terça-feira, 29 de março de 2022

The Hellacopters: "Eyes of Oblivion" Traz as Nunaces 70's e uma Sonoridade Revitalizada


Depois de um hiato que durou desde "Head Off" (2008), uma das mais legais bandas de Rock & Roll/Hard Rock surgidas nos anos 90,  os suécos do The Hellacopters retornam com um novo de inéditas, batizado "Eyes of Oblivion", anunciado no ano passado, junto com a notícia do contrato com a Nuclear Blast.

Desde o retorno definitivo da banda em 2016, após o que era para ser só uma reunião comemorativa no Sweden Rock, era esperado um novo álbum, e o grupo já se mostrava bastante empolgado com o material que tinha em mãos, o qual será lançado mundialmente dia 1° de abril pelo selo alemão.

O álbum também marca o retorno de um dos fundadores, o guitarrista Andreas "Dregen". Desde o ano passado alguns singles e vídeos já vêm matando um pouco a sede dos fãs. Em janeiro foi liberada a faixa título e algumas semanas atrás "So Sorry I Could Die".


"Eyes of Oblivion" traz o Rock & Roll carregado de energia que caracterizou a banda, com nuances de Hard e Blues, e com certeza vai deixar os fãs felizes.
São 10 faixas, abrindo com a explosiva de "Reap a Hurricane", Rock & Roll enérgico, de ritmo contagiante, guitarras nervosas e aquele pianinho "dançante".

"Can it Wait" é curtinha, na veia Punk Rock que marcou os primeiros trabalhos, traz um refrão marcante e ritmo contagiante, mostrando que não precisa mais de 2 minutos pra fazer uma canção legal.

"So Sorry I Could Die" é um Blues Rock cadenciado, lembrando o ritmo de "I Put a Spell on You", destacando os vocais cheios de feeling e o piano.


"Eyes of Oblivion
" inicia rasgando com um riff marcante, e é melodiosa, numa vibração bem 70's, característica que a banda incorporou desde "Grande Rock", e que só somou a sua sonoridade. O refrão, assim como o riff principal,  também gruda na mente de imediato.

"Pressure's One" tem um ritmo leve, palhetadas melodiosas, quase uma Rock Ballad. Pra situar, me lembrou algo daquelas músicas mais melodiosas do Ramones, como "Poison Heart", por exemplo; e "Tin Foil Soldier" é também total 70's, com seus riffs e batida vintage.


E o que ouvimos na grande maioria do álbum, é  Hard/Rock & Roll com essa vibe 70's, com pegada e energia. Um Hellacopters com as nuances que o público já conhece, mas atualizado.

Andersson descreveu o álbum como "The Beatles encontra Judas Priest, ou Lynyrd Skynyrd encontra os Ramones, mas a melhor maneira de descrever este álbum é que soa como The Hellacopters hoje". 

E é uma boa descrição do que você vai encontrar, muita energia, Rock & Roll/Classic Rock, pitadas de Punk e Blues. Eles são sem dúvidas uma das bandas mais legais surgidas nos anos 90.

O álbum sai dia 1° de abril, e estará disponível em CD, vinil e um box com CD extra, contendo 4 faixas bônus, entre elas covers de "Eleanor Rigby", dos Beatles, e "I'm the Hunter, do GBH.

Texto: Carlos Garcia

Banda: The Hellacopters
Álbum: "Eyes of Oblivion" 2022
País: Suécia
Estilo: Classic Rock, Hard Rock 70's
Selo: Nuclear Blast
O álbum será lançado no Brasil via parceria Nuclear Blast e Shinigami Records

Line-up
Robert Erickson: Bateria
Dregen: Guitarra
Anders Lidström: Teclados
Nick Andersson: Guitarra e Vocais
Dolf de Borst: Baixo

Tracklist
Reap a Hurricane
Can it Wait
So Sorry I Could Die
Eyes of Oblivion
A Plow and a Doctor
Positively not Knowing
Tin Foil Soldier
Beguiled
Pressure's One
Try me Tonight







sábado, 19 de março de 2022

Khemmis: Heavy/Doom e o Inferno de Dante


Fundada no Colorado em 2012, o Khemmis faz um mistura de Doom com Heavy Metal tradicional e algumas passagens de Metal mais extremo. 

Lançou seus primeiros álbuns de forma independente, e seu segundo trabalho, "Hunted" (2016), foi citado em diversas listas de melhores discos de Metal do ano, inclusive da revista Rolling Stone.

Essa repercussão chamou a atenção de um público maior, e também do selo Nuclear Blast, que contratou o grupo.


"Deceiver" é o quarto álbum do Khemmis, e primeiro com distribuição mundial via Nuclear Blast, e chega ao Brasil via parceria com a Shinigami Records. 

Alcançando também boa repercussão e citações em diversas listas de melhores discos de 2021, o disco  traz 6 faixas distribuidas em 41:46 minutos com o Doom/Heavy Metal do grupo trazendo peso, com músicas de andamento lento, soturno, mas com muita melodia nas guitarras, inclusive gêmeas, no melhor estilo Heavy Tradicional.

Os vocais são predominantemente limpos, cantados num estilo épico, e por vezes temos vocais guturais em passagens mais agressivas e velozes, onde a banda insere nuances do Death Metal.

O conceito do álbum é bem interessante e gira a respeito da forma como as pessoas são levadas a acreditar em uma falsa realidade sobre si mesmas e o mundo em que residem, e utilizam como paralelo o segmento Inferno da Divina Comédia.

A primeira é a épica "Avernal Gate", a qual apresenta muito bem o mix Doom e Heavy tradicional do grupo, e abre com uma intro acústica, e logo em seguida um andamento veloz, com guitarras melodiosas, mudando depois para um tempo mais arrastado e vocais épicos.


A faixa vai alternando momentos mais arrastados e outros com tempos mais rápidos, sempre com as guitarras trabalhando riffs pesados e muitos solos melodiosos, inclusive as tradicionais twin-guitars. Ao final deste épico início, há uma passagem veloz e extrema beirando o Death/Black.

"House of Cadmus" é Doom pesado, arrastado, de atmosfera soturna; "The Astral Road", inicia acústica e com solo viajante de guitarra para em seguida entrar em um ritmo mais acelerado e com um riff marcante, alternando o Metal Tradicional com passagens épicas, cadenciadas e melodiosas.

"Living Pyre" vem arrastada e com riffs e cozinha que pesam toneladas, em tons mais baixos, alternando andamentos levemente mais acelerados, tendo ainda incursões de trechos acústicos, alternando vocais limpos e guturais.

"Shroud of Lethe" tem ares progressivos, com trechos acústicos e introspectivos. Segue um andamento predominantemente lento, sempre com as guitarras trazendo solos melodiosos e peso na base.

"Obsidian Crown" fecha o álbum, iniciando com riffs marcantes e melodiosos, traz trechos de andamento mais rápido, alternando a riffs e cozinha arrastados e pesados.

O Khemmis surge como uma ótima alternativa aos aficionados pelo estilo, com seu Doom/Heavy Tradicional de ares épicos, por vezes soturno, mas sempre com muita melodia por parte das guitarras, boas alternâncias dos climas sonoros, o que não torna a audição cansativa.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Khemmis
Álbum: "Deceiver" 2021
Estilo: Doom/Heavy Metal
País: EUA
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records


Khemmis é:

Phil Pendergast / Vocals, Guitar
Ben Hutcherson / Guitar, Vocals
Zach Coleman / Drums

“Deceiver” Tracklisting:
Avernal Gate
House of Cadmus
Living Pyre
Shroud of Lethe
Obsidian Crown
The Astral Road




sábado, 12 de março de 2022

Anette Olzon: Em Sua Melhor Forma


A vocalista suéca Anette Olzon ficou conhecida mundialmente após ser escolhida para substituir a vocalista original do Nightwish, Tarja Turunen, e com um estilo vocal diferente da antecessora, dividiu a opinião dos fãs dos gigante finlandeses do Symphonic Metal.

Gostos pessoais a parte, Anette fez um bom trabalho na banda no período em que esteve na linha de frente, entre 2007 e 2012, sendo demitida de maneira polêmica em meio a uma turnê mundial e substituída às pressas pela holandesa Floor Jansen (que foi efetivada e permanece na banda até hoje).


Mas a exposição com o Nightwish trouxe bons frutos a cantora, que foi contratada por gravadoras de destaque da Europa, lançando trabalhos em bandas em projetos, como o The Dark Element, Hear Healing, Allen/Olzon, além de participações em álbuns de outros artistas, como The Rasmus e Secret Sphere.

Em 2014 a cantora lançou "Shine", seu primeiro álbum solo, e ano passado chegou a hora de trazer a luz do dia seu segundo trabalho, "Strong". E como o nome sugere, é um disco com muito mais pegada e peso do que "Shine", que era mais suave e introspectivo.

"Strong" mostra uma Anette com versatilidade vocal, mostrando diversas facetas de sua voz, sendo hoje uma cantora mais evoluida, experiente e segura. Seu marido Johan Husgafvel (Pain) também participa do álbum fazendo vocais guturais em algumas faixas, dando um tom mais agressivo nas músicas e dando ainda mais diversidade.

Johan Husgafvel

A produção e composição foi dividida entre Anette e Magnus Karlsson (Primal Fear). A sonoridade transita pelo Melodic Metal, Symphonic e Power Metal, resultando em um Metal moderno, pesado, sinfônico e cheio de refrãos e melodias marcantes. 

Destaques para a poderosa faixa título "Strong", um hino de Melodic Metal moderno, sinfônico, com peso  melodia, vocais enérgicos de Anette, culminando em um refrão grandioso; a cativante e de refrão explosivo "Catcher of My Dreams", onde Anette ataca com tons altos nos vocais.

Magnus Karlsson

"Sick of You", que tem elementos sinfônicos e dark, e toca num tema muito sério, sobre mulheres que sofrem abuso, mas tomam coragem de acabar com isso; "Fantastic Fanatic", com um trabalho de peso nos riffs e bateria, e elementos sinfônicos, remete a algo de sua antiga banda, aquela da finlândia.

E ainda o peso de "Parasite", com seus riffs agressivos, alternando vocais guturais, que aparecem no início, e com Anette mandando bem em tons ora mais suaves, ora mais altos, como na frenética parte final da música; e  "I Need to Stay", com suas nuances sinfônicas, alternando tempos cadenciados e velozes.


Um ótimo trabalho de Anette, que mostra que ela tem personalidade e talento para mais voos solo, 
mostrando um tracklist diversificado, com identidade definida e coeso.

O álbum saiu no Brasil via parceria Shinigami Records e a gravadora italiana Frontiers. Ótima pedida para os fãs Melodic/Symphonic Metal.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Artista: Anette Olzon
Álbum: "Strong" 2021
Estilo: Modern Metal, Melodic Metal
País: Suécia
Selo: Frontiers/Shinigami Records

Confira no site da Shinigami

Tracklist
Bye Bye Bye
Sick of You
I Need to Stay
Strong
Parasite
Sad Lullaby
Fantastic Fanatic
Who Can Save Them
Catcher of My Dreams
Hear Them Roar
Roll the Dice

Lineup
Anette Olzon – vocals
Magnus Karlsson – guitars, bass
Anders Köllerfors – drums
Johan Husgafvel – growling vocals

Anette Olzon Instagram




domingo, 6 de março de 2022

Final Disaster: Horror Metal Enérgico e Promissor



Recentemente a banda paulistana de Horror Metal, Final Disaster, lançou seu primeiro álbum “Halls of Despair” de forma independente. O trabalho traz um história conceitual, contando a trajetória de um serial killer chamado Mr Joe.

Conforme eles foram lançando vários singles, fui acompanhando e fiquei ansiosa por ouvir o trabalho completo. 

Pois agora que “Halls of Despair” está disponível vou falar das minhas impressões sobre o álbum. A abertura ficou por conta de “Another Victim”, com uma ótima combinação dos vocais de Kitto Vallim e Deborah Moraes.


Em seguida, a faixa “Turn It Off”, merece um destaque pela versatilidade vocal de Kitto mostrando um estilo mais agressivo. “Dark Delight” apresenta um instrumental sensacional e muita energia nos vocais de Deborah e Kitto.

“Quiet Now” é uma das minhas músicas favoritas, os vocais arrasam mais uma vez e trazem realmente o desespero de uma vítima fugindo e tentando se esconder de seu perseguidor. 

Em “Creatures from the Underground”, eu gostaria de destacar o desempenho de Bruno Garcia na bateria, a banda como um todo parece muito bem entrosada, mas nessa música em específico ele roubou toda minha atenção. 


Outra música que merece destaque é a “Blood Red Creation”, o violão na introdução consegue criar uma certa tensão para a narrativa da canção que se inicia a seguir, além disso o refrão é daqueles que grudam na cabeça. 

