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segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Entrevista: Revengin - Mais Pessoal, Obscuro e Visceral!

 


Entrevista por: Raquel de Avelar e Caco Garcia 
Fotos: Divulgação e Arquivo da Banda

Formada em 2007, no Rio de Janeiro, a Revengin se consolidou no cenário do Metal brasileiro com uma proposta que combina peso, melodia e letras reflexivas. 

A banda lançou em 2009 o EP “Synergy Through The Ashes”, que abriu caminho para o primeiro álbum completo em 2012, "Cymatics”, o qual também foi lançado na Europa em 2014 pelo selo Secret Service, e no mesmo ano a banda fez sua primeira tour no exterior.

Após turnês e participações em importantes festivais, como o Rock in Rio em 2022, e já com um outro EP lançado, o grupo lançou em abril deste ano o seu segundo full-lenght, “Dark Dogma Embrace”, sob o selo europeu Wormhole Death Records”, álbum que aprofunda ainda mais a sonoridade da banda e traz novas camadas à sua identidade musical. 

Nesta entrevista, a vocalista Bruna Rocha, uma das fundadoras da banda, fala sobre a trajetória construída até aqui, detalhes sobre o novo trabalho e planos para o futuro.




RtM: Passaram-se 12 anos entre “Cymatics” e “Dark Dogma Embrace”. O que vocês consideram que foram as maiores mudanças na sonoridade da banda de lá para cá?
Bruna: O “Cymatics” foi surgindo conforme íamos gravando, foi um álbum bastante experimental em todos os sentidos. Hoje estamos mais maduros não apenas pelo tempo, mas também musicalmente e quanto à direção que queremos tomar.

 Já o “Dark Dogma Embrace" acredito que seja um álbum mais visceral, mais obscuro e com elementos modernos agregados às orquestrações, que sempre foram a base de nossas composições. Outra diferença está no vocal, que explora outras “regiões” além do lírico.



RtM: Prosseguindo sobre o novo álbum, quais são as temáticas centrais que vocês buscaram abordar nas músicas? Alguma faixa em especial carrega um significado mais profundo ou pessoal para a banda?
Bruna: O "Dark Dogma Embrace" é, de forma geral, um álbum mais pessoal, que explora sentimentos que muitas vezes tentamos esconder ou ignorar. O maior exemplo disso é a faixa "Wish You the Same but Worse". Ela é visceral e traduz exatamente o que queríamos transmitir.


RtM: As letras do Revengin sempre parecem carregar uma atmosfera intensa e ao mesmo tempo reflexiva. Como vocês trabalham a construção lírica das músicas?
Bruna: Geralmente eu componho as letras, e elas sempre têm a ver com algo que estou pensando ou sentindo. O mesmo acontece com a orquestração: os instrumentos escolhidos, os momentos em que entram ou se destacam — tudo isso faz parte da expressão desses sentimentos.


RtM: A Revengin já tem 17 anos de carreira. O que vocês consideram como os maiores momentos da banda?
Bruna: Temos alguns… Nossa primeira vez na Europa, quando fomos praticamente com a cara e a coragem após um convite de uma pessoa que nos assistiu em um evento na Maré. Os shows na Argentina também foram marcantes, pois estavam entre os primeiros liberados após o lockdown. Claro, o convite para o Rock in Rio e, agora, o lançamento de “Dark Dogma Embrace”.


RtM: E sobre a participação no Rock in Rio, como foi a experiência? Existe algum festival que vocês consideram o festival dos sonhos?
Bruna: Foi totalmente inesperado. Recebi uma ligação da produção enquanto estava dando aula — nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer. Foi do nada. Para nós, foi um verdadeiro “intensivão” em todos os sentidos, principalmente sobre o que significa ser profissional. E, sim, o festival dos nossos sonhos é o Wacken.


RtM: A Revengin é considerada por muitos uma banda de Symphonic Metal, mas vocês já disseram em outras entrevistas que a sonoridade vai além do sinfônico. Vocês acham que, no fim das contas, tantos subgêneros dentro do metal atrapalham mais do que ajudam na hora de o público conhecer novas bandas?
Bruna: Acredito que sim. Essa necessidade de nichar acaba, muitas vezes, criando uma separação — e até um certo preconceito. Isso faz com que ótimas bandas não sejam conhecidas justamente por estarem “presas” a um estilo. Isso acontece com a gente. 

Quando tocamos, às vezes há pessoas que dizem não gostar de “metal sinfônico”, mas acabam nos escutando e se surpreendem. Já ouvimos muitas vezes frases como: “Não gosto de metal sinfônico, mas curti muito o som de vocês”, e essas pessoas inclusive acabam comprando nosso material.


RtM: Agora que a banda assinou com um selo italiano, existe alguma previsão de uma nova turnê internacional? O que muda agora que vocês fazem parte da WormHole Death Records? Quais são os planos para o futuro?
Bruna: Sim! Acabamos de finalizar a primeira parte da turnê nacional com o "Dark Dogma Embrace". Em outubro vamos para a Europa. Fazer parte de uma gravadora nos tira da zona de conforto em todos os sentidos, estamos aprendendo muito todos os dias.

 Após a turnê europeia, o plano é iniciar a produção do próximo álbum, que já está praticamente todo composto, tanto em músicas quanto em temática. Muitas novidades estão a caminho.


RtM;E como tem sido a resposta do público internacional ao trabalho de vocês?
Bruna: Tem nos surpreendido bastante. Para nós é muito gratificante, porque o “Dark Dogma Embrace" é um álbum importante e arriscado, uma verdadeira virada de chave. Receber ótimas críticas de fora nos faz perceber que todo o esforço valeu a pena. 

