Um dos maiores - se não o maior - nomes do goregrind mundial, os tchecos do Gutalax finalmente responderam às orações dos fãs ao anunciar a “Diarrhea Invasion South America Tour 2025”, sua volta às terras latinas após fazer 2 shows pelo Brasil (São Leopoldo, RS e Duque de Caxias, RJ) em 2018. O início da turnê seria na capital paulista, em uma quarta-feira de chuva, dia 12 de março. Por algumas horas, a La Iglesia se tornaria um antro da escatologia; tudo indicava que começariam a turnê com os pés na porta.
Por conta das chuvas que atingiram a cidade, uma árvore caiu e simplesmente derrubou a energia da rua inteira, então a casa que estava marcada para abrir às 19:00 só foi abrir por volta das 22:00, mas mesmo assim, a esperança era a última que morria, e os fãs permaneceram na fila, esperando para ver a tão querida banda. A Iglesia liberou os fãs com o Trachoma já no palco. Banhados por um véu de luz vermelha, a dupla de Thales Gory (vocal, baixo) e Rafaela Begore (bateria, vocal) enfileirou uma pedrada atrás da outra, totalizando mais de 24 músicas em apenas meia hora. O microfone de Thales estava baixíssimo, praticamente inaudível, então boa parte das vozes vieram de Rafaela, que já conseguia extrair um “growl” de respeito, e armada com um pedal de efeito, tirava um som que só pode ser descrito como as portas do inferno de abrindo. Fizeram um show rápido e objetivo, que dentro da medida do possível, foi incrível, um ótimo aquecimento para o caos que viria.
Os tchecos subiram no palco, primeiro com suas roupas normais, sem estarem vestindo os tão característicos uniformes, apenas para passar o som. Ficaram uns 10 minutos no palco, interagindo brevemente com os fãs, que já abriam inúmeras rodas, tendo certeza que estaria tudo certo para a aula de “vocal de porco” que viria. O plano era que o Gutalax subisse no palco às 21:00, e com uma hora de repertório, acabariam por volta das 22:00, mas pelos imprevistos com a energia, só foram subir às 23:00, ao som do tema de “Ghostbusters”, que realmente ornava com as coisas estranhas que estavam acontecendo. Com um vórtice humano em sentido anti-horário já tendo dominado a pista, quantidades obscenas de papel higiênico voando pelo ar e até um cavalinho de borracha marcando presença no mosh, começou “Assmeralda”, ateando fogo naqueles que estavam presentes.
Passaram por “Shitpendables” com “Nosím místo ponožky kousek svojí předkožky”, e àquela altura, o caos já estava completamente instaurado. Rolou também “Shit of It All”, do mesmo split com o Spasm que veio “Assmeralda”. Maty Matoušek (vocal) aproveitou para interagir com a galera antes de resumir, dizendo que às vezes nos sentimos mal, mas sempre que nos sentimos mal, podemos nos abrir (ele dizia enquanto se dobrava) e falar com alguém que mora ali (apontando para seu orifício circular corrugado), sendo este elemento o carismático Buttman, protagonista da dançante música do mesmo nome.
Maty seguiu dizendo que pela Europa, estavam celebrando 15 anos de banda, como se fosse sua festa de aniversário. Depois, disse aos fãs paulistas que aquela noite era como se fosse a festa de aniversário exclusiva deles em São Paulo, agradecendo a presença de todos, colocando “Celebration” para tocar pelo PA. “Šoustání prdele za slunné neděle” e “Robocock” vieram, sendo elas de “Telecookies” e “Shit Beast” respectivamente. Quiseram mostrar um lado diferente, mais técnico com a próxima música, anunciando um cover do Meshuggah, mas ao invés de “Demiurge” ou “Bleed” veio ”Kocourek Mourek podráždil si šourek” (o gato malhado irritou seu saco), que impressionando a tudo e todos, não era do Meshuggah.
O caos continuou com a introdução do mais novo super herói de todos, o “Diarrhero” e “Vaginapocalypse”, que foi dedicada aos homens presentes naquela noite. Veio “Polykání semena z postaršího jelena” e “Fart and Furious” antes de “Total Rectal”, cujo o vocalista dedicou a “todos aqueles que fizeram esta turnê ser possível”, com a produção do show sendo recebida calorosamente por uma chuva de aplausos. Tentaram continuar com “Vykouření dařbujána vietnamského veterána”, mas Petr “Mr. Free” Svoboda e suas mãos leves simplesmente estouraram a pele da caixa de sua bateria, algo que se repetiu no segundo show.
Para “Shitbusters”, chamaram um amigo de longa data, Thiago Monstrinho, vocalista do Worst. Da primeira vez que a banda dele foi fazer turnê na Europa, ele ficou alojado na casa de Maty, ocasionando uma forte amizade. Monstrinho ganhou um óculos em forma de privada e soltou alguns elogios à banda, finalizando a música com um stagedive realmente monstruoso. O show como um todo fechou com “Strejda Donald”, cantada em uníssono pelo povo.
No geral, foi um show que tinha tudo para dar errado, era data extra, ficou sem luz, atrasou - e vale ressaltar que nada foi culpa da produção. O Gutalax começou sua turnê de maneira incrível, com uma apresentação exclusiva e intimista, que certamente será lembrada por anos e anos por vir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário