Mostrando postagens com marcador Blues Pills. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Blues Pills. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Resenha: Blues Pills – Birthday (2024)

Por Carol Pen

Throwdown Entertainment / BMG (Imp.)

Blues Pills navega sob a mais crua essência do blues rock psicodélico pesado diante das notórias influencias musicais sessentistas, setentistas e oitentistas que o quarteto – atualmente formado pelos suecos Elin Larsson (vocal), André Kvarnström (bateria), Kristoffer Schander (baixo) e o norte-americano Zach Anderson (guitarra) – carregam. 

Sem contar os EPs e álbuns ao vivo, quatro são os que compõe a discografia da banda: o álbum de estreia hardzão autointitulado “Blues Pills” (2014), o psicodélico “Lady In Gold” (2016), “Holy Moly!” (2020) em peso maior, e o recente “Birthday” (2024).

2 de agosto de 2024 é a data que fica marcada na história da cena rock and roll atual, com o lançamento do quarto álbum de estúdio. Conta com onze faixas, de duração 38 minutos e 54 segundos, que tiveram a produção feita por Freddy Alexander.

Ao lado A do novo álbum dos Pills encontramos as faixas “Birthday’, “Don’t You Love It”, “Bad Choices”, “Top Of The Sky”, “Like A Drug” e “Piggyback Ride”.

A faixa-título “Birthday” foi a primeira a ser disponibilizada nas plataformas (8 de março), e abre os trabalhos do álbum. Ela entrega uma ótima mixagem de fortes e marcantes linhas de baixo, bateria e guitarra com a voz poderosa de Elin. A letra foi composta pela banda após terem saído para comemorar, durante uma turnê no México, o aniversário da vocalista e a mesma ter sido desrespeitada por um garçom. Assim explica-se a origem do primeiro verso da faixa: “I’m gonna ruin someone’s birthday”.

“Don’t You Love It” é uma pílula sonora para o ouvinte se soltar e aproveitar os aspectos positivos da vida apesar dos pesares. Também lançada como single, no dia 19 de abril, foi o segundo a sair nas plataformas de streaming e, em edição especial para o Record Store Day 2024, em vinil de 12 polegadas (30cm) juntamente da faixa-título “Birthday”. 

“Bad Choices” é um dos pontos altos do disco e remete bastante a performance vocal da Amy Winehouse. Contém viradas interessantes que envolvem uma variedade nas batidas dos versos ao refrão. Como o próprio título já entrega, a letra da música aborda as escolhas ruins que fazemos, assunto que surgiu durante o momento em que a banda conversava e compunha.

Não podia faltar uma balada poderosa em que Elin Larsson faria uma entrega vocal de arrepiar. “Top Of The Sky” combina cada instrumento em destaque, principalmente as batidas lentas e marcadas da bateria, e faz reflexão aos dias atuais onde a tecnologia predomina sob os limites da humanidade. Foi lançada como single no dia 31 de maio, sendo o terceiro e penúltimo antes do lançamento álbum. “Like A Drug” conta com um groovy ao decorrer da música que cria uma atmosfera bluesística.

“Piggyback Ride” encerra o lado A do álbum com uma energia selvagem e livre. O último single lançado pelos Pills que colaborou para criarmos uma ideia da sonoridade que eles entregariam neste álbum novo. Nessa faixa, a voz de Elin tem o tom abaixado para que ela soasse como um porco e a letra remete a suas reflexões sobre os porcos selvagens que andam por sua vizinhança.

Ao trocar o lado A (que entregou muito) para o lado B é possível encontrar as faixas “Holding Me Back”, “Somebody Better”, “Shadows”, “I Don’t Wanna Get Back On That Horse Again” e “What Has This Life Done To You”. 

“Holding Me Back” inicia o lado B do álbum com uma energia pop punk rock, proeminentemente no refrão. A faixa seguinte, “Somebody Better”, integra viradas fortes com o vocal poderoso. O álbum é concluído com três músicas mais lentas e emotivas: “Shadows”, “I Don’t Wanna Get Back On That Horse Again” e “What Has This Life Done To You”. Destaque para a faixa que encerra o álbum, que é uma balada introspectiva muito tocante.

Considerando a história do Blue Pills que foram de tocadas em bares sujos e lotados para tocadas em festivais grandes, como o Wacken Open Air, a banda evoluiu muito na sonoridade através da personificação de tudo aquilo que carregam como referências e da energia em uma sonoridade única por si só, autentica e moderna que facilmente agrada todos os gostos, falando em gerações. 

A solidificação do som dos Pills neste novo álbum é essencial, tendo em vista que a banda sofreu muitas críticas dos fãs em relação a mudança do som de suas músicas de álbum em álbum. Mas isso só prova que eles estavam experimentando as sonoridades para obter um som característico deles, coisa que bandas renomadas como Led Zeppelin e Black Sabbath fizeram, e se deixaram ser livres.

“Birthday” simboliza a captura da essência mais pura da banda em sua performance cheia de energia, atitude e poder. É um álbum que define a carreira dos Pills pelas letras de atmosfera emocionante e reflexiva, influencia clara pela gravidez de Elin durante a criação do álbum, junto do trabalho impecável que a banda fez nas composições e processos de mixagem juntos.