Somos uma banda brasileira, onde o Metal ainda não é culturalmente reconhecido. Então, ver esse retorno internacional nos mostra que estamos no caminho certo — e, ao mesmo tempo, aumenta nossa responsabilidade.


RtM: E quanto ao cenário nacional do Metal e da música alternativa: como vocês avaliam o espaço para bandas independentes como o Revengin hoje no Brasil?
Bruna: Percebemos uma movimentação em prol das novas bandas de metal, ainda que de forma tímida. Poderíamos estar muito mais avançados, já que o público brasileiro para o estilo é grande. Não entendemos por que o Metal não é incentivado como acontece com o samba, o funk e outros gêneros.

 Por outro lado, vemos grupos e iniciativas trabalhando para promover o metal, e esse número vem crescendo. Quanto mais apoiamos novas bandas, mais incentivo o estilo recebe. Isso gera mais consumo, mais festivais e mais espaço. Eu mesma escuto muitas bandas nacionais, até porque também sou produtora e incentivadora do Metal autoral, especialmente das novas gerações.



RtM: Com o avanço das redes sociais e das plataformas de streaming, quais têm sido os maiores desafios e oportunidades para a banda em termos de divulgação e alcance do público?
Bruna: Esse é, sem dúvida, um dos maiores desafios atuais. Somos de uma época em que as pessoas conheciam a banda pelos shows, de boca em boca. Hoje, com a internet, tudo acontece mais rápido. Existe a necessidade constante de produzir material novo, com qualidade, e isso exige tempo e investimento.

 Apesar das plataformas oferecerem um alcance maior, a divulgação não é necessariamente mais fácil, pois precisamos lidar com algoritmos e impulsionamentos pagos. O “jabá” mudou de forma. Para bandas independentes, ainda é difícil alcançar o público esperado sem investimento em tráfego pago. Então, precisamos produzir cada vez mais e melhor, até conquistar uma entrega orgânica consistente.


RtM: Agradecemos pelo tempo para nos conceder esta entrevista. Parabéns pelos anos de trabalho e dedicação — que muitas conquistas venham nessa nova fase.
Bruna: Nós que agradecemos muito pelo espaço e pela oportunidade de falar sobre nós e nosso trabalho.


Links Relacionados:

Agradecimentos: JZ Press







domingo, 31 de agosto de 2025

Entrevista: Greg Mackintosh fala sobre Ascension e o legado eterno do Paradise Lost

 


Entrevista Por: Jéssica Valentim
Fotos: Divulgação 

Com mais de três décadas de estrada e mais de dois milhões de álbuns vendidos, o Paradise Lost consolidou-se como um dos nomes mais influentes do metal sombrio. 

Desde a estreia em Halifax, em 1988, a banda abriu caminhos ao criar o gothic metal, unindo peso, melodia sombria e atmosferas densas em discos que se tornaram referência, como Gothic (1991). 

Ao longo da carreira, não se prenderam a fórmulas: partiram do doom-death arrastado, alcançaram o mainstream com a grandiosidade de Draconian Times (1995) e ousaram experimentar com sonoridades eletrônicas, influenciando uma geração inteira de artistas, de Cradle of Filth e HIM a Gatecreeper e Chelsea Wolfe.

Agora, prestes a lançar seu 17º álbum de estúdio, Ascension, o quinteto de Yorkshire mostra que segue em plena forma. Produzido pelo guitarrista e cofundador Greg Mackintosh, o disco transita entre peso e melodia, sem abandonar a melancolia que se tornou marca registrada da banda. Conversamos com Greg sobre o processo criativo de "Ascension", suas inspirações, dicas para quem quer começar a ouvir Paradise Lost e, claro, a expectativa para a próxima turnê no Brasil.



RtM: Em entrevistas deste ano, você mencionou como a regravação de "Icon" em 2023, com todos os desafios de revisitar e reaprender as músicas, teve impacto no novo material. 
Então, até que ponto essa experiência moldou a composição e o som de "Ascension'? Você diria que ele é inteiramente inspirado na era "Icon" e na mentalidade que vocês tinham nos anos 90, ou há outras influências envolvidas?
Gregory Mackintosh: Acho que… não é… o álbum não é inteiramente inspirado pela regravação de "Icon". Acho que a forma de pensar nisso é… quando revisitamos aquelas músicas do início e meados dos anos 90, isso meio que reacendeu a inspiração para o que o álbum viria a ser. 

Há um tempo, eu já tinha escrito várias músicas, e acabei jogando tudo fora porque não estava satisfeito. Então tirei um tempo, e quando fizemos a regravação de "Icon", isso reacendeu, serviu como direção, algo para mirar. Então, sim, deu início ao processo de composição. 

Mas não é que o álbum inteiro siga só essa direção. Há pelo menos três ou quatro músicas que, sinceramente, não sei nem de onde veio a inspiração, são um pouco mais dark, ou diferentes. Tem uma que começa praticamente como uma balada acústica, outra que soa como uma versão mais sombria do nosso segundo disco. Então existe essa diversidade, mas sim, eu diria que o núcleo do álbum foi inicialmente inspirado por aquela regravação.


