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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Cobertura de Show: Best Of Blues And Rock – 15/06/2025 – Parque Ibirapuera/SP

Assim como no dia anterior, e durante toda a semana, a temperatura continuava em queda, trazendo um daqueles frios que nos obriga a nos enfurnar em camadas de roupa para ficar minimamente aquecidos. Mesmo assim, os fãs de classic rock seguiram firmes rumo ao Parque Ibirapuera para o quarto e último dia do Best of Blues and Rock, que teve como headliner o Deep Purple junto com a Judith Hill e os brasileiros do Hurricanes. Em comparação aos dias anteriores, este dia teve menos atrações – todas de excelente qualidade – proporcionando ótimas experiências para quem esteve presente.

O início das apresentações, diferente do dia anterior, aconteceu mais tarde, com os trabalhos começando pontualmente às 17h20. Formados em 2016 e com dois discos lançados, os gaúchos do Hurricanes carregam em seu caldeirão musical as influências do rock das décadas de 60 e 70. Mesmo diante de um público relativamente pequeno, a banda entregou um show enérgico e, ao mesmo tempo, emocionante – especialmente por parte do vocalista Rodrigo Cezimbra, que se destacou durante toda a uma hora que esteve em cima do palco.

O repertório foi uma mescla de faixas dos dois discos lançados pela banda, todas executadas com instrumentos característicos da época, como o baixo Rickenbacker, a guitarra Gibson SG e o órgão Hammond, além de duas vocalistas de apoio que deram ainda mais força às canções. Músicas como “Weary Hearted Blue”, com seu andamento climático, combinaram perfeitamente com o pôr do sol que surgia ao fundo; a bluesy “Through the Lights” e a melódica “Flower” – escrita em homenagem ao filho de Rodrigo Cezimbra – também se destacaram e conquistaram rapidamente o público. “Devil’s Deal” foi a mais aplaudida entre as 11 músicas selecionadas, apesar de um imprevisto com Leo Mayer, que teve uma corda da guitarra arrebentada logo no início da execução. Ainda a tempo, com o instrumento trocado, a banda fez questão de retomar a música do começo. “With a Little Help from My Friends”, cover dos Beatles, trouxe um clima de despedida afetiva, deixando todos com um sorriso no rosto.

Igual a Larissa Liveir, muitos também não tinham feito a lição de casa em relação a Judith Hill, onde ela e sua banda se apresentarem pela primeira vez no Brasil. No entanto, com uma pesquisa rápida, é possível descobrir que se trata de uma cantora com bastante experiência, com o nome ligado a trabalhos com Michael Jackson, Prince, Stevie Wonder, entre outros. Desde 2015, a cantora americana segue em carreira solo, sendo Letters from a Black Widow seu trabalho mais recente.

Com sua impressionante voz, Judith presenteou a plateia – que a essa altura já era bastante volumosa – com uma apresentação intensa e vibrante. Cada música, transitando entre o soul, funk e blues, deixou até os fãs mais roqueiros do Deep Purple boquiabertos, não só pelo talento da americana, mas também pela competência da banda que a acompanhava, demonstrando eficiência e entrosamento do início ao fim. Além de sua potência vocal, Judith também se destacou como guitarrista, mantendo o instrumento em mãos durante todo o show e mostrando grande habilidade.

Mais um ponto para o time do Best Of Blues And Rock por ter trazido um nome que ainda não é tão conhecido por aqui, despertando em nós, brasileiros, a curiosidade de descobrir talentos que raramente ganham espaço na mídia nacional. Em resumo foi um excelente show, daqueles que merecem aplausos a cada música.

O Deep Purple é uma daquelas bandas que sempre demonstrou um carinho especial pelo Brasil. A cada nova turnê promovida, o país entra na rota obrigatoriamente – somando, com o show realizado no Best Of Blues And Rock, nada menos que 15 visitas. É bem provável que, em uma dessas passagens, você, caro leitor, já tenha tido a chance de vê-los ao vivo. E sim, fui assistir aos ingleses por dois motivos. O primeiro é óbvio: trata-se de uma banda formadora de caráter, um verdadeiro pilar da "santíssima trindade" do rock, ao lado do Black Sabbath e do Led Zeppelin. O segundo é o fato de ser a única banda no mundo que se apresenta de forma totalmente autêntica: sem overdubs, sem playback, sem bases pré-gravadas ou qualquer artifício técnico. Só músicos, instrumentos e verdade no palco.

