O estigma do primeiro trabalho sempre traz uma certa pressão, sendo ele bom ou ruim. No caso do Dry Aged, esses obstáculos não causaram nenhum tipo de medo diante da experiência do trio – formado por Nando Vieira (baixo e vocal), Fulvio Oliveira (guitarra) e o premiado Ivan Busic (bateria, Platina, Taffo, Dr. Sin e Nite Stinger) – neste primeiro trabalho, que além do cuidado na parte musical, traz um excelente material físico em slipcase e uma arte gráfica perfeita que alude, se eu não estiver enganado, o conceito de tempo.
O ‘debut’, homônimo, traz uma experiência musical fabulosa, magnífica e pasmosa. O Hard Rock tradicional estabelece as ordens nas dez faixas do álbum, que até quem não é muito chegado ao estilo, vai se surpreender com a qualidade das composições. Tal pressentimento é notado logo no começo com as excelentes “Not to Blame” e “Sinkin Down”: a primeira temos um belo contratempo de guitarra e baixo, enquanto o ritmo e o swing dita as regras na segunda, trazendo bem as referências de Talisman e Extreme.
A audição evolui sem repetir formula, o que faz o álbum ser versátil em vários momentos, é o caso da melódica “Hide” (que também tem uma versão acústica), a moderna “The City is a Lie”, a balada “That Same Old Song” e a instrumental “Fulvio’s Nightmare” (com elementos de música pop). Destaque também para a pesada “Dopamine” e as excelentes linhas de guitarra que deixaria o eterno (e mestre) Eddie Van Halen com orgulho.
Para quem gosta de uma pegada mais clássica, “Way Out” vai de encontro às influências do Deep Purple graças às linhas de teclado, além de te convidar a cantar o refrão junto com a banda (BREAKDOWN!); “Let it Go Away” também vem da mesma escola com traços mais calmos, principalmente na voz do Nando – também responsável pela produção, mixagem e masterização –, que abusou do driver neste trabalho, lembrando o saudoso Steve Lee, do Gotthard.
De bônus, um cover excelente de "Gimme Shelter", dos Rolling Stones, que está disponível no canal do Youtube. Vale a pena conferir e ouvir!
Em 2021 chegava ao mercado nacional “Inception”. Com um som bem
peculiar e recheado de influencias de horror. Musicalmente teatral. Como foi
construir esta ideia?
O desenvolvimento do “ Ïnception”
foi um processo meticuloso. Eu sempre fui fascinado por filmes de horror, as
trilhas sonoras com atmosferas sombrias e orquestrações grandiosas, isto me
inspira como compositor, o impacto sonoro com o impacto visual. o Alchemia é
uma mistura de muitas influências dentro do heavy metal com a dramaticidade da
música clássica. Essa busca por um som único nos levou ao conceito de Horror
Metal.
Teatral não só musicalmente, mas ao vivo também. Soando bem impactante
visualmente. O que engrandece a apresentação. Mostrando que o Alchemia é uma
banda de palco, certo?
Sim, somos uma banda de palco,
acreditamos que um show deve ser uma experiência completa, envolvendo os
sentidos do público. Por isso trabalhamos com elementos cênicos, figurinos e
efeitos visuais que complementam a música e criam uma atmosfera.
Vocês foram anunciados para a segunda edição do Summer Breeze Brasil.
Qual a expectativa para este grande evento?
Estamos extremamente
entusiasmados, tocaremos no maior festival de heavy metal do Brasil, mostrando
nossa música para milhares de pessoas, este é um ano muito especial para o
Alchemia!
Seguindo o ótimo momento, vocês também estarão no Summer Breeze alemão.
Como foram as negociações para o mesmo?
Recebemos um convite para
tocarmos na edição de 25 anos do Summer Breeze Germany, o que nos deixa
extremamente honrados, ambos festivais são referências no mundo do heavy metal
e esses shows são marcos importantes na trajetória do Alchemia.
Após o anúncio
do show no Summer Breeze Brasil começamos a receber mais atenção por parte da
imprensa local e internacional e dos promotores de eventos. Eu moro atualmente
na Alemanha e estamos desenvolvendo a banda na Europa, participando mais
ativamente da cena musical local.