O álbum novo do Blue Pills está disponível tanto em mídia física (CDs e vinis) quanto nas plataformas de streaming. Para promover sua divulgação a banda está em turnê pela Europa. E quem sabe o Brasil entra na lista de turnê para o ano que vem?


sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Cobertura de Show – Blues Pills – 29/10/2022 – Carioca Club/SP


O último sábado de outubro foi marcado pelas diversas festas de Halloween espalhadas pela capital de São Paulo (se via muitas pessoas fantasiadas andando pelas ruas a caça de uma festa), final brasileira entre Flamengo e Athletico Paranaense pela Libertadores e a véspera da eleição para eleger o futuro governador do estado e o presidente do Brasil pelos próximos 4 anos.

Não faltou opção para curtir ou sossegar na noite do dia 29/10, mas eis que eu, e a galera que gosta de curtir um bom show de Rock, foi presenciar a estreia dos suecos do Blues Pills em solo brasileiro. 

Famosa por tocar nos principais festivais da Europa, há uma década na ativa e com três álbuns de estúdios lançados (marcante ‘debut’ de estreia, pouco inspirado “Lady In Gold” e o mais recente e bajulado “Holy Moly!”, lançado no período de pandemia), o quarteto – contando hoje com a maravilhosa Elin Larsson (vocal), Zach Anderson (que desde de 2018 passou de baixista para guitarrista), Kristoffer Schander (baixo) e André Kvarnström (bateria, ocupando o lugar que foi deixado por Cory Berry) – demorou pra vir e sentir o calor do público latino. Mas a Top Link Music, de propriedade do empresário/produtor de Rock mais popular do Brasil (e porque não do mundo), Paulo Baron, pôs o ponto final dessa demora, que por um lado, valeu a pena. 


Carioca Club, localizado na região de Pinheiros, foi o local para solenizar a única apresentação dos suecos aqui no Brasil. Por se um local não muito grande, público não perdeu nenhum detalhe do show, e quem estava na área vip teve a oportunidade de ficar coladinho no palco pra não um vento de cada um. Detalhes sobre isso irá ser abordado mais pra frente...

Segundo os gráficos das plataformas de streaming (Spotify principalmente), São Paulo é uma das cidades que mais ouve Blues Pills. Apesar dos números consideráveis, sempre mana aquela incredulidade pelo baixo número de pagantes. A maioria que compareceu já tinha familiaridade com as músicas, tanto que não faltou cantoria nas canções mais relevantes.

Um ou outro, que acabaram indo ao show, não conhecia muito bem a banda, mas acabaram se tornando fãs assíduos depois do que viram e pela curiosidade, coisa que falta pra muita gente que tem cabeça fechada em conhecer coisas novas achando que bandas como Iron Maiden, Guns N’ Roses e Metallica vai durar a vida toda. 


Portões abertos pontualmente às 18hrs, a presença ainda era tímida, cevando um pouco da desconfiança comentada a pouco. Pra piorar, a chuva quis tentar estragar a noite faltando uma hora e meia pro começo do show. Alguns, infelizmente, perderam o começo do show por conta da forte chuva. Mas tudo conspirou para o bem, pois faltando meia hora e menos de 15 minutos para o início da festa, o público distendeu vultuosamente, atingido a quantidade de 800 pessoas presentes (N.T.: a casa tem capacidade para suporta até 1200 pessoas). 

Enfim, sem mais delongas, a vinheta (bem ao estilo faroeste) rugiu nos PAs do Carioca (às 20hrs como combinado). Zach, Kristoffer e André assumiram os seus postos para receber, com extrema graciosidade, a digníssima Elin Larsson (calçada de botas brancas e toda trajada de vermelho para alegria de quem estava apoiando o adversário do atual presidente da república).

Começam o show com a triunfante faixa que abre o disco “Holy Moly!”, a simbólica “Proud Woman” (um hino ao poder feminino), que teve seu começo estendido para que Elin pudesse transmitir beijos, dizer rápidas palavras e esbanjar a sua potente voz cantando o refrão que dá nome a música. A partir daí a história de amor com o Brasil (e com São Paulo, especificamente) era escrita depois de uma performance dominante.


Depois de um rápido “Obrigada”, Elin não poupou as suas vértebras na rápida “Low Road”, que fez questão de cumprimentar algumas pessoas que estavam ali perto do palco, emendando com a desconcertante “Dreaming My Life Away” – uma adjeção perfeita entre Hard e o Psicodélico (que ficou excelente ao vivo). Nela se sobressai o solo bem executado de Zach e as viradas intrincadas de André. 

A ‘swingada’ “Kiss My Past Goodbye” fechou primeira parte de divulgação do mais recente disco, que não deve ter poupado a carcaça de muitos (pelo menos não a minha) com o ritmo agradável disposto na música. E essa é outra que Elin coloca sua voz lá no alto na hora do refrão, e foi nesta música que se ouviu o público cantando mais alto até então. Elin, com sorriso de orelha a orelha, fazia gestos pedindo pra não parar de tão incrível que estava.  

Era hora de revisitar passado, e a ‘bluesy’ (e incompreensível, segundo Elin) “Astralplane” foi a primeira do ‘debut’ álbum a ser executada na noite. Logo nos primeiros acordes e versos cantados, a casa veio abaixo como se tivesse um mutirão cantando de tão absurdo que foi.