Acho que “Things to Come” é uma das mais pesadas do disco e está na minha lista de favoritas. “Resonance Within” é a música mais longa do álbum, mas isso não quer dizer que seja monótona, mais uma vez há bastante entrosamento entre os vocais de Kitto e Deborah. 

Em seguida temos a densa e pesada “Despair”. Em “Broken Glass (Invisible)”, os vocalistas mais uma vez dão um show de interpretação. “Silent Sacrifice” deveria ser proibida de ser ouvida em volume baixo. 

Em “Final Disaster”, os riffs criam uma atmosfera muito interessante na introdução, mais uma vez muito entrosamento entre os vocais e um refrão fantástico. “Inner Reveries” é mais uma faixa de altíssima qualidade. 


E para encerrar, a energica “Beware the Children”, a perfeita combinação de peso e harmonia. De modo geral, a pandemia trouxe muitos desafios a todos e muitas bandas precisaram “se virar no trinta” para se manter na ativa. Mesmo assim, muitas como a Final Disaster conseguiram realizar um trabalho excelente, apesar das dificuldades.

Eles me surpreenderam muito com esse álbum e atualmente são uma das minhas bandas nacionais favoritas. Vale muito apena dar uma conferida, eles têm qualidade o suficiente para se tornarem uma potência no metal nacional, mas claro, como qualquer outra banda, precisam de apoio.

Texto: Raquel de Avelar
Fotos: Divulgação


Line-up

Kito Vallim – Vocal
Deborah Moraes– Vocal
Lucas Mendes – Guitarra
Rodrigo Alves – Guitarra
Felipe Kbça – Baixo
Bruno Garcia – Bateria

Tracklist:

1 – Another Victim
2 – Turn it Off
3 – Dark Delight
4 – Quiet Now
5 – Creatures From The Underground
6 – Blood Red Creation
7 – Things To Come
8 – Resonance Within
9 – Despair
10 – Broken Glass (Invisible)
11 – Silent Sacrifice
12 – Final Disaster
13 – Inner Reveries (Outro)
14 – Beware The Children (2021)* [Bonus da versão digital]







quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Entrevista: Morten Veland - "Estou muito feliz por ter feito parte do gothic metal desde o início."


Multi-instrumentista, compositor e produtor, o norueguês Morten Veland foi um dos precursores do Gothic/Symphonic Metal, estilo que surgiu nos anos 90, junto com várias outras novidades e transformações que o Metal vinha passando.   (English Version)

Fundador de uma das principais bandas do estilo na época, o Tristania, onde ajudaram a definir caracteristicas marcantes, como o uso de vocais líricos femininos em contra ponto com os guturais, unindo o peso das guitarras, melodias melancólicas dos teclados e incursões sinfônicas.

Após os bem-sucedidos dois primeiros álbuns,  há o rompimento com o Tristania em 2001, e Morten cria o Sirenia, banda com a qual lançou até o momento 10 álbuns. 

Além do Sirenia, o músico tem seu projeto solo, Mortemia, com o qual lançou um full-lenght em 2010, e recentemente vem lançando novas músicas, liberando vários singles nas plataformas (6 até o momento, e o 7° será lançado dia 29 deste mês), contando com vocalistas convidadas, e com uma sonoridade que pretende resgatar aquelas características principais do Gothic/Sympho Metal do início nos anos 90.

Conversamos com Morten no fim do ano passado para falarmos sobre esses novos singles do Mortemia, Sirenia, Tristania, carreira e a respeito do Metal nos anos 90.




RtM: Você anunciou recentemente que voltaria com seu projeto Mortemia, com o EP "The Pandemic Pandemonium Sessions", 11 anos depois do primeiro álbum.
Morten Veland: Sim, faz muito tempo desde o primeiro álbum do Mortemia, e a razão para isso foi que eu não consegui encontrar tempo para isso. Sirenia, que é minha banda principal, basicamente tomou todo o meu tempo, e sempre pareceu certo fazer do Sirenia minha prioridade. Quando a pandemia de corona estourou, muitas coisas foram viradas de cabeça para baixo.
 
Todos os planos de turnês foram cancelados, e acabamos de terminar nosso novo álbum. Então, de repente, eu tinha muito tempo livre. Meu primeiro pensamento foi fazer algo com o Mortemia novamente, para me manter criativa e ocupada.