Já existe a ideia de um sucessor para “Inception”?
Já estamos na fase final da
pré-produção do sucessor que se chamará “Become Human”, escrevi mais de 70
músicas novas para escolhermos as 10 melhores que estarão no álbum, posso
adiantar que este álbum será mais pesado, mais orquestral e mais rápido do que
o nosso primeiro.
Ainda sobre as participações em ambas as edições do Summer Breeze,
teremos alguma surpresa ao vivo ou o set vai ser totalmente baseado no debut?
Vamos tocar o debut e o show de
São Paulo será gravado em vídeo na íntegra, estamos preparando apresentações
especiais para ambas às edições do Summer Breeze.
Seria exagero dizer que algumas influências da banda seria King
Diamond, Rob Zombie e Judas Priest?
São grandes influências, King
Diamond teve um grande impacto na minha vida, quando eu era adolescente fui ao
Monsters of Rock e ali descobri que ele sozinho cantava as linhas agudas e os
vocais graves em drive, antes eu achava que eram duas pessoas cantando e que
aquilo não era possível, eu tinha feito aulas de canto com professores eruditos
que me falavam que eu deveria escolher entre cantar limpo ou cantar rasgado, a
partir deste show decidi que queria fazer aquilo também e passei a estudar
formas de desenvolver minha voz, hoje eu misturo muitos timbres e formas
distintas de cantar.
Judas Priest pra mim é uma grande
referência, considero “Painkiller” a música que define a essência do Heavy
Metal, Rob Zombie tem um peso sonoro e visual que influencia nossa música, além
de Dimmu Borgir com suas orquestrações, Cradle of Filth, entre muitos outros.
Quais os planos do Alchemia pós Summer Breeze Alemanha? 2024 já está
planejado?
No segundo semestre estamos com
uma agenda pesada, teremos tour na Europa e na sequência tocaremos na China e
na América Latina. Estamos em negociação com vários festivais para a temporada
2024/2025 e em paralelo vamos gravar o novo álbum, muita estrada pela frente,
Road to Horror Metal pelo mundo!
Desde que
voltou aos holofotes com o excelente “Blood Of The Nations” (2010), o Accept
não para de compor ótimos trabalhos e fazer shows calorosos, que fazem até o público cantar os solos de guitarra, como disse o guitarrista e fundador Wolf
Hoffmann.
Antes de lançar
o novo álbum, “Humanoid”, e embarcar para uma série de shows pela América
Latina e Brasil, Wolf conversou rapidamente conosco falando um pouco sobre os
fãs brasileiros, o novo álbum e o que podemos esperar da banda nos próximos
anos.
O Accept estará voltando à América
Latina e ao Brasil, especificamente, para uma sequência de shows. Toda às vezes
que a banda esteve aqui os shows foram lotados e, a maioria, com ingressos
esgotados. Há algum momento ou lembrança especial quando estiveram aqui?
Wolf Hoffmann: Os fãs brasileiros são um público
incrível, nossos fãs brasileiros do Accept são os melhores do mundo. Eu diria
que temos ótimas lembranças deles cantando junto conosco. Sabe como é? cantando
junto partes das músicas ao vivo. Às vezes, eles cantam junto com solos de
guitarra, e é como se fosse uma recepção calorosa em casa toda vez que estamos
no Brasil.
No ano passado a banda se apresentou na
primeira edição do festival Summer Breeze, que também acontece todo ano na
Alemanha. Como foi a experiência de tocar em mais um grande festival em São
Paulo, já que, em 2015, vocês também tocaram no Monsters Of Rock?
Wolf Hoffmann: Sim, quero dizer, nós amamos tocar em
festivais porque você consegue alcançar um público maior e você consegue
alcançar fãs que você normalmente não consegue atrair quando faz shows como
atração principal. Mas é sempre uma bela ocasião para conhecer novos fãs, e
tenho lembranças fantásticas de tocar em ambos os tipos de eventos. Como eu
disse, o público brasileiro é incrível e nós os amamos.