Mas calma que o remanso não parou por aí, pois a pesada “High Class Woman” (também presente do disco de estreia) arrancou toda intensidade do público com direito a “Hey” e fragosas palmas. Enquanto a banda fazia o serviço com maestria, Elin sacudia seu ‘meia lua’ e distribuía novamente cumprimentos de quem estava ali cara a cara com a “dama de vermelho”.

Esses dois momentos só provaram que o disco de estreia deles, lançado em 2014, é o preferido dos fãs sem sombra de dúvidas. Antes de executarem ambas, Elin fez um rápido agradecimento e declarou que São Paulo estará pra sempre em seu coração. 


Pra não perder o compasso antes de diminuir a fugacidade, Zach esbanjou toda sua técnica com instigantes solos pra abrir caminho para rítmica “Ain’t No Change”. Da para perceber que ele se senti mais à vontade tocando guitarra do que baixo. Não só para os fãs (como pra ele também), foi a melhor decisão a ser tomada, acredito... Por ter muita cadencia, a cozinha – formada por Kristoffer e André – mostrou o poder de fogo com excelência ao vivo nesta música. 

O melhor ainda estava por vir durante a noite: o enlaçamento do Blues Pills com São Paulo gloriosamente foi timbrado com quase metade do show concluído. Após depor que o público brasileiro (paulistano, melhor dizendo) é muito gentil, que o sonho de estar tocando em São Paulo (e América do Sul) estava sendo realizado, desculpas por ter demorado pra vir e o agradecimento por sempre estar recebendo apoio, não restou dúvidas que o Brasil será ponto obrigatório nas futuras turnês.


Prosseguindo, “Wish I’d Know” (substituída por “California” e executada no show anterior do Chile) mostrou todo lado Soul do quarteto com total ‘impecabilidade’. Só faltou o pessoal levantar pra cima o flash dos celulares (um até tentou incentivar a galera) pro clima ficar ainda melhor, mas devido a forma deslumbrante como a Elin estava cantando era impossível pensar nisso para só dar olhos a ela. 

“Bliss” e “Black Smoke” são as faixas mais antigas da carreira dos suecos e indispensável dos shows. E há motivos para não a excluírem do set, pois elas são as que melhor caracteriza, na minha opinião, o esqueleto sonoro da banda. Nela é ostentado toda a definição do Rock dos anos 60, Hard Rock setentista e psicodélico com a fineza da Soul Music. 


Infelizmente, “Song From a Mourning Dove” teve que ser sacrificada do set pra por outra em seu lugar, e não teve escolha melhor do que a melhor faixa de toda a carreia da banda: a climática “No Hope Left For Me”, que foi executada a pedido de alguém que mandou mensagem pra Elin. Segundo Zach, em entrevista ao site do parceiro Igor Miranda – Música e Jornalismo, “Little Sun” (executa nos momentos finais) é a melhor faixa pra definir o som do Blues Bills. Dessa vez, vou ter que discordar dele, pois “No Hope Left For Me” é mais justa pra se apresentar ao sujeito que nunca ouviu falar da banda.

As três próximas músicas – “Lady In Gold”, “Little Boy Preacher” e “You Gotta Try” – seriam dedicadas ao pouco elogiado álbum “Lady In Gold” (2016). Apesar de alguns não terem muita sintonia com esse disco (por conta de mudanças sonoras), muitos curtiram e apreciaram elas ao vivo, principalmente a faixa título. A única coisa que falta ao vivo em ambas é a presença do tecladista, nem que seja algo já pré-gravado. 


Querendo saber se todos estavam se divertindo, a sombria “Dust” (outra que este autor curte bastante) recarregou a baterias do que estava por vir depois dela...

Lembram o que eu falei anteriormente que o melhor estava por vir? Pois é... a eletrizante “Bye Bye Bird” apresentou o melhor e o mais apoteótico momento da noite. Quem já assistiu os shows da banda pelo Youtube, sabe que a Elin costuma fazer um ‘mosh’ nas partes derradeiras. Porém, como era lugar um tanto intimista, ela foi até meio da pista (com o microfone e tudo) curtir com a galera antes de partir para o tradicional bis. 

Sob os gritos de “Blues Pills, Blues Pills”, a banda retornou ao palco para mandar as derradeiras. Antes de porem o ponto final do show (que durou 90 minutos), Elin pronunciou um tocante “I Love You All” antes de tocar uma música do Sepultura. Dando a entender que não será possível devido a incapacidade e não tocar melhor que eles, seguiram com a balada “Little Sun” (agora sim!). Pra quem não sabe, o técnico de som do Blues Pills é o mesmo do Sepultura e o Derrick Green tem muita amizade com a Elin, por isso a vocalista fez a brincadeira com a banda. 

Após apresentar rapidamente a banda, era hora de mostrar a malvadeza em pessoa com “Devil Man” pra encerrar um dos melhores shows do ano. Elin, que teve uma das suas melhores noites, agradeceu mais uma vez o público e esperando que a banda esteja de volta muito em breve. “Eu não acredito que demoramos tanto tempo. Espero que não demoremos tanto novamente, eu prometo. Essa foi a melhor plateia que já experimentei em toda minha vida”. 

Blues Pills não só deu uma aula de como fazer show de Rock, mas sim de arte e divertimento. E se nos discos eles soam perfeitos, ao vivo a coisa fica ainda mais fantástica mesmo com equipamentos simples (amplificador era só um cubo da Fender, bateria com poucas peças e um cubo da Amped para o som do baixo). O som (que estava no ponto e sem falhas) e o lugar um tanto que particular favoreceu para que tivéssemos um dia memorável. 


