Formada em 2007, no Rio de Janeiro, a Revengin se consolidou no cenário do Metal brasileiro com uma proposta que combina peso, melodia e letras reflexivas.
A banda lançou em 2009 o EP “Synergy Through The Ashes”, que abriu caminho para o primeiro álbum completo em 2012, "Cymatics”, o qual também foi lançado na Europa em 2014 pelo selo Secret Service, e no mesmo ano a banda fez sua primeira tour no exterior.
Após turnês e participações em importantes festivais, como o Rock in Rio em 2022, e já com um outro EP lançado, o grupo lançou em abril deste ano o seu segundo full-lenght, “Dark Dogma Embrace”, sob o selo europeu Wormhole Death Records”, álbum que aprofunda ainda mais a sonoridade da banda e traz novas camadas à sua identidade musical.
Nesta entrevista, a vocalista Bruna Rocha, uma das fundadoras da banda, fala sobre a trajetória construída até aqui, detalhes sobre o novo trabalho e planos para o futuro.
RtM: Passaram-se 12 anos entre “Cymatics” e “Dark Dogma Embrace”. O que vocês consideram que foram as maiores mudanças na sonoridade da banda de lá para cá? Bruna: O “Cymatics” foi surgindo conforme íamos gravando, foi um álbum bastante experimental em todos os sentidos. Hoje estamos mais maduros não apenas pelo tempo, mas também musicalmente e quanto à direção que queremos tomar.
Já o “Dark Dogma Embrace" acredito que seja um álbum mais visceral, mais obscuro e com elementos modernos agregados às orquestrações, que sempre foram a base de nossas composições. Outra diferença está no vocal, que explora outras “regiões” além do lírico.
RtM: Prosseguindo sobre o novo álbum, quais são as temáticas centrais que vocês buscaram abordar nas músicas? Alguma faixa em especial carrega um significado mais profundo ou pessoal para a banda? Bruna: O "Dark Dogma Embrace" é, de forma geral, um álbum mais pessoal, que explora sentimentos que muitas vezes tentamos esconder ou ignorar. O maior exemplo disso é a faixa "Wish You the Same but Worse". Ela é visceral e traduz exatamente o que queríamos transmitir.
RtM: As letras do Revengin sempre parecem carregar uma atmosfera intensa e ao mesmo tempo reflexiva. Como vocês trabalham a construção lírica das músicas? Bruna: Geralmente eu componho as letras, e elas sempre têm a ver com algo que estou pensando ou sentindo. O mesmo acontece com a orquestração: os instrumentos escolhidos, os momentos em que entram ou se destacam — tudo isso faz parte da expressão desses sentimentos.
RtM: A Revengin já tem 17 anos de carreira. O que vocês consideram como os maiores momentos da banda? Bruna: Temos alguns… Nossa primeira vez na Europa, quando fomos praticamente com a cara e a coragem após um convite de uma pessoa que nos assistiu em um evento na Maré. Os shows na Argentina também foram marcantes, pois estavam entre os primeiros liberados após o lockdown. Claro, o convite para o Rock in Rio e, agora, o lançamento de “Dark Dogma Embrace”.
RtM: E sobre a participação no Rock in Rio, como foi a experiência? Existe algum festival que vocês consideram o festival dos sonhos? Bruna: Foi totalmente inesperado. Recebi uma ligação da produção enquanto estava dando aula — nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer. Foi do nada. Para nós, foi um verdadeiro “intensivão” em todos os sentidos, principalmente sobre o que significa ser profissional. E, sim, o festival dos nossos sonhos é o Wacken.
RtM: A Revengin é considerada por muitos uma banda de Symphonic Metal, mas vocês já disseram em outras entrevistas que a sonoridade vai além do sinfônico. Vocês acham que, no fim das contas, tantos subgêneros dentro do metal atrapalham mais do que ajudam na hora de o público conhecer novas bandas? Bruna: Acredito que sim. Essa necessidade de nichar acaba, muitas vezes, criando uma separação — e até um certo preconceito. Isso faz com que ótimas bandas não sejam conhecidas justamente por estarem “presas” a um estilo. Isso acontece com a gente.
Quando tocamos, às vezes há pessoas que dizem não gostar de “metal sinfônico”, mas acabam nos escutando e se surpreendem. Já ouvimos muitas vezes frases como: “Não gosto de metal sinfônico, mas curti muito o som de vocês”, e essas pessoas inclusive acabam comprando nosso material.
RtM: Agora que a banda assinou com um selo italiano, existe alguma previsão de uma nova turnê internacional? O que muda agora que vocês fazem parte da WormHole Death Records? Quais são os planos para o futuro? Bruna: Sim! Acabamos de finalizar a primeira parte da turnê nacional com o "Dark Dogma Embrace". Em outubro vamos para a Europa. Fazer parte de uma gravadora nos tira da zona de conforto em todos os sentidos, estamos aprendendo muito todos os dias.
Após a turnê europeia, o plano é iniciar a produção do próximo álbum, que já está praticamente todo composto, tanto em músicas quanto em temática. Muitas novidades estão a caminho.
RtM;E como tem sido a resposta do público internacional ao trabalho de vocês? Bruna: Tem nos surpreendido bastante. Para nós é muito gratificante, porque o “Dark Dogma Embrace" é um álbum importante e arriscado, uma verdadeira virada de chave. Receber ótimas críticas de fora nos faz perceber que todo o esforço valeu a pena.
Somos uma banda brasileira, onde o Metal ainda não é culturalmente reconhecido. Então, ver esse retorno internacional nos mostra que estamos no caminho certo — e, ao mesmo tempo, aumenta nossa responsabilidade.
RtM: E quanto ao cenário nacional do Metal e da música alternativa: como vocês avaliam o espaço para bandas independentes como o Revengin hoje no Brasil? Bruna: Percebemos uma movimentação em prol das novas bandas de metal, ainda que de forma tímida. Poderíamos estar muito mais avançados, já que o público brasileiro para o estilo é grande. Não entendemos por que o Metal não é incentivado como acontece com o samba, o funk e outros gêneros.
Por outro lado, vemos grupos e iniciativas trabalhando para promover o metal, e esse número vem crescendo. Quanto mais apoiamos novas bandas, mais incentivo o estilo recebe. Isso gera mais consumo, mais festivais e mais espaço. Eu mesma escuto muitas bandas nacionais, até porque também sou produtora e incentivadora do Metal autoral, especialmente das novas gerações.
RtM: Com o avanço das redes sociais e das plataformas de streaming, quais têm sido os maiores desafios e oportunidades para a banda em termos de divulgação e alcance do público? Bruna: Esse é, sem dúvida, um dos maiores desafios atuais. Somos de uma época em que as pessoas conheciam a banda pelos shows, de boca em boca. Hoje, com a internet, tudo acontece mais rápido. Existe a necessidade constante de produzir material novo, com qualidade, e isso exige tempo e investimento.