RtM: Ao contrário do primeiro, desta vez você decidiu incluir vocalistas principais femininas. Fale um pouco sobre essas mudanças.
MV: Devido a todas as restrições de viagem, etc, foi complicado fazer outro álbum com os coros desta vez. Então eu tive que pensar em um novo conceito para este álbum, e convidar um cantor convidado diferente para cada música parecia uma solução muito interessante e empolgante. Também seria o momento certo para um projeto como este, os poucos artistas estão ocupados em turnê nos dias de hoje, então a disponibilidade dos cantores seria melhor que o normal.


 
RtM: Eu gostaria que você falasse um pouco sobre o tema das letras dessas novas músicas do Mortemia, e se de alguma forma, além do título "The Pandemic Pandemonium Sessions", essa experiência que o mundo vem tendo com a pandemia inspirou algum ou alguns dos temas?
MV: Esses dois últimos anos certamente foram muito sombrios e difíceis em muitos níveis. A pandemia e o enorme impacto que teve na minha vida certamente inspiraram minhas letras neste álbum.

 
RtM: E como tem sido a experiência de lançar uma série de singles digitais ao invés de lançar o álbum completo?
MV: Tem sido uma maneira nova e interessante de fazer as coisas. Praticamente tudo neste álbum é feito de uma maneira diferente do que eu fiz no passado. E é o que eu queria desta vez. Eu queria algo novo e excitante.



RtM: Já que essas novas músicas trazem um som que remonta aos primórdios do Symphonic/Gothic Metal, não seria uma ideia interessante ter a vocalista Vibeke como convidado em alguma música? Acho que seus fãs que amam os dois primeiros álbuns do Tristania ficariam felizes.
MV: Sim, eu acredito que muitos fãs apreciariam a colaboração entre nós dois. No entanto, estamos em um lugar diferente musicalmente hoje em dia, então não tenho certeza se será possível fazer isso acontecer.


 
RtM: E como foi seu critério na escolha das vocalistas que participariam de cada música?
MV: Eu queria convidar vocalistas de Metal que eu pessoalmente gosto muito. Há tantas grandes cantoras no Metal hoje, é realmente impressionante. Algumas das cantoras são grandes amigas minhas, e algumas conheci recentemente.

Quando trabalho em uma música, sempre tento pensar nos vocais, nas melodias, em que direção quero tomar e em quais cantores podem se encaixar perfeitamente em cada música. Até agora tem funcionado muito bem, estou muito feliz com todas as contribuições de todos os meus convidados incríveis.



RtM: Houve alguma parceria que te surpreendeu tanto que você gostaria de  trabalhar com ela novamente?
MV: Todos elas foram absolutamente fantásticas. Eu adoraria trabalhar com todos elas novamente em algum lugar no futuro, se o tempo permitir.


RtM: E sobre as diferenças do Mortemia e Sirenia? Sirenia funciona como uma banda convencional e a mortemia seria um projeto solo de estúdio? No Sirenia, apesar das muitas mudanças de formação, os outros músicos estão livres para apresentar ideias?
MV: Sim, por enquanto o Mortemia é apenas um projeto de estúdio, e não tenho planos de fazer shows ao vivo tão cedo. Acho que dependeria muito da popularidade do projeto e de como tudo evolui a partir daqui. Com o Sirenia eu principalmente invento os esqueletos das músicas, então todo mundo contribuiu com detalhes, etc.


 
RtM: No início deste ano, que marca o 20º aniversário do Sirenia, vocês lançaram o 10º full-length da banda, que traz alguns novos elementos, mais presença de guitarra e também momentos com uma orientação, digamos, mais moderna. Eu gostaria que você comentasse um pouco sobre a sonoridade desse álbum, e como você sentiu as repercussões dele.
MV: Toda vez que lançamos um novo álbum do Sirenia, sempre tentamos trazer algo novo e fresco para a mesa. Certamente há muitos riffs de guitarra pesados ​​no álbum, e também queríamos dar aos elementos eletrônicos uma parte maior para tocar desta vez.

Queríamos criar um álbum que soasse moderno e fresco, mas ao mesmo tempo tentamos nos manter fiéis ao nosso estilo e aos elementos básicos que nos fazem soar como Sirenia.