Durante todo esse texto, cito muito o nome de Elin Larsson. Mas existe toda uma razão por causa disso. Essa mulher vai além da expectativa quando definimos uma ‘front-woman’ de verdade: classe, categoria e elegância (frase que aprendi com meu amigo Carlos Chiaroni, da loja Animal Records e programa RMH).

Além de ser dona de uma das melhores vozes da atualidade – comparada as lendárias Janis Joplin e Aretha Franklin (maior inspiração como cantora para Elin) – ela dá um show de energia no palco, sempre pulando, dançando e tentando estar o mais perto possível do público (seu principal alvo durante toda a apresentação) sem medo de ser feliz. Todos os aplauso e elogios ganhados na noite anteciparam o presente de aniversário dela (N.T.: Elin completou 34 anos no último dia 01/11, três dias depois do show).


A classe de público era das mais variadas. Apesar do som ser muito enraizado das décadas de 60 e 70, muitos jovens estiveram em peso para aprecia-los, o que prova que o Blues, Psicodélico e Soul Music não é som de velho. O pessoal de mais idade também não deixou de comparecer, evidenciando que a música do Blues Pills é para todas as classes de idade. 

Já aguardando ansiosamente o retorno no futuro bem breve. 


Texto: Gabriel Arruda | Instagram: @gabrielarruda07

Edição/Revisão: Carlos Garcia | Instagram: @cacogarciaroadtometal

Fotos: André Tedim | Instagram: @andretedimphotography


Produção: Top Link Music | Instagram: @toplinkmusic

Agradecimentos: Isabele Miranda (pelo credenciamento), Paulo Baron, Costabile Salzano Jr e Lu Beco Artes (pela tradução)


Set-List

Proud Woman 

Low Road

Dreaming My Life Away 

Kiss My Past Goodbye 

Astralplane

High Class Woman 

Ain’t No Change 

Wish I’d Woman 

Bliss

Black Smoke

No Hope Left For Me

Lady in Gold

Little Boy Preacher 

You Gotta Try

Dust

Bye Bye Birdy 

***Encore***

Little Sun 

Devil Man

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Blues Pills: "Holy Moly!" é Irrepreensível e Pulsante

 

Após uma edição ao vivo do seu segundo disco, sai finalmente "Holy Moly!". O Blues Pills como sempre não decepciona. Fazem uma revisitação decente apropriando-se de algumas tendências do r&b contemporâneo num psycho blues ocultista anos 70. Acresceram peso e  ampliaram as possibilidades harmônicas. "Holy Moly!" continua seguindo a risca o que apresentaram desde o início, sem perder o capricho. 

Elin Larsson ostenta versatilidade, canta com bastante garra músicas roqueiras, noutras situações assemelha-se a cantoras de soul e blues. Os instrumentistas também aparentam maior experiência, estão um passo à frente dos grupos stoner padrões. Não hesitam em mesclar o hard psicodélico a direções soul e mais pop sem diluir a força da sua música. 

As escolhas de timbres e arranjos são outro destaque de Holy Moly. Essa liberdade em cruzar certas barreiras impostas no rock psicodélico da atualidade, se assemelha muito mais ao pensamento dos grupos originais. 

Em "Proud Woman", Larsson puxa algo de Aretha Franklin e desdobra isso numa linha de spiritual. "Low Road", outra arrasa quarteirão, soa similar a uma versão metalizada de "Dignitaries of Hell" do Coven. "Dreaming My Life Away", mantém a força do disco, com Larson trazendo seu lado Jinx Dawson. 

"California" é uma balada blues cravada de power chords robustos e vibratos lacrimejantes na guitarra do novo dono das 6 cordas do BP,  Zack Anderson, enquanto Elin  puxa seu lado bluesy até soltar agudos potentes na voz. 

"Rhythm in the Blood", realça a qualidade do baterista André Kvarnström iniciando a música num ritmo marchado, depois aplica boas viradas e síncopes dentro da ideia básica. Lembra muito o Ram Jam e também entraria com facilidade no set dos seus contemporâneos Rival Sons. 

"Dust" soa um jazz blues estilo Ella Fitzgerald caso fosse coverizado pelo Black Sabbath no começo de carreira. A cantora continua a contrariar o clima lúgubre ao aplicar fúria na hora de cantar. O solinho sinistro e backing vocals sampleados dão um toque extra.   

Vale citar a balada soul "Wish I’d Known" de nuances gospel; "Bye Bye Birdie", presenteando o ouvinte com um solo muito legal e bateria potente e "Song From A Mourning Dove" um slow blues extremamente passional. 

"Holy Moly!" é um disco irrepreensível, as faixas apesar de apresentarem proximidade, valorizam algum ponto, mudam a ênfase e a vocalista mantém as faixas pulsando todo o momento com sua voz cheia de rompantes.