RtM: Para mim, uma capa de álbum é sempre uma declaração, e a arte de "Ascension" carrega um simbolismo religioso bem claro. Você pode nos contar sobre essa obra e por que a escolheu para representar o disco?
Gregory Mackintosh: Claro. Eu sempre procuro peças de arte, até porque tenho várias gravuras pela casa, gosto de diferentes formas de arte. Eu já conhecia essa obra, mas não sabia de quem era. Quando percebemos que tínhamos um novo álbum chegando e precisávamos definir a capa, queríamos algo histórico, mas não de um grande mestre clássico. 

Nós já sabíamos que o álbum se chamaria "Ascension", então precisava ser algo que evocasse esse título. Também era importante ter as cores certas, porque a maior parte desse material foi escrita no outono e inverno do ano passado, e o álbum acabou ganhando essa atmosfera de manhã fria, outonal. 

"The Court of Death", de George Frederick Watts, ilustra a capa de "Ascension"

Então precisávamos desses tons de vermelho, verde e dourado. A peça que escolhemos se chama The Court of Death, de George Frederick Watts, um pintor vitoriano. Não é uma obra muito conhecida, mas as cores eram perfeitas. Para mim, ela transmitia ascensão. Talvez o artista não tivesse essa intenção.Vá saber? 

Mas quando olho vejo aquela figura central em paz, quase como se tivesse alcançado um estado de nirvana, enquanto as figuras ao redor parecem em conflito. Isso combinava com a ideia de "Ascension", e eu gostei muito das cores. 

Minha faixa favorita do álbum é "Salvation", e quando estava compondo essa música, fiquei olhando para essa pintura e pensando: será que elas se conectam? E se conectavam perfeitamente. Então pedimos autorização para usar a obra, e gentilmente nos concederam.


RtM: Em algumas músicas novas, como Serpent on the Cross e Salvation, também parecem carregar referências religiosas. Já que esse tema percorre o álbum, qual foi a abordagem nas letras? Qual era a intenção que você queria transmitir?
Gregory Mackintosh: Bem, a razão de mergulharmos de novo nesse uso de iconografia religiosa, metáforas e imagens foi, em parte, por causa de "Icon", que também tinha muito disso. Mas também voltamos às origens, ao nome da banda e ao livro Paradise Lost, de Milton, que fala justamente sobre a luta do homem com sua identidade, vida e morte, esses conceitos abstratos que a religião tenta lidar, muitas vezes sem sucesso, mas de forma interessante. 

Nas letras, eu e o Nick trabalhamos juntos. Eu mostro a ele a música e deixo que seja guiado pelo que ela evoca. Nossa música é escapismo, queremos que as pessoas sejam transportadas para outro lugar, que formem imagens na mente. Em algumas músicas, a metáfora religiosa funcionava bem, como em Salvation e Serpent on the Cross. 

Mas em outras, como Silence Like the Grave, o clima era diferente. Ela abre com metais e soa bombástica, quase como uma marcha de guerra, e o Nick escreveu sobre a ascensão e queda de impérios, sobre por que as pessoas vão à guerra, o que conquistam com isso e por que repetimos os mesmos erros. Tudo depende do que a música desperta. É subjetivo, como a arte, cada um interpreta à sua maneira.


RtM: E ao longo de 17 álbuns, o Paradise Lost nunca se repetiu. Mesmo revisitando elementos familiares, sempre há uma progressão, como uma linha invisível conectando os discos. Existe algo, em termos de composição ou produção, que vocês ainda não fizeram, mas gostariam de explorar?
Gregory Mackintosh: Sim, acho que sim. Uma das nossas maiores influências, desde quase o início, foi o Dead Can Dance, especialmente os primeiros discos, como Within the Realm of a Dying Sun. Então, música sacra. 

Crescemos ouvindo música de igreja. É curioso dizer isso porque todos somos ateus, mas, na infância, nossos pais nos levavam à igreja. Mesmo sendo ateus, era algo social, uma forma de comunidade, de conhecer pessoas. Então, parte da nossa infância está enraizada nisso: estar nesses prédios antigos, como crianças entediadas ouvindo hinos ecoando pelos corredores. 

Acho que isso ficou em nós. Tenho interesse por música medieval, séculos XII e XIII, especialmente da Europa Oriental: cantos gregorianos, sons de catedrais. Em Salvation, por exemplo, tentei reproduzir nas guitarras algo parecido com sinos e coros. Talvez, em algum momento, seja interessante explorar isso mais profundamente. Mas é preciso inspiração, não dá só para copiar um estilo, é necessário trazer algo próprio.


RtM: Isso seria interessante.
Gregory Mackintosh: Sim, com certeza.


RtM: Hoje, mesmo com o retorno do vinil e do CD, as plataformas de streaming têm um papel enorme na forma como a música é consumida, especialmente pelas gerações mais jovens. Ao mesmo tempo, o Paradise Lost continua tocando em grandes festivais, onde muitos ouvintes os descobrem pela primeira vez. 
Para alguém que assistiu a um show da banda em um festival, mas nunca ouviu seus discos, qual álbum você recomendaria como ponto de partida?
Gregory Mackintosh: Essa é difícil. Acho que o mais abrangente, que reúne todos os estilos da banda em um só álbum, seria Obsidian. Ele tem elementos de praticamente todas as nossas fases. Claro, o Nick tem três ou quatro estilos vocais diferentes, e ele usou todos em diferentes discos. 

E, em termos de atmosfera, "Icon" é um álbum muito puro da essência do Paradise Lost. Mas se a ideia for ter um panorama de todos os estilos, eu diria que "Obsidian" é a melhor porta de entrada.


