão! 

Agradecimentos a produtora Caveira Velha Produções, por trazer a turnê “Latin America Celebrations” a Curitiba. 


Texto: Paula Butter 


Edição/Revisão: Gabriel Arruda




Ambush – setlist:

Firestorm

Possessed by Evil

Evil in All Dimensions

Maskirovka

Desecrator

Hellbiter

Come Angel of Night

Bending the Steel

Natural Born Killers

Don't Shoot (Let 'em Burn)


Grave Digger – setlist:

Reign of bones

Twilight of the Gods

The Grave Dancer

Kingdom of Skulls

Under My Flag

Valhalla

The Keeper of the Holy Grail

The Dark of the Sun

The Curse of Jacques

Shadows of a Moonless Night

The Round Table (Forever)

Excalibur

The Devils Serenade

Back to the Roots

Rebellion (The Clans Are Marching)

Scotland United

Circle of Witches

Witch Hunter

Heavy Metal Breakdown

Cobertura de Show: Billy Idol – 08/11/2025 – Vibra/SP

O show de Billy Idol em São Paulo marcou o retorno do icônico roqueiro britânico ao Brasil, em uma apresentação realizada no Vibra São Paulo, que reuniu um bom público ansioso por reviver os anos 1980. A noite começou com a energia do cantor brasileiro Supla, também conhecido como Papito, que abriu o evento com seu rock direto influenciado pelo punk. 

Acompanhado de sua banda, nomeada “Punks de Boutique”, aqueceu o público com os hits “Green Hair” e “O Charada Brasileiro”, além dos clássicos de sua ex-banda Tokio, como “Humanos” e “Garota de Berlim”. É inegável a influência de Billy Idol na estética de Supla; o próprio reconhece isso e afirma também incorporar elementos de David Bowie em seu visual.  

Para quem acredita que Supla é apenas um personagem, seu show surpreende: ele entrega energia e músicas consistentes, capazes de prender a atenção dos presentes e oferecer um entretenimento sólido, sem desviar o foco da atração principal.

O início do show de Billy Idol foi marcado por uma entrada energética com “Still Dancing”, que mostrou o astro de 68 anos em plena forma, transitando pelo palco e interagindo com os fãs. Em seguida, o clássico “Cradle of Love” pareceu animar um público ainda morno. 

Antes de “Flesh for Fantasy”, o cantor fez sua primeira interação da noite, elogiando a performance de Supla. A faixa “77”, composta em parceria com Avril Lavigne, ganhou uma versão eletrizante. No entanto, foi com “Eyes Without a Face” que Idol realmente conquistou o público, gerando um dos momentos mais emocionantes da noite no Vibra São Paulo. 

Tudo isso foi acompanhado por uma excelente banda formada por Steve Stevens (guitarra), Billy Morrison (guitarra), Stephen McGrath (baixo), Erik Eldenius (bateria), Paul Trudeau (teclado) e pelas backing vocals Kitten Kuroi e Jess Kav, que demonstraram versatilidade ao transitar entre o punk rock e baladas melódicas.

Como todo bom show de rock, não poderia faltar um solo de guitarra, e Steve Stevens cumpriu esse papel com maestria. Iniciando de forma acústica, exibiu técnica e sensibilidade, encantando a plateia. 

Em seguida, apresentou um medley impressionante com trechos de “Over the Hills and Far Away” e “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin, finalizando com “Eruption”, do Van Halen. A performance foi espetacular e rendeu fortes aplausos do público paulistano.

Um dos pontos altos da noite foi a variedade do setlist, que incluiu covers interessantes como “Mony Mony”, de Tommy James & the Shondells, e “Love Don’t Live Here Anymore”, de Rose Royce, ambos interpretados com o carisma característico de Idol. Canções como “Too Much Fun” e a estreia ao vivo de “Gimme the Weight” também ganharam destaque. 

Billy comentou que decidiu incluir a faixa porque recebeu inúmeros pedidos dos fãs brasileiros nas redes sociais, o que foi recebido com bastante entusiasmo. O show manteve a pegada com “Ready Steady Go”, de seu período no Generation X, e com a fusão de “Blue Highway” e “Top Gun Anthem”, que trouxe um tom épico e nostálgico, especialmente para quem viveu os anos 1980.