Em paralelo aos shows de maio, o Accept
estará lançando seu novo álbum, “Humanoid”, o primeiro com a gravadora Napalm
Records. As duas músicas que foram lançadas mostram que será mais um grande
disco. O que mais podemos esperar deste trabalho e como foi o processo de
composição?
Wolf Hoffmann: Eu acho que você pode esperar um álbum
típico do Accept, que realmente vai te surpreender assim que você o colocar.
Vai soar 100% como o Accept que você conhece, mas ao mesmo tempo são novas
e excitantes músicas que realmente se encaixam nos tempos em que vivemos,
principalmente a faixa-título, "Humanoid", que fala sobre inteligência artificial e o tema do homem versus máquina.
Mas mesmo as
outras 10 faixas ou mais que temos no álbum, elas são típicas músicas de metal que os fãs vão adorar. Temos uma ótima música lenta
neste álbum também, é uma espécie de balada chamada "The Ravages of
Time", e você sabe, é impossível descrever o álbum inteiro. Eu acho que no
fim você terá que esperar até tenha lançado, só vai demorar mais
algumas semanas.
Ejá está definida a data não é? Acredito que estejam ansiosos.
Wolf Hoffmann: 26 de abril, o novo álbum será lançado mundialmente pela
Napalm Records, e estou realmente muito animado para os fãs ouvirem este álbum.
Tocaremos músicas novas quando formos ao Brasil, então com certeza
apresentaremos algumas delas ao vivo já pela primeira vez em estreia mundial.
Nesse começo de ano, o Saxon e o Judas
Priest lançaram álbuns incríveis, e o Accept não será diferente, já que desde o "Blood of the Nations" (2010) lançam discos que sabemos que, quando estivermos ouvindo,
é um disco do Accept. Ao lado dessas bandas, vocês sentem que estão à frente do
Iron Maiden em questão de compor novas músicas, já que eles não lançam um
trabalho convincente há anos?
Wolf Hoffmann: Acho que em poucos segundos você ouvirá
e vai perceber que este é um novo álbum do Accept. Quando você colocá-lo,
parecerá muito familiar, e é isso que realmente estávamos procurando. E tenho
que dar muito crédito ao Andy Sneap por sempre trazer a certeza de que
estávamos no caminho certo. E sim, eu acho que os fãs vão adorar esse novo
álbum. Então temos que esperar e ver quando isso acontecer, mas acho que será
muito emocionante.
Você é o único membro da formação
original a permanecer na banda. Aqui no Brasil, principalmente, as pessoas têm
uma certa resistência em não querer ver a banda se ciclano ou fulano não
estiver nela. Mas o Accept não sofreu com esse tipo de situação, pois tanto os
fãs mais novos e ‘old school’ abraçaram a atual formação. Como você resumiria
esse novo capítulo do Accept e se podemos esperar por muito mais coisas nos
próximos anos?
Wolf Hoffmann: Sim, você pode esperar muito mais nos
próximos anos porque ainda estamos no meio disso. Acho que ainda vamos fazer
muitos mais álbuns, e pessoalmente eu digo para mim mesmo toda vez: o melhor
show ainda não foi tocado e a melhor música ainda não foi lançada. Acho que
ainda estamos querendo melhorar, e ainda estamos, você sabe, tocando em cada
show com todo nosso coração. Em geral, tenho que dizer que conseguimos um
pequeno milagre mudando de vocalista e realmente iniciando um novo capítulo de
muito sucesso na história do Accept. Quero dizer, ninguém poderia realmente ter
previsto tudo isso, porque todo mundo sabe que uma das coisas mais difíceis de
se fazer na história de uma banda é mudar de vocalista, porque um cantor é a
voz da banda e a identidade dela. Mas realmente fizemos o impossível com Mark,
nós realmente quase superamos nosso antigo período do Accept, você sabe, há
muitos fãs que diriam que sempre gostarão, você conhece, "Balls to the
Wall" e "Princess of the Dawn", mas eles realmente gostam tanto
das coisas novas ou talvez até mais do que alguns dos antigos clássicos, e é
uma grande honra para nós que isso significa que realmente, sim, alcançamos o
impossível. Isso também me deixa muito feliz.
