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sábado, 14 de maio de 2016

Entrevista – Carro Bomba: Valendo a Pena a Espera


No underground brasileiro sempre há dificuldades para conseguir espaço e reconhecimento dentro da mídia, ainda mais se tratando de bandas que não recebem apoio de gravadoras ou de alguma ajuda de distribuição vinda por fora etc. Mas apesar de todos os percalços que há por esse caminho, as bandas nunca perdem o prazer de fazer o que gosta. E após os 12 anos, com 5 discos lançados, o Carro Bomba irá gravar o seu primeiro DVD neste sábado, às 21hrs, no Sesc Belenzinho.

Para falar sobre esse dia especial, o baterista Heitor Shewchenko teve um tempinho para conversar com o Road to Metal e convidar todo mundo para estar na gravação do DVD.

Road to Metal: Antes de tudo, quero agradecer por essa oportunidade de estar falando com você. Logo de cara, gostaria de saber como surgiu à oportunidade de estar gravando o primeiro DVD da carreira do Carro Bomba após 12 anos em atividade?

Heitor: Bom, primeiro quero agradecer a galera do Road to Metal e a você, Gabriel. Então, a ideia de fazer o DVD agora é porque a gente sempre quis fazer um DVD tocando ao vivo, mas nós somos uma banda independente e sempre fomos praticamente. Teve uma época que tivemos um acordo de distribuição, mas era só isso e fizemos tudo com o nosso próprio bolso. E a gente sempre quis fazer uma coisa decente, bem feita e bem estruturada, então por isso que demorou, porque a gente foi buscando a melhor oportunidade. E realmente ela surgiu agora, com uma estrutura totalmente diferente, com estúdio novo do Marcello e do Soneca. E apareceu o show do Sesc, que tem uma estrutura excelente e o cachê alto, então a gente só conseguiu fazer agora por falta de grana mesmo.

RtM: O local escolhido pra gravar o DVD foi o Sesc Belenzinho, que é bastante acessível, perto de um metrô e que da pra todo mundo ir, independente da faixa etária. Por qual motivos vocês escolheram o Sesc para fazer a gravação desse DVD?

Heitor: Primeiro, pela estrutura, e o Sesc é um lugar que facilita muito para as pessoas e para a acústica do DVD. E o Sesc é o melhor lugar que tem hoje em dia pra tocar no Brasil, então eles tratam a gente como músicos de verdade, eles pagam honestamente, eles tratam a gente com tudo o que precisamos pra fazer o show em questão de estrutura, equipamento... Eles têm equipe, cada pessoa faz uma coisa lá, não é o mesmo cara que tem que produzir tudo. Então eles têm uma estrutura, eles têm dinheiro e eles conseguem bancar o espetáculo mesmo. Não tem lugar melhor, tanto é que conseguimos uma estrutura excelente pra fazer o DVD. E é um lugar familiar também, onde as pessoas podem levar os filhos e as crianças pra irem assistir o show, que é uma coisa que, normalmente, não pode acontecer, porque os shows sempre acontecem tarde. E o Sesc é bem mais cedo, então a criançada, filhos (as) dos metaleiros vão poder acompanhar os pais.

"A banda está realmente nessa, de ser uma máquina que não para, não parou até agora e não vai ser agora que a gente vai parar. Esse DVD vai ser um divisor de águas, pra dar um novo gás na banda e pra ter muito mais anos de vida."

RtM: E sobre a respeito de como vai ser esse show, vai ter alguma novidade em especifico, no setlist ou algo parecido?

Heitor: O setlist vai ser um resumo dos 5 discos, meio que estivesse finalizando a turnê do “Pragas Urbanas”, pontuando a turnê com esse DVD, aumentando o repertório pra fazer esse show. E de novidade, vamos ter os convidados, que é o Clemente Nascimento (Os Inocentes/Plebe Rude), Edu Ardanuy (Dr. Sin) e o Ton Cremon (King Bird). Como a gente vai lançar um CD totalmente de inéditas, talvez bastante próximo ao DVD, resolvemos não colocar nenhuma música inédita no DVD, porque estamos trabalhando ainda nas músicas, mas já estamos com umas 6 composições prontas. E como serão muito próximos os lançamentos, deixamos as inéditas só para o CD.

RtM: Falando sobre as participações, o que cada um deles vai fazer no decorrer da apresentação?