Quem foi ao show acabou se deparando com o mesmo repertório do ano passado. Muitos esperavam novidades, especialmente a inclusão de “Perfect Strangers”, aguardada por grande parte do público. Mas, mais uma vez, ela ficou de fora. Como não vieram de uma sequência intensa de shows, a banda teve mais tempo para se preparar, o que resultou em uma apresentação superior à do ano anterior. A abertura com “Highway Star”, seguida de “A Bit On The Side”, já mostrou toda a excelência dos músicos, com destaque para o baterista Ian Paice e o baixista Roger Glover, que seguem formando uma das melhores bases rítmicas do mundo.

A sequência de “Hard Lovin’ Man” e “Into the Fire” fez muitos se perguntarem, de imediato: como Ian Gillan lidaria com o desafio vocal dessas músicas? Com quase 80 anos, é natural que ele já não tenha a mesma potência de antes, mas ainda consegue sustentar um bom alcance dentro do que é possível, continuando sendo, até hoje, um dos vocalistas mais influentes da história do rock. Em vários momentos, demonstrou seu carisma agradecendo e interagindo com o público. 

Simon McBride, que vem substituindo o grande Steve Morse com maestria, teve o seu momento com um solo maravilhoso de guitarra, que abriu caminho para a majestosa “Uncommon Man”, tirada do álbum Now What?! e dedicada ao antigo e saudoso tecladista Jon Lord, conforme mencionou Gillan após o encerramento.

“Lazy Sod” é a prova de que a banda continua com sua criatividade aflorada. Ela, assim como “A Bit On The Side” e “Bleeding Obvious” – executada mais adiante – faz parte do trabalho mais recente, =1, lançado no ano passado. Além disso, a faixa também abriu caminho para um dos momentos mais hilários da noite com “Lazy”, outra pérola da carreira da banda, que levou um casal próximo deste repórter a dançar freneticamente. Nessa música, Don Airey, sempre bem-humorado, antecedeu a execução com um breve solo de teclado e brindou a plateia com uma cerveja – diferente das outras vezes, em que fazia o brinde com uma taça de vinho. Esse solo se estendeu após a calma “When a Blind Man Cries” – acompanhada por uma iluminação toda azulada – e “Anya”, que, para mim, foi o melhor momento do set. No segundo solo da noite, Don Airey homenageou o Brasil com “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, e ainda surpreendeu ao incluir a famosa introdução de “Mr. Crowley”, composta pelo próprio para o Ozzy Osbourne.

Antes de encerrar a primeira parte, veio uma dobradinha de sucessos do Machine Head, começando com “Space Truckin’” e finalizada com “Smoke on the Water”. Por mais que muitos já estejam cansados de ouvi-la, não tem jeito... É impossível não se render ao maior riff da história e ao refrão, que fez todo mundo cantar impulsivamente. O desfecho dessa apresentação marcante veio com “Hush”, antecedida pela instrumental “Green Onions”, e “Black Night”, que, como de costume, contou com os tradicionais “ô, ô, ô” acompanhando os riffs. Um final perfeito!

Usando as mesmas palavras da resenha do show do ano passado, o Deep Purple é uma daquelas bandas que você sempre quer ver de novo assim que o show termina. Apesar da idade avançada da maioria dos integrantes – com exceção de Simon, que é mais jovem – os músicos ainda demonstram um vigor jovial impressionante, que promete se manter por bastante tempo, tanto em futuros álbuns quanto em apresentações ao redor do mundo.


Texto: Gabriel Arruda

Fotos: Mariana Dantas (Hurricanes, Judith Hill) / Bárbara Matos (Deep Purple)


Realização: Dançar Marketing 

Press: Marra Comunicação 


Hurricanes – setlist

Penny In My Pocket

Over The Moon

Waiting

Come To The River

Weary Hearted Blues

The Bird’s Gone

Flowers

Devil’s Deal

Thunder in the Storm

Through The Lights

With a Little Help From My Friends


Judith Hill – setlist

I Can Only Love You by Fire

Fire (Ohio Players cover)

Gypsy Lover

Runaway Train

Burn It All

Give Your Love to Someone Else

Dame De La Lumière

Flame

You Got It Kid

Cry, Cry, Cry


Deep Purple – setlist

Highway Star

A Bit on the Side

Hard Lovin' Man

Into the Fire

Uncommon Man

Lazy Sod

Lazy

When a Blind Man Cries

Anya

Bleeding Obvious

Space Truckin'

