Na noite do Dia Mundial do Rock, 13 de julho, o Angra mostrou por que é um dos nomes mais respeitados do metal brasileiro. A banda subiu ao palco montado em frente ao imponente Theatro Municipal de São Paulo para uma apresentação gratuita, como parte do Rockfun Fest — um evento que, com entrada livre, vem consolidando sua importância na cena musical da cidade. Mas essa noite tinha um peso especial: foi a penúltima apresentação do Angra na capital antes de um hiato por tempo indeterminado. A despedida oficial dos palcos em São Paulo está marcada para 3 de agosto. Sabendo disso, o público lotou a Praça Ramos de Azevedo com a energia de quem sabe que está vendo a história acontecer.
Com sua formação atual — Fabio Lione (vocal), Rafael Bittencourt (guitarra), Marcelo Barbosa (guitarra), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria) — o Angra entregou um setlist de respeito, equilibrando clássicos e músicas da fase mais recente da banda. A abertura com “Nothing to Say” foi explosiva; seu riff icônico já levantou o público, enquanto Rafael Bittencourt e Marcelo Barbosa duelavam nas guitarras com uma sincronia impecável, e Fabio Lione, com sua voz potente, conduzia o público com maestria.
Em seguida, "Millennium Sun" chegou com suas belas melodias, lembrando-nos o início dos anos 2000, quando a banda renasceu com o Edu Falaschi nos vocais. Com Felipe Andreoli à frente do palco, era hora de “Tide of Changes”, faixa do álbum Cycles of Pain, trabalho mais recente da banda. Com uma pegada mais progressiva, a canção trouxe um clima maior de introspecção para os fãs, que acompanhavam atentamente a performance da banda.
A seguir, a celebração dos 20 anos do disco Temple of Shadows, que faz parte dessa turnê de despedida. Nem precisa dizer muito sobre o álbum — é como chover no molhado falar de uma obra que é apreciada por 10 entre cada 10 fãs do estilo. A energia de "Spread Your Fire", uma das faixas mais rápidas do repertório, incendiou o público e mostrou que a banda vive um excelente momento. Impressiona a precisão dos músicos diante de tamanha velocidade. Não foi diferente em “Angels and Demons”, que reforçou a química afiada entre Valverde e Andreoli. Infelizmente, por conta de ser um festival, o disco não foi tocado na íntegra, como vem sendo feito na turnê. Fecharam essa parte com “Late Redemption”, anunciada como a preferida do vocalista. O público foi um show à parte: cantou maravilhosamente alto as partes em português, originalmente gravadas pelo cantor Milton Nascimento.
Com a recepção calorosa do público, Fabio Lione se empolgou e decidiu testar as habilidades dos presentes com praticamente um solo de vocal. Com a aprovação do vocalista, anunciaram a emblemática “Rebirth”. Nem precisa dizer que o lugar veio abaixo, mostrando a força do Angra. “Angels Cry”, sem anúncio, foi tocada em seguida, e mais uma vez o público se entregou completamente, cantando cada verso como se estivesse se despedindo de velhos amigos, encerrando com emoção esse momento épico.
No bis, a dobradinha “Carry On/Nova Era” foi simplesmente apoteótica. Clássicos absolutos, essas faixas fecharam o set não apenas revisitando os primórdios do Angra, mas também servindo como um lembrete poético do legado da banda. Certamente, um momento que será lembrado por muito tempo.
Vale destacar que essa apresentação no Rockfun Fest não foi apenas mais uma data na agenda: foi a penúltima vez que o Angra pisaria nos palcos de São Paulo, com a despedida marcada para 3 de agosto, anunciando um hiato por tempo indeterminado. Essa sombra de fim iminente adicionou um peso emocional extra ao show, transformando cada nota em um adeus temporário. Com uma formação tão coesa, o Angra provou mais uma vez porque conquistou fãs ao redor do globo, deixando todos ansiosos pelo que virá após o hiato — e esperançosos de que essa pausa seja apenas o prelúdio para um retorno ainda mais grandioso.
Um comentário:
Show impecável
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