terça-feira, 1 de abril de 2025

Entrevista - Ronnie Atkins (Pretty Maids, Avantasia): Canalizando Energias Para a Música

   Fotos: Divulgação

Ronnie Atkins, nascido Paul Christensen em 16 de novembro de 1964, é um cantor e compositor dinamarquês, mais conhecido como vocalista da banda de hard rock e heavy metal Pretty Maids. Formado no início dos anos 1980, o grupo ganhou notoriedade com álbuns como Red, Hot and Heavy (1984) e Future World (1987), combinando melodias cativantes com riffs pesados.

Ao longo das décadas, Atkins se tornou uma das vozes mais respeitadas do gênero, influenciando diversas bandas com seu timbre potente e interpretações emotivas. Além do Pretty Maids, ele também colaborou com projetos como Avantasia e lançou álbuns solo, incluindo One Shot (2021), Make it Count (2022) e Trinity (2023), após seu diagnóstico de câncer em estágio 4.

Apesar dos desafios de saúde, Ronnie Atkins continua compondo, gravando e se apresentando ao vivo, inspirando fãs com sua resiliência e paixão pela música.

Prestes a estrear em solo brasileiro com o Pretty Maids no Bangers Open Air, conversamos com Ronnie Atkins sobre a vinda da banda, sua participação no Avantasia e sua jornada de superação. Confira a seguir.

Entrevista realizada por Jessica Valentim.


Jessica Valentim: Olá Ronnie, sou a Jessica.

Ronnie Atkins: Oi, Jessica, prazer em te ver.


Jessica Valentim: Como está seu dia? Como você está?

Ronnie Atkins: Está maravilhoso. Na verdade, estamos indo tocar hoje à noite com o Avantasia. Acabei de fazer algumas tarefas, como lavar roupa e outras coisas, sabe, vivendo a vida. Mas, fora isso, todos os dias parecem iguais. Quando você está algumas semanas na estrada, perde um pouco a noção do tempo, do dia, e tudo mais. Mas é bom ter uma pausa para algumas entrevistas.


Jessica Valentim: Que bom! Muito obrigada por me receber.

Ronnie Atkins: Não há de quê, absolutamente.


Jessica Valentim: Então, como está sua saúde? Como você tem se sentido?

Ronnie Atkins: Estou bem, estou bem. Fiz um exame, acho que há seis semanas ou algo assim, e, felizmente, estava tudo bem. Me sinto bem. Tenho algumas dores e coisas assim, que provavelmente terei para o resto da vida, mas tomo remédios para isso. 

Mas estou com um bom espírito, de bom humor, minha voz está boa e estou aproveitando a vida todos os dias. Como já escrevi antes, sou feliz a cada dia que abro os olhos.

Jessica Valentim: Isso é ótimo! Então, o Pretty Maids finalmente vai tocar no Brasil pela primeira vez no Bangers Open Air. Como é trazer a banda para cá depois de tantos anos?

Ronnie Atkins: Estou muito feliz por isso, na verdade. Nunca tocamos aí, o que, para mim, é surreal e estranho, porque somos uma banda com 42 anos de carreira. Muitas bandas que conheço na Alemanha e na Suécia já tocaram aí, mas acho que foi uma questão de gestão. Mas agora, finalmente, vamos tocar aí, e eu já disse aos caras que será uma experiência única. 

Vamos tocar para as pessoas mais insanas do mundo, os fãs mais barulhentos de todos. Falei isso porque, quando estive no Brasil pela primeira vez em 2016, fiquei impressionado com a reação do público e com o quanto eles cantavam. Foi muito emocionante. Quero que os caras sintam isso, e acho que todos no Pretty Maids estão ansiosos para finalmente tocar no Brasil e na América do Sul. Vai ser incrível! Infelizmente, acho que só teremos cerca de uma hora de show, mas…


Jessica Valentim: Sim, é mais ou menos uma hora. Você pode nos contar algo sobre o setlist? Podemos esperar um mix de clássicos e músicas mais recentes dos últimos álbuns?

Ronnie Atkins: Vai ser um mix de algumas músicas dos anos 80, como do Future World e Red, Hot and Heavy, e também algumas mais recentes, de Pandemonium em diante. Esse deve ser o plano.


Jessica Valentim: E você teve uma carreira incrível que se estende por décadas. Olhando para trás, qual você acha que foi o segredo da longevidade e relevância contínua do Pretty Maids?

Ronnie Atkins: Não tínhamos nada melhor para fazer! (risos). Tivemos nossos altos e baixos. Sempre digo que a carreira atingiu seu auge entre 1984-85 e 1992-93. Esses foram os bons tempos para o heavy metal em geral. Chegamos no momento certo. Era uma época em que as pessoas compravam discos de vinil e CDs, e havia um grande foco nisso na Europa.

Até nos Estados Unidos, estivemos na MTV, no Headbangers Ball, e tudo mais. Depois veio o grunge e vários outros subgêneros ao longo dos anos seguintes. Mas o metal sempre esteve presente, especialmente na Europa, como na Alemanha, Suécia e Espanha. A América do Sul também sempre teve um grande público, mas eu ainda não tinha ido para lá naquela época. Agora chegou a hora! Acho que o segredo é a música. 

