Domingo memorável para o ABC paulista, receber o Coroner em Santo André na turnê de 40 anos do trio suíço, numa noite muito agradável no Santo Rock Bar — lugar que vem se destacando por trazer alguns nomes que jamais imaginaria ver pelo ABC, como Accept e Tim "Ripper" Owens. Desta vez, de forma muito assertiva, escalaram Genocídio e Torture Squad para abrirem o show, algo que sempre frizamos aqui: a importância das bandas de abertura. Ambas fizeram uma excelente apresentação, com aparelhagem de primeira, mostraram sons novos, trouxeram merchandising, conversaram com o público, autografaram discos — tudo que aproxima o público da banda e do palco.
O Genocídio começou pontualmente às 18h00, com o público ainda chegando ao local. Completando 40 anos de Death Metal, sendo um patrimônio cultural da nossa cena, divulgaram o álbum mais recente, “Fort Conviction”, de 2024, já abrindo o set. Em seguida, tocaram “Aside” e, mais à frente, “The Sole Kingdom Of My Own”. Passando por fases do começo da carreira, fizeram uma apresentação com 10 sons muito honesto e com uma sólida formação, que conta com W. Perna (lenda do underground), Murillo Leite, Wellington Simões e o recém-chegado baterista Herbert Loureiro. Destaque para “Uproar” e “Countess Bathory”, do Venom, que estão no disco “Hoctaedrom”, de 1993, gravado e produzido pelo técnico de som do Sepultura no disco “Schizophrenia”.
O Torture Squad veio na sequência, após ser anunciado no Wacken Open Air 2025, na Alemanha. A banda não deixou a desejar e soltou um repertório totalmente focado na influência sobre o Coroner dos anos oitenta. Com uma formação muito bem estabilizada, com Castor (baixo) e Amílcar (bateria) - que dispensam comentários -, May Puertas nos vocais e Rene Simionato na guitarra, a banda iniciou os trabalhos com as pedradas “Murder of a God” e “Area 51”, seguida de “Buried Alive”, do último álbum “Devilish” (2023). Em seguida veio “Horror and Torture” e “The Unholy Spell”, fechando com “Chaos Corporation”.
O baterista Amílcar aproveitou o momento e agradeceu, com muita felicidade, a oportunidade de estarem todos ali celebrando aquele encontro. May Puertas fez uma menção ao guitarrista Cristiano Fusco, falecido em janeiro deste ano, que foi um dos fundadores e gravou os três primeiros discos. Uma pena que os sidedrops de palco tiraram a visão da bateria, quem estava na pista assistindo pelas laterais não conseguiu ver absolutamente nada do que o Amílcar executava. No geral, a banda entregou tudo nesse show e está pronta para representar o Brasil na Europa.
Foi a vez do Coroner subir ao palco e aproveitar ao máximo a qualidade sonora. Nesta segunda visita ao Brasil, o trio suíço, composto por Ron Royce (vocal e baixo), Tommy Vetterli (também conhecido como Tommy T. Baron, ex-Kreator na guitarra) e Diego Rapacchietti (bateria), trouxe um repertório que se concentrou, em grande parte, nos álbuns mais recentes da banda. As músicas apresentadas eram mais cadenciadas, arrastadas e com afinações mais baixas, mas sem perder a técnica ou se distanciando do Thrash Metal mais visceral que os consagrou nos anos oitenta com álbuns como R.I.P. (1987), Punishment for Decadence (1988) e Mental Vortex (1991). Para encerrar a apresentação, tocaram “Masked Jackal”, “Reborn Through Hate” e “Die by My Hand”, além de “Purple Haze” (cover de Jimi Hendrix), tudo executado com maestria, destacando as linhas de baixo com vocais em contratempo e solos de guitarra muito bem posicionados.
Na minha opinião, se as músicas tivessem sido distribuídas de maneira mais equilibrada ao longo do repertório, isso poderia ter trazido mais harmonia para a discografia apresentada na noite, que contou com 14 faixas. Mas isso não diminui a classe e a energia da banda, que se manteve intensa do início ao fim. Foi um privilégio poder ver tudo aquilo ao vivo. É emocionante estar tão perto e perceber que eles ainda têm muita disposição para continuar levando seu legado após mais de quarenta anos.
Por último, gostaria de destacar a Dark Dimensions, que trouxe o único show do Coroner no Brasil este ano. Também quero parabenizar a casa pelo excelente atendimento ao público e às bandas, além da qualidade do som e da iluminação do palco, que foram perfeitas para as apresentações, sempre respeitando os horários.
Texto: Roberto "Bertz"
Fotos: Johnny Z (Metal na Lata, JZ Press)
Edição/Revisão: Gabriel Arruda
Realização: Dark Dimensions
Press: JZ Press
Torture Squad - setlist:
Murder of a God
Area 51
Buried Alive
Horror and Torture
The Unholy Spell
Pull the Trigger
Raise Your Horns
Chaos Corporation
Coroner - setlist:
Golden Cashmere Sleeper, Part 1
Internal Conflicts
Divine Step (Conspectu Mortis)
Serpent Moves
Sacrificial Lamb
Semtex Revolution
Tunnel of Pain
Status: Still Thinking
Metamorphosis
Masked Jackal
Grin (Nails Hurt)
Bis
Purple Haze (The Jimi Hendrix Experience cover)
Reborn Through Hate
Die by My Hand
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