Apesar das plataformas oferecerem um alcance maior, a divulgação não é necessariamente mais fácil, pois precisamos lidar com algoritmos e impulsionamentos pagos. O “jabá” mudou de forma. Para bandas independentes, ainda é difícil alcançar o público esperado sem investimento em tráfego pago. Então, precisamos produzir cada vez mais e melhor, até conquistar uma entrega orgânica consistente.
RtM: Agradecemos pelo tempo para nos conceder esta entrevista. Parabéns pelos anos de trabalho e dedicação — que muitas conquistas venham nessa nova fase. Bruna: Nós que agradecemos muito pelo espaço e pela oportunidade de falar sobre nós e nosso trabalho.
Com uma discografia que já chega a nove álbuns de estúdio - sem contar discos ao vivo e EPs -, o que não falta ao Epica, uma das maiores bandas de metal sinfônico do mundo, e a maior no geral dos Países Baixos, escolher músicas para um setlist é sempre um desafio. Claro que, em muitos casos, algum álbum vai ficar de fora totalmente, mas sempre há aquela música de cada disco que mais as pessoas querem ouvir. Segue algumas que gostaríamos que fossem tocadas!
The Phantom Agony - Cry for the Moon
É inevitável falar sobre essa canção que é o primeiro grande sucesso da banda, aquela que os alçou ao estrelato no gênero. Também é, em termos gerais, o maior hit da banda até hoje, e está presente em todos os shows, desde o começo até hoje.
Consign to Oblivion - Dance of Fate
Outro grande hit, não é presença constante em todos os shows, mas é uma das mais icônicas músicas da banda. Diferente da maioria das mais famosas canções do Epica, Dance of Fate se aproxima do power metal em sua estrutura, e não tem os vocais guturais de Mark Jansen presentes - algo que, num geral, é uma exceção, não a regra na trajetória da banda.
The Divine Conspiracy - Chasing the Dragon
Uma das músicas mais longas da trajetória da banda, ela acaba sendo encoberta por músicas mais famosas do disco, como Never Enough. Porém, é possível dizer que foi essa canção que pavimentou os rumos que a banda seguiria nos discos subsequentes, com guturais mais fortes, baterias muito rápidas intercalando com momentos mais “balada”. Seria incrível vê-la novamente sendo tocada em shows.
Design Your Universe - Tides of Time
Composta por Coen Janssen, tecladista da banda, é um dos destaques do disco desde seu lançamento, há mais de quinze anos. Se tornou, inclusive, um símbolo da “nova fase” do grupo holandês.
Requiem for the Indifferent - Storm the Sorrow
Esse é, provavelmente, o álbum menos “querido” do Epica entre os fãs, e de forma alguma obteve um sucesso tão grande quanto os anteriores - foi a época, também, que Simone Simons teve cabelos loiros, o que causou estranheza entre seus fervorosos fãs. A canção Storm the Sorrow, porém, foi um dos destaques do disco, e sempre que grande parte dos fãs fala bem desse disco, citam essa canção.
The Quantum Enigma - Unchain Utopia
Mark Jansen acabou ficando conhecido como alguém muito interessado em física quântica, e supostamente estou muito sobre o assunto. Não para menos, usou o tema como base em muitas de suas músicas, e o álbum em questão, um dos mais adorados na fase mais recente da banda, foca especificamente nisso. A faixa Unchain Utopia, a mais curta do disco se tirarmos os interlúdios, foi o cartão de visitas para o que esperar do registro completo, e é presença constante em shows.
The Holographic Principle - Universal Deathsquad
Das canções do Epica, em toda sua carreira, essa é uma das mais pesadas, quase se aproximando do Death Metal! Levando em conta que a banda tocará junto ao Fleshgod Apocalypse em sua turnê brasileira, essa música é uma pedida infalível para agradar todos os presentes no evento, seja para ver os holandeses, quanto para quem quer assistir ao show dos italianos do FGA primariamente.
Omega - Abyss of Time-Countdown to Singularity
A abertura do penúltimo álbum dá a letra: sinfônico, pesado, com ótimos duetos entre Mark Jansen, também compositor da canção, e Simone Simons! O álbum, no geral, segue a linha proposta aqui, que é onde temos a ideia do que esperar.
Aspiral - Apparition
O polêmico último disco do Epica, claro, vai ser o foco do show. Um disco que foca mais no lado progressivo e modernizado da banda, para muitos foi de difícil assimilação; apesar disso, o disco já pode ser considerado um sucesso, e a atual turnê prova isso! Apparition foi tocada pela primeira vez no início de Agosto, e só foi executada duas vezes ao vivo. Porém, como foi assim nos dois últimos shows que a banda fez até o momento, podemos dizer que é uma séria candidata a vermos por aqui; com seus menos de cinco minutos de duração, encaixa perfeitamente no setlist.
O aguardado retorno, após mais de um ano, do Epica ao Brasil, ao lado dos italianos do Fleshgod Apocalypse, acontece no início de Setembro. Confira as informações completas!
SERVIÇO
Data: 14 de setembro de 2025 – domingo
Local: Terra SP
Endereço: Av. Salim Antônio Curiati, 160 – Campo Grande, São Paulo – SP
Horário: 18h
Ingressos:
PISTA – 1o Lote
Meia Entrada / Solidária: R$ 250,00
Inteira: R$ 500,00
PISTA PREMIUM – 1o Lote (Livre acesso ao setor premium em frente ao palco e ao camarote / mezanino)
Meia Entrada / Solidária: R$ 350,00
Inteira: R$ 700,00
CAMAROTE – 1o Lote
Meia Entrada / Solidária: R$ 350,00
Inteira: R$ 700,00
PACOTE VIP / MEET & GREET
É necessário comprar um ingresso separadamente! O PACOTE VIP inclui: • Meet & Greet com o Epica / • Oportunidade de tirar uma foto com a banda / • 1 Camiseta exclusiva do Epica / • 1 Credencial oficial do Epica / • 1 Cordão oficial para a credencial / • Acesso à casa de shows antes do público em geral
A banda carioca de Symphonic Heavy Metal, Revengin, lançou em 11 de abril de 2025 seu segundo álbum de estúdio, intitulado Dark Dogma Embrace. Composto por 10 faixas, o trabalho foi lançado pelo selo italiano Wormhole Death Records.
Produzido, mixado e masterizado pela própria banda, em parceria com Rômulo Pirozzi e Caio Mendonça, no renomado Tellus Studio, conhecido por trabalhos com Onslaught, Ektomorf e Borknagar.
Formada em 2008, a Revengin atualmente conta com Bruna Rocha nos vocais, Thiago Contrera nos vocais guturais e guitarra, Themys Barros na guitarra, Diego Pirozzi no baixo e Nacife Jr na bateria.
Com quase 17 anos de trajetória, a banda já se apresentou na Europa, passando por países como Hungria, Holanda, Eslováquia, Polônia e Alemanha. Sua sonoridade mistura Heavy Metal Tradicional, Metal Extremo e Metal Sinfônico, com influências góticas e vocais inspirados por artistas como Floor Jansen do Nightwish.
"Dark Dogma Embrace" revela uma sonoridade mais madura e conceitual, explorando emoções humanas em uma atmosfera sombria. As letras transmitem essa carga emocional de forma impactante, acompanhadas por uma execução técnica envolvente e poderosa.
A faixa de abertura, "Circle of Mistakes", apresenta bateria marcada, riffs pesados de guitarra, um groove intenso no baixo e uma voz misteriosa. A atmosfera gótica operística é reforçada pelos sintetizadores e pelo vocal lírico nos refrãos.
"Decadent Feeling" inicia com sons sintetizados e um solo de guitarra hipnotizante, acompanhado por uma bateria cadenciada que mantém o peso. A música constrói uma atmosfera plena até seu clímax final, onde bateria e vocal operístico se unem em um dueto impressionante com o vocal gutural.
"Wish You the Same but Worse" destaca-se pela sua estrutura mais encorpada, com sintetizadores criando uma atmosfera dark misteriosa. Os solos de guitarra e o vocal lírico se sobressaem nesse tema.
"Hall of Mirrors" possui bateria bem marcada que se integra organicamente às partes sintetizadas. Os vocais melódicos e guturais alternam com solos de guitarra hipnotizantes e baixo pesado, formando uma atmosfera épica.
"Huntress of Shadows" inicia com uma enxurrada pesada de bateria e baixo marcante. A combinação dos sintetizadores com vocais melódicos e guturais cria um clima épico típico do Symphonic Power Metal.
"No Saints in Glory" apresenta uma pegada mais cadenciada e leve na composição, com bateria marcada e riffs pesados de guitarra. O destaque fica para o dueto entre vocais melódicos e guturais.
"Caught in Dark" traz um ritmo mais alegre de balada, com sintetizadores que criam uma atmosfera envolvente. O vocal impecável e o solo de guitarra chamam atenção.
"Rising Sun" apresenta uma atmosfera misteriosa e sombria, com bateria marcada, baixo pesado e riffs duros. Os sintetizadores aumentam a sensação de crescimento e escuridão na música. Os vocais melódicos e guturais se destacam nesse clima crescente.
"Sublime Awakening" inicia com riffs pesados de guitarra, baixo groove intenso e bateria marcada junto aos sintetizadores. O vocal melódico e o solo de guitarra hipnotizante merecem destaque.
A faixa final, "Deep Within", encerra o álbum com maestria: uma peça instrumental cadenciada, com bateria suave, vocais em coro e solo de guitarra em escala junto aos sintetizadores que criam uma atmosfera épica de encerramento.
Dark Dogma Embrace é um álbum conceitual singular — maduro, técnico e que eleva a banda a um novo patamar dentro do gênero. Cada faixa transmite emoções distintas através das atmosferas dark e misteriosas criadas pelos sequenciadores e sintetizadores.
Recentemente, a banda se apresentou em São Paulo no Arena Galeria em 7 de agosto ao lado das bandas Midgard e Motores Malditos. No dia seguinte, 8 de agosto, tocou na La Iglesia ao lado de Far Beyond Empire e Angelique.
O álbum está disponível em todas as plataformas digitais como YouTube, Spotify e Deezer, além de possuir edição física para compra.
Uma das bandas que mais cresceram no metal europeu nos últimos anos vem pela terceira vez ao Brasil em setembro.
Por Fernando Queiroz
Os italianos do Fleshgod Apocalypse desembarcam junto ao Epica no próximo mês para uma série de apresentações no Brasil. É a terceira vez da banda no país – as outras foram em 2017 e em 2019 – e hoje, em seu auge de popularidade mundial, se encontram com formação renovada e com seu mais recente álbum sendo entre os mais elogiados para apresentar ao público brasileiro pela primeira vez. Confira aqui cinco razões para você não perder os shows do quinteto nessa turnê que conta com dois dos maiores nomes do metal sinfônico mundial da atualidade.
1) É a primeira vez que vêm ao Brasil com Veronica Bordachinni como vocalista principal! Embora a cantora já se apresentasse há anos com a banda como backing vocal e fizesse os vocais líricos, após a saída de Paolo Rossi da banda ela acabou por assumir as funções do ex-membro nos vocais limpos e rasgados, que complementam os guturais do líder Francesco Paoli. Vale a curiosidade: Veronica já cantou com o próprio Epica, no EP The Alchemy Project (2022), na faixa The Great Tribulation.
2) O álbum Opera é um de seus melhores discos, e merece ter suas músicas ouvidas em shows! Lançado em 2024, o disco é uma reflexão sobre os momentos que Francesco Paoli passou entre a vida e a morte, e o primeiro a contar apenas com Veronica nos vocais limpos. Foi extremamente elogiado pela crítica especializada, e já se enquadra entre os clássicos da banda.
3) Celebrar a vida e estar vivo! Como dito anteriormente, o frontman da banda passou por momentos difíceis nos últimos anos. Em 2021, ao escalar uma montanha, Francesco sofreu um acidente quase fatal, ficou pendurado durante horas pela corda, e quebrou mais de 25 ossos pelo corpo. Quase morreu, e as possibilidades de ficar paralisado para o resto da vida eram altas. Estar hoje tocando, cantando e fazendo turnês gerou uma mudança na percepção e abordagem que ele tem para com os shows que faz. Hoje, segundo ele, cada show é como se fosse o último, e cada noite é um momento para dar tudo de si. Podem esperar uma apresentação incrível!
4) Uma outra abordagem ao sinfônico! É verdade que, sim, o Epica é a atração principal da noite, mas para seu público, vale a pena conhecer uma abordagem diferente do metal sinfônico. Diferentemente dos holandeses, o Fleshgod Apocalypse é mais pesado, e aposta mais nos vocais guturais e em limpos ou rasgados, com as partes líricas em segundo plano – o oposto do praticado por seus companheiros de turnê. Como ambas as bandas abordam, de formas diferentes, o sinfônico, as orquestrações e os pianos, a possibilidade de você, fã de Simone Simons e seus companheiros, acabar por se tornar, no mínimo, um admirador dos italianos mais pesados no gênero.
5) Uma banda de músicos de primeiríssima linha! Não apenas Veronica, uma cantora de ópera e musicista formada, e Francesco, que já tocou literalmente todos os instrumentos na banda, seja em estúdio ou ao vivo, hoje a banda conta com outros instrumentistas gabaritados. Francesco Ferrarini, tecladista, já arranjou e compôs para bandas históricas, como Kreator, Amorphis, Angra, e Dimmu Borgir, só para citar algumas. O baterista ucraniano Eugene Ryabchenko já tocou com outros grupos importantes, como Belphegor e Vital Remains. Por último, mas não menos importante, Fabio Bartoletti gravou guitarras com o Epica, no mesmo EP e faixa que Veronica.
Por sua vez, os holandeses do Epica vêm ao Brasil pouco mais de um ano após sua última passagem pelo país, que foi em 2024 no Summer Breeze Brasil, para divulgar seu novo álbum Aspiral, lançado em abril desse ano.
As informações sobre o show que acontece em São Paulo você confere abaixo!
SERVIÇO
Data: 14 de setembro de 2025 – domingo
Local: Terra SP
Endereço: Av. Salim Antônio Curiati, 160 – Campo Grande, São Paulo – SP
Horário: 18h
Ingressos:
PISTA – 1o Lote
Meia Entrada / Solidária: R$ 250,00
Inteira: R$ 500,00
PISTA PREMIUM – 1o Lote (Livre acesso ao setor premium em frente ao palco e ao camarote / mezanino)
Meia Entrada / Solidária: R$ 350,00
Inteira: R$ 700,00
CAMAROTE – 1o Lote
Meia Entrada / Solidária: R$ 350,00
Inteira: R$ 700,00
PACOTE VIP / MEET & GREET
É necessário comprar um ingresso separadamente! O PACOTE VIP inclui: • Meet & Greet com o Epica / • Oportunidade de tirar uma foto com a banda / • 1 Camiseta exclusiva do Epica / • 1 Credencial oficial do Epica / • 1 Cordão oficial para a credencial / • Acesso à casa de shows antes do público em geral
Fotos: Amanda Vasconcelos (Roy Khan) e Caike Scheffer (Roy Khan e Edu Falaschi)
Roy Khan é um daqueles vocalistas que merecem uma posição de destaque no cenário do Metal – e de forma mais do que merecida –, sendo capaz de conquistar até os menos sensíveis com seu timbre angelical e elegante.
Afastado dos holofotes desde sua saída do Kamelot, em 2011, o norueguês vem reconquistando espaço desde que se reuniu novamente com o Conception. No entanto, foi após sua participação no show de Edu Falaschi, em janeiro do ano passado, em São Paulo, que Khan percebeu o quanto ainda pode ir além. A partir dessa experiência, decidiu investir em uma promissora carreira solo.
Essa nova fase começa oficialmente no próximo dia 5 de julho, com um show imperdível em que ele apresentará o clássico The Black Halo na íntegra, acompanhado por uma orquestra sinfônica.
Em meio aos ensaios, o vocalista conversou com o Road to Metal sobre esse novo momento da carreira. Confira a entrevista!
O que te levou a voltar a compor e cantar? Foi mais como um insight, um chamado interno ou você sentia falta da música no geral?
RK: Bom, mesmo durante a minha pausa, eu ainda tocava um pouco de piano e compunha algumas músicas. Mas só quando me reconectei com o pessoal do Conception, em 2016, que realmente senti que era algo que eu queria muito fazer de novo, que é voltar à cena do metal.
Acho que foi uma combinação de um chamado interior e de sentir falta disso tudo. Ainda sou muito apaixonado por isso. Eu sou um pouco como um cavalo de circo. No fim das contas, eu meio que sabia que isso acabaria me puxando de volta. Então, aqui estou eu.
A sua forma de cantar através dos anos se transformou, e hoje além de transmitir mais leveza, é tão pessoal que dá a sensação de que você está conversando diretamente com quem te ouve. Esta transformação foi intencional considerando quem você é hoje ou ocorreu naturalmente com o tempo?
RK: Obrigado! Eu realmente aprecio o fato de que as pessoas percebam o meu canto e a minha performance como algo pessoal. Sempre foi importante para mim que tudo o que eu canto e escrevo seja algo que tenha um significado para mim. Acho que isso torna muito mais fácil interpretar de forma convincente. E, claro, minha voz muda com o tempo, minha mente também muda com o tempo – e tudo isso se reflete na forma como eu canto e me apresento.
Em relação ao seu processo criativo, há algum contexto que o favoreça a inspiração (momento, hora do dia, ambiente, humor)? Ele passou por mudanças ao longo de cada projeto?
RK: Ah, boa pergunta. Às vezes, as ideias simplesmente surgem do nada enquanto estou fazendo algo totalmente diferente, aí eu preciso tomar cuidado para anotar ou gravar. Mas quando marcamos uma sessão de composição, sempre tentamos nos afastar da vida cotidiana. A gente se isola numa cabana nas montanhas para garantirmos que não haja distrações e que estejamos em um ambiente que proporcione espaço para a criatividade. E isso sempre foi assim, basicamente.
Suas composições de forma geral, são com base em coisas que você acredita, vivências pessoais, histórias que te marcaram ou apenas é conduzido pela sua inspiração momentânea?
RK: Como eu disse, tudo o que eu escrevo e canto é muito mais fácil de interpretar de forma convincente se eu realmente acreditar naquilo ou tiver algum tipo de conexão pessoal com o tema. Ao mesmo tempo, a inspiração do momento é importante, mas isso não é algo com o qual se possa contar sempre. Então, o ideal é estar em um ambiente, em uma situação, que seja inspiradora de alguma forma.
Tem algo muito bonito na forma como suas músicas acolhem. Você pensa nisso – em quem vai ouvir – quando compõe? Já ouviu algum relato de fã que te emocionou?
RK: Obrigado! É, eu realmente penso em como tudo que eu escrevo pode ser percebido pelo ouvinte. E eu tenho várias experiências de fãs que ouviram minhas músicas e elas realmente significaram algo em suas vidas. Tenho várias cartas em casa de pessoas dizendo que minhas músicas salvaram suas vidas e que também significaram algo em relacionamentos com outras pessoas. E isso, realmente, faz todo esse trabalho duro valer muito a pena.
Como você enxerga sua relação com os palcos? Sentiu que houve mudança de significado em relação à sua performance e entrega emocional?
RK: Sim, como em tudo na vida, acho que a idade e a experiência realmente te deixam mais confiante no que você está fazendo. E isso também se aplica a mim. Eu não sinto que o significado de se apresentar ou a entrega emocional – que sempre foram importantes para mim – tenham mudado. Tudo gira em torno de estar totalmente presente no momento e criar uma conexão especial com o público.
Como você sente o público neste retorno? Os fãs antigos conseguiram caminhar com você até aqui ou você acha que está trazendo um novo público nessa nova fase?
RK: O público é realmente o fator X, ele significa tudo quando se trata de fazer um show de sucesso. Se você não tem o público com você é meio difícil estar lá em cima, embora eu seja profissional e tudo mais, mas isso me afeta de alguma forma. Eu encontro muitas pessoas que me acompanham durante toda a minha carreira – ou pelo menos há muito tempo. E algumas delas trazem amigos, filhos… E é muito legal ver pessoas novas e jovens na plateia. Talvez a coisa mais legal seja ver todas as pessoas que descobriram o Kamelot depois que eu saí e achavam que nunca teriam a chance de me ver ao vivo. Ver que elas tiveram essa chance de me ver no palco me deixa feliz.