Heitor: O Edu vai tocar guitarra, que é a melhor coisa que ele faz, um dos melhores guitarristas do Brasil. É uma influência pra mim, pessoalmente. O Dr. Sin é uma das influências que eu tenho desde pequeno, então está sendo um sonho realizado em gravar alguma coisa com o Edu. Conhecemo-nos de estrada há muito tempo, mas é a primeira vez que a gente vai conseguir tocar junto, e o estilo dele tem tudo a ver com o nosso. O Clemente vai tocar guitarra e vai cantar. E ele tem tudo a ver com o Carro Bomba, em questão do Os Inocentes, com o conteúdo das letras: abordamos muitas coisas parecidas, temos as mesmas ideias, raivas e os discursos são bem parecidos. E o Ton Cremon, que é um excelente vocalista! Ele é novo na cena, acabou de entrar, recentemente, no King Bird. E o King Bird também é uma banda que está na estrada com a gente muito tempo e que batalha pelo som próprio, então faz todo sentindo colocar o Ton Cremon, e a voz dele se encaixa muito bem no Carro Bomba.


RtM: Sei que ainda é cedo, mas o DVD já vai estar disponível mais ou menos quando?

Heitor: A ideia é lançar o DVD ainda esse ano, vemos isso bem possível. Lançar talvez em agosto ou por ai, pra gente já poder entrar em estúdio em dezembro pra gravar o novo disco, então todo o processo está na nossa mão, de mixagem e masterização. E vamos ter a equipe que vai estar junto com a gente, mas nós que vamos fazer tudo. Esperamos que seja o mais rápido possível pra não apagar muito o fogo da gravação, então agosto é uma previsão bastante otimista e espero que role.

RtM: O nome que vai batizar o DVD não seria mais justo, “A Máquina Não Para”, faixa que dá abertura ao mais recente disco do Carro Bomba, “Pragas Urbanas” (2014). A banda está nesse ritmo de não parar?

Heitor: Sim. A banda tem 12 anos, mas não tem a menor intenção de parar. Fazemos isso porque gostamos muito e o nosso público dá muito apoio pra gente. Ninguém depende da banda pra sobreviver, porque, até mesmo, seria muito difícil, pois a situação está bem ruim no cenário underground no Rock do Brasil e do Metal. Então a gente faz por simples prazer, e estamos se divertindo muito, sempre damos risadas, sempre adoramos viajar e os shows são sempre muito prazerosos. E a banda está realmente nessa, de ser uma máquina que não para, não parou até agora e não vai ser agora que a gente vai parar. Esse DVD vai ser um divisor de águas, pra dar um novo gás na banda e pra ter muito mais anos de vida.


RtM: Falando sobre o “Pragas Urbanas”, como está sendo a repercussão do disco, que desde o álbum “Nervoso” (2008), vocês colocaram mais energia e peso no som da banda dali até o mais recente disco, tanto é que vocês acabaram ganhando o jargão de Thrash N’ Roll pelos chinelos. Esse título incentiva a banda no momento das composições?

Heitor: Estilos a gente vem adotando, e com certeza o “Pragas Urbanas” é o disco mais pesado que lançamos. É uma tendência que a gente vem adotando mesmo por gosto e por influências que a gente tem. Ouvíamos muitas bandas parecidas, mas cada um tem uma influência diferente, especifica, que trouxe pra banda. O Rogério, quando entrou na banda, trouxe uma coisa diferente e eu, quando entrei, trouxe uma coisa diferente. Temos ficado cada vez mais pesados. E esse jargão, título que deram pra gente, nunca tinha pensado, mas que depois a gente adotou. E realmente tem sentido o Thrash N’ Roll pra gente, porque temos esse pé no Thrash Metal, mas é uma banda de Rock pesado. E a gente achou super engraçado e super incomum esse título de Thrash N’ Roll, não sendo uma coisa que dita o som, mas tem tudo a ver com a gente.

RtM: O novo disco, que ainda está em fase de pré-produção, como ele vai soar? Você falou que há músicas prontas, e o Pompeu e Heros, do Korzus, vão ficar à frente da produção novamente?