RtM: Perfeito. E no início deste ano, vocês tocaram no Bangers Open Air no Brasil, sob quase 40 graus, e o público chegou cedo só para ver a apresentação de vocês. Eu estava lá, foi um show incrível. Os fãs podem esperar que a turnê de Ascension venha ao Brasil no ano que vem?
Gregory Mackintosh: Com certeza. Demorou bastante para agendar a turnê que incluiu o Bangers, por causa da logística e da organização, mas quando conseguimos, deu tudo certo. Conversamos bastante com o promotor, inclusive no festival e em outros shows, como no Chile, e criamos uma boa relação. Então deve ser mais simples organizar uma próxima turnê. 

É claro que ajuda quando conseguimos alinhar com festivais. Eu detesto calor, não me dou bem no verão, mas fazia sentido vir ao Brasil e à América do Sul junto com alguns festivais. O Carcass, por exemplo, estava fazendo o mesmo e nos encontramos em várias datas. 

Então, provavelmente no fim do próximo verão, deve rolar. E, claro, tentando encaixar em festivais também. Foi uma turnê ótima, muito tranquila, tirando um detalhe: nosso tour manager teve o passaporte roubado e ficou preso no México. Tivemos que continuar sem ele.


RtM: Sério?
Gregory Mackintosh: Sim, ficamos rodando a América do Sul e depois a do Norte sem ele. Só conseguiu um passaporte temporário dois dias antes de voar de volta pra casa. Ele passou três semanas preso em um hotel no aeroporto do México. Mas fora isso, foi tudo excelente. E tivemos a ajuda do Vander, que normalmente trabalha com o Sepultura.


RtM: Sim, eu conheço ele, é meu amigo próximo.
Gregory Mackintosh: Ah, ele foi incrível, super profissional, ajudou demais. Especialmente por falar a língua, o que facilita muito em aeroportos. Então, se fizermos de novo, com certeza vou chamá-lo para ajudar outra vez.


RtM: Então, para finalizar… se você tivesse que descrever Ascension em apenas uma frase, qual seria?
Gregory Mackintosh: Hmm… posso resumir em três palavras: bombástico e melancólico. É o mais simples que consigo colocar.


RtM: Perfeito. Eu ouvi o álbum ontem, e é incrível. Para mim, é o álbum do ano até agora, e duvido que alguém supere. Está realmente muito bom.
Gregory Mackintosh: Isso é um grande elogio, muito obrigado. Estou ansioso pelo lançamento, porque o período entre entregar um álbum para o selo e ele sair é de uns cinco meses. Nesse tempo, você fica se perguntando se ainda é bom, se continua fazendo sentido. Então ouvir isso de você me dá confiança.


RtM: É sim. A produção, tudo… está exatamente onde precisa estar. Ficou maravilhoso. Muito obrigada pelo seu tempo. Desejo um ótimo dia, e espero vê-los novamente no próximo ano, com uma grande turnê e um lançamento de sucesso. Tenho certeza de que todos vão amar tanto quanto eu.
Gregory Mackintosh: Muito obrigado, Jessica, agradeço demais.


"Ascension" será lançado no dia 19 de setembro via Nuclear Blast e já está disponível para pre-save. Três singles já foram divulgados e você pode conferir abaixo.

Line-up: Nick Holmes – Vocal | Greg Mackintosh – Guitarra | Aaron Aedy – Guitarra | Steve Edmondson – Baixo | Jeff Singer – Bateria

Agradecimentos a Marcos Franke e à Nuclear Blast pela colaboração.








sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Entrevista - Tropa de Shock: A Revanche da Mãe Natureza Contra os Abusos da Humanidade

 



Formada em São Paulo no final da década de 1980, a Tropa de Shock consolidou-se como uma das bandas mais consistentes e respeitadas do heavy metal nacional. Com uma trajetória marcada por energia nos palcos, letras densas e sonoridade que transita entre o tradicional e o obscuro, o grupo construiu uma base fiel de fãs ao longo de mais de três décadas. 

Sempre mantendo firme a identidade dentro do metal, a banda lançou discos importantes que ajudaram a sedimentar seu nome no cenário underground brasileiro. Agora, eles apresentam “Four Seasons of Darkness”, um trabalho que une maturidade musical, peso e atmosfera sombria, reafirmando o lugar da Tropa de Shock como uma das referências do gênero no Brasil.

- Olá Don. Obrigado pela sua gentileza em nos atender. Parabéns pelo lançamento do álbum “Four Seasons of Darkness”, pois o material ficou de primeira.

TS - Oi para todos, muito agradecido.


- Como você pode descrever o trabalho na composição deste tipo de sonoridade?

TS - Foi um desafio, pois nesse novo álbum estavamos almejando uma sonoridade mais moderna, acrescentando no nosso estilo elementos do metal mais moderno tipo, trash, nu, death. 

Como já tínhamos um rascunho do conceito, fomos misturando estes elementos nas harmonias, hora velozes, hora densas, hora melancólicas, quando as bases ficaram prontas foi a hora das melodias, fui solfejando e sentindo cada uma delas para criar o clima vocal, tendo em mente as poesias, foi um caminho longo mais muito satisfatório para banda.


- Eu escutei o material diversas vezes e, só após várias tentativas, consegui captar parte das suas ideias nesse mais recente trabalho. Os fãs têm sentido este tipo de dificuldade também?

TS - Provavelmente quando sair a HQ do álbum tudo se tornará mais claro, pois é difícil colocar em dez músicas um conceito tão complexo. Aqui está um resumo da estória

"FOUR SEASONS OF DARKNESS"

"O conceito por trás da obra."