Sua parceria com artistas brasileiros como o Edu Falaschi e a banda Maestrick foi algo pontual ou você sente que pode ser o início de algo maior? Podemos esperar mais colaborações suas com músicos daqui?
RK: Sim, é meio engraçado eu ter essa conexão com o Brasil agora. Depois do show no Tokio Marine Hall no ano passado com o Edu Falaschi, a gente começou a conversar sobre fazer algo assim de novo em conexão com o 20º aniversário do The Black Halo.
O Edu é um cara incrível, um grande músico, um excelente compositor e uma pessoa super bacana e gentil. O mesmo vale para o pessoal do Maestrick. Na verdade, neste momento, estou em São José do Rio Preto ensaiando com o Maestrick, porque eles vão ser a minha banda nesse show do dia 5 de julho.
E sim, acho que vem mais coisa por aí. Talvez a gente componha algumas músicas juntos, talvez façamos mais shows juntos. Já tem alguns marcados para este outono. Então, sim, as coisas estão indo muito bem.
Sobre a sua carreira solo, tem algo que você gostaria que a gente, como fãs, soubéssemos desde já sobre esse projeto? E o que podemos esperar do que vem por aí?
RK: Esses primeiros shows em que estou apresentando músicas do Kamelot são, de certa forma, o pontapé inicial da minha carreira solo. E vem mais por aí! Haverá material novo, mais colaborações e... bom, quem sabe o que mais? Estou muito empolgado com tudo isso, e o meu conselho é: fiquem ligados, porque tem mais vindo aí.
O que você gostaria de dizer para quem vai estar na plateia te esperando no dia 05/07, ansiosos por esse reencontro – não só como o artista, mas como o Roy Khan em essência?
RK: Eu, pessoalmente, estou extremamente empolgado com isso. Estou muito feliz por ter essa chance de subir ao palco e cantar essas músicas que significam tanto para mim. Também sei que isso significa muito para muitos fãs, e sou muito grato ao Edu Falaschi por me dar essa oportunidade de tocar para um público como esse. Agora, espero que a gente grite junto, ria junto, chore junto e se divirta o máximo possível. Com certeza vou dar o meu melhor! E espero ver vocês lá no dia 5 de julho, no Tokio Marine Hall, em São Paulo. Aí vou eu!
Sábado, 24 de maio, foi marcado por uma noite cheia de surpresas na vinda de Tarja Turunen e Marko Hietala a São Paulo em sua turnê no Brasil. E quando falamos de surpresas, não é eufemismo, começando pela banda de abertura Madzilla, vinda de Las Vegas que nos trouxe um show pra cima, melódico e com a apresentação de sua nova guitarrista e de um arriscado português demonstrando seu respeito ao público brasileiro.
Infelizmente, ao final da abertura, tivemos a notícia de que Marko Hietala não poderia fazer seu show acústico devido a problemas médicos, mas quem decidiu desistir do show e receber o reembolso não esperava que Marko iria se recuperar a ponto de conseguir subir ao palco ao lado de Tarja na parte final e encerramento de seu show.
Tarja subiu ao palco junto a sua orquestra impecável fazendo o público vibrar com seu vocal potente e sua simpatia, sem falar de sua beleza impactante e sua desenvoltura em cima do palco relembrando clássicos de sua carreira solo.
Para quem vêm acompanhando seus shows ao Brasil, já sabe que Tarja fez uma homenagem a Rita Lee cantando seu grande sucesso Ovelha negra, mas o que não estávamos esperando era a participação de seu amigo, Kiko loureiro, o que deixou fez o chão do Tokio Marine Hall tremer. Importante lembrar que Kiko Loureiro, já considerado um dos melhores guitarristas do mundo estará no mesmo palco no dia 7 de junho.
Após esse dueto Tarja volta ao seu show e o que todos esperavam aconteceu, Marco entra ao palco para fazer sua participação e nos surpreende cantando boa parte do show, incluindo sucessos do Nightwish da época em que estavam juntos na primeira formação.
Tarja encerra seu show com um dos seus maiores sucessos da carreira solo I Walk Alone e com um discurso emocionante se despedindo da sua turnê e de São Paulo. Não precisamos dizer o quanto tudo foi incrível, a orquestra, músicos, os duetos, mas nada próximo a luz e força que Tarja Turunen nos trouxe nesta noite.
Marko Hietala, conhecido por sua carreira no Nightwish e no Tarot, está prestes a lançar
Roses from the Deep, seu segundo álbum solo, no dia 7 de fevereiro pela Nuclear Blast.
Durante uma entrevista coletiva com jornalistas sul-americanos, Marko compartilhou
detalhes sobre o novo projeto, que reflete sua jornada pessoal, liberdade artística e
experimentação musical.
Por que um álbum solo?
Marko explicou que a ideia de criar um álbum solo veio de forma natural durante o
período de isolamento da pandemia, enquanto superava um longo episódio de
depressão e ansiedade. “Eu já tinha começado a compor antes mesmo de decidirmos
oficialmente fazer um álbum. A ideia cresceu quando percebi que tinha as pessoas
certas para trabalhar comigo e explorar sonoridades diferentes das do Tarot ou
Nightwish.” Ele destacou que Roses from the Deep é menos centrado no heavy metal
tradicional e combina rock clássico, metal progressivo e elementos acústicos.
Som cinematográfico e diversidade
A atmosfera cinematográfica de faixas como Frankenstein’s Wife chamou a atenção dos
entrevistadores. Marko explicou: “Não foi algo exatamente intencional, mas quando
adicionamos camadas, dinâmicas de banda e orquestras, o resultado se torna
expressivo dessa forma. Buscamos variedade entre as músicas sem perder a coerência
do álbum como um todo.”
Influências e temas
Marko mencionou que Left on Mars reflete seu amor por ficção científica: “Tenho um
grande histórico de leitura de ficção científica, então uso simbolismos fortes
conscientemente nas letras.” Já Impatient Zero é mais pessoal, abordando um período
de escuridão em sua vida: “Essa música é como colocar em palavras e música uma
parte sombria da minha história, algo para eu observar e processar.”
Colaborações marcantes
O álbum inclui participações especiais, como Tarja Turunen em Left on Mars e JP
Leppäluoto em Two Soldiers, uma balada orquestral com tema anti-guerra. “JP e eu
compartilhamos uma espécie de irmandade de estrada, então foi natural fazer essa
parceria. A música ganhou um impacto emocional tão forte que até minha esposa e
sogra choraram ao ouvi-la pela primeira vez.”