Heitor: Temos já músicas prontas, ele está nessa onda pesada, com algumas coisas mais rápidas e algumas coisas mais pra trás. Vai ter uma variação grande, que não vai ser a mesma coisa que o “Pragas Urbanas”. Vai ser um disco do Carro Bomba, mas vai ser um Carro Bomba novo, nada muito extremo. Não sabemos quem vai produzir o disco, porque a gravação vai rolar agora no nosso novo QG, que é o estúdio do Marcello e do Soneca, que estão com um dos melhores estúdios do Brasil. Vamos fazer tudo por conta própria e tudo na nossa nova casa, mas não sabemos quem a gente vai trazer. A possibilidade de trazermos uma pessoa de fora é muito interessante pra ter um olhar diferente, porque por dentro da banda, ficamos com alguma venda em alguns pontos. A possibilidade do Heros e do Pompeu produzirem o disco é grande, porque eles são grandes parceiros nossos e tem dado muito certo essa parceria.

RtM: E desde 2008, após o lançamento do “Nervoso”, você vem assumindo as baquetas da banda. Como você observa, até então, em 8 anos, a sua atuação dentro do Carro Bomba?

Heitor: Eu entrei no Carro Bomba pra fazer o lançamento do disco “Nervoso”. O Fernando, o outro batera, ele gravou o disco, mas não chegou a lançar. O "Nervoso" eu meio que considero um disco meu, porque eu que criei esse disco, e pai é quem cria. Eu senti que trouxe uma pegada diferente pro Carro Bomba, na questão da bateria, que casou muito com o estilo que o Marcello gosta de fazer riffs e essas coisas. Eu sou um cara muito viciado em pedal duplo e dois bumbos, sempre gostei muito de ouvir e tocar com essa ferramenta. Eu tento fugir um pouco do óbvio do pedal duplo, e o estilo do Marcello também tenta fugir um pouco do óbvio da guitarra e do Metal rítmico, que a gente acabou encaixando muito bem. Além de eu ser um batera que toca muito forte e muito pesado, tem tudo a ver com o Carro Bomba. 

E os ensaios nossos são sempre muito altos e o shows também, o que faz o som ficar mais pesado ainda. Eu acho que trouxe um gás novo porque, apesar de tudo, sou muito mais novo que os caras. Temos as mesmas influências, mas eu também trago algumas coisas que eles não conheciam e outras coisas mais modernas por conta da minha idade, então eu trouxe um gás novo pra banda e um estilo que casou muito bem. E eu acho que, em questão de convivência, o encaixe foi perfeito! A gente se dá muito bem, e a unidade do Carro Bomba, a partir do momento que eu entrei, começou a se tornar, aos poucos, eu, o Marcello e o Rogério, a compor muita coisa juntos. O encaixe foi perfeito e não poderia estar mais feliz estando na banda, e eu acho que sou o melhor batera que existe dentro do Carro Bomba.

" 'Pragas Urbanas' é o disco mais pesado que lançamos. É uma tendência que a gente vem adotando mesmo por gosto e por influências que a gente tem. Ouvíamos muitas bandas parecidas, mas cada um tem uma influência diferente, especifica, que trouxe pra banda"

RtM: O Carro Bomba é nacionalmente conhecido por cantar músicas em português. E essa atitude vem se tornando relevante novamente graças a vocês, havendo grandes bandas surgindo querendo cantar Heavy Metal com a nossa língua. De certa forma, vocês usam a banda como um incentivo para as bandas mais novas apostarem nas composições em português?

Heitor: Com certeza! Não é que a gente criou uma cena nova e nenhum estilo novo, mas acho que demos coragem da galera falar que o Metal em português rola sim. Mas uma coisa que a gente sempre prezou, e sempre falamos em entrevistas, é que fazemos muita questão de que seja muito bem feita a letra, que fuja dos clichês, porque em português é muito difícil deixar tosco, porque está todo mundo entendendo o que você está falando. Começou a surgir uma galera que veio falar com a gente, que teve coragem de fazer um som em português e, inclusive, encontramos com algumas dessas bandas na estrada. E as influências são dessas bandas antigas do Brasil mesmo, porque o português é uma língua muito rítmica, o povo brasileiro gosta muito de cantar. E não é todo mundo que manja o inglês, então fazer o som em português é uma coisa que ajuda todo mundo. E eu acho que a gente tem que ter a nossa língua forte no meio musical, então essa onda do Metal em português tem sido muito relevante pra gente. É muito gratificante, porque tem bandas que falam que ajudamos a mudar de língua e voltar para o português.