A reação do público foi mais calorosa nos clássicos que definem a carreira de Billy Idol. Enquanto faixas menos conhecidas mantiveram parte da plateia mais contida, hits como “Rebel Yell” levantaram o público. Antes de iniciar a música, Idol mencionou Keith Richards e Mick Jagger, contando que estava em uma festa com ambos quando Jagger gritou “Rebel Yell”, inspirando o título da canção. 

Nesse momento, o Vibra São Paulo literalmente vibrou, com fãs cantando e dançando como se estivessem de volta aos anos 1980. Esse contraste evidenciou como o setlist equilibrava novidades e nostalgia, sendo nos momentos mais familiares que o público realmente se soltava.

Billy Idol escolheu um repertório que misturou energia punk, baladas e momentos instrumentais impressionantes. Apesar de o público ter começado um pouco frio, Billy conseguiu ganhar o público, impulsionado pelos hits atemporais e por sua conexão genuína com os fãs brasileiros. Foi uma experiência marcante para os amantes do rock, que deixou saudades e alimentou a esperança de novas visitas do astro ao país.


Texto: Marcelo Gomes 


Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Move Concerts 

Press: Midiorama


Billy Idol – setlist:

Still Dancing

Cradle of Love

Flesh for Fantasy

77

Eyes Without a Face

Steve Stevens Guitar Solo / Over the Hills and Far Away / Stairway to Heaven / Eruption

Mony Mony 

Love Don't Live Here Anymore 

Too Much Fun

Gimme the Weight 

Ready Steady Go 

Blue Highway / Top Gun Anthem

Rebel Yell

Bis

Dancing With Myself 

Hot in the City

People I Love

White Wedding

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Entrevista - Bloody Dragon: Os Dragões do Hard Rock Nacional Despontando para o Topo


A Bloody Dragon, banda brasileira de Hard Rock formada na cidade de Natal - RN, segue firme na missão de manter viva a chama do rock pesado cantado com identidade própria. 

Unindo riffs intensos, melodias vibrantes e uma estética que remete ao espírito clássico do gênero, o grupo acaba de lançar seu mais recente trabalho, o álbum “Nightmare”, que marca uma nova fase criativa e busca consolidar sua presença na cena nacional. 

Nesta entrevista, conversamos com a banda sobre o processo de composição, a produção do disco e os próximos passos dessa trajetória.


- Olá Nando. Obrigado pela sua gentileza em nos atender. Parabéns pelo lançamento do álbum “Nightmare”, pois o material ficou de primeira...

Muito obrigado pelos elogios. O trabalho foi árduo, mas também ficamos muito satisfeitos com o resultado do material.



- Como você pode descrever o trabalho na composição deste tipo de sonoridade?

A maioria das músicas foi composta durante a primeira formação da banda, no início dos anos 2000, junto com outro vocalista. Tudo sempre vem com muita naturalidade, as ideias saem da minha cabeça espontaneamente, e minha principal regra é: criar temas chicletes. 

Então, se eu estiver compondo e criar uma melodia que não fique na cabeça ao cantar, eu descarto. Preciso que as frases sejam viciantes. Acho que o hard rock se trata disso, sobre ter melodias marcantes e dançantes, aquela típica música que tocaria tranquilamente nas rádios e alcançaria um público diverso.


- Fale-nos a respeito dos temas que vocês exploram nas letras, e as inspirações em geral do trabalho da banda.

Nossas letras são, em geral, contemplativas e reflexivas, abordamos temas da vida humana. Live Honestly, por exemplo, fala sobre honestidade e viver sem máscaras. É um tema importante atualmente, pois, com as redes sociais, nem sempre vemos as pessoas, mas sim um personagem montado em busca de engajamento.

We Are Free fala sobre a liberdade de viver, de não ter medo de aventuras, sobre não estar preso dentro de si e do quanto precisamos estar em conjunto, os gang voices do refrão são a materialização disso. 

Quanto aos nossos arranjos, tentamos criar um equilíbrio entre riffs e frases complexas, com dissonâncias e cromatismos e progressões mais limpas e diretas, gostamos de brincar com a percepção do ouvinte. 



- Existem planos para o lançamento de “Nightmare” no Brasil, no formato físico? Tivemos contato até agora, apenas o formato digital... 

Por ser um EP, provavelmente ficará apenas no digital, essas 4 músicas serão encaixadas no nosso álbum de estreia, com previsão para sair próximo ano. Aí sim teremos um conteúdo mais completo e melhor trabalhado para lançamento físico. Sabemos o quanto isso apela à nostalgia e, com o modelo de distribuição atual, esse tipo de mídia se tornou também ou souvenir.