Texto: Alex Matos (Canal Rock Idol)

Edição\Revisão: Carlos Garcia

Selo: Nuclear Blast Records  (Lançamento no Brasil via Shinigami Records)

Tracklist:

01. Proud Woman

02. Low Road

03. Dreaming My Life Away

04. California

05. Rhythm In The Blood

06. Dust

07. Kiss My Past Goodbye

08. Wish I’d Known

09. Bye Bye Birdy

10. Song From A Mourning Dove

11. Longest Lasting Friend


 Blues Pills é:

Elin Larsson – vocals, backing vocals

Zack Anderson – guitar

André Kvarnström – drums

Kristoffer Schander – bass

 

 Blues Pills Youtube

      

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Dorian Sorriaux (Blues Pills): O Lado Mais Intimista em EP Solo



Desde muito jovem ligado à música, o guitarrista francês Dorian Sorriaux vem galgando uma bem sucedida carreira na banda sueca Blues Pills, grupo ao qual juntou-se no ano de sua formação, em 2011, aos seus 16 anos de idade. O jovem quarteto (atualmente contam com um quinto membro para as tours e sessões de estúdio, Ryckard Nygren, guitarra e órgão) logo foi chamando atenção pela sua performance de palco e pela sonoridade, influenciada pela música dos anos 60 e 70. Desde então, lançaram vários EPs e Singles, assinaram com a Nuclear Blast, lançando dois Full-Lenghts de estúdio e dois álbuns ao vivo (em novembro do ano passado foi lançado o DVD/Blu-Ray "Lady in Gold - Live in Paris", o qual será lançado em edição nacional pela Shinigami Records), além de extensas tours, passando por vários países como headliners e diversos festivais.  (English Version)

Enquanto o grupo dá uma pausa após cerca de um ano e meio divulgando o mais recente álbum, "Lady in Gold" (2016), o guitarrista Dorian Sorriaux encontrou tempo para trabalhar em seu projeto solo. Conversamos com Dorian para saber mais a respeito desse trabalho, e também sobre sua carreira e claro, o Blues Pills. Confira a seguir:


RtM: Você está lançando seu trabalho solo, então, para começar esta entrevista, conte-nos o que os fãs podem esperar deste EP, chamado "Hungry Ghost", em termos de sonoridade e também as diferenças com relação ao seu trabalho no Blues Pills? Percebi que é mais intimista e acústico. 
Dorian Sorriaux: O projeto solo é bastante diferente do Blues Pills, o que de início também me deixou um pouco receoso de lançá-lo. Eu me inspirei em música Folk dos anos 60, e é muito mais íntimo para mim. Somos 5 pessoas no palco no Blues Pills, e ás vezes, tipo você pode meio que se esconder atrás dos outros musicalmente. É muito mais intimista, pois são músicas que eu escrevi e a música folk é mais suave, soa mais pessoal. Eu escrevi um demo uma vez e enviei a um amigo com o título de "vulnerable as fuck" como uma piada (risos), porque era algo muito vulnerável.
Quando toco sozinho não sinto a vibração tipo "bebendo uma cerveja num show de rock". É mais calmo, com uma audiência às vezes sentada. Ainda adoro tocar com o Blues Pills, claro, ambas as coisas são realmente divertidas!

"O projeto solo é bastante diferente do Blues Pills, o que de início também me deixou um pouco receoso de lançá-lo."
RtM: E para os fãs e interessados, como o EP será disponibilizado? Será lançado por algum selo? Sairá em formato físico e digital? 
DS: Será lançado, assim espero, em abril, nos formatos digital e físicos regulares. Naturalmente, haverá vinil também. Ele será lançado através de um selo, mas não posso dizer mais sobre isso ainda, estou finalizando os detalhes do lançamento no momento. Haverá mais informações muito em breve!

RtM: Você vinha sentindo a necessidade de fazer um trabalho solo? E quais fatores positivos você gostaria de apontar para a oportunidade de um artista lançar um trabalho nesse formato?
DS: Sim, acho que senti a necessidade de fazê-lo. Estive ouvindo música folk há anos e comecei a escrever músicas nesse estilo alguns anos atrás. É divertido, e quando eu escrevo músicas sozinho, elas geralmente são mais "folky". Então eu sabia que queria fazer algo nesse estilo em algum momento.
Então, depois de viajar por 1,5 anos com a tour do álbum "Lady in Gold", decidimos fazer uma pausa de turnês com o Blues Pills. Então, senti que era o momento perfeito para iniciar o projeto solo, típico sentimento  de "agora ou nunca" por algum motivo.

RtM: Eu vejo que você também mostrou sua qualidade como vocalista em seu solo, então eu gostaria que você nos dissesse também se é algo que você deseja desenvolver mais e quais os vocalistas que você mais admira?
DS: Obrigado. Eu costumava cantar quando adolescente, mas parei por alguns anos quando entrei no blues. Então eu comecei a lentamente a cantar novamente, mas foi quando eu comecei a cantar Folk. Eu parei de tentar ter uma voz  mais rock, senti-me mais natural em canções folk e mais suaves.
Alguns dos meus cantores favoritos são Van Morrison, Terry Reid, Curtis Mayfield, John Martyn, Donny Hathaway ..
É muito sobre as músicas e sobre as emoções que eles colocam nelas. Neil young é definitivamente um dos meus cantores favoritos. Não é que ele tenha voz mais incrível do mundo, mas ele escreveu algumas das músicas mais incríveis que ouvi.