 
RtM: Acho que uma das principais mudanças no Sirenia foi a entrada da Emmanuelle Zoldan, conte-nos mais sobre essa escolha e como é trabalhar com ela.
MV: Eu trabalho com Emmanuelle há mais de 18 anos, então isso é óbvio uma cooperação que funciona muito bem. Ela vem se apresentando no coral do Sirenia desde o nosso segundo álbum, que foi gravado em 2003 e lançado em 2004.

Nos últimos 5-6 anos, ela também foi nossa vocalista, e nosso último álbum ‘Riddles, Ruins & Revelations’ é o terceiro álbum com Emmanuelle como nossa vocalista. Ela é uma cantora completa com um alcance vocal enorme, e sabe executar tantos estilos e técnicas. Ela também é uma cantora muito focada e experiente e uma grande amiga.



RtM: Como você se sente por ter esse status de ser apontado como uma das grandes referências dentro do Metal Gótico/Sinfônico? Inclusive, é claro, os dois primeiros álbuns do Tristania também são referencias do estilo.
MV: Isso é uma grande honra. Estou muito feliz por ter feito parte do gothic metal desde o início, e me sinto muito privilegiado por ainda fazer parte disso.


 
RtM: Como você analisa os motivos da saída do Tristania hoje?
MV: Quando a cooperação com Tristania chegou ao fim em 2001, foi muito sério e devastador. Olhando para trás hoje, é provavelmente uma das melhores coisas que aconteceram comigo e minha carreira, tanto em nível profissional quanto pessoal.


RtM: Como um dos pioneiros em usar vocais femininos e também alternar vocais masculinos guturais e femininos líricos, você sente que ainda há resistência do público do metal com bandas que possuem essas características?
MV: O Metal mudou muito nos últimos 25 anos, inúmeros novos subgêneros surgiram durante esses anos. Eu acho que a comunidade Metal está muito mais aberta hoje em dia, então eles podem voltar mais atenção ao que se criou nos anos noventa.

Eu abraço a grande variedade dentro do Metal que podemos desfrutar nos dias de hoje. Nos primeiros dias, lembrei-me de que encontramos algum ceticismo sobre trazer vocais femininos e teclados para o Metal. Felizmente, hoje eu sinto que isso não é mais um problema.


 
RtM: Que lições a pandemia trouxe, principalmente na questão de adaptação de bandas e músicos, e se tem algo que você também vai usar mesmo após o retorno à normalidade (ou pelo menos algo próximo ao que vivíamos antes da pandemia) ?
MV: Acredito que a pandemia obrigou a maioria de nós músicos a pensar de forma diferente e a nos adaptarmos à nova situação. Durante as pandemias tenho tentado preencher meus dias aprendendo coisas novas, e fazendo coisas que antes não tinha muito tempo.

Passei muito tempo durante a pandemia para estudar engenharia de áudio, mídia social, marketing online, distribuição digital etc. Também abrimos uma loja virtual para Sirenia, tenho praticado meu violão mais do que o normal e finalmente encontrei tempo para reativar meu projeto Mortemia. Dito isto, porém, eu realmente sinto falta das viagens e turnês. Então, mal posso esperar para voltar à estrada novamente.


RtM: E o seu início na música e no metal? Conte-nos um pouco sobre o que o influenciou no início, quais são suas maiores influências e heróis na música?
MV: Comprei minha primeira guitarra elétrica em 1992 e ensaiava algo como 12 a 18 horas por dia no começo. Depois de alguns meses, eu e Kenneth (o baterista original do Tristania) formamos uma banda juntos chamada Uzi Suicide, e tocamos principalmente rock'n roll no começo.

Fomos inspirados pelo Guns N' Roses, Alice Cooper, Motley Crue e esse tipo de coisa. Depois de um tempo, bandas como Metallica nos transformaram em uma direção mais parecida com o metal, e depois disso bandas como The Sisters of Mercy nos transformaram em uma direção gótica também. Passamos a primeira metade dos anos noventa tentando desenvolver nosso próprio estilo.


 
RtM: Por fim, agradecemos sua atenção e tempo para responder a esta entrevista, e aproveito a oportunidade para perguntar sobre suas expectativas em relação ao seu retorno à América Latina e ao Brasil em 2022.
MV: Eu realmente espero que seja possível retornar. Já faz alguns anos desde a última vez, por isso estamos muito ansiosos para voltar. Espero que a pandemia comece a se mover em uma direção positiva no próximo ano, e acredito que a turnê será possível novamente quando estivermos na metade de 2022. Felicidades a todos os fãs latino-americanos, espero vê-los em breve.