Smoke on the Water

Bis

Green Onions (Booker T. & the MG’s cover)

Hush (Joe South cover)

Black Night

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Cobertura de Show: Deep Purple – 13/09/2024 – Espaço Unimed/SP

O mês de setembro tem a tradição de oferecer grandes apresentações, especialmente em São Paulo, que nas duas primeiras semanas teve três shows do Sepultura no Espaço Unimed, Therion no Carioca Club, Circus Maximus no Hangar 110, Deep Purple no Espaço Unimed e TesseracT no Carioca Club. Ao longo do mês, os fãs de Rock e Heavy Metal poderão ainda prestigiar os shows do Raven na Jai Club e o icônico guitarrista Eric Clapton, que se apresentará em duas noites no Vibra SP e Allianz Parque, respectivamente.

Na ocasião, fomos conferir o Deep Purple, que retornou a São Paulo após um ano da sua apresentação no festival Monsters of Rock ao lado do Kiss, Scorpions, Helloween e entre outros. Reconhecida como uma das grandes referências do chamado Rock pesado e a única da Santíssima Trindade ainda estar na ativa, a banda sempre demonstrou um carinho especial com o Brasil. Ao todo, os ingleses já realizaram 27 shows no país, sendo que o primeiro foi em 1991, quando Joe Lynn Turner ainda era o vocalista. Em todas as suas visitas, a banda sempre atraiu um grande público, e o último, ocorrido no dia 13 de setembro, não foi diferente.

Ao entrar no local, por volta das 20h30, deparamos uma atmosfera agradável. A maioria do público, com idades entre 40 e 60 anos, já dominava uma boa parte das pistas, ansiosos para assistir mais uma apresentação da banda na capital paulista. Mas quem pensa que os shows do Deep Purple são frequentados apenas por fãs mais velhos, está muito enganado. Jovens, alguns acompanhados dos pais, tios e avós, também estiveram lá para rever a banda ao vivo ou para assisti-los pela primeira vez.

Com o palco totalmente pronto e a casa completamente lotada, o início iminente foi indicado às 21h46, quando o telão de LED atrás da bateria de Ian Paice se iluminou com imagens cativantes do novo álbum, =1, lançado em agosto passado. Os fãs logo pegaram seus celulares pensando que o show começaria nesse instante, porém tiveram que esperar mais alguns minutos. O início, de fato, veio às 22h10 com os dois pés com “Highway Star”, escolha mais do que apropriada para abrir o espetáculo em alto nível e que deixou todos extasiados logo nos primeiros minutos. “A Bit on the Side”, a primeira do novo álbum ser executada na noite, e as antigas “Hard Lovin Man” e “Into the Fire”, ambas do In Rock (1970), vieram na sequência.

Os membros, que já estão com uma certa idade – com exceção do Simon McBride, que tem 45 –, mostraram neste começo de show que continuam em plena forma. Ian Gillan interagia com o público de forma constante, agradecendo com um “obrigado” aqui e acolá, fazendo piadas e agitando sua pandeirola em certos momentos. No entanto, ainda há aqueles que anseiam por um retorno ao seu estilo vocal do passado. Antes de expressar essa crítica, é importante frisar dois aspectos. Primeiro, Gillan já está prestes a completar 80 anos, o que torna inviável que ele consiga alcançar os mesmos agudos de antes. E o segundo, e mais crucial, é que ele é capaz de encarar duas horas de show com tranquilidade, o que é uma conquista e tanto. Por essas razões, devemos ter a maior admiração (e respeito) por este que é um dos maiores vocalistas de todos os tempos, que inspirou diversos cantores, por exemplo Bruce Dickinson, do Iron Maiden.

Roger Glover e Ian Paice constituem uma das melhores cozinhas do planeta, se não a melhor. É fascinante observar como Paice consegue juntar influências do jazz, blues e Rock no seu universo bateristico. Assistir à sua performance ao vivo, desta vez de uma forma mais próxima, foi uma experiência extraordinária não apenas para mim, mas também para os entusiastas da bateria. Simon McBride trouxe um peso e vitalidade à banda. Com uma personalidade ímpar, ele executou impecávelmente as linhas criadas por Ritchie Blackmore e Steve Morse, que deixou o grupo em 2022 para ficar ao lado da sua saudosa esposa, que na época enfrentava um câncer terminal.