As composições são essenciais. Também tentamos nos atualizar um pouco, como fizemos no Pandemonium, mas mantendo nossas raízes e o que nos inspirou desde o início. Além disso, bons shows ao vivo sempre foram importantes. No final das contas, é isso que as pessoas querem ouvir e ver. O que me deixa mais feliz hoje em dia é ver que os fãs antigos estão trazendo seus filhos para os shows. Eles também estão se interessando por hard rock e metal, e isso é fantástico!


Jessica Valentim: Isso é muito legal!

Ronnie Atkins: Sim!


Jessica Valentim: Vocês estão alcançando novas gerações.

Ronnie Atkins: Sim, exatamente! Mas isso não acontece só porque os pais dizem "escute isso". As pessoas precisam gostar do que estamos fazendo, e é ótimo ver que isso está acontecendo.


Jessica Valentim: Falando sobre sua carreira solo, qual é a principal diferença entre esses projetos para você, especialmente em relação à composição?

Ronnie Atkins: Minha carreira solo foi, basicamente, uma forma de terapia musical para mim em um momento difícil. Se você ouvir as letras, verá que são muito mais pessoais do que qualquer coisa que já escrevi antes. Isso foi ótimo porque, no meu projeto solo, posso escrever para mim mesmo, expressar meus sentimentos e emoções. 

Sempre fui parte essencial da composição no Pretty Maids, então dá para perceber isso nos meus álbuns solo. Mas algumas músicas que fiz, como baladas no piano, provavelmente não estariam no Pretty Maids. Algumas podem soar até mais pop. Foi uma experiência incrível para mim, e não pretendo parar. 

Já tenho músicas prontas para um novo álbum, só preciso gravá-las. Nos últimos três anos, lancei três álbuns solo e um com o Nordic Union. Fui muito produtivo. Isso me ajudou a lidar com um momento muito difícil. Em vez de ficar deprimido e sentir pena de mim mesmo, canalizei isso para a música. Espero que isso possa servir de exemplo para outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes. Já recebi mensagens dizendo que minha música ajudou, e isso me deixa feliz.


Jessica Valentim: Com certeza, as pessoas se conectam com isso.

Ronnie Atkins: Sim, recebo muito carinho nas redes sociais. E se eu posso retribuir um pouco disso através da minha música, fico feliz.


Jessica Valentim: Muito legal! Depois do Bangers Open Air, quais são os próximos passos para o Pretty Maids? Haverá mais turnês ou novas músicas no horizonte?

Ronnie Atkins: Inicialmente, só concordamos em fazer esses shows em 2024. Mas houve uma grande demanda, então decidimos continuar em 2025 com mais alguns festivais e nossos tradicionais shows de Natal na Escandinávia, principalmente na Dinamarca. 

Também estamos conversando sobre escrever novas músicas. Ainda não começamos, mas estamos discutindo isso. Se a química for boa e tudo funcionar bem, pode haver novas músicas do Pretty Maids no futuro. Mas também tenho minha carreira solo, e não vou abandonar isso. Então, vamos ver o que acontece. Estou bem otimista.

Jessica Valentim: Isso é ótimo! Os fãs também querem saber se você vai cantar com o Avantasia desta vez.

Ronnie Atkins: Sim, com certeza! Estou em turnê com o Avantasia agora. Neste momento, estou na Holanda. Acabamos de tocar em Londres e vamos tocar hoje à noite. É um show incrível, com cantores fantásticos, e estamos nos divertindo muito. O público tem gostado bastante, então podem esperar algo muito especial!


Jessica Valentim: Que legal! Para finalizar, tem uma mensagem para os fãs brasileiros que esperaram tanto por esse momento?

Ronnie Atkins: Sim! Sinto muito por não termos ido antes. É surreal que, depois de 42 anos, ainda não tenhamos tocado na América do Sul. Estamos muito animados para finalmente tocar no Brasil! Espero que esse show seja o primeiro de muitos. Já disse aos caras: "esperem, vocês nunca viram nada igual!" Mal posso esperar!


Jessica Valentim: Com certeza, todos estamos ansiosos por isso!

Ronnie Atkins: E obrigado pelo apoio ao longo dos anos!


Jessica Valentim: Obrigada!

Ronnie Atkins: De nada!


Jessica Valentim: Tenho tudo o que preciso. Muito obrigada pelo seu tempo! Espero que tenha um ótimo show hoje à noite e se cuide. Nos vemos em breve!

Ronnie Atkins: Com certeza! Foi um prazer falar com você, Jessica. Se cuida!


Jessica Valentim: Prazer foi meu! Obrigada! Tchau, tchau.

Ronnie Atkins: Tchau, tchau.


O Pretty Maids se apresenta no warm-up do Bangers Open Air, no dia 3 de maio. Ingressos estão disponíveis no site Clube do Ingresso 


Um comentário:

Anônimo disse...

Grande Ronnie Atkins, um cantor extremamente versátil e diferenciado, não é a toa que foi inspiração para Hansi Kursh do Blind Guardian. Parabéns pela entrevista, muito legal o papo, e espero que ele goste do público brasileiro.