RtM: Como foi escolhido o track-list? Quais fatores pesaram na escolha de músicas que estão no EP?
DS: Ele veio de forma bastante natural. Eu sabia qual música deveria ser a primeira e qual deveria ser a última. Então, daí, foi muito fácil finalizar o track-list.
Eu tinha muitas músicas para escolher e acabei não gravando somente duas, que inicialmente pensei que gravaria. Eu e Zach, que produziu o EP, fomos ouvindo minhas músicas e escolhendo aquelas que sentimos que eram as mais fortes à primeira vista. Também sentimos que essas 4 músicas ficavam bem juntas.

"Quando eu escrevo músicas sozinho, elas geralmente são mais "folky", então eu sabia que queria fazer algo nesse estilo em algum momento."
RtM: E você poderia falar um pouco de cada uma das músicas no EP?
DS: Claro!
"Huitoto" foi escrita no meu sofá, veio muito rápida. Tipo, eu simplesmente toquei toda a música enquanto gravava no meu telefone e essa foi a demo. As letras desta música são um pouco mais vagas, o que eu também gosto, para que as pessoas possam colocar seu próprio significado nela. Para mim, é uma música sobre a perda, mais como se perder ao fazer coisas em sua vida que não o fazem feliz.

"Hungry Ghost" ("Fantasma Faminto") também foi escrita no meu sofá! Lembro-me de ter que passar um pouco de tempo descobrindo a parte do refrão, mas uma vez que veio, a música estava completa. O título é inspirado em um livro de Gabor Maté. Para mim, fantasmas famintos é onde estão os desejos intermináveis. É o fantasma faminto em nós que sempre procura mais. Mais dinheiro, mais sucesso, mais bebidas ... É uma coisa diferente para todos e, obviamente, é muito mais forte para algumas pessoas. O fantasma faminto opta por esconder a dor e ter o prazer temporário, então você não consegue parar de procurar esse sentimento temporário e você fica preso naquele caminho.

Eu tive a ideia de "Need to Love" ("Preciso Amar") em Porto (Portugal) enquanto eu estava em turnê com Blues Pills. Acabei andando por uma rua sombria da cidade e passei por sem-teto fumando crack. Essa imagem ficou comigo, não planejei gravar esta música, mas Zach gostou quando mostrei os demos. Então terminamos no estúdio e estou muito feliz com a forma como foi finalizada.

"Hello my Friend" ("Olá meu Amigo") sinto que é a música mais pessoal do EP. É sobre um amigo que estava passando por problemas psicológicos. Costumávamos sair muito e tocar música e, de repente, não pude mais lhe ajudar. Então eu ouvi que ele estava em um hospital mental. Então a música tornou-se mais sobre alguns dos meus amigos que sofreram, alguns que não aguentaram viver mais nesse sofrimento. Então, bastante pesada e pessoal.


RtM: Você tem planos para fazer um álbum completo e talvez para fazer alguns shows ou uma pequena tour para promover seu trabalho solo?
DS: Sim eu quero! Gostaria de lançar um full-lenght este ano. Eu  comecei alguns shows solo, e estou planejando uma tour próxima do lançamento do EP.

RtM: Falando um pouco em influências, gostaria que você nos conte sobre o seu começo na música, quais eram suas principais influências e como o seu interesse pela música e tocar violão e guitarra começou?
DS: ZZ TOP foi minha principal influência quando era um garotinho. Eles se tornaram minha banda favorita em torno de 4/5. Então eu descobri os primeiros álbuns do Status Quo, AC/DC, Rory Gallagher, Jimi Hendrix, Eric Clapton ..

RtM: E quando você adquiriu sua primeira guitarra?
DS: Eu tinha 9 anos, era uma guitarra clássica que minha mãe me comprou em uma loja de artigos usados. Eu ainda a tenho!

RtM: Atualmente, existem muitas novas bandas que fazem música influenciadas pelos clássicos dos anos 70, usando essa sonoridade e até mais visuais "vintage". Há sempre aqueles que seguem esta estrada para tirar proveito de algum movimento ou tendência, mas há bandas que fazem esse tipo de música realmente espontaneamente, como podemos sentir no seu caso e nos Blues Pills. Gostaria que você comentasse sobre isso e como o interesse nesse som clássico surgiu e quais os fatores que você acha que contribuíram para ser tão natural para você compor e tocar este estilo vintage?
DS: Todos nós, no Blues Pills, fomos fortemente inspirados pela música dos anos 60 e 70, e aquelas gravações soavam como uma guitarra ou bateria gravada direta em fita e isso é o que é. Não havia samples, nenhuma edição louca, sem bateria digital ou amplificadores falsos.
Então, queríamos criar um sentimento semelhante e usávamos instrumentos vintage, gravados em fita ...

"Eu acreditei no Blues Pills desde o primeiro dia, mas eu realmente não imaginei esse tipo de 'sucesso'".
RtM: Uma das coisas que chamou a minha atenção para o seu trabalho e dos Blues Pills é o modo como vocês se entregam no palco, é maravilhoso, e esse sentimento e verdade que vocês transmitem é o que também os diferencia de outras bandas que também produzem um som "vintage". Vejo que vocês dão muita importância ao desempenho nos shows, algo que falta em muitos novos grupos, que só soam bons no estúdio.
DS: Obrigado! Os shows ao vivo são realmente importantes para nós.