Don Airey, autor da abertura de “Mr. Crowley” (Ozzy Osbourne), destacou-se com dois solos delirantes de teclado. No segundo e último, ele fez questão de homenagear o nosso país com trechos de “O Trenzinho Caipira” (Villa Lobos), “Aquarela do Brasil” (Ary Barroso) e o hino nacional brasileiro, onde o público fez a sua parte cantando animadamente.

Boa parte do reportório reuniu músicas do recém lançado = 1. Todas elas, sem exceção, foram bem recebidas. "Lazy Sod", "Portable Door" e "Bleeding Obvious" foram intercaladas com a ‘bluesy’ “Lazy” (com Gillan mandando ver na gaita) e a envolvente “When a Blind Man Cries”, que com a ajuda da iluminação, deixou o clima da música ainda mais bonito. “Anya”, do The Battle Rages On (1993) e que ao vivo soou ainda mais pesada, foi a surpresa do setlist. Da fase com Steve Morse, escolheram apenas “Uncommon Man”, do álbum Now What?! (2013) que foi dedicada ao saudoso Jon Lord e antecedida por um estupendo solo do Simon. 

Antes de encerrar o primeiro bloco, a banda pós a casa abaixo com “Space Truckin”, anunciada com um arrepiante solo vocal do Gillan, que colocou as quase oito mil pessoas para cantar o refrão. Foi lindo ver todos ali soltando os ‘Come On, Come On, Come On’. Essa atmosfera recíproca continuou em “Smoke On The Water”, onde todos cantaram não só a letra, mas também o riff de guitarra, considerado por muitos guitarristas o melhor de toda a história do Rock. Embora ignorada por uns e por outros devido à sua ampla popularidade, ela provocou uma catarse coletiva e um fervor impressionante. 

A instrumental “Green Onions” abriu caminho para a também clássica “Hush”, de autoria de Joe South, mas que ficou mais famosa com a versão do Deep Purple. Com seu andamento dançante, alguns não se excitaram de chacoalhar o esqueleto. O ponto final veio de forma emblemática com “Black Night”, que ao vivo ganha um toque especial com o público bradando o tradicional ‘ô, ô, ô’ em cima dos riffs iniciais, encerrando assim mais um show histórico.  

O Deep Purple sabe, como poucos, proporcionar apresentações ao vivo de extrema qualidade. O som que emanava do palco, elevada pelo excelente sistema de som do local, era genuíno, como sempre foi desde a época do Made In Japan. No entanto, o espetáculo foi muito além disso: foi uma verdadeira lição de música. Que Dio os abençoe com saúde abundante, para que possamos desfrutar de seus shows ao vivo com mais frequência.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Mercury Concerts

Mídia Press: Catto Comunicação 


Deep Purple

Highway Star

A Bit on the Side

Hard Lovin' Man

Into the Fire

Uncommon Man

Lazy Sod

Lazy

When a Blind Man Cries

Portable Door

Anya

Bleeding Obvious

Space Truckin'

Smoke on the Water

***Encore***

Green Onions/Hush

Black Night

domingo, 22 de novembro de 2020

Deep Purple: A Lenda Continua Produzindo Música de Qualidade


A anunciada “aposentadoria” e o que poderia ser o derradeiro álbum, “InFinite”, em 2017, felizmente não se concretizou, e a lenda Deep Purple parece que não estava pronta para parar e, em tempos que precisamos mais do que nunca motivos para sorrir, apresentou seu 21º álbum de estúdio da carreira (terceiro seguido com a produção de Bob Ezrin), “Whoosh!”, e soando superior ao seu antecessor. 

Com 13 novas músicas, trazendo uma diversidade que o faz um disco leve, interessante e que a cada audição vai crescendo. Um álbum que soa atual e traz a identidade marcante da banda, destacando o timbre inconfundível do vocalista Ian Gillan, que, se já não pode mais alcançar as mesmas notas altas e agressividade de outrora, mantém a classe e perspicácia que só os grandes ícones possuem, e claro, o impecável trabalho instrumental, sempre com muito destaque dos teclados.

“Whoosh!” não tem canções muito longas, tendo esse ar mais despretensioso, inclusive com músicas de melodias de fácil assimilação, daquelas que já prendem no ouvido, como “Nothing at All”, com absoluto destaque para a melodia principal, dividida entre a guitarra e o teclado, e o refrão memorável,  e já considero o “hit” do álbum. 