- Adorei o fato de trabalharem com o inglês, mas isso não pode vir a atrapalhar vocês no mercado brasileiro?

Existem ótimas bandas de rock e metal no geral que cantam em português. Admiro quem faz, pois não é fácil, nossa língua traz algumas armadilhas métricas dentro desse gênero musical. Decidimos pelo inglês pelo fato do público específico já estar plenamente habituado com a língua, seja na América Latina, Ásia ou Europa, por exemplo, acho que isso acaba abrindo mais portas do que fechando. 

Escrever em português talvez dificultasse nossa possível entrada nesses mercados, bem como não garantiria que furássemos a bolha de outros públicos mais genéricos aqui no Brasil.


- Como estão rolando os shows em suporte ao disco? A aceitação está sendo positiva?

Estão sendo maravilhosos! Escutamos ótimos feedbacks, a cada show que fazemos conquistamos mais fãs e novos seguidores em nossas redes. Tem sido muito bom ver que nosso trabalho tem impactado de alguma forma a vida das pessoas, já temos uma turma que sempre comparece aos eventos.


- Quem assinou a capa do CD? Qual a intenção dela e como ela se conecta com o título?

Eu mesmo (Risos), trabalho com fotografia e edição de imagens há muitos anos, sou design gráfico por formação. A capa do EP se conecta totalmente com o título, é sobre alguem que entra em um pesadelo e vê coisas assustadoras, a experiência é tão intensa que a faz duvidar se está de volta a realidade ou se ainda é tudo um sonho.



- “Nightmare” foi todo produzido pela banda, confere? Foi satisfatório seguirem por este caminho?

Isso mesmo. Foi muito bom, pois tivemos toda liberdade em relação a tempo para gravarmos as faixas, todos os envolvidos têm seu próprio home studio. As faixas foram encaminhadas ao grande Samir Pegado (Baterista da banda Swards), nosso produtor, que ficou com a parte da mixagem. Cássio Zambotto fez a masterização. Dois profissionais muito competentes e que deixaram nosso som em um nível altíssimo.



- E vocês estão trabalhando em novas composições. Se sim, como está se dando o processo e como ele está soando?


Sim, temos músicas compostas para completar o álbum de estreia, estamos primeiro lapidando-as, deixando-as mais sofisticadas. Elas terão uma pegada mais pesada, mas sem deixar as melodias marcantes de lado, podem esperar muita pedrada vindo por aí.


- Novamente parabéns pelo trabalho e vida longa ao BLOODY DRAGON...  

Ficamos gratos pela recepção. Vamos em frente...


Instagram 




Cobertura de Show: Primal Scream – 11/11/2025 – Audio/SP

Primal Scream entrega show histórico na Audio em São Paulo

Na noite de 11 de novembro de 2025, o Primal Scream fez da Audio, em São Paulo, o cenário de uma celebração inesquecível. A banda escocesa, liderada por Bobby Gillespie, trouxe ao público uma apresentação arrebatadora, repleta de energia, carisma e clássicos que marcaram gerações.

Logo nas primeiras músicas, a plateia foi tomada por uma vibração contagiante. Gillespie, visivelmente feliz e à vontade, mostrou por que é um dos grandes frontmen do rock britânico. Com carisma de sobra, interagiu o tempo todo com o público, estendeu as mãos, sorriu, dançou e se conectou de forma genuína com cada pessoa à sua frente.

O repertório passeou por diferentes fases da carreira da banda, misturando psicodelia, rock, soul e eletrônica com a assinatura inconfundível do Primal Scream. Clássicos como Movin’ on Up, Jailbird, Country Girl e Loaded transformaram o espaço em uma grande festa coletiva. Em Come Together, a emoção tomou conta, o público cantou em coro, braços erguidos, como se o tempo tivesse parado ali.

A banda, em sintonia perfeita, entregou uma performance sólida e envolvente. Cada integrante parecia se divertir tanto quanto quem assistia, o que tornou o clima ainda mais especial. O som, equilibrado e potente, valorizou cada detalhe dos arranjos e deixou claro o nível de excelência da apresentação.

No bis, o grupo ainda apresentou uma versão explosiva de No Fun, dos Stooges, encerrando a noite em clima de celebração e pura energia rock’n’roll.

