Curitiba foi palco de diversos shows internacionais em 2024, com grandes nomes como Eric Clapton, Bruce Dickinson e o festival I Wanna Be Tour, entre outros.
Encerrando a temporada de shows, o Angra se apresentou na capital paranaense no Tork N’ Roll, com a Temple of Shadows Tour, celebrando os 20 anos de lançamento do álbum homônimo.
A abertura do evento ficou por conta da banda Azeroth, de power metal melódico da Argentina. Apesar de o local ainda não estar totalmente lotado, a banda contou com um público considerável.
Formada por Ignacio Rodríguez (vocal), Pablo Gamarra e David Zambrana (guitarras), Fernando Ricciardulli (baixo), Daniel Esquível (bateria) e Leonardo Miceli (teclado), a banda fez um set empolgante, passando por sua discografia de forma coesa e pontual.
Além de músicas como "Left Behind", "La Salida" e "The Promise", o grupo levantou a plateia com um cover de "Prelude to Oblivion", do Viper. Sem dúvidas, uma excelente surpresa.
Embora o Angra tenha executado o álbum Temple of Shadows na íntegra, o set incluiu também outras músicas de sua carreira, o que tornou o show ainda mais interessante. Marcado para as 22 horas, a banda entrou pontualmente com "Faithless Sanctuary", do mais recente álbum de estúdio Cycles of Pain.
A essa altura, a casa já estava completamente lotada, tornando o clima ainda mais quente. No palco, telões exibiam animações condizentes com cada momento do show. Na sequência, a favorita de muitos fãs, "Acid Rain", com destaque para os magníficos vocais de Fabio Lione.
Inclusive, essa apresentação foi a melhor performance vocal que já vi do vocalista. Para finalizar essa primeira etapa, a banda tocou "Tides of Change" Part I e II, também do Cycles of Pain. Pessoalmente, essas são minhas músicas favoritas do álbum, então foi muito agradável poder presenciá-las ao vivo.
A introdução "Deus le Volt!" precedeu o que viria a seguir: a tão aguardada apresentação do Temple of Shadows na íntegra. Considerado por muitos como o melhor álbum do Angra, o disco, que recebeu críticas mistas na época do seu lançamento por não conter tantos elementos brasileiros como os álbuns anteriores, foi aclamado ao vivo.
"Spread Your Fire" já vale o disco, na minha opinião, e, ao vivo, então, demonstra todo o entrosamento entre Rafael Bittencourt e Marcelo Barbosa (guitarras), Felipe Andreolli (baixo), Bruno Valverde (bateria) e Fabio Lione (vocal). "Angels and Demons" e "Waiting Silence" mantiveram a energia do público, que cantava todas as músicas com muita empolgação.
Fábio, como sempre carismático, interagiu com o público entre todas as músicas. Nesse momento, ele anunciou a próxima música, dizendo saber que aquela era a que todos queriam ouvir. "Wishing Well" foi um belíssimo momento do show, e pude ver algumas lágrimas entre os fãs fervorosos na grade.
As ótimas "The Temple of Hate" e "The Shadow Hunter" deram sequência ao set, que até então estava perfeitamente executado. "No Pain for the Dead", que tive a oportunidade de presenciar no show acústico com a participação da vocalista Vanessa Moreno, seguiu.
Devo admitir que, após ter visto Vanessa participar do show acústico, senti falta dela, que traz outra pegada a essa música. Mas, nem por isso, foi menos incrível (OBS.: a cantora fez participação no show seguinte, em São Paulo, no Tokio Marine Hall).
Ainda faltavam quatro músicas para essa etapa do show: "Winds of Destination", "Sprouts of Time", "Morning Star" e "Late Redemption". Me perdoem os fãs, mas para mim, o álbum poderia ter se encerrado em "Winds of Destination" (embora "Late Redemption" tenha um belo momento que, no álbum, conta com a participação do genial Milton Nascimento, trazendo um dueto português/inglês).
A banda estava realmente entrosada, com destaque para os solos de Marcelo Barbosa, que parece não errar nenhuma nota. Além disso, os duetos com Rafael são sempre um prazer de assistir. Sem tempo para respirar, após a etapa Temple of Shadows, "Make Believe" voltou a levantar o público, desta vez com toda a banda (em apresentações anteriores, esse momento era marcado por um acústico).
A lindíssima Vida Seca foi aclamada, e esse bloco finalizou com "Rebirth". Nem preciso dizer que foi super bem recebida e cantada por todos os presentes, certo?
Após uma breve pausa, chegava a hora da etapa final, o encore. "Unfinished Allegro" já indicava que, a seguir, o maior clássico do Angra (e talvez do metal nacional), "Carry On", estava chegando. Essa é daquelas músicas que, por mais que as pessoas digam que estão enjoadas, todo mundo canta.
Nas apresentações ao vivo, o Angra “emenda” Carry On e "Nova Era". É um momento muito especial do show e, sem dúvida, super esperto finalizar dessa forma. Assim, o Angra nos entregou um show de altíssima qualidade, como de costume. A banda tem mais algumas datas dessa tour até março de 2025, antes de entrar em hiato, conforme anunciado alguns meses atrás nas redes sociais.
Uma pena, mas compreensível. Sinto que o Angra, mesmo levando o nome do metal brasileiro mundo afora, não tem total reconhecimento por seus feitos aqui. Fica o sentimento de gratidão por todo o trabalho, e esperamos que o hiato não dure muito tempo.
Texto: Jessica Tahnne Valentim
Fotos: Clovis Roman (Acesso Music)
Edição/Revisão: Gabriel Arruda
Realização: Top Link Music
Azeroth – setlist:
Left Behind
Falling Mask
Urd
The Promise
La Salida
Beyond Chaos
Prelude to Oblivion (Viper cover)
Trails of Destiny
Angra – setlist:
Faithless Sanctuary
Acid Rain
Tide of Changes - Part I
Tide of Changes - Part II
Temple of Shadows
Deus le Volt! / Spread Your Fire
Angels and Demons
Waiting Silence
Wishing Well
The Temple of Hate
The Shadow Hunter
No Pain for the Dead
Winds of Destination
Sprouts of Time
Morning Star
Late Redemption
Make Believe
Vida Seca
Rebirth
Bis
Carry On
Nova Era