O Brujeria voltou ao
Brasil, pouco menos de um ano após sua última passagem, dessa vez para promover
seu mais recente trabalho, “Esto Es Brujeria”, lançado em 2023. Em apresentação
quase “surpresa” (o show foi anunciado há cerca de duas semanas antes do evento),
a banda fez duas apresentações no país, sendo a primeira no festival Abril Pro
Rock em Recife, no dia 30; e a segunda no dia 31, no City Lights, em São Paulo.
Com a casa prevista para
abrir às 19 horas, perto das 18 já haviam fãs aguardando ansiosamente a banda
de Death Grind mexicana/norte americana. Pouco após às 19 horas a casa abriu e,
logo em seguida foi possível ver a banda chegando e acenando aos fãs, ao entrar
pela porta lateral. Aos poucos o público foi lotando o local e já podia se ver
muitos com bandanas cobrindo metade do rosto – elemento típico da apresentação
do Brujeria – e também alguns usando máscaras de lucha libre.
Às 20:10 a banda formada
por Juan Brujo (primeiro vocal), Fantasma (segundo vocal), Pinche Peach
(terceiro vocal), Hongo (baixo), Podrido (bateria) e El Criminal (guitarra),
sobe ao palco do City Lights abrindo o show com “Esto Es Brujeria”, faixa
título do último álbum. Vale dizer que somente os Juan Brujo e Fantasma
dividiram os vocais na primeira música do set.
Em seguida, Pinche Peach foi
anunciado e ovacionado pelos fãs, chamando a todos para a música “Colas de
Rata”, que quase colocou o local abaixo. E foi assim durante toda a
apresentação: mosh, stage diving e público cantando a plenos pulmões.
Apesar dessa tour celebrar
o último álbum, a banda mesclou o set com músicas de todos os seus trabalhos, o
que agradou aos presentes.
“Hechando Chingasos”, “Mexorcista” e “Cruza La
Frontera” conseguiram manter o clima caótico de rodas e pancadaria. Enquanto
isso, aproveitando o palco baixo, os que conseguiram ficar (e se manter) mais
próximos do palco, abusaram de selfies e vídeos, inclusive uma fã conseguiu que
quase todos integrantes da banda assinassem seus braços para que, segundo ela,
pudesse tatuar os autógrafos de seus ídolos mais tarde.
Em “Desmadre” foi possível
notar que o baterista teve um pequeno problema técnico com uma de suas estantes
de pratos, então logo após a música, houve uma breve pausa e os vocalistas
interagiram ainda mais com o público. Inclusive há muitos momentos de
interação, movimentos coreografados, mesmo se você não é fã da banda, é
impossível ficar parado e não responder aos comandos do Brujeria.
Seguindo o set com
“Mochado”, “Angel de la Frontera”, “Vayan Sin Miedo” (cantada por quase todos
presentes), “La Ley del Plomo” (talvez o mosh mais enérgico), o Brujeria parece
que fez o tempo passar muito rápido, pois mesmo com um set longo e diverso, a
apresentação é cativante e poderosa. Talvez o único momento em que se possa
dizer que o show “amornou”, foi durante “Castigo del Brujo”, única música sem
mosh até então.
Mas isso não durou muito…
Com o show chegando ao fim, a sequência de músicas escolhidas colocou a energia
lá em cima novamente. “Marcha de Odio”, o clássico “La Migra”, “Brujerismo” e
“Consejos Narcos” fizeram o público agitar e cantar até o último segundo. Em
mais um momento de interação, os integrantes da banda solicitaram aos presentes
marijuana e não demorou muito a conseguirem.
Para encerrar a noite,
“Matando Güeros”, clássico do álbum de estreia, a banda empunhando machetes,
convida alguns sortudos para dividirem o palco com eles. Ao encerrar o show, o
som mecânico traz as primeiras notas de uma canção muito conhecida na América
Latina, a “Macarena”, mas aqui a versão do Brujeria onde se canta: “eh,
Marijuana, ay!”