O ano era 3099. Gaia descontente com as ações dos humanos que ainda a machucavam, a faziam sangrar, destruindo mares, matas, o ar, a fauna resolveu dar um fim aos humanos que não mais honravam ser seus filhos e se tornaram predadores letais. Gaia então transforma suas quatro estações Primavera, Verão, Outono e Inverno em estações de medo, sombrias e destruidoras tais como os quatro cavaleiros do Apocalipse trazendo guerra, fome, peste e morte)

Primavera – flores secas e frutos podres condenam os seres vivo à fome

Verão – passa a destruir tudo à sua frente por meio do fogo incontrolável

Outono – com o ar contaminado e ventos incessantes traz pestes e doenças aos humanos

Inverno – o próprio leito de morte para todos os pecadores

Desesperados e lutando mais uma vez por sua vida os humanos parecem cair em si e em uma tentativa de apaziguar a ira de Gaia  aperfeiçoam mais uma vez uma A.I (I.A) numa solução tecnológica mas que não vem do coração. Será que vão conseguir????

Está é a proposta deste álbum,

uma sonoridade diferente, que alguns ouvintes tem achado bem interessante, mas acreditamos que o álbum irá surpreender muitos ouvintes novos e os fãs mais antigos, por conta das escolhas destes novos elementos musicais. 

Nós buscamos nossas referências em sonoridades mais atuais e mesclamos com o nosso estilo,claro sem perder nossa essência.Então entendemos essa dificuldade, espero que o resumo venha clarear ao entendimento da obra.


- Existem planos para o lançamento de “Four Seasons of Darkness” no exterior, no formato físico ou digital? Tivemos contato até agora, apenas o formato digital...

TS - Sim estamos em sintonia com nossa gravadora MS Metal Records, e sim haverá lançamento físico conforme conversamos, incluindo um HQ no estilo da revista Heavy Metal dos anos 80. O trabalho de divulgação apenas começou pois o cd foi lançado no dia 4 de Julho, vamos em frente.


- Adoro o fato de vocês agora usarem as letras em inglês, mas isso nunca chegou a ser barreira para  vocês no mercado nacional?

TS - Que bom que lhe agradou, uma breve história para vocês: Nosso primeiro disco foi lançado em vinil no ano de 1990 com o título "Fragmentos", pelo selo BMG Ariola, foi todo em português, trabalhamos muito esse disco, tv, rádios, revista e muitos shows é claro, mas queríamos mais, atingir outros públicos, então resolvemos gravar na língua inglesa que é usada no mundo todo.

O primeiro trabalho foi o álbum intitulado "Angels of Eternity" de 1997, dai pra frente com a ótima aceitação de outros países, continuamos a compor em inglês. Hoje temos o público aqui do nosso Brasil e o público internacional.Veja que bom, da pra atingir todo mundo (risos).

- Como estão rolando os shows em suporte ao disco? A aceitação está sendo positiva?

TS - Estão começando bem.Queremos divulgar muito este novo álbum, para que ele alcance o maior número de pessoas ao redor desse mundo, e para que todos possam refletir sobre o futuro do nosso planeta, sim pretendemos excursionar  com certeza no Brasil e exterior com suporte de  nossa gravadora MS Metal Records.


- Quem assinou a capa do CD? Qual a intenção dela e como ela se conecta com o título?

TS - Quem assinou a arte fui eu (Don), naturalmente até porque sou  eu que tenho criado todos os materiais gráficos e conceitos dos álbuns da banda desde sempre.e com esse não seria diferente. 

Dentro do meu conceito, eu queria criar uma arte onde fosse possível visualmente passar uma sensação de solidão e terror ao mesmo tempo, onde Lázarus, com todas as informações fornecidas pelos humanos,se desloca nas profundezas da mente de Gaia, para tentar a redenção para humanidade,os crânios representam os humanos culpados de destruir o planeta, e os pedaços de máquinas a nossa tecnologia usada "erroneamente", num ambiente hostil, sombrio e apocalíptico,criando algo como o Inferno de Dante moderno mental.


- “Four Seasons of Darkness” foi todo produzido pela banda, foi satisfatório seguirem por este caminho?

TS- Sim , escolhemos buscar este caminho para termos mais controle sobre a obra, que queríamos mais agressiva com timbres mais cortantes, que nos distanciasse dos anos 80. 

Acrescentamos também efeitos sonoros em alguns tracks para valorizar o conceito as letras, o track mais complicado foi a instrumental "Four Seasons of Darkness - Chapter II", onde temos 6 guitarristas e um tecladista convidados que interpretaram cada um a seu modo uma estação sombria.(a track tem mais de 9 minutos). E foi muito bom porque podíamos fazer qualquer coisa e ver se ia ficar satisfatório pra nós.


- E os planos para médio prazo? Já estão compondo novas coisas? Se sim,  como está se dando o processo e como estão soando?

TS - Sim já estamos criando um esboço, estamos criando o conceito que será bem forte,ai vamos partir para as harmonias,acho que vai ser bem impactante, ao meu ver é claro.


- Novamente parabéns pelo trabalho e vida longa ao TROPA DE SHOCK...

TS- Agradecemos muito à vocês pelo espaço cedido e pelo apoio que sempre nos dão,não esqueçam de vir conhecer nosso trabalho em nossas redes sociais e principalmente nosso novo álbum "Four Seasons of Darkness". Up the Tropas...




quinta-feira, 24 de abril de 2025

Entrevista: Dynazty - Nils Molin Fala Sobre o Novo Álbum e a Vinda ao Brasil



Formado em 2008, o Dynazty evoluiu ao longo dos anos de suas origens humildes, enraizadas na cena de hard rock escandinava, para ganhar destaque na cena moderna de metal melódico.