RtM: Sobre o momento atual da música, como vocês enxergam o cenário underground de hoje, no meio de tantas bandas covers e não tendo espaço pra banda própria tocar? E também sobre o download ilegal e das plataformas digitais, que atinge de forma negativa, por um lado, a venda do CD?

Heitor: Pra começar, pelas plataformas digitais, é uma coisa que só tem a ajudar as bandas independentes, porque antigamente você tinha um grande problema de espaço em prateleiras de discos, porque se você tinha um acordo de distribuição, às vezes, você tinha que ser engolido por alguma gravadora grande. Mas, hoje em dia, é muito difícil qualquer artista ganhar dinheiro realmente com as vendas de discos. O pessoal tem ganhado dinheiro com a venda digital, mas a principal fonte de renda de qualquer artista é o show. A distribuição digital, gratuita ou não, tem ajudado as bandas a alcançarem lugares que nunca foram possíveis, por exemplo, somos uma banda de São Paulo, já tocamos em Tocantins, Roraima... E são lugares que, sem a internet, não teríamos chegado. 

A questão de atrapalhar, atrapalha a gravadora muquirana que explora o artista, porque o artista, em si, tem sua fonte de renda com os shows. E é a única coisa que interessa pra gente. O CD a gente vende, sempre tentamos fazer por um preço mais barato possível, porque sabemos que o povo gosta de ter o CD físico e eles sabem que ajudam a gente. E também porque a galera gosta de colecionar, porque o nosso público veio da época do CD. A distribuição da internet é muito boa e ajuda a gente a fazer mais shows. E eu acho que todas as bandas, hoje em dia, ajudam as bandas a fazerem mais shows, tendo a possibilidade de fazer videoclipes e distribuir de graça. E isso é uma coisa que ajuda qualquer cena, eu acho.


RtM: E os shows?

Heitor: O lance da falta de espaço é realmente o que está acontecendo, você tem um desequilíbrio muito grande hoje em dia, porque você tem bandas excelentes que não tem espaço pra tocar. Aqui em São Paulo, por exemplo, perdemos grandes lugares icônicos, tipo o Blackmore Rock Bar, que fechou. Então estamos perdendo mais espaços, apesar do Blackmore e o Manifesto serem os grandes pontos de terem muita banda cover, são lugares que abrem espaço pras bandas autorais.

"A distribuição digital, gratuita ou não, tem ajudado as bandas a alcançarem lugares que nunca foram possíveis, por exemplo, somos uma banda de São Paulo, já tocamos em Tocantins, Roraima... E são lugares que, sem a internet, não teríamos chegado. "

RtM: Também tem o Gillan’ Inn...

Heitor: Tem o Gillan’s Inn também, que é bem novo. Mas o Gillan’s Inn eu não sei dizer se é boato, mas eu ouvir dizer que também está passando por dificuldade. Eu acho que é um pouco de culpa do público e um pouco de culpa dessa vangloriação do cover, das pessoas que querem ser o próprio artista. Isso ai é uma coisa que rouba um pouco o espaço. E a música no Brasil nunca foi uma arte muito respeitada, tanto é que você tem nos bares, hoje em dia, 90% dos músicos que tocam em bares não são músicos de verdade, eles simplesmente pegam o instrumento no final de semana e fazem o show, o que tira o espaço dos músicos profissionais e daqueles caras que se dedicam, gastam dinheiro com aula, gasta dinheiro com instrumento caro e que tenta viver disso. Mas também é um pouco de culpa do público, porque rola uma "rumadolescência", pois parece que o pessoal quer saber o que vai ouvir, então eles vão atrás das bandas covers, o que prejudica a cena em geral.

RtM: Heitor, quero agradecer novamente a oportunidade de ter batido esse papo rápido com você. Deixo o espaço para uma mensagem final e também para fazer o convite para todos estarem hoje, no Sesc Belenzinho, prestigiando esse dia tão especial para o Carro Bomba.