E foi assim, nesse clima
de festa, maconha e energia, que o Brujeria mais uma vez fez uma apresentação
inesquecível em São Paulo.
A ideia sonora do Alchimist vai além do Thrash Metal em si. Tendo uma
linha bem tênue com o Heavy Metal mais tradicional. O que deixa a sonoridade
bem interessante. A ideia sempre foi essa?
Primeiramente, obrigado pela
oportunidade dessa conversa e sim, a ideia inicial era mesclar várias vertentes
do heavy metal fazendo com que o nosso sonho fosse o mais autêntico possível. Para
que pudéssemos criar uma identidade forte e até hoje essa identidade ela é bem
reconhecida pelos fãs e tem dado bons frutos.
Quais influências tiveram para criar a arquitetura sonora?
Nossa influência não foge muito
das bandas mais tradicionais de heavy metal. Adicionado claro, as bandas do
metal nacional e musicalmente nós temos muita influência da música brasileira na
parte melódica e em outros elementos, que giram em torno do metal.
Em 2016 nascia o debut “The Wisher”. Com uma gama sonora forte e
marcante. Conte-nos a respeito da parte criacional do mesmo.
Na época nós não tínhamos tanta
experiência em composições e gravações então estávamos à procura desse formato,
dessa identidade, dessa forma de compor e dessa forma de expressar. Desde lá
até aqui fomos criando experiência e fomos também gravando com outras bandas,
tocando com outros projetos e ampliando a nossa gama sonora.
Como foram as críticas do trabalho na época? Acredito, que até hoje
repercute positivamente para a banda.
Em geral positivas! A análise
girou em torno do que realmente parece ser o “The Wisher” como trabalho que é:
uma mistura entre metal progressivo e power metal. Então na época essas não
eram as nossas influências mais presentes, mas temos muito orgulho de ter feito
dessa forma.
Na época próxima ao lançamento saímos em muitos sites e atendemos
a muitas entrevistas então a repercussão foi bem positiva e logo após o
lançamento nós fizemos muitos shows, principalmente no ano seguinte em outras
cidades perto da nossa cidade Natal.
Oito anos se passaram do primeiro álbum. Existe uma previsão de
lançamento para o sucessor?
Durante todos esses anos
estivemos compondo e fazendo músicas novas. Nosso próximo trabalho sairia
durante a pandemia ali em 2020, no entanto, pelo próprio acontecimento da
pandemia nós tivemos que postergar tudo isso e só agora em 2024 temos previsão
para lançar um novo álbum. Com single novo saindo durante o mês de abril.
Tivemos também algumas mudanças de formação na banda e tudo isso leva bastante
tempo para reestruturar e consolidar o que já tem como trabalho. O próximo
álbum será um trabalho conceitual muito robusto e que traduz verdadeiramente o
momento atual da banda.
Em 2023 foi lançado o live “The Ritual”. Tocando na integra “The
Wisher” com a adição da composição “Obsessed”. Comentem sobre a ideia de lançar
um disco ao vivo. Eu particularmente sou muito fã dos lives.
O disco ao vivo sempre expressa
bem o som de uma banda e eu também sou muito fã de trabalhos ao vivo, e a ideia
foi justamente aproveitar o momento de lives e shows ao vivo pela internet para
fazermos um registro e deu muito certo! O material ficou com uma qualidade
decente (não ficou extremamente profissional), mas o registro é muito válido e
a ideia é fazer com que todos os álbuns tenham álbum ao vivo após o lançamento
em estúdio.
Eu particularmente gostei bastante do resultado e acho que mostrou
bem a pegada do Alchimist. A faixa “Obsessed” já era tocada ao vivo e estará
presente no próximo álbum e decidimos colocar no trabalho ao vivo por mostrar
esse nosso lado mais atual.
Em relação aos shows, vocês tocarão com o Angra em breve. Como está a
expectativa? O que estão planejando para este grande momento?
A expectativa é a melhor
possível! Vamos tocar duas músicas novas e além de trocar experiência com a
equipe do Angra e experimentar um novo setlist nesse segundo show com um novo
baterista o Pedro Isaac. Vai ser um grande show e esperamos fazer isso mais e
mais vezes.