Com trabalhos de destaque como  "The Dark Delight", que recebeu disco de ouro na Suécia, país natal da banda, e na vizinha Finlândia. Com singles como "Heartless Madness", alcançando disco de platina, e "Presence of Mind" sendo destaque nos quadrinhos da DC e na série Peacemaker da HBO.

Turnês nos últimos anos, juntamente com bandas como Sabaton, Powerwolf, Battle Beast, Pain e Kissin Dynamite ajudaram a consolidar a banda no continente europeu como um dos artistas ao vivo mais proeminentes de sua geração.

E a banda busca mais, com o mais recente trabalho lançado início deste ano, “Game of Faces”, o Dinazty mostra que não tem medo de evoluir. Falamos com o vocalista Nils Molin, que nos contou mais a respeito do novo álbum, e claro, sobre a vinda ao Brasil para o festival Bangers Open Air.



RtM: Para iniciarmos, gostaria que você comentasse o que este novo álbum tem de diferente com relação aos seus antecessores.

Nils Molin: Este álbum é definitivamente um reflexo do período em que o escrevemos, o que sempre torna as coisas um pouco diferentes do álbum anterior, “Final Advent”, por exemplo. “Final Advent” foi escrito durante a pandemia do COVID, um período em que estávamos apenas escrevendo o álbum, o que era a única coisa que podíamos fazer na época, então foi o que fizemos

E com este álbum, embora tenhamos saído mais ou menos constantemente em turnê desde o lançamento de “Final Advent” e termos escrito “Game of Faces” entre as turnês e entre outras responsabilidades e sempre que há tempo para isso, então o processo foi um pouco mais disperso do que o normal.

Mas também pelo fato de termos feito muitas turnês você pode perceber no nível de energia do álbum, se preferir, eu acho que ele tem um pouco de energia extra e talvez até mesmo agressividade.



RtM: Uma característica única para este álbum em particular, é que ele é mais pesado e mais agressivo do que, digamos, “Final Advent" e soa um pouco menos experimental do que “The Dark Delight”. É uma boa coleção, de tudo o que vocês fizeram até agora ao longo de toda a sua carreira como banda. É um ótimo álbum.

Nils: Bem, é como você disse, quero dizer, "Dark Delight" talvez eu não o chamaria de um álbum experimental por si só, mas definitivamente tinha muita dinâmica e muitas músicas entraram em territórios diferentes, etc., mas o plano de jogo com este álbum era torná-lo muito coeso e conciso. 

Tipo, este é o álbum, serão 10 ou 11 músicas e será mais ou menos a todo vapor até o final, embora tenhamos algumas músicas um pouco mais suaves no final, o que fez muito sentido quando estávamos escrevendo uma música Como "Dream of Spring", que é a penúltima música, foi na verdade uma das últimas músicas que escrevemos para o álbum, onde sentimos que precisávamos de algo um pouco mais suave, para complementar e completa-lo.



RtM: Certo. E sobre "Dream of Spring", talvez eu esteja errada,  mas para mim há um pouco daquela canção do John Lennon e da Yoko Ono nela, me lembra um pouco de "Merry Christmas" (The War is Over), não sei, talvez os coros ou algo assim. Foram intencionais ou apenas coincidência?

Nils: Hum, não acho que seja intencional, não acho que seja consciente, hum, não sei exatamente, hum, é a música de Natal com John Lennon e Yoko Ono a que você está se referindo?  Não me lembro como é.  

Não acho que tenha sido intencional, nós só queríamos escrever uma música de uma forma que não tínhamos feito, uma música mais suave, então estávamos procurando uma maneira de fazer esse tipo de canção, mas de uma forma que não tínhamos feito antes, então isso nos levou a algumas experimentações com arranjos e coisas assim. 

Mas sim, em geral, a música ou o tema lírico do álbum é muito reflexo do que vem acontecendo na Europa nos últimos anos, uma situação que não tivemos ou que nossa geração não vivenciou, que é, na verdade, uma guerra, uma situação de guerra real na Europa, então eu simplesmente tinha que escrever algo sobre tudo isso.



RtM: Talvez você esteja particularmente orgulhoso dessa música por causa dos seus
temas líricos ou algo assim, ou há alguma outra música da qual você particularmente se orgulhe de ter escrito para este álbum? 

Nils: Não acho que me orgulhe mais de uma música em particular do que de qualquer outra. Acho que são sempre peças individuais que completam o todo, por assim dizer. Considero, neste caso, “Dream of Spring” como parte integrante do ato final do álbum, por assim dizer, uma peça que estava faltando até que a escrevêssemos.

Então, com certeza, eu realmente gosto dessa música. Acho que ficou ótima, mas, novamente, é isso que penso em quase todas as músicas, ou até mesmo em todas as músicas do álbum.



RtM: Certo, e é uma ótima maneira de apresentar a próxima música, “Mystery”, que é uma ótima música também. Eu gosto dela. 

Nils: Sim, então essa música eu ia mencionar, já que estávamos falando sobre as músicas, que essa música também foi uma das últimas músicas escritas para o álbum e parecia que algo era necessário para o final do álbum, e  que talvez fosse ainda mais edificante do que “Dream of Spring”, para que ainda terminasse com o mesmo tipo de nota com que o álbum é apresentado. Essa era a ideia desse tipo de música. 