Um álbum com identidade própria
Marko enfatizou que o processo criativo foi profundamente colaborativo. “Eu sempre
entrego demos aos caras da banda e deixo espaço para eles contribuírem. Isso
enriquece o resultado final e adiciona elementos que eu nunca teria pensado sozinho.”
Ele também ressaltou que a gravação seguiu uma abordagem "old school", com a
banda tocando junta no estúdio: “Queríamos capturar o groove e a vibe do grupo, e não
algo excessivamente polido ou artificial.”
Turnês e futuro
A turnê de lançamento começa no mesmo dia do lançamento do álbum, na Finlândia,
com a participação de Nora Louhimo (Battle Beast). Depois, Marko se junta a Tarja
Turunen para uma série de shows na Europa, antes de chegar à América do Sul em
maio. Sobre os planos futuros, ele afirmou: “Não quero me limitar a um gênero
específico. Se surgir uma ideia que seja realmente poderosa e sinfônica, eu a seguirei.
Mas, no momento, estou gostando da liberdade de explorar diferentes estilos.”
Reflexões pessoais
Hietala revelou que o diagnóstico de TDAH o ajudou a compreender melhor sua
jornada: “Estar deprimido e ansioso é exaustivo. Quando alcancei um ponto em que
comecei a melhorar, isso também se refletiu na música. Este álbum é mais enérgico e
positivo, mesmo que algumas faixas ainda tenham uma atmosfera sombria.”
Roses from the Deep não é apenas um álbum, mas um testemunho da resiliência e
criatividade de Marko Hietala, unindo narrativas profundas, sonoridades diversificadas e
sua marca única no heavy metal.
Agradecimentos à Nuclear Blast e ao Marcos Franke pelo oportunidade de ter participado da coletiva online
A banda sueca de metal sinfônico Therion retornou ao Brasil no dia 11 de setembro para apresentação única. O show em São Paulo marcou o início da turnê latino-americana, que inclui outros sete países além do Brasil.
Conhecidos por mudar de estilo musical ao longo de sua carreira e agregar ao seu som letras que abordam de mitologia e ocultismo à magia e antigas tradições, os suecos chegaram para promover o lançamento do seu 19º álbum de estúdio, “Leviathan III”, lançado em dezembro de 2023 e que fechou a trilogia de álbuns Leviathan.
Sem show de abertura, a banda subiu ao palco do Carioca Club pontualmente às 20:30, conforme previsto pela produção. Liderados pelo guitarrista Christofer Johnsson, o line-up contou com Thomas Vikströn (vocal), Chris David (baixo e que também toca nas bandas Majestica e Wizdoom), Lori Lewis (vocal, que retornou para essa tour, devido aos problemas de saúde de Chiara Malvestiti, que também se tornou mãe recentemente), Rosalia Sairem (vocal), Christian Vidal (guitarra, também membro das bandas Full Nothing, Soul Kick e Patricia Sosa) e Sammi Karppinen (bateria).
É importante dizer que o line-up da banda tem alterações constantes e que nem sempre os músicos responsáveis pela gravação dos álbuns são os mesmos que participam das apresentações ao vivo, algo comum em bandas da magnitude do Therion.
O set foi aberto por “Seven Secrets of the Sphynx”, do álbum Deggial. Seguido por “The Crowning of Atlantis”, a dobradinha foi suficiente para levar o público presente ao êxtase. “Ruler of Tamag” foi a primeira música do álbum da tour em questão a ser executada. Apesar de ser relativamente “novo”, os presentes pareciam estar familiarizados e receberam bem as músicas mais novas.
“Ginnungagap” do álbum Secret of the Runes manteve a empolgação do público. O set deu sequência passando por várias fases da banda, com destaque para “Nigikal” e “Typhon” que contam com vocais guturais e refrões marcante e, “Clavicula Nox” e “Black Sun” do magnifíco álbum Vovin.
Com aproximadamente uma hora de show, “El Primer Sol” deu uma esfriada na audiência, mas isso não durou muito, pois a belíssima “Litany of the Fallen” energizou novamente o Carioca Club.
As vocalistas Rosalia e Lori são um destaque à parte. Extremamente talentosas e afinadas, ambas apresentaram performance impecável. Isso foi notado principalmente em “Eye of Algol”, onde Rosalia impressionou com sua interpretação e potência vocal.
“Mark of Cain” foi anunciada por Lori, que mencionou que a canção poderia ter entrado no álbum "Vovin", mas segundo Christofer Johnsson, sua sonoridade talvez não se encaixaria naquele álbum, então acabou entrando para o Crowning of Atlantis. Com riffs que beiram o hard rock, foi uma das músicas em que o público mais agitou.
Seguindo com “Tuonela”, “Ayahuasca”, “Wine of Aluqah”, “Nightside of Eden” (ovacionada pelo público e introduzida com um mini solo de bateria) o show ia se encaminhando ao fim, mas não sem antes a banda apresentar a música obrigatória em suas tours na América Latina desde 2005, “Quetzalcoatl” do álbum Lemuria.
“Lemuria”, “Sitra Ahra” e o super hit “To Mega Therion”, que foi cantado em uníssono pelos fãs, encerraram o show. Ou ao menos era isso que a banda queria que os fãs pensassem… Voltando para o encore, com direito a coro do público, “The Rise of Sodom and Gomorrah” e “Son of the Staves of Time” finalizaram a apresentação, que durou mais de duas horas.
Assim foi o show do Therion, em sua décima passagem pelo Brasil. Essa foi uma oportunidade ainda mais especial, pois no mesmo dia em que o show ocorreu, Christofer Johnsson anunciou na página oficial do Therion no Instagram, que a banda não voltará a fazer tours até 2029, visto exceções com uma apresentação ou outra em festivais.
Sem dúvidas, foi uma noite muito especial e que não sairá da memória e do coração dos fãs presentes tão cedo.
Maestro Mistheria iniciou cedo na música, sendo pianista, tecladista, tecladista e organista, produtor e compositor, envolvido tanto nos gêneros clássico quanto no rock/metal. (Read The english version here)
Após a formatura - com partitura integral - no Conservatório de Música no curso "Órgão e Composição", Mistheria iniciou sua carreira como artista solo, músico de sessão e produtor.
Possui inúmeras e prestigiadas colaborações, tanto em estúdio como ao vivo, com muitos artistas e grupos internacionais, entre eles sensações como Bruce Dickinson (Iron Maiden), Roy Z (Rob Halford), Rob Rock (Chris Impellitteri), Mike Portnoy, Steve Di Giorgio (Testamento), Jeff Scott Soto, Mike Terrana, Joel Hoekstra (Whitesnake), Mark Boals (Ring of Fire), Edu Falaschi (Angra, Almah).
Mistheria vem ao Brasil na turnê do novo álbum de Bruce Dickinson, e aproveitamos a ocasião para conversar a respeito do seu trabalho com o lendário vocalista do Iron Maiden, e claro, um pouco sobre sua carreira solo, o fantástico Vivaldi Metal Project e muito mais.