Entrevista por: Carlos Garcia e Raquel de Avelar 

Os mais recentes álbuns do Sirenia estão disponíveis no Brasil via Shinigami Records.
Veja o vídeo para a versão de "Voyage Voyage", que está no álbum "Riddles, Ruins & Revelations"


Singles Mortemia " The Pandemic Pandemonium Sessions" e respectivas convidadas:






Interview: Morten Veland - " I am very happy to have been a part of gothic metal from the very beginning."



Multi-instrumentalist, composer and producer, the Norwegian Morten Veland was one of the forerunners of Gothic/Symphonic Metal, a style that emerged in the 90s, along with several other novelties and transformations that Metal had been going through. (Versão em português)

Founder of one of the main bands of the style at the time, Tristania, where they helped to define striking characteristics, such as the use of female lyrical vocals in counterpoint with the guttural, uniting the weight of the guitars, melancholic melodies of the keyboards and symphonic incursions.

After the successful first two albums, Tristania broke up in 2001, and Morten created Sirenia, a band with which he has released 10 albums so far. In addition to Sirenia, the musician has his solo project, Mortemia, with which he released a full-length in 2010, and has recently been releasing new songs, launching several singles on platforms, with guest vocalists - like Liv Kristine, Marcela Bovio and Melissa Bonny, and with a sound that intends to rescue those main features of Gothic/Sympho Metal from the early 90's.

We caught up with Morten at the end of last year to talk about these new singles from Mortemia, and sure, about Sirenia, Tristania, your career and about Metal in the 90s and nowadays. Check it out:




RtM: You recently announced that you would return with your project Mortemia, 11 years after the first album.
Morten Veland: Yes, it has been a very long time since the first Mortemia album, and the reason for it has been that I could not find the time for it. Sirenia which is my main band basically took up all my time, and it always felt right to make Sirenia my top priority. When the corona pandemic broke out, a lot of things were turned upside down.
 
All out touring plans were cancelled, and we just had finished our new album. So all of a sudden I had a lot of time on my hands. My first thought was to do something with Mortemia again, so I could keep myself creative and busy. 



RtMInstead the first one, this time you decided to include female singers. Tell us a little about these changes.
MV: Due to the all the travelling restrictions etc it proved complicated to do another album with the choirs this time. So I had to think of a new concept for this album, and inviting a different guest singer for each song seemed like a very interesting and exciting solution. It would also be the right time for a project like this, as very few artists are busy touring these days, so the availability of the singers would be better than normal.


 
RtM: I would like you to talk a little about the theme of the lyrics in these new Mortemia songs, and if somehow, besides the title "The Pandemic Pandemonium Sessions", this experience that the world has been having with the pandemic inspired any or some of the themes?
MV: These two last years has certainly been very dark, and difficult on so many levels. The pandemic and the huge impact it has had on my life has certainly inspired my writing on this album.


 
RtM: And how has it been the experience of releasing a series of digital singles instead of releasing the full album?
MV: It has been a new and interesting way of doing things. Pretty much everything on this album is done in a different way than I have done things in the past. And it is what I wanted this time. I wanted something new and exciting.



RtM: Since these new songs bring a sound that goes back to the beginnings of Symphonic/Gothic Metal, wouldn't it be an interesting idea to have Tristania's former singer Vibeke Stene as a guest in some song? I think your fans who love Tristania's first two albums would be happy.
MV: Yes, I do believe that many fans would appreciate a collaboration between the two of us. However, we are in a different place musically these days, so I am not sure whether it will be possible to make it happen.


 
RtM: And how were your criteria in choosing the singers who would participate in each song?
MV: I wanted to invite metal singers that I personally really like. There are so many great singers in metal today, it is really impressive. Some of the singers are great friends of mine, and some of the singers I have come to know recently. 

When I work on a song I always try to think of the vocals, the melodies, which direction I want to take it, and which singers could be a great fit for each song. So far it has been working great, I am so happy with all the contributions from all of my amazing guests.



RtM: Was there any partnership that surprised you so much that you wanted to work with one of them again?
MV: All of them has been absolutely fantastic. I would love to work with all of them again somewhere down the road, if time would allow it.