Heitor: É isso ai Gabriel! Obrigado pelo espaço e pela entrevista! Obrigado à galera do Road to Metal, valeu ai pela audiência! O convite está mais do que dado!  Neste sábado vamos fazer um marco na história do Rock brasileiro e do Metal em português, que com certeza vai abrir portas pra uma galera nova que está a fim de fazer Heavy Metal em português. E com certeza vai levar a banda em outro patamar, então quem quer fazer parte da nossa história e da história do Rock, que é de todos nós, é só chegar lá no Sesc Belenzinho para fazer parte da gravação do nosso DVD. A gente dá muito valor a todo mundo e a quem estiver lá, os nossos fãs e nossos amigos de estrada. Então é isso, colem lá no Sesc Belenzinho, ajudem a gente a marcar esse dia extremamente especial para o Rock brasileiro, que vai ser muito, muito foda!


Entrevista: Gabriel Arruda

Edição/Revisão: Renato Gimli Sanson 

Contatos:

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Carro Bomba - Pragas Urbanas, Pragas de Thrash n' Roll!



Há quatro anos, dentro de uma roda de amigos, me recordo de alguns assuntos referentes a novidades que surgiam dentro do Heavy Metal, e em meio a todos os comentários e troca de informações, um dos meus amigos apresentou o Carro Bomba, que apesar de ter 10 anos de estrada, contabilizando o ano de 2014, parecia ser uma banda nova, pela questão do nome e de nunca ter ouvido ou escutado alguma música. Mas eu, curioso, fui logo procurar material da banda, que na época foi o “Nervoso” (2008), pra poder avaliar a sonoridade. Logo de cara, pelas primeiras audições, fiquei surpreso pelo som pesado de guitarra, influenciado principalmente pelo Black Sabbath e, claro, das letras compostas e cantadas em português, características essas que me fizeram adquirir grande respeito pelos Bombers.

Em 2011, quando lançaram o “Carcaça”, os paulistanos quiseram ousar e abusar ainda mais no que diz respeito a peso, gana essa que os levou a arriscar o incremento de arranjos de Thrash Metal, tudo dentro da sua proposta de fazer Heavy Metal com uma veia Rock N’ Roll, o que acabou dando certo, tanto que, em passagem pelo Chile, o público local denominou a banda de Thrash N’ Roll, e que também soou fortemente aqui no Brasil, pois tem tudo a ver com a personalidade sonora da banda. E o “Carcaça”, em si, foi um sucesso tanto em vendas, criticas e aceitações, culminando a ser o que é hoje, uma das principais bandas de Heavy Metal do Brasil.


Passados quatros anos após o lançamento do 4º disco (citado acima), Rogério Fernandes (vocal), Marcello Schevano (guitarrista e único membro original), Heitor Shewchenko (bateria) e Ricardo “Soneca” Schevano (baixo), que vem comandando o posto deixado por Fabrizio Michelloni, segue adiante com o seu mais novo trabalho, o intitulado “Pragas Urbanas”, que não apresenta nenhum tipo de diferença ou segredo, apenas mantém o mesmo comportamento dos seus dois últimos trabalhos, que é, como eles dizem, fazer "MPB" (Música Pesada Brasileira) com qualidade, sendo, até então, o disco mais pesado de sua discografia.

Neste 5º disco também não há novidades nas partes de produção e arte gráfica, a cargo do Mr. Som estúdio, com a produção feita pelas mãos de Marcello Pompeu/Heros Trench (ambos do Korzus), também tendo o Ricardo dando suporte, e do quadrinhista André Kitagawa, que novamente se responsabilizou a ilustrar a capa e desenvolver o novo logotipo da banda. E mantém também, claro, as letras, que abordam os principais problemas sociais e urbanos, como o próprio título do álbum sugere.


Não há momentos ruins ou medianos que possam ser apontados, muito pelo contrário, todas as faixas soam perfeitas, com cada faixa seguindo num andamento diferente, mas não poupando o peso, agressividade e, por que não, algumas melodias? Porque não é só peso que a banda propõe para os nossos sensíveis ouvidos.

O play inicia com a faixa “Máquina”, que já começa com os dois pés no peito, de forma certeira e cheia, com riffs que são uma verdadeira tijolada saindo da Gibson SG de Marcelo Schevano, que depois do saudoso Hélcio Aguirra ter nos deixado no início deste ano, vem sendo o principal guitarrista no aspecto de criar riffs poderosos, destacando também o ótimo entrosamento do baixista e irmão, Ricardo Schevano, que caiu como uma luva para os Bombers;

“Fuga” prossegue mais cadenciada, e ganha um swing no decorrer da música, tendo pegada e reforçada pela habilidade nas baquetas de Heitor Shewchenko; a curta e direta “Esporro” possui dosagem mais agressiva, sendo rápida em todos os sentidos, com vocais bem ríspidos de Rogério; “Arrastando Correntes” mergulha nas influências"Sabbathicas" da banda, com uma melodia saliente e o vocal cheio de drives de Rogério Fernandes, já conhecido por possuir uma forte semelhança com o timbre do mestre Ronnie James Dio.



