Mostrando postagens com marcador Ministry. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ministry. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Cobertura de Show: Wacken Open Air – 31/07/2025 – Schleswig-Holten/GE

Sob Céus Tranquilos, Sons Pesados: O 31 de Julho no Wacken Open Air


Metal Yoga: Atrações Fora dos Palcos

Antes mesmo das primeiras guitarras soarem, o dia no Wacken já começa com energia. Às 11h da manhã, a personal trainer Sophie Watcher lidera uma sessão de exercícios aeróbicos em grupo. Essa atividade se tornou uma tradição curiosa e divertida do festival: dezenas de headbangers se reúnem para alongar, pular e aquecer o corpo, preparando-se para as longas horas de música intensa que seguem.

A cena é quase surreal — jaquetas de couro, camisetas pretas e botas pesadas dividem espaço com movimentos de ginástica coletiva — mas traduz bem o espírito do evento: união, resistência e celebração.

---

Metal Battle – Descobertas do Underground (Headbangers Stage)

Um dos momentos mais marcantes do dia veio do Metal Battle, no Headbangers Stage, vitrine essencial para revelar novos talentos do metal mundial. Entre as apresentações, uma grata surpresa foi a banda chinesa de power metal Eternal Power.

Com irreverência, energia contagiante e execução precisa, o grupo transformou seus 20 minutos de palco em uma celebração épica. Faixas como “Chasing Your Dream” e “Salvation” evidenciaram o potencial da cena metálica chinesa, mostrando que o país tem, agora, um representante de peso no heavy metal global.

---

Skyline (Harder Stage) – A Tradição da Abertura

Já conhecida do público, a banda Skyline cumpriu mais uma vez seu papel de dar as boas-vindas oficiais ao festival. Com um repertório recheado de covers icônicos, o grupo levou o público a viajar por diferentes eras do rock e do metal.

Músicas como “Stricken” (Disturbed), “Fool for Your Loving” (Whitesnake), “You’ve Got Another Thing Coming” (Judas Priest) e “In the End” (Linkin Park) fizeram o público cantar em uníssono, provando a diversidade de gerações presentes no Wacken. O ponto alto, como sempre, foi a execução da clássica “This Is W.O.A.”, verdadeiro hino do festival.

Wacken Press

Wacken Press

Wacken Press

Wacken Press
---

Grave Digger – 45 Anos de História no Palco do Wacken (Harder Stage)

Se havia um show que já carregava o peso da história antes mesmo das primeiras notas, esse era o do Grave Digger. Celebrando 45 anos de estrada, a banda mostrou por que é considerada um dos pilares do heavy metal europeu.

Sob o comando do carismático Chris Boltendahl, eterno frontman, a apresentação foi uma verdadeira viagem pela carreira da banda. O setlist incluiu clássicos como “Rebellion (The Clans Are Marching)”, “Valhalla”, “Dark of the Sun” e encerrou de forma apoteótica com “Heavy Metal Breakdown”. A participação de Uwe Lulis, retornando após 25 anos, e de Jamiro Boltendahl, filho do vocalista, tornou o momento ainda mais memorável.

Nayara Sabino

Nayara Sabino

Nayara Sabino

Nayara Sabino
---

Clawfinger – Lendas do Rap-Metal (Louder Stage)

Nascida na Suécia no início dos anos 1990, Clawfinger é pioneira do rap-metal europeu, conhecida pela mistura agressiva de guitarras pesadas com vocal rap feroz e letras politizadas. O show foi pura energia, com clássicos como “Nothing Going On” e “Recipe for Hate”, mantendo a plateia completamente envolvida do início ao fim.

Wacken Press

Wacken Press

Wacken Press

Wacken Press
---

Ministry – Industrial Implacável (Louder Stage)

Formada em Chicago em 1981 por Al Jourgensen, Ministry é uma das bandas pioneiras do industrial metal. Evoluindo do synth-pop para sonoridades pesadas e sampleadas, a banda apresentou faixas históricas como “Hail to His Majesty (Peasants)”, “N.W.O.”, “Psalm 69” e “Just One Fix”.

O que se viu foi uma parede sonora industrial e implacável, com batidas eletrônicas e guitarras afiadas que hipnotizaram os fãs e geraram headbanging em estado puro.