RtM: Você ficou surpreso com a receptividade e o sucesso com os Blues Pills? Conte-nos um pouco do que é de repente ter sua banda com 2 álbuns lançados em todo o mundo, sendo convocados para grandes festivais. Penso que é muito importante contar com uma equipe para confiar quando uma banda começa a ter uma maior repercussão, com muitos detalhes a serem atendidos, desde o cronograma de shows e entrevistas até os financeiros.
DS: Eu acreditei no Blues Pills desde o primeiro dia, mas eu realmente não imaginei esse tipo de "sucesso". Eu acho que não pensei em como seria o sucesso. Eu só sabia que tinha muito potencial e foi muito divertido tocar!
Tivemos muita sorte em conhecer as pessoas certas e criar uma boa equipe de pessoas dignas de confiança a nossa volta. Também nós sempre apoiamos e cuidamos uns dos outros nos momentos difíceis, o que realmente ajudou.

RtM: Com a excelente receptividade ao Blues Pills, vocês conseguiram tocar em vários países, eu gostaria que você nos contasse quais foram os shows mais memoráveis ​​para você e qual país você ainda não teve a chance de tocar e você gostaria de visitar em uma próxima turnê? 
DS: Rock Werchter no verão passado foi demais! Uma das maiores plateias para as quais tocamos. Também a última vez que fomos headliners em Londres, no início de dezembro, foi um dos meus shows favoritos que eu posso lembrar. Era um local pequeno, meus favoritos, e a energia da multidão e na sala era simplesmente incrível! Nós nunca tocamos na América do Sul, mas eu realmente adoraria!

RtM: E o que você pode nos contar sobre os planos dos Blues Pills para 2018? 
DS: Nós vamos tocar em alguns festivais neste verão, incluindo Wacken e Woodstock, na Polônia. Provavelmente também trabalharemos em novas músicas.

RtM: Obrigado pelo seu tempo Dorian, esperamos vê-los logo aqui na América do Sul!
DS: Obrigado! Espero logo poder estar aí e tocar para vocês.

Entrevista: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação e Arquivo do artista



Dorian Sorriaux FB Fanpage

Interview - Dorian Sorriaux (Blues Pills): the more intimate side in solo project



Since a very young age connected to music, French guitarist Dorian Sorriaux has been completing a successful career in the Swedish band Blues Pills, a group he joined in the year of 2011 at the age of 16. The young quartet (who currently have a fifth member for tours and studio sessions, Ryckard Nygren, guitar and organ) soon drew attention for their stage performance and sonority, influenced by the music of the 60s and 70s. Since then, released several EPs and Singles, signed with Nuclear Blast, releasing two successful studio full-lenghts and two live albums (the DVD/Blu-Ray "Lady in Gold - Live In Paris" was released last year, in november), as well as extensive tours as headliners and festivals.  (Versão em português)

While the group takes a break after about a year and a half touring on latest album, "Lady in Gold" (2016), guitarist Dorian Sorriaux has found time to work on his solo project. We talked with Dorian to know more about it, and also about his career and of course, the Blues Pills. Check below:


RtM: You are releasing your solo work, so to start this interview, tell us what fans can expect from this EP, called "Hungry Ghost", in terms of sonority and also difference from it to your work on Blues Pills? I see it is more intimate and acoustic. 
Dorian Sorriaux: The solo project is quite different from blues pills, which also made me scared to release it at first. I get inspired by 60 folk music and it is much more intimate to me. We are 5 people on stage in blues pills and you can always kind of hide behind the others musically. It's much more intimate to me as they are songs I've written myself and the softer folk music feels more personal. I wrote a demo once and sent it to a friend with the title "vulnerable as fuck" as a joke as it felt so vulnerable.
When I play solo live you don't feel the "having a beer at a rock show" vibe. It's more quiet with an audience sometimes sitting down. I still love playing with blues pills though, both are really fun!

"The solo project is quite different from blues pills, which also made me scared to release it at first." 
RtM: And for the fans and interested, how will the EP be made available? Will it be released by any label? Will it come out in physical and digital format? 
DS: It will be released, hopefully around April in the regular digital/physical formats. There will of course be vinyls as well. It will be released through a label but I can't say more about it yet as I'm just finalizing the release at the moment. There will be more infos really soon!

RtM: Have you been feeling the need to do a solo work? And what positive factors would you point out in the opportunity for an artist to launch a solo work?
DS: Yes I think I felt the need to do it. I've been listening to folk music for years now and started writing folk songs a few years ago. It's so fun and when I write songs on my own, they most likely are more folky. So I knew I wanted to do something in that style at some point.
Then after touring for 1,5 years on "Lady in Gold", we decided to take a break of touring with Blues Pills. So it felt like the perfect moment to start the solo project, it kind of felt like now or never for some reason.

RtM: I see that you also showed your quality as a vocalist in your solo, so I would like you to tell us also if it is something that you want to develop more, and which would be the vocalists you most admire?
DS: Thanks, I used to sing as a teenager but I stopped for some years when I joined blues pills. Then I started to slowly sing again, but that's when I started to sing folk. I stoped trying to have a rock voice, it just felt more natural to song softer songs.
Some of my favorite singers are Van Morrison, Terry Reid, Curtis Mayfield, John Martyn, Donny Hathaway.. 
It's so much about the songs and how much emotions they put into it. Neil young is definitely one of my favorite singers, it's not like he has the most incredible voice out there. But he wrote some of the most incredible songs I've heard.