Finalizando, gostaria de saber os próximos passos da banda e se pudesse
criar um ranking dos cinco melhores álbuns de Heavy Metal de todos os tempos,
quais seriam? Obrigado pela participação!
É difícil criar um ranking dos 5
melhores álbuns, mas vale a tentativa: Iron Maiden (The Number of the Beast),
Black Sabbath (Paranoid), Sepultura (Beneath the Remains), Angra (Temple of
Shadows) e em primeiro lugar tem que ser o “Painkiller” do Judas Priest que em
minha opinião é o álbum que mais traduz o que é heavy metal.
O Farpado é um daqueles tantos novos nomes que surgem na cena e merecem ser "descobertos". O faz um Thrash/Death Metal e foi fundado em Campos Gerais (MG), em fevereiro de 2023. Contando com a dupla Eduardo Oliveira no vocal e Clayton Ferreira nos demais instrumentos, eles contam que o Farpado surgiu da vontade de compor e gravar material autor
E sem contar com capital para investir a dupla conta em seu release: "Nós mesmos demos nosso sangue pra aprender o que era necessário para gravar e produzir o álbum, além de criar a arte da capa."
A banda foi criada e já iniciou trabalhando firme, lançou inicialmente os singles “Autofagia” e “Invasão” com videoclipes criados pelo coletivo Motim Underground, e em dezembro de 2023 foi lançado o primeiro álbum: “Devorador de Sí”.
O álbum contém nove faixas e o grupo enfatiza que seu foco é o peso e crítica social. Com letras todas em português, eles contam que elas tratam "da destruição causada por nós ao meio ambiente e as nossas escolhas egoístas e cruéis que mantém tantos em miséria."
E o que ouvimos é exatamente isso, peso e crítica social com letras bem elaboradas, sonoridade Thrash, às vezes com nuances mais contemporâneas e passagens com riffs bem Death, além de Flertes com o Crossover, destacando a criatividade do trabalho de Clayton, criando bases e riffs que empolgam e convidam ao headbanging. Além claro, de ser responsável por gravar os demais instrumentos.
Falando um pouco sobre algumas das faixas desta muito boa surpresa vinda de Minas, destaco já a "Lamaçal", que alterna momentos mais velozes a outros com mais "Groove" e andamentos mais lentos. O vocal alterna o gutural com trechos mais berrados e "discursados" e limpos.
"Autofagia" alterna trechos mais compassados com outros mais diretos e mais rápidos, inclusive trechos com riffs e cozinha Death Metal, além do solo áspero e cortante; "Invasão", cuja letra fala sobre a subjugação histórica de povos sobre outros, tentando inclusive impor seus costumes e não respeitando as culturas diversas. Thrash porrada, que termina flertando com o Punk/Hardcore.
"Estrutura Biológica" é Thrash/Death, alternando trechos meio tempo com outros mais arrastados, numa levada Doom Metal de riffs soturnos e pesadíssimos. Tem também participação de Francieli Oliveira nos vocais, médica e musicista mineira, que mandou muito bem, alternando vocais agressivos e mais limpos.
"Discriminação", o título já fala por si só, então você já sabe que a letra trata de um assunto que infelizmente ainda a humanidade precisa muito evoluir. Com seu andamento arrastado e peso esmagador, nos incita a bangear de punhos cerrados contra todos os tipos de discriminação.
"Acrobata da Dor" , poema de Cruz e Sousa aqui recebendo uma musicalidade Metal, mais um dos pontos altos, com suas variações e peso, unindo o Thrash e Death. Lembrando de destacar as variações vocais de Eduardo Oliveira no álbum, alternando vocais guturais, limpos e mais "berrados", bem Thrash tradicional.
Resumindo, uma boa surpresa, Thrash/Death pesado e direto, mas ainda assim com variações que mantém o interesse do ouvinte e convidam a bater cabeça. Em pouco mais de meia hora apresenta credenciais de assumir o posto de uma das boas revelações do cenário Metal nacional. Confira!!