RtM: Ok! Bom, vamos falar um pouco sobre o vídeo que vocês gravaram usando inteligência artificial, e que é uma nova tecnologia  que muitas pessoas gostam, algumas pessoas não gostam, e você já tinha falado sobre tecnologia, mas de uma maneira diferente, sobre mídia social e esse tipo de coisa. Mas nós fale como você se relaciona com a tecnologia em geral e especialmente sobre o que você pensa sobre inteligência artificial e arte e esse tipo de coisa?

Nils:  Bom, para mim, antes de tudo, sei que este é um tópico controverso, e minha opinião sobre tudo isso é que não há como, neste momento, e eu não acho que provavelmente em algum momento, essa tecnologia de inteligência artificial possa substituir um artista humano.
E é uma questão filosófica, se é que algum dia poderia.

Mas definitivamente, neste momento, não há como, a principal razão pela qual usamos isso para este vídeo foi porque queríamos fazer algo visualmente diferente para a banda e porque a música em si, o tema de “Game of Faces”, é basicamente o que é real, o que é um rosto real, o que é um rosto falso e o que é uma opinião subjetiva. 

E essa coisa de vale misterioso que toda essa tecnologia de IA tem, se encaixaria em tudo muito bem nesse sentido, de que se você não consegue realmente dizer com certeza se algumas das coisas que você vê são falsas, mas, novamente, você tem essa sensação de que também é real, sim, é muito confuso, se encaixa exatamente com os temas das letras. 



RtM: Um tema delicado, mas encaixa na música.

Nils: É definitivamente algo que se encaixa com o tema da música em geral, acho que se encaixa tanto na letra quanto é um vídeo lindo para ser honesto, não se opõe à inteligência artificial e tudo mais, não acho que isso possa substituir o trabalho humano ou possa substituir qualquer coisa que possamos  fazer, mas é uma ferramenta valiosa de qualquer maneira, você sabe, é uma ferramenta, e vamos ver como vamos usá-la, e espero que não de maneiras ruins ou estúpidas, o que acontece com muita frequência. 



RtM: Sim, eu sei disso, mas, com certeza, ela não consegue competir com a criatividade humana.

Nils: Neste ponto, de fato, eu ouvi música feita por inteligência artificial e, sinceramente, não parece natural, você não consegue dizer exatamente o que é, mas não é natural, sim, há algo inerentemente errado com ela.
Mesmo que não haja nada que você não possa apontar como incorreto.

Mas seu cérebro percebe isso, então, com certeza vai levar muito tempo até que esse tipo de tecnologia se assemelhe a algo realmente humano. E, filosoficamente, não acho que possa.



RtM: Você trabalhou com Jona Tee, do Heat , no álbum “Conquerors”. Eu gostaria que você falasse um pouco sobre isso. Eu sei que já faz um tempinho desde que foi lançado, mas já que estamos aqui, vamos aproveitar esta oportunidade. Como foi trabalhar com ele nesse álbum?

Nils: Foi ótimo, resumindo, eu conheço o Jona há muitos anos e, ao longo do tempo nós conversamos um pouco aqui e ali sobre fazer algo juntos e finalmente aconteceu, e para mim isso foi simplesmente muito divertido, há uma ótima química entre ele e eu. Ficamos apenas sentados lá e trabalhando juntos, experimentando músicas, experimentando composições, vocais e tudo mais, e foi um processo muito, muito despreocupado e divertido.



RtM:  E vocês escreveram as músicas juntos, certo?

Nils: Nem todas, havia algumas, talvez metade do álbum ele já tinha escrito antes, mas na verdade reescrevemos muitas delas e então escrevemos muitas das coisas juntos também.


RtM: E quando você estava colaborando com ele, como você sabia, por exemplo “Ah, eu tenho uma ideia, mas isso é melhor para o Dynazty” ou “Ah, não, isso é melhor para o New Horizon”.  Como você diferencia e separa essas coisas? Como você mantém uma identidade artística distinta para cada um?

Nils: As coisas que eu e o Jona fizemos, nós apenas sentávamos  no estúdio dele para compor, então, não era como se eu estivesse em casa tendo ideias, porque então, pode ser mais confuso, tipo, isso é uma ideia para este álbum ou é uma ideia para o Dinazty? 

Então, nós estávamos no estúdio simplesmente gravando e escrevendo simultaneamente, de forma mais espontânea, muito, muito espontânea, na verdade. Então nunca houve qualquer dúvida se esta ou aquela seria uma música para qualquer outro álbum, seja de nossas bandas ou seja lá o que fosse, só estávamos fazendo o que estávamos fazendo na época e isso seria o álbum do New Horizons.



RtM: E o que podemos esperar do New Horizon no futuro? Há algum plano para um novo álbum ou algo assim?

Nils: Neste momento, não há um plano real para nada neste momento, quero dizer, eu e Jonah temos um milhão de responsabilidades.

E isso aconteceu de ser um momento em que poderíamos realmente fazer isso e funcionou bem e eu espero que possamos fazer outro álbum juntos em algum momento, sim, mas eu simplesmente não sei.



RtM: Você é considerado um dos melhores vocalistas da sua geração, e você explora diferentes aspectos da sua voz, você tem uma voz clara, você explora tons mais graves, mais agressivos, e às vezes um pouco de blues aqui e ali.  Como foi o processo de definir sua identidade vocal ao longo de sua carreira?