Com mais de três décadas de estrada, o Primal Scream mostrou que continua relevante, inspirador e cheio de vida. O show em São Paulo foi uma celebração da música, da liberdade e da energia que só o rock britânico consegue transmitir.


Texto: Monise Bianchi

Fotos: Gustavo Diakov

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Balaclava Records / Music On Events


Primal Scream – setlist:

Don't Fight It, Feel It

Love Insurrection

Jailbird

Ready to Go Home

Deep Dark Waters

Medication

Innocent Money

Heal Yourself

I'm Losing More Than I'll Ever Have

Love Ain't Enough

The Centre Cannot Hold

Loaded

Swastika Eyes

Movin' on Up

Country Girl

Bis 1

Damaged

Come Together

Rocks

Bis 2

No Fun (The Stooges cover)

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Midnite City: Evolução Sem Risco

Pride & Joy Music (Imp.)

Por Fernando Queiroz

Da leva recente de hard rock, o Midnite City é uma das bandas mais notórias. Seu quinto registro completo, de 2025, é mais um passo na direção certa: não deixam a “alma hard” de lado, ao mesmo tempo que evoluem sua performance dentro do estilo, mesmo que com mais toques de “AOR”, perfeito para a proposta radiofônica.

Logo de cara, com a abertura Live Like Ya Mean It, mesmo que com certo peso, já vemos os teclados com algum destaque, e isso só aumenta na seguinte Worth Fighting For, onde o som dos sintetizadores é bem destacado. O padrão segue por boa parte do álbum, com canções muitas mais lentas, letras de superação, libertação, e todo aquele sentimento “para cima” que têm sido o foco da maioria das bandas do estilo na atualidade. Embora interessantes de começo, sinto que fica cansativo esse foco repetidamente.

A velocidade volta com Heaven In This Hell, em ótima música para “meio de show”, mas logo o som radiofônico volta na seguinte, Running Back To Your Heart, numa boa alusão a clássicos de bandas como o Boston. Ela já dá lugar a uma canção com bons riffs, e até certo virtuosismo, Lethal Dose of Love. Um interlúdio instrumental dá a letra para a bonita balada Seeing Is Believing, a mais longa do disco. Confesso que esperava a entrada de uma música mais pesada no lugar. No melhor estilo Journey, No One Wins tem uma mescla de certo peso com teclados altos, cheia de reverbs nas partes “grudentas” - aliás, o disco é cheio disso! É, no fim das contas, puro suco de Arena Rock anos oitenta, como vem sendo o padrão de bandas de hard rock europeu - algumas melhores, outras piores, e o Midnite City vem se mantendo entre o primeiro grupo.

Hang On Til Tomorrow mantém a atmosfera, mas é com o encerramento que vemos talvez o ápice: When The Summer Ends fecha o disco com claras influências da fase Sammy Hagar do Van Halen - em específico, há uma clara referência à música Dreams.

Um disco que mantém a regularidade, e joga seguro. Não se arriscam, evoluem sua fórmula, e não desapontam. Fica, porém, a sensação de que poderiam ter feito algo mais, colocado mais peso, e ido mais para o lado dos riffs de guitarra. Preferiram usar o teclado para ser o chamariz - não que estejam errados, mas chega um momento que deixa o ouvinte um pouco cansado.

Vale a pena ouvir? Sim! Vai virar clássico? Definitivamente não.

Nota: 7,5

Divulgação


terça-feira, 11 de novembro de 2025

Entrevista - Panaceia: Carregando a sua Arte e Sempre Olhando para o Futuro

 

- Olá Gustavo. Obrigado pela sua gentileza em nos atender. Parabéns pelo lançamento do álbum “Panaceia”, pois o material ficou de primeira...

R - Eu que agradeço pelo espaço cedido para a PANACEIA!

- Como você pode descrever o trabalho na composição deste tipo de sonoridade?}

R - É um processo meio de catarse, deixamos as coisas fluírem naturalmente sem querer direcionar pra alguma direção em especial. Grande parte das músicas surgiram através de improvisos e fomos acrescentando algumas ideias de riffs ou batidas que fomos guardando durante o tempo. O Gabriel tem uma facilidade muito grande de colocar as letras, então as coisas acabam acontecendo de uma forma muito fluida. No processo de gravação ainda fomos lapidando com as ideias do produtor (Adair Daufembach) que ajudou demais a lapidar o resultado final que podemos ouvir hoje. Musicalmente, cada um tem uma bagagem diferente: o Nando puxa muito da parte mais alternativa e progressiva junto com uma pegada mais groove, e eu venho de uma linha mais pesada, com influência do metal moderno. Tudo isso se mistura no som da Panaceia, criando algo que é nosso.