O momento mais especial do disco está em “Mojo”, apresentando a atmosfera e o lado mais Rock N’ Roll da banda, tendo a participação do gaitista Sérgio Duarte; “Let’s Blow” possui uma ótima letra e um refrão que incita sair cantando por ai, com Marcello Pompeu participando: “Let’s Blow/Ondas de Choque/Let’s Blow/Explode Tudo e Vem pro Rock”; completa o disco com “Thrash N’ Roll” (não poderia faltar uma dedicatória) e “Fantasma”, que encerra o petardo de forma digna.


Da mesma forma que falo que não há nenhuma banda que possa superar o Black Sabbath, Deep Purple, Iron Maiden, Judas Priest e outros tantos dinossauros que estão ainda na ativa, a mesma coisa é com o Carro Bomba. Acho que, dificilmente, alguma banda nacional irá alcançar os Bombers, porque tirando o Golpe de Estado e a banda que eu vos falo neste review, não tem nenhuma que faz algo parecido.
E parafraseando o editor-chefe da revista Roadie Crew, Ricardo Batalha: “É a Melhor Banda de Heavy Metal que Canta em Português”.

Texto: Gabriel Arruda
Revisão: 002
Fotos: Divulgação/Ricardo Girardi

Ficha Técnica
Banda: Carro Bomba
Álbum: Pragas Urbanas
Ano: 2014
País: Brasil
Estilo: Heavy Metal/Rock N’ Roll
Produção: Marcello Pompeu/Heros Trench
Gravadora: Independente

Line-Up
Rogério Fernandes (vocal)
Marcello Schevano (guitarra)
Ricardo “Soneca” Schevano (baixo)
Heitor Schewchenco (bateria)

Track-List
1.    Máquina
2.    Fuga
3.    Pragas Urbanas
4.    Esporro
5.    Arrastando Correntes
6.    Mojo
7.    Let’s Blow
8.    Thrash N’ Roll
9.    Fantasma




quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CARRO BOMBA: Rock And Roll Explosivo!



Com três CDs já lançados, sendo que o último trabalho, “Nervoso”, marcou a estréia de Rogério Fernandes (irmão do Nando Fernandes, ex-Hangar) e se você já ouviu o CD, já sabe que faz jus ao título, o Carro Bomba vem se destacando cada vez mais no cenário nacional com um Rock Pesado, quase beirando o Metal.

Atualmente produzindo o quarto trabalho, com a produção de Heros Trech, a Banda promete ainda mais peso e Rock and Roll nervoso!
Confira abaixo entrevista com o Baixista Fabrizio Micheloni, falando sobre a excelente repercussão do último trabalho e outros assuntos!

1)A primeira coisa que notei ao colocar o cd pra rodar, foi que o título caiu como uma luva! O Som está muito “Nervoso” mesmo. Mais pesado, uma pegada bem Metal! A que vocês atribuem essa pegada, foi algo natural ou vocês pensavam em deixar o som mais pesado? E se o título foi mesmo alusão a esse peso que o cd apresenta?

Fabrízio: Foi algo bem natural, pois essa é uma tendência que sempre tivemos. Quem conhece nosso trabalho sabe que desde o primeiro disco já podia se notar esse direcionamento; Só que agora decidimos partir pra ignorância de vez! E o titulo é apenas um toque de que estamos cheios de primeiras intenções...

2) O cd marcou a estréia da nova formação. Como está sendo essa fase “quarteto” agora? Provável que ao vivo deve ter facilitado por deixar o Marcelo mais livre.

Fabrízio: Está sendo muito bom pelo fato de tudo estar fluindo de forma espontânea e, é claro, pelas novas possibilidades que isso tudo está trazendo para os arranjos e a sonoridade da banda.

3) Senti muita influência de Black Sabbath no CD, inclusive numa das minhas preferidas, a “Fui”. Dá pra dizer que o Sabbath é uma grande influência nesse disco principalmente? Claro que tem o fato do Rogério e do Marcelo participarem do Eletric Funeral.