Nils: Essa é uma ótima pergunta. Eu acho que não é algo que acontece da noite para o dia, não é como você simplesmente decidir um dia “Eu serei esse tipo de cantor e/ou amanhã eu farei esse tipo de vocal”, é algo que já existe organicamente dentro de você como cantor, e eu me considero um cantor muito versátil e há ainda mais estilos de canto que eu nunca gravei ainda,  e que eu sei que poderia explorar se eu quisesse ou se eu tivesse a oportunidade, mas ao mesmo tempo eu também gosto de manter o foco no que eu quero fazer e não me dispersar muito também.

Em geral, meu princípio como cantor é sempre servir à música primeiro. O que eu quero dizer é que gostaria de fazer algo vocalmente que fosse interessante para mim, da minha perspectiva de vocalista puro, isso pode nem sempre ser a melhor coisa para a música, e isso vale para qualquer tipo de músico.

Você sabe, um bom exemplo de você é você experimentar na música sem realmente beneficiá-la, então esse tem sido meu princípio fundamental como cantor, pois sempre tento servir à música primeiro e garantir que faço justiça à música antes de fazer a mim mesmo.

Eu adoro experimentar com meus vocais, adoro ver até onde posso levar as coisas e, no que diz respeito à minha identidade como cantor, é algo que desenvolvo ao longo dos anos, não acho que você possa forçar ou empurrar em nenhuma direção específica, ou acontece ou não, conforme você experimenta, você se conhece melhor e experimenta um pouco mais, e você se desenvolve espontaneamente. 

No início da carreira é definitivamente uma questão de encontrar  seus pontos fortes
e descobrir o que você pode fazer e se desafiar a todos os tipos de limites para ver até onde poderia ir. Sim, eu fiz muito disso ao longo dos anos.



RtM:  Ok, e o que você acha o mais importante em um vocalista. Você acha que é um timbre único? A sua técnica vocal? A performance de palco?

Nils: No melhor dos mundos, uma mistura de todas essas coisas, mas eu acho que o mais importante é um bom timbre, expressão e criatividade, e eu, quero dizer, técnica é inútil se você não tiver um bom timbre. 

Técnica é inútil se você não tiver expressão, se você não tiver criatividade, então, hum, eu acho que os princípios básicos devem ser sempre um bom timbre, porque é isso que soa bem,  e expressão e criatividade, e então, se você tiver a possibilidade de explorar e ter uma ótima técnica vocal, vá em frente, certo?



RtM: Bom, estamos chegando ao final da entrevista, vocês se apresentarão aqui no Brasil pela primeira vez no Bangers Open Air em 3 de maio, quais as expectativas de vocês  para o show? 

Nils: Bem, eu tenho feito entrevistas por três horas com o Brasil agora, e todo mundo tem falado, obviamente, muito sobre este festival, e eu ouvi muito sobre ele, então, na verdade, neste momento, temos expectativas bem altas para isso, mas sim, com certeza, é um show muito difícil para nós fazermos, na verdade, teremos apenas cerca de uma hora.

Mas o principal é que estamos muito, muito animados para finalmente vir e tocar no Brasil, estamos ansiosos e sabemos que temos muitos fãs que querem nos ver há anos, estou muito animado para finalmente fazer isso e, o que é ainda melhor, é que ouvi dizer que esse festival é incrível, tem muita gente falando muito positivamente sobre ele, há uma programação fantástica de bandas este ano também.

Então, eu não sei, nós provavelmente não poderíamos estar mais animados para tocar em um festival específico este ano, como é nosso primeiro e único show até agora no país.



RTM: E considerando as diferentes fases musicais do Dynazty, como vocês montam o set list para ocasiões como esta?

Nils: Sabe, tipo, será nosso primeiro show nesse lugar e temos esses públicos diferentes, sabe, pessoas que gostam mais da fase hard rock da banda, do power metal, do metal melódico mais moderno. 



RtM: Vocês tentam misturar tudo ou é mais, eu não sei, tipo, espontâneo?

Nils: Sim eu acho que é, vai ser mais ou menos a mesma coisa que fazemos aqui, quero dizer, quando tocamos em festivais de verão europeus, por exemplo, você sempre tem que levar em conta o fato de que haverá muitas pessoas que talvez nunca tenham ouvido a banda antes, então você precisa construir um set list que funcione para os seus fãs que estão lá e para as pessoas que nunca ouviram a banda antes, e vindo ao Brasil agora, definitivamente queremos montar um set list que seja o que consideramos o melhor do Dinazty e aproveitar ao máximo o tempo que teremos no palco. 



RtM: É um tempo relativamente curto.

Nils: Sim, é difícil colocar muitas coisas em apenas uma hora, claro que é, mas vamos tentar e, claro, temos um novo álbum lançado nesse momento, então haverá algumas músicas do último álbum e então tentaremos colocar nossas músicas mais fortes e tornar o nosso set list mais forte.



RtM: Então é isso, então obrigado novamente pelo seu tempo, deixe-me dar as boas-vindas antecipadas ao Brasil,  e claro, deixe uma mensagem para seus fãs aqui.

Nils: Sim, claro, não se esqueçam de conferir nosso novo álbum, “Game of Faces”, lançado em 14 de fevereiro e nos vemos no Bangers Open Air em 3 de maio. E como eu disse antes, estamos muito, muito animados para finalmente vir e tocar no Brasil.


RtM: Obrigado novamente, Nils. 

Nils: Obrigado, tchau, tchau.


Entrevista por: Renata Carvalho 
Transcrição/Tradução e Edição: Caco Garcia 
Fotos: Divulgação 
Agradecimentos: Nuclear Blast Brasil 

O álbum do Dynazty está disponível no Brasil através da parceria Nuclear Blast e Shinigami Records