- Eu escutei o material diversas vezes e, só após várias tentativas, consegui captar parte das suas ideias. Os fãs têm sentido este tipo de dificuldade também?

R – O tema geral fala basicamente sobre a resiliência humana baseada nas nossas percepções. Nada é exatamente direcionado, mas são fragmentos de coisas que sentimos ou pensamos naquele momento em questão, talvez isso dificulte o entendimento, mas cada pessoa consegue achar o seu significado. Cada faixa representa um tipo de enfrentamento interno — medo, dor, dúvida, aceitação. No fim, o disco mostra um processo de se entender, de tentar achar a própria “panaceia”. Isso vem de encontro ao momento que compusemos o disco – que foi justamente no período de mudança sonora que tivemos.

- Existem planos para o lançamento de “Panaceia” no Brasil, no formato físico? Tivemos contato até agora, apenas o formato digital... 

R – No momento não temos planos de lançar algo físico, mas não descartamos de fazer algo comemorativo quando oportuno.

- Adorei o fato de trabalharem com o português, mas isso não pode vir a atrapalhar vocês no mercado estrangeiro?

R – Fizemos o disco em português pensando no mercado nacional. Trouxemos a qualidade de produção gringa com a intenção de acharmos o nosso nicho no mercado. Quanto ao mercado estrangeiro  não vemos isso como problema, pois atualmente a língua e cultura brasileira acaba se tornando “cool” lá fora, apesar da barreira do idioma.

- Como estão rolando os shows em suporte ao disco? A aceitação está sendo positiva?

R - Temos feitos shows e a experiência tem sido muito boa. Creio que conseguimos transmitir a nossa energia e cativar as pessoas com a presença de palco e o groove pesado. O feedback é muito positivo, ainda mais se tratando de uma banda relativamente nova no cenário, creio que conseguimos surpreender muita gente.

- Quem assinou a capa do CD? Qual a intenção dela e como ela se conecta com o título?

R - Panaceia é a Deusa que cura todos os males, segundo a cultura helenística antiga. Pensamos em criar algo no sentido “como seria a Panaceia nos dias de hoje, além das esculturas antigas e das pinturas”? Foi aí que encontramos por acaso a foto da capa no instagram de uma seguidora nossa e piramos na hora. Conversamos com ela, fizemos poucas edições e atingimos o que ela é hoje. Essa capa além de representar uma “nova Panaceia”, marca uma fase de renovação da nossa banda, principalmente no quesito artístico, então ela tem uma raiz mais profunda, são duas Panaceias se renovando. Outra coisa bacana é que ela faz referência a alguns discos do Deftones que também possuem garotas na capa, e a coloração referência ao clipe de Here to Stay do Korn, duas bandas que nos influenciam muito.

- “Panaceia” foi todo produzido pela banda, confere? Foi satisfatório seguirem por este caminho?

R - O album foi produzido pelo Adair Daumfembach – ele é catarinense assim como nós, porém, mora nos Estados Unidos faz tempo e veio de lá para gravar conosco.  Ele já trabalhou nos discos do Project 46, Kiko Loureiro (Angra, Megadeth) entre outros nomes do metal, então pra nós foi perfeito. Fizemos o trabalho de pré-produção com o apoio do Marcello Pompéu da banda Korzus que nos ajudou muito. Para a gravação definitiva o Adair deu mais uma revisada no material em estúdio com a gente para definir as versões finais. Chegamos no conceito de que o disco teria que ser pesado, mas ao mesmo tempo polido. A visão, produção e resultado que ele nos trouxe foi fantástica, crescemos muito como banda nesse processo e ficamos extremamente satisfeitos com o que ouvimos.

- Imagino que já estejam trabalhando em novas composições. Se sim, como está se dando o processo e como ele está soando?

R - Sim, já temos coisas novas a caminho. Temos algumas sobras do disco que queremos lançar e estamos compondo um material mais cru e visceral com o intuito de mostrar a nossa veia mais agressiva e direta.

- Novamente parabéns pelo trabalho e vida longa ao PANACEIA...  

R - Seremos eternamente gratos pelo espaço cedido!