RtM: Olá Maestro, obrigado por reservar um tempo para esta entrevista. E em breve você estará aqui no Brasil junto com Bruce Dickinson na turnê do álbum "The Mandrake Project". Acredito que suas expectativas devem ser altas com a turnê e a visita à América do Sul.
Mistheria: Olá e obrigado por me convidar para a entrevista. Teremos 7 shows no Brasil. Eu sei que Bruce tem uma base de fãs enorme, muito leal e entusiasmada. Estou realmente ansioso para compartilhar alguns momentos emocionantes com o público brasileiro. Não vejo a hora!
RtM: Acredito que também ajudará mais pessoas a conhecerem o seu trabalho aqui. Haverá algum espaço no show para um solo de teclado, talvez? Você planeja algo especial para as apresentações?
Mistheria: Sim, também há alguns espaços para meus solos de teclado, o show é cheio de momentos interessantes.
RtM: Você tocou em outros dois trabalhos de Bruce, "Tyranny of Souls" e "Scream for me Sarajevo", conte-nos um pouco sobre como surgiram essas oportunidades, e como você se sente fazendo parte do trabalho solo de Bruce novamente tantos anos depois?
Mistheria: Em 2003 fui contactado por Roy Z com quem já tive o grande prazer de trabalhar no álbum “Eyes of Eternity” de Rob Rock. Roy estava trabalhando em “Tyranny of Souls” de Bruce e me pediu para gravar os teclados daquele álbum. Continuamos a colaborar nos álbuns “Holy Hell” e “Garden of Chaos” de Rob Rock.
Começamos a trabalhar no “The Mandrake Project” de Bruce em 2012 e finalmente o temos em mãos agora. O processo de gravação foi intenso, criativo e emocionante. Estou muito feliz que esta nova obra-prima esteja agora disponível para todos ouvirem.
RtM: E como é trabalhar com uma lenda como Bruce? Você teve espaço para colaborar nas composições? Vejo que nesse novo álbum o teclado tem muito mais participação.
Mistheria: No “The Mandrake Project” tive a oportunidade de gravar muitos teclados e trabalhar em algumas orquestrações, além de dar vazão a muitas ideias. Me inspirei em músicas tão lindas, e quando as demos incluíram os vocais de Bruce, finalizei todas as minhas partes.
Roy Z e Bruce me pediram para gravar o máximo possível, então eles trabalhariam nisso durante o processo de mixagem. Gosto muito deste processo de trabalho, é profundamente estimulante para mim. Eles também me deram algumas dicas e orientações a seguir. Foi fabuloso trabalhar com eles no álbum.
RtM: E sobre esse álbum, que tem uma atmosfera mais sombria, o que você poderia dizer sobre ele e quais músicas dele você mais gostou e gostaria de tocar ao vivo?
Mistheria: Difícil de responder :) Adoro todas as faixas! Gosto de adicionar um pouco de “cor” às músicas, ambientes sombrios, sons espaciais, órgãos e coros góticos, etc. Na verdade, tive a oportunidade de gravar muitos deles neste álbum, então estou muito satisfeito e feliz com o resultado. Eu adoraria tocar uma das minhas músicas favoritas ao vivo, “Afterglow of Ragnarok”, e de fato vamos tocar!
RtM: Agora falando sobre sua carreira em geral. Você começou na música muito jovem, segundo sua biografia, graças ao seu pai e a um amigo da família. Conte-nos um pouco sobre esse início e como era sua rotina.
Mistheria: Correto. Meus pais adoram música e meu pai me apresentou o acordeão que foi meu primeiro instrumento. Tive 7 anos de aulas particulares antes de ingressar no Conservatório de Música, e dez anos depois me formei em “Órgão e Composição”.
Minha rotina era praticar todos os dias, inclusive feriados e feriados, valeu a pena. Quando decidi me tornar músico profissional, abençoei todas as milhares de horas gastas no instrumento e nos livros.
RtM: E quais compositores mais te inspiraram naqueles primeiros anos?
Mistheria: Bach, Chopin, Vivaldi, Beethoven, Mozart, Liszt, para citar alguns.
RtM: E o interesse pelo Heavy Metal? Quando você começou e quais foram as principais influências que te inspiraram a se aprofundar no estilo?
Mistheria: Durante meus estudos acadêmicos comecei a ouvir Jon Lord e Keith Emerson, e claro suas bandas. Posteriormente Pink Floyd, Genesis, King Crimson, Yes e muitas outras bandas de rock progressivo dos anos 70 e 80.
RtM: Conte-nos um pouco sobre suas primeiras experiências no palco e quais foram suas primeiras aventuras com uma banda.
Mistheria: Minha primeira banda foi o Mirage, seguindo as influências da época, escrevemos rock progressivo também seguindo os passos de grupos da cena italiana como Il Banco e Le Orme.
Com o Mirage tive as minhas primeiras experiências em palco tocando em concertos de verão e competições para grupos emergentes. Uma primeira experiência de turnê, porém, foi com uma orquestra de entretenimento com a qual geralmente tocávamos música pop italiana e internacional. Eu tinha cerca de 18 anos.
RtM: Algumas pessoas mais puristas não gostam da mistura de música clássica e Heavy Metal, eu pessoalmente adoro e acho que os estilos têm muito em comum. Qual é a sua opinião sobre isso? E quais artistas ou bandas, além de você - que é mentor do maravilhoso projeto "Vivaldi Metal Project" - uniram melhor esses dois mundos?
Mistheria: Sou um músico clássico, mas sempre vi a música como uma expressão de 360 graus de sentimentos e emoções. A música não é um fim em si mesma, mas é o objetivo final da nossa expressão e das nossas emoções. Minha filosofia musical e minha criação, o Vivaldi Metal Project, são baseadas nisso.
Existem grandes bandas que combinam muito as duas esferas de um mesmo mundo musical, bandas que gosto muito como Epica, Rhapsody of Fire, Delain, Nightwish, Xandria, Yngwie Malmsteen, Beyond The Black, Adagio, e outros grupos da sinfônica -cena metálica.
RtM: Aproveitando a oportunidade, conte-nos um pouco como surgiu a ideia do “Vivaldi Metal Project”.
Mistheria: Já ouvia "As Quatro Estações" de Vivaldi quando frequentava a escola obrigatória. Coloquei esta maravilhosa obra-prima em loop durante meu dever de casa da escola.
Durante os meus estudos no Conservatório, nos momentos de descanso, gostava de fazer arranjos rock/metal das peças que estudava e trazia para as aulas, como os Prelúdios de Bach, as Danças Húngaras de Liszt, os Nocturnos de Chopin, etc.
Depois comecei a criar peças deste tipo a pedido, até que, numa noite de inverno, enquanto tocava piano no meu quarto, disse para mim mesmo: porque não arranjar toda a ópera “As Quatro Estações” de Vivaldi? Dito e feito...