RtM: How was the tracklist chosen? What factors weighed in the choice of songs that are in the EP?
DS: It came quite naturally. I knew which song should be the first and which should be the last. So from there it was really easy to finalize the track list.
I had quite many songs to choose from and ended up not recording a couple I thought I would record. Me and Zach, who produced the EP, were just listening through my songs and picking the ones that felt strongest at first listen. It also felt like those 4 songs were fitting together really well.


"When I write songs on my own, they most likely are more folky. So I knew I wanted to do something in that style at some point."
RtM: And could you speak a little bit of each of the songs on the EP?
DS: Sure!
"Huitoto" was written on my couch, it came really quickly. Like I just played the whole song while recording it on my phone and that was the demo. The lyrics on this song are a bit more vague which I also like so people can put their own meaning on it. To me it's a song about loss, more like loosing yourself through doing things in your life that don't make you happy.

"Hungry Ghost" was also written on my couch! I remember having to spend a bit of time figuring out the chorus part, but once that came, the song was complete. The title is inspired by a book by Gabor Maté. To me, the roam of hungry ghost is where endless desires are. It's the hungry ghost in us that's always seeking for more. More money, more success, more booze...It's a different thing for everyone and obviously it's much stronger for some people. The hungry ghost choose to hide the pain and have the temporary pleasure, then you can't stop seeking for that temporary feeling and you get trapped in that roam.

I got the idea for "Need to Love" in Porto while I was on tour with Blues Pills. I ended up walking the shady street of the city and walked by homeless people smoking crack. That image stayed with me, i didn't plan to record this song but Zach liked it when I payed the demos. So we finished it in the studio and I'm really happy with the way it turned out.

"Hello my Friend" is the most personal song on the EP I feel. It's about a friend that was going through a mental breakdown. We used to hang out a lot and play music and all of a sudden I couldn't get a hold of him anymore. Then I heard he was in the mental hospital. Then the song became more about a few of my friends that have suffered, some that couldn't bear to live any longer in that suffering. So quite heavy and personal :)


RtM: Do you have plans to make a full-lenght album and maybe to do some shows or a short tour to promote your solo work?
DS: Yes I do! I'd like to release a full length this year. I started playing solo shows and I'm booking a tour around the release of the EP.

DS: Speaking of influences, I would like you to tell us about your beginning in music, who were your main influences and how did your interest in music and playing guitar come about?
DS: ZZ TOP was my main influence as a young kid. They became my favorite band around 4/5. Then I discovered the early Status Quo, AC/DC, Rory Gallagher, Jimi Hendrix, Eric Clapton..

RtM: When did you get the first guitar and what was it?
DS: I was 9, it was a classical guitar that my mum bought me at a second hand market. I still have it!

RtM: Currently there are many new bands making music influenced by the classics of the 70s, using that sonority and even more "vintage" visual. There are always those who go down this road to take advantage of some movement or trend, but there are bands that make this kind of music really spontaneously, as we can feel in your case and the Blues Pills. I would like you to comment on that, and how the interest in this classic sound came about, and what factors do you think contributed to being so natural for you to compose and play this vintage style?
DS: All of us in Blues Pills have been heavily inspired by the music of the 60's and 70's and the records back then sound like a guitar or a drum recorded onto tape and that's what it is. There was no sampling, no crazy editing, no digital drums or fake amps.
So we wanted to re create a similar feeling, and used vintage instruments, recorded on tape...

I believed in Blues Pills from day 1, but I didn't really imagine that kind of 'success'"
RtM: One of the things that drew my attention to your work and the Blues Pills, besides that more classic sound, mixing the influences of the 60s and 70s with soul and groove in a very own way, is that you really pass something true, and the way you give yourself on stage is wonderful, and that feeling and truth that you transmit is what also differentiates you from other bands that also make a "vintage" sound. I see you give a lot of importance to the performance in the shows, something that is lacking in many new groups, which only sound good in the studio.
DS: Thanks! Live shows are really important to us.

RtM: Were you surprised by the receptivity and success with the Blues Pills? Tell us a bit of what it's like to suddenly have your band with 2 albums released worldwide, being called to major festivals. I think it's very important to have a team to rely on when a band starts to have a bigger repercussion, with lots of details to take care of, from the schedule of shows and interviews to the financiers.
DS: I believed in Blues Pills from day 1, but I didn't really imagine that kind of "success". I guess because I didn't think about what success would be like. I just knew it had a lot of potential and it was really fun to play!
We were really lucky to meet the right people and build a good team of trust worthy people around us. Also we always supported and cared for each other through the difficult times which really helped.

RtM: The excellent receptivity that the Blues Pills got, allowed you to play in several countries. I would like you to tell us which were the most outstanding shows for you, and which country you still did not have the chance to play and would you like to visit on an upcoming Tour? 
DS: Rock Werchter last summer was huge! One of the biggest crowd we played for. Also the last time we headlined London early December was one of my favorite blues pills shows I can remember. It was a small venue, my favorites, and the energy from the crowd and in the room was just awesome!
We've never played South America but I would really love to!

RtM: And what can you tell us about the Blues Pills plans for 2018? 
DS: We're gonna play a few festivals this summer including Wacken and Woodstock Poland. We'll probably also work on new songs.

RtM: Thanks for your time Dorian, hope to see you soon here in South America!
DS: Thank you! I hope to come play music there really soon!


Interview: Carlos Garcia
Photos: disclosure and artist's files.