Wacken Press

Wacken Press

Wacken Press

---

Krisiun – Brutalidade e Técnica Extrema (W.E.T Stage)

Krisiun, trindade do death metal brasileiro formada em 1990, apresentou um show especial tocando apenas músicas de seus três primeiros álbuns: “Black Force Domain” (1995), “Apocalyptic Revelation” (1998) e “Conquerors of Armageddon” (2000).

A intensidade foi sufocante: riffs velocíssimos, solos devastadores e drumsolo apoteótico de Max Kolesne levaram os fãs ao limite, consolidando um clima de respeito absoluto e visceral.

Wacken Press

Wacken Press

---

Guns N’ Roses – Estreantes Lendários (Harder Stage)

O clímax do dia estava reservado para Guns N’ Roses, que subiu ao palco principal às 20h35 para uma performance histórica de mais de 3 horas — o show mais longo já registrado no Wacken.

O setlist atravessou todas as fases da banda: “Welcome to the Jungle”, “Mr. Brownstone”, “You Could Be Mine”, “Estranged”, baladas como “November Rain” e “Patience”, e a explosão final com “Nightrain” e “Paradise City”.

Houve ainda homenagens especiais: “Sabbath Bloody Sabbath”, “Never Say Die” (Black Sabbath), “Thunder and Lightning” (Thin Lizzy) e “Human Being” (New York Dolls), tornando a apresentação inesquecível.

Wacken Press

Wacken Press

Wacken Press

Wacken Press

Wacken Press

---

Natureza Selvagem – Um Desfecho Único

E, como se não bastasse a intensidade musical, a natureza decidiu marcar presença: após o encerramento do show, uma tempestade com relâmpagos impressionantes caiu sobre o festival, obrigando evacuação parcial dos acampamentos por motivos de segurança.

Um desfecho dramático e épico, digno da grandiosidade vivida nos palcos — algo que só poderia acontecer em um festival de heavy metal como o Wacken.



Fotos: Wacken Press / Nayara Sabino (Grave Digger)

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Skyline – setlist:

Hold On

Running Back to You

Under the Radar

Stricken (Disturbed cover)

Dream Engine

Fool for Your Loving (Whitesnake cover)

You've Got Another Thing Comin' (Judas Priest cover)

Human Monster

In the End (Linkin Park cover)

Fireball
 
This Is W:O:A


Grave Digger – setlist:

Twilight of the Gods

The Grave Dancer

Kingdom of Skulls

Under My Flag

Valhalla

The Curse of Jacques

The Dark of the Sun

The Devils Serenade

Back to the Roots

Excalibur (participação especial de Uwe Lulis)

Rebellion (The Clans Are Marching) (participação especial de Uwe Lulis e Jamiro Boltendahl)

Heavy Metal Breakdown


Clawfinger - setlist:

Burn in Hell

Nothing Going On

Scum

Rosegrove

Warfair

Catch Me

Undone

Out to Get Me

Ball & Chain

Two Sides

Recipe for Hate

Hold Your Head Up

The Price We Pay

Biggest & the Best

The Truth

Do What I Say


Ministry - setlist:

Thieves

The Missing

Deity

Rio Grande Blood

LiesLiesLies

Goddamn White Trash

Alert Level

Burning Inside

Stigmata

N.W.O.

Just One Fix

Jesus Built My Hotrod

So What


Krisiun - setlist: 

Kings of Killing

Ravager

Endless Madness Descends

Scourge of the Enthroned

Hatred Inherit

Messiah's Abomination

Blood of Lions

Conquerors of Armageddon

Descending Abomination


Guns N' Roses – setlist:

Welcome to the Jungle

Bad Obsession

Mr. Brownstone

Chinese Democracy

Live and Let Die

Yesterdays

It's So Easy

Civil War

Used to Love Her

Slither (Velvet Revolver cover)

Never Say Die (Black Sabbath cover)

Sabbath Bloody Sabbath (Black Sabbath cover)

Shadow of Your Love

You Could Be Mine

Estranged

Double Talkin' Jive

Hard Skool

The General

Thunder and Lightning (Thin Lizzy cover) 

Coma

Absurd

Rocket Queen

Knockin' on Heaven's Door

Sweet Child o' Mine

November Rain

Sorry

Patience

Human Being (New York Dolls cover)

Nightrain

Paradise City

domingo, 22 de julho de 2018

Ministry: Mais Um Capítulo da Louca Mente de Al Jourgensen



Do Pop Eletrônico ao peso do Thrash/Industrial, o Ministry de Al Jourgensen teve seus altos e baixos, pois nem sempre suas “mutações” surtiram efeito ou caíram no gosto do público. Eu fui prestar atenção na banda quando esta iniciou sua fase mais Metal, com “Psalm 69” (1992), e descobri o grupo através dos vídeos de “Just one Fix” e da insana “Jesus Built My Hot Rod”, onde Ministry também estreava o guitarrista Mike Scaccia (também do Rigor Mortis, e falecido em 2012). Aquele peso e loucura era algo que valia a pena em meio a tanta coisa, digamos, estranha que surgia nos anos 90.