Há a simplicidade do boogie-woogie/Rockabilly de “What the What” e o Hard Rock com trechos progressivos de “The Long Way Road", com a assinatura Purple tradicional, porém soando contemporânea, com direito a solos de teclado e guitarra. Típica banda que envelheceu muito bem

O Purple também mostra malícia e suingue, como na abertura  com "Throw my Bones" e "Dancin' in my Slep". 

A banda também passeia pelos ares progressivos como em  “Power of the Moon”, que tem uma certa dramaticidade em suas melodias; e em “Man Alive”, com destacado trabalho dos teclados, Gillan vai contando a história, em uma quase narrativa, envolta em melodias que funcionam com trilha para a letra, que traz apreensão sobre o futuro da natureza e humanidade. 

Bem no finzinho, possivelmente o trecho que inspirou o título, onde Gillan termina com a frase "A man alone, washed up on the beach, just a man...whoosh."

Sobre o título do álbum, o vocalista Ian Gilan, em uma das dezenas de entrevistas recentes, deu sua explicação: “Whoosh é uma palavra onomatopaica que, quando vista por uma extremidade de um radiotelescópio, descreve a natureza transitória da humanidade na Terra; e, por outro lado, de uma perspectiva mais próxima, ilustra a carreira do Deep Purple. ” 

O Deep Purple entrega mais um trabalho digno da história destes ícones do rock pesado, diversificado, de instrumental refinado e composições agradáveis, que por muitas vezes soam quase que como uma jam, com os músicos sempre tendo seus momentos solo. Parece tudo muito simples para estes grandes músicos, e que possuem entrosamento de longos anos, essa formação está junta desde 2003.

O disco está disponível no Brasil via parceria ear Music e Shinigami Records, em formato simples e digipack duplo com DVD com o show da banda no Hellfest 2017 e mais alguns extras. Os anos passam e o Purple segue lançando material imprescindível para os fãs.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Deep Purple
Álbum: "Whoosh" 2020
Estilo: Classic Rock, Progressive Rock, Hard Rock
País: Inglaterra
Produção: Bob Ezrin
Selo: Ear Music/Shinigami Records

Tracklist
1. Throw My Bones
2. Drop the Weapon
3. We?re All the Same in the Dark
4. Nothing at All
5. No Need to Shout
6. Step by Step
7. What the What
8. The Long Way Round
9. The Power of the Moon
10. Remission Possible
11. Man Alive
12. And the Address
13. Dancing in My Sleep





quarta-feira, 4 de julho de 2018

Deep Purple: Mais Dois Concertos Clássicos Disponíveis no Brasil

 



Direcionado aos fãs de uma das maiores e mais importantes bandas do Heavy Rock e Classic Rock, a "The Official Deep Purple (Overseas) Live Series” traz uma série de lançamentos, trazendo em áudios recuperados e remasterizados materiais raros de concertos do Deep Purple em várias épocas, disponibilizando ao ouvinte performances de grandes momentos dos ingleses, e em fases diferentes nos anos 70.

Mais dois novos lançamentos dessa série foram disponibilizados no Brasil via parceria ear Music, atual distribuidora dos álbuns do grupo no exterior, com o selo brasileiro Shinigami Records, que já colocou no mercado nacional outros lançamentos dessa série, o DVD do "California Jam 74" e o o CD duplo "Live Long Beach 76". O selo também lançou no Brasil mais recente trabalho da banda, “InFinite” (2017), além de outros DVDs mais recentes, como o do show no Wacken.


O primeiro desses novos títulos da série é “LIVE IN LONG BEACH 1971”, com a MK II (Blackmore, Lord, Paice, Gillan, Glover), e que contém 4 faixas, “Speed King”, “Strange Kind of Woman”, “Child in Time” e “Mandrake Root”. O show, na Long Beach Arena, aconteceu em 30 de julho de 1971, e foi transmitido via rádio. Como era praxe do grupo, as músicas ganhavam versões com duração bem maiores ao vivo, contendo muitas improvisações, solos e trechos de outras canções, como em “Speed King”, onde a banda emenda trechos de  “Good Golly Miss Molly”, “Lucille” e outros Rocks clássicos. 