RtM: And about Mortemia and Sirenia differences? Sirenia works like a conventional band and mortemia would be a solo studio project? In Sirenia despite the many lineup changes, are the other musicians free to come up with ideas?
MV: Yes, for now Mortemia is only a studio project, and I do not have any plans of doing any live shows any time soon. I guess that a lot would depend on the popularity of the project and how everything evolves from here. With Sirenia I mostly coming up with the sctehes of the songs, then everybody contributes with working out details etc.
 


RtM: Earlier this year, which marks Sirenia's 20th anniversary, you released the band's 10th full-length, which brings some new elements, more guitar presence and also moments with a, let's say, more modern orientation. I would like you to comment a little about the sound of this album, and how you felt the repercussions of it.
MV: Every time we release a new Sirenia album, we always try to bring something new and fresh to the table. There are certainly a lot of heavy guitar riffs on the album, and we also wanted to give the electronical elements a bigger part to play this time. We wanted to create an album that sounded modern and fresh, but at the same time we also try to stay true to our style, and the basic elements that makes us sound like Sirenia.

 

RtM: I think one of the main changes in Sirenia was the entry of Emmanuelle Zoldan, tell us more about that choice, and what it's been like to work with her.
MV: I have been working with Emmanuelle for more than 18 years now, so this is obviously a cooperation that works very well. She has been performing in the Sirenia choir since our second album, that was recorded in 2003 and released in 2004. 

For the last 5-6 years she has also been our lead singer, and our latest album ‘Riddles, Ruins & Revelations’ is the 3rd album with Emmanuelle as our lead singer. She is a complete singer with a huge vocal range, and she knows how to perform so many styles and techniques. She is also a very educated and experienced singer and a great friend.


RtM: How do you feel about having this status of being pointed out as one of the great references within Gothic/Symphonic  Metal? Even, of course, Tristania's first two albums are also referenced.
MV: That is a great honour. I am very happy to have been a part of gothic metal from the very beginning, and I feel very privileged to still be a part of it.


 
RtM: How do you analyze the reasons for Tristania's departure today?
MV: When the cooperation with Tristania came to an end back in 2001, it felt very serious and devastating. Looking back at it today, it is probably one of the best things that happened to me and my career both on a professional and personal level.


RtM: As one of the pioneers in using female vocals and also alternating male and female vocals, do you feel there is still resistance from the metal audience with bands that have female vocals?
MV: Metal has changed a lot over the last 25 years, countless new sub genres has emerged during these years. I think that the metal community is a lot more open minded these days, then they might were back in the nineties.

I embrace the great variety of metal that we can enjoy these days. In the early days I remembered we met some scepticism about bringing female vocals and keyboards into metal music. Luckly I do not feel that this is an issue today.


 
RtM:What lessons did the pandemic bring, mainly in the question of adaptation of bands and musicians, and if there is something that you will also use even after the return to normality (or at least something close to what we lived before the pandemic)?
MV: I believe that the pandemic forced most of us musicians to think differently, and to adapt to the new situation. During the pandemics I have tried to fill my days learning new things, and doing stuff that I did not have much time for earlier.

I have spent a lot of time during the pandemics to study audio engineering, social media, online marketing, digital distribution etc. We also opened a web store for Sirenia, I’ve been practising my guitar more than usual and I finally found time to reactivate my Mortemia project. That being said though, I really miss the travelling and the touring. So I can’t wait to get back on the road again.


RtM: What about your beginnings in music and metal? Tell us a little bit about what influenced you in the beginning, what are your biggest influences and heroes in music?
MV: I bought my first electric guitar in 1992 and rehearsed something like 12 - 18 hours a day in the beginning. After a few months, me and Kenneth (the original Tristania drummer) formed a band together called Uzi Suicide, and we played mostly rock’ n roll in the beginning. 

We were inspired by Guns N’ Roses, Alice Cooper, Motley Crue and that kind of stuff. After a little while bands like Metallica turned us more into a metal like direction, and after that bands like The Sisters of Mercy turned us into a gothic direction as well. We spent the first half of the nineties trying to work out our own style.


 
RtM: Finally, I thank you for your attention and time to respond to this interview, and I take this opportunity to ask you about your expectations regarding your return to Latin America and Brazil in 2022.
MV: I really hope it will be possible to return. It has been some years since the last time, so we are very eager to return. Hopefully the pandemic will begin to move into a positive direction next year, and I do believe that touring will be possible again when we are about halfway into 2022. Cheers to all the Latin American fans, I hope to see you soon.