Passado o tempo, o grupo seguiu entre altos e baixos, sem, em minha opinião, jamais chegar a chegar perto da revolução que foi “Psalm 69”. Jourgensen imerso em problemas com substâncias ilícitas e a perda do parceiro de longa data, Paul Barker, que deixou a banda para dedicar-se a outros projetos, até chegou a trazer o peso e agressividade de volta, mas nada de excepcional foi criado. Vez por outra, cheguei a conferir os novos trabalhos, mas nada que realmente empolgasse, inclusive o show no Rock in Rio, foi um tanto quanto chato.


“Amerikkkant”, é o mais novo trabalho de Al, e mais uma vez trata de atacar duramente a política dos EUA, além de abordar outros assuntos/problemas da sociedade norte americana, como racismo e elitismo. Com uma excelente produção do próprio Jourgensen e músicos de competência, como Roy Mayorga (bateria), Sin Quirin (Guitarra) e Burton C. Bell (vocal convidado em algumas faixas), o álbum, que também traz bastante sarcasmo, mostra-se muito interessante. Ao final, sumindo, podemos ouvir "I Want You...Get Out" (Eu quero Você...Fora Daqui).

O peso do Thrash/Industrial em passagens caóticas, pesadas e atmosféricas está bem pulverizado, e já traz a sensação de que o álbum não é mais do mesmo, como poderás perceber em destaques como a irada e metálica “We’re Tired of It”, que nos incita a uma revolução contra a opressão. Outra coisa positiva, é, se você der uma passada de olho nas letras, vai perceber um sendo de humor bem ministrado, como em “I Know Words”, onde pode ser ouvida a voz do atual presidente dos EUA falando em construir um muro.


Burton C. Bell, do Fear Factory, faz as vozes em “Wargasm”. Os efeitos eletrônicos, guitarras ultra distorcidas e batidas do industrial seguem sendo elementos constantes, e em faixas mais longas como em “Twilight Zone”, podem causar certo desinteresse aos ouvidos menos acostumados, face à dezenas de samples, além do uso de Cello e Dj Scratchs, mas o vídeo é muito legal! “Victims of a Clown”, também uma faixa mais longa, as estruturas mais atmosféricas e as camas de teclado e guitarras distorcidas, trazem uma variação mais interessante, me lembrando muito os melhores momentos da banda. Destaque para o final, onde há o sampler do discurso de Chaplin no filme “O Grande Ditador”.

A épica “Amerikkka”, a faixa títulos, tem de ser destacada, e claro, você percebeu a referência nos 3 “K’s”. Jourgensen vocifera que “isto é como os nazistas em 39, como os romanos à beira do declínio, como os russos em 68, como isto supostamente pode fazer a América grande?”, atacando o governo atual, em meio ao peso dos riffs, da bateria (sendo que temos batidas programadas e também o peso da mão de Mayorga) e samples, os mais de 8 minutos são digeridos com tranquilidade, graças às criativas variações e a liderança das guitarras.


“Amerikkkant” mantém o Ministry no jogo, se mostrando novamente uma experiência musical interessante, com seu Metal Industrial, com boas variações, transitando por passagens pesadas, sombrias, frenéticas e caóticas. Al Jourgensen mostra aqui que sua mente ainda é capaz de produzir música carregada de peso e fúria, e se seu discurso já não é tão chocante, com certeza ainda é relevante, trazendo à tona todas essas agruras e podres do cenário político e do caos social atual.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica:
Banda: Ministry
Álbum: "Amerikkkant" 2018
País: EUA
Estilo: Thrash Metal, Industrial Metal
Produção: Al Jourgensen
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

Curtiu? Adquira o álbum AQUI


Tracklist:
1. I Know Words
2. Twilight Zone
3. Victims Of A Clown
4. TV5-4 Chan
5. We’re Tired Of It
6. Wargasm
7. Antifa
8. Game Over
9. AmeriKKKa