Fabrízio: Pois é cara, acho que não precisa nem dizer o quanto gostamos e o que o Sabbath significa pra nós. A parada tá no sangue, não tem jeito...

4) As letras também estão bem “nervosas” e o cd já abre com “Punhos de Aço”, mandando um recado que Rock é pra quem tem peito! Para quem o Carro Bomba manda essa mensagem?

Fabrízio: Punhos de Aço descreve a forma como eu acho que o lance tem de ser. O intuito é fazer com que aqueles que se identificam com ela cantem – na em altos brados!!! Quanto à mensagem não sei, nem pensei muito nisso... só pensei em dizer que para se fazer um puta som próprio destruidor, você tem que ter culhões e muita perseverança.


5) O CD recebeu muitas críticas positivas na imprensa especializada. Na sua opinião este seria o melhor trabalho da Banda até agora?

Fabrízio:Não que seja o melhor, mas foi definitivamente muito importante e decisivo, pois vínhamos de dois álbuns como trio e dividindo vozes, e de repente colocamos um batera que toca de dois bumbos e um cantor! Ainda por cima partimos pro peso sem concessões, hehe...

6) E o espaço para shows? Como tem sido os convites para a Banda, como você tem sentido a cena atual para o Rock and Roll/Metal nacional?

Fabrízio: Cara, vou te dizer, tá foda (vide resposta 4). Aqui em São Paulo, além de você não ter muitos lugares decentes pra tocar, ainda rola o império do cover, que além de complicar bastante, também infectou a cabeça de grande parte do público que se diz “rock”. Acho que o caminho são os festivais Brasil afora, onde milhares de pessoas vão para ouvir as bandas independentes e/ou novas, e é onde você ganha fãs novos na raça mesmo, não com jabaculê de rádio, exposição na mídia em geral ou mesmo internet... Além disso, tem uma porrada de banda boa pra caralho batalhando nas trincheiras e precisando de lugar legal pra tocar.

7) E as vendagens? O Cd foi produzido de forma independente não é? Já tá dando pro Carro Bomba pagar as contas só com o Rock and Roll? O que você aconselharia para as Bandas iniciantes?

Fabrízio: Se dependêssemos da banda pra viver ela já teria acabado, pois não estaríamos vivos para tê – la,hehehe. Fizemos de forma independente porque está funcionando bem assim. Quem achar que vai ganhar dinheiro com vendagens, nos dias de hoje,está xarope... Nós somos uma banda nova, temos apenas quatro anos e acho que pelas mudanças pelas quais passamos e por já termos três discos, estamos no caminho certo.
Para as bandas novas eu digo: não é fácil(vide resposta 4), mas você tem sempre que manter os pés no caminho!!!


8)Quanto as bandas covers e o fato de que é preciso ter mesmo culhões para fazer um trabalho próprio, concordo plenamente, pois se não se acredita na própria capacidade criativa, nunca teríamos novas músicas ou novas Bandas. O que você acha que é o principal fator que leva as pessoas a preferir os covers, seja o músico quanto o público? Será preguiça, falta de criatividade, mais facilidade, menos trabalho, ou quanto ao público, falta de personalidade e mente aberta a novas coisas? Bandas novas e com qualidade a gente tem, e muitas.

Fabrízio: O principal fator é que o brasileiro é baba ovo por excelência... Além de não termos identidade, infelizmente ainda não aprendemos a dar valor ao que é “nosso”. Da parte dos músicos, rola tudo isso que você mencionou, mas não se pode generalizar, pois tem nego com filhos e um monte de buchas pra segurar, mas a real é que a grande maioria não tem mesmo é o dom de fazer som próprio, ou então possui aquela mentalidade adolescente de “encarnar”o ídolo. De qualquer maneira, gozam com o pau dos outros. E pra terminar de foder, 90% das bandas cover são inábeis ou, em português bem claro, verdadeiras merdas. E isso me faz pensar: “Porra, será que a galera que vai assistir essas bandinhas não enjoa de ouvir sempre as mesmas ladainhas e cada vez mais mal executadas?”. Se tem uma coisa que me deixa injuriado é quando algum idiota na platéia fica gritando “toca Sabbath”, “toca Metallica” ou “toca sei lá o quê...”, o que de vez em quando acontece durante shows do Bomba.(Engraçado era até uns dois anos atrás,quando mandavam a clássica “Toca Raul” e a gente tocava mesmo, pois fazíamos uma versão “à la Bomba” do Rock do Diabo, que inclusive entrou numa coletânea de bandas independentes lançada em 2006 e que pode ser baixada na internet, pra variar...hehe!) Acho isso uma puta falta de respeito com a banda e principalmente com o público que está ali para te prestigiar,mas te digo que tem muito mais gente gritando “toca o Foda-se” ou “toca o Foda-se II”, o que é muito gratificante e bem mais divertido, diga – se de passagem. Muitas pessoas estão de saco cheio de terem sua inteligência sendo insultada de forma grotesca dia após dia,então uma coisa vai levando à outra , e isso vêm resultando no crescimento contínuo do público ligado na cena da qual o Bomba é parte... a cada show, a cada disco. But it’s a long way to the top!