RtM: Em 1998 você lançou sua primeira Rock Opera, "Imperator", gostaria que você nos contasse um pouco sobre ele, o seu conceito e processo criativo. Um álbum difícil de encontrar para ouvir, inclusive músicas deste álbum você rearranjou e gravou em álbuns posteriores. Quais foram os principais motivos que o levou a regravá-las?
Mistheria: "Imperator" foi uma coleção de músicas que eu escrevi, concebi e colecionei para um show meu chamado "Metamorphosis", no qual combinei vários artistas e diferentes formas de arte: música, dança, teatro, gráficos e vídeo .
A maioria eram músicas que estavam, portanto, ligadas a partes visuais, como vídeos e dança, ou que funcionavam como trilha sonora de partes narrativas. Por isso ouvir é um pouco “difícil”, porque falta uma parte fundamental, que é a visual. De qualquer forma, queria reunir estas músicas num álbum para relembrar este meu trabalho, quase um precursor do que seria o Vivaldi Metal Project cerca de 13-14 anos depois.
RtM: E sobre o álbum “Messenger of the Gods” (2004), que reuniu um time de estrelas e foi gravado em vários lugares diferentes. Conte-nos um pouco sobre como foi fazer esta produção e, claro, sobre o seu conceito.
Mistheria: Eu poderia dizer que “Messenger of the Gods” foi a sequência natural, depois de 3-4 anos, do show e álbum “Imperator”. A diferença foi que mudei meu caminho musical para caminhos mais difíceis, portanto Rock e Metal, e assim comecei oficialmente minha carreira como artista solo nos gêneros Neoclássico, Prog-Metal e Symphonic-Metal.
Para "Messenger of the Gods" tive cerca de 30 grandes músicos (Rob Rock, Mark Boals, Anders Johansson, Barry Sparks, Jeff Kollman, Matt Bissonette, Tommy Denander, George Bellas, só para citar alguns). Minha ideia de música é baseada na colaboração entre músicos e na troca de ideias para fazer vibrar as cordas da emoção.
RtM: Em 2010 temos "Dragon Fire", que eu pessoalmente gosto muito, e acho que é um álbum maravilhoso para quem gosta dessa mistura de Metal e música clássica com muita pompa e arranjos bombásticos! Conte-nos um pouco sobre esse álbum e como foi o impacto dele na época.
Mistheria: “Dragon Fire” é um álbum que solidificou minha presença no mundo do Metal, teve um grande impacto quando foi lançado e me deu a oportunidade de ser chamado para trabalhar com outros artistas e grupos que queriam meu tipo de som e arranjo , especialmente no teclado e no nível orquestral
Um trabalho com o qual tive o grande prazer e honra de ampliar minhas colaborações e escrever músicas com cantores fantásticos como John West, Rob Rock, Mark Boals, Lance King e Titta Tani. As músicas têm aquela combinação e equilíbrio ideal para mim entre Metal, Prog e Sinfônico. Eu estou muito satisfeito com isso. Fico feliz em saber que você também gostou.
RtM: Em relação aos seus projetos instrumentais destaco “Gemini” (2017), onde você traz composições próprias e versões de obras de Beethoven e Vivaldi, onde novamente você traz essa união da música clássica e do Metal; e os álbuns "Dreams" (2020) e "Solo Piano" (2021) têm foco mais clássico. Gostaria que você fizesse um breve comentário sobre cada uma dessas obras.
Mistheria: “Gemini” é um álbum instrumental, então pude dar rédea solta às minhas intenções como pianista, tecladista e instrumentista. As formas das músicas permanecem, para mim, quase as mesmas de uma música cantada, gosto de estruturas claras e compreensíveis até para obras instrumentais. Este álbum também reúne músicas de diferentes anos, algumas gravadas novamente (por exemplo "My Dear Chopin") e outras finalizadas após muitos anos em que apenas as toquei ao vivo.
Reúne meu repertório instrumental de Metal de 1992 a 2017. "Solo Piano" e "Dreams" fazem parte da minha esfera "Clássica", na qual gosto de me deixar levar pelo suave, intimista, new age, ambiente, clássico atmosferas e sons. Há também um terceiro álbum nesta categoria, "Keys of Eternity". Eu executo essas três obras frequentemente ao vivo em meus concertos solo.
RtM: E citando experiências diversas, como você é um músico que está sempre em busca de desafios e criando coisas novas, um trabalho muito interessante foi a homenagem a Whitney Houston. Gostaria que você falasse um pouco sobre isso e se já pensou em fazer outros na mesma linha, talvez abordando vários ícones Pop. Elton John, por exemplo, acho que por ele ser pianista também seria muito interessante.
Mistheria: Muitos trabalhos que publiquei são pedidos de algumas produtoras e gravadoras, foi o caso também da homenagem a Whitney Houston (uma artista que adoro). Pediram-me especificamente para arranjar cerca de dez músicas e tocá-las principalmente com o Keytar (um instrumento que adoro igualmente :) Também fiz arranjos e gravei outras compilações de músicas pop internacionais, principalmente no piano, então, em parte, já realizei a ideia que você sugere.
RtM: São dezenas de trabalhos que você já gravou entre álbuns solo e participações pois não poderemos cobrir todos aqui, então gostaria que você destacasse os mais recentes como os álbuns com Chaos Magic, Kattah e Nova Luna, por exemplo. Quais você mais gostou de participar e se teve algum que foi mais desafiador para você.
Mistheria: Gosto de todas as colaborações que faço, caso contrário não as faria. É claro que existem colaborações que têm mais sucesso do que outras, por diversas razões, e eu pessoalmente prefiro algumas a outras, novamente por diversas razões.
Em todo caso, também porque você mencionou, certamente a colaboração, tanto em estúdio quanto ao vivo, com a fantástica cantora chilena e amiga Caterina Nix e seu projeto “Chaos Magic” é um dos mais queridos para mim. Excluo da lista, porque estamos falando de uma lenda viva, a colaboração com Bruce Dickinson e Roy Z que, tanto a nível artístico como humano, é parte integrante e inseparável da minha carreira e vida.
RTM: Claro! O trabalho com Bruce e Roy é hors concours. Bom, para finalizar, gostaria que você definisse o que a música significa para você e o que você acha importante para um artista, para que você não perca a paixão por criar coisas novas e se torne obsoleto.
Mistheria: Acredito que já respondi amplamente esta última pergunta nas anteriores :)
Em qualquer caso, e resumindo o que foi dito antes, para mim a Música é uma finalização e forma última dos sentimentos e emoções do ser humano, e só a interação entre diferentes músicos (portanto diferentes personagens, personalidades e mentes) pode ser expressa na melhor forma e integridade possíveis.
Esta abordagem torna a criação musical sempre viva, emocionante, nova, excitante, projetada no futuro.