9)Estava vendo uns vídeos do Whitesnake no Brasil, Coverdale está ótimo, o novo disco é muito legal, e uma entrevista do AC/DC em que eles falaram que não colocaram as músicas pra vender separado na net porque eles não fazem singles, eles fazem álbuns! Ou seja, é gratificante ver a longevidade e fidelidade destas lendas. Eu vejo o Carro Bomba como um fiel seguidor dessa linha. Você acredita que há como uma Banda de Rock Pesado no Brasil, nos dias atuais, conseguir alcançar uma longevidade?

Fabrízio: Lógico. A longevidade não tem nada a ver com sucesso financeiro, leia-se estar no primeiro escalão. Se você ama o que faz, isso se reflete em sua música, e você pode ir gravando um disco atrás do outro, graças às facilidades tecnológicas de hoje. Veja o Velhas Virgens, por exemplo, os caras têm mais de vinte anos de estrada sendo totalmente independentes.

10)Se de um lado tem a tal praga dos covers, do outro, vejo, por exemplo, que estão surgindo e se fortalecendo programas tipo Stay Heavy, Backstage e ainda edições do Metal Battle do Wacken e ano que vem Wacken no Brasil, ou seja, tem um público fiel e, talvez, ainda possa ser desperto o interesse daquele pessoal meio em cima do muro, que prefere os covers e somente atrações internacionais. E tem ainda a Internet, os “baixadores” de CD, etc, tudo tem um lado bom e ruim, principalmente os downloads, que seguem gerando muita discussão. Como você, do meio, e já com boa experiência, vêem tudo isso?

Quanto mais festivais melhor, como já dito anteriormente. O download é uma realidade e algo que não pode mais ser contido, seja você contra ou a favor. O mundo gira em ciclos, e se tem uma coisa que a história nos ensinou é que quando tudo está saturado, banalizado e fútil como agora, sempre surge um rompante de amotinados que dão uma “chacoalhada” em tudo.

Fabrízio: Acredito que haverá um BOOM logo, logo... Mas para que esse tipo de coisa aconteça, os pioneiros/precursores sempre têm de dar a cara pra bater . E já que você falou em atrações internacionais, outra coisa que pega é que por aqui quase não rola banda de abertura e, quando rola, é só no jabá. Nos países vizinhos, nossos “hermanos” valorizam suas bandas e são bem mais unidos...enfim, bem mais Rockers que aqui no Brasil. Agora também tem essa onda de “reuniões”,”voltas” e “regravações” que também já deram no saco.

11)E os planos futuros? O que podemos esperar? Um DVD quem sabe?

Fabrízio: O mais maligno dos planos é gravar o próximo disco, ainda mais feroz que o Nervoso e com essa formação, que tá foda. O barato do Bomba é que vamos ficando mais pesados a cada disco... Não quero nem ver onde essa porra vai parar!!!!(gargalhadas). A idéia do DVD é ótima e tenho certeza que acontecerá em seu tempo, quando todos os fatores que envolvem sua produção e realização conspirarem a favor...

O Carro Bomba é:

Fabrizio-Baixo
Rogério-Voz
Heitor-Batera
Marcello-Guitarras


VEJA AQUI VÍDEO DO MAKING OFF PRÉ-PRODUÇÃO

MYSPACE DA BANDA

VÍDEO DA MÚSICA "PUNHOS DE AÇO"