E em “Strange Kind of Woman”, o atrativo fica por conta do “duelo” de Ian Gillan e Ritchie Blackmore, que acabou se tornando tradicional nessa canção, onde o vocalista fica imitando as notas de guitarra e vice-versa. E o que falar dos vocais em "Child in Time", feliz de quem pode ver ao vivo, gora temos de nos contentar com os álbuns, pois jamais alguém conseguirá ter uma performance a altura de Gilan nesta canção, e o "Silver Voice" já não tem mais garganta para reproduzir as performances de outrora neste clássico.


O segundo é “GRAZ 1975”, trazendo já a MK III (Blackmore, Coverdale, Hughes, Lord e Paice), com o show realizado na Áustria, . Um momento bem marcante, pois depois desse concerto, o Deep Purple tocou somente mais dois shows com essa formação, com Ritchie Blackmore deixando o grupo para então se dedicar ao  Rainbow. Tivemos a partir daí um período de incertezas, mas com a banda prosseguindo com Tommy Bolin nas guitarras, e iniciando a curta era da MK IV.  


Durante esse concerto em Graz, já eram visíveis as desavenças na banda, principalmente com relação a Blackmore, que era visto distante dos demais membros. Embora houvesse já esse clima pesado, o show foi elétrico e é tido como um tesouro para os apreciadores do Purple. Até então, o concerto gravado pela equipe da banda no estúdio móvel dos Rolling Stones, não havia sido disponibilizado na integra, e agora chega as prateleiras em edição dupla e com áudios remasterizados. São 8 músicas, incluindo clássicos dos 2 álbuns daquela formação, como as faixas títulos “Burn” e “Stormbringer”.


Os lançamentos dessa série resgatam, com qualidade sonora excelente, grandes performances do Deep Purple em uma época dourada e com uma banda "selvagem" em palco. Títulos dessa série já circularam com lançamentos anteriores ou bootlegs, mas jamais com essa qualidade e também completos. Jóias imperdíveis para os apreciadores de uma das maiores bandas de Rock de todos os tempos.

Texto: Carlos Garcia

Lançamento: ear Music/Shinigami Records
Fotos: Divulgação


Tracklist "Live in Long Beach 1971"
1. Speed King
2. Strange Kind of Woman
3. Child in Time
4. Mandrake Root

Tracklist "Graz 1975"
1. Burn

2. Stormbringer
3. The Gypsy
4. Lady Double Dealer
5. Mistreated
6. Smoke On The Water
7. You Fool No One
8. Space Truckin‘



     




sábado, 14 de abril de 2018

Entrevista: Guilherme Costa: A Próxima Etapa da Jornada



O Guitarrista mineiro Guilherme Costa começou seu interesse na guitarra aos 15 anos, quando descobriu o Black Sabbath e Tony Iommi, o qual cita como sua maior influência. Foi construindo sua trajetória tocando não só em projetos voltados ao Heavy Metal, o que certamente lhe trouxe uma bagagem e visão mais abrangentes dentro da música, forjando sua personalidade musical.

Em 2016, Guilherme parte para sua primeira empreitada solo, o EP "The King's Last Speech", o qual só corrobora a expectativa criada em torno do seu potencial. O que mais chama atenção nas músicas, são as melodias marcantes e bem construídas, valorizando a composição acima da técnica, ou seja, não é do tipo de álbum instrumental direcionado somente para músicos ou guitarristas. 

Agora Guilherme já está em fase de composição do full-lenght, que também trará músicas com vocais. Conversamos com Guilherme para que este nos contasse mais de sua carreira, do EP de estreia, informações sobre o novo trabalho e muito mais. Confira e saiba mais sobre esta grande revelação da guitarra e do Metal nacional:


RtM: Olá Guilherme, obrigado por tirar um tempo para nos responder esta entrevista, e parabéns pela excelente primeira amostra de seu trabalho solo.
Guilherme Costa: A honra é toda minha em poder bater esse papo com vocês galera!

RtM: Para iniciar, nos fale um pouco sobre o seu início na música, quando é que você começou a se interessar por tocar um instrumento e quem foram suas principais influências e incentivadores?
GC: Eu comecei a me interessar pelos estudos de música aos 14 anos quando meu avô começou a ensinar violão. Aos 15 eu comecei a ouvir Black Sabbath e daí foi quando eu me interessei de fato a estudar guitarra, na verdade desde pequeno eu tinha um sonho de seguir uma carreira artística e eu comecei a correr atrás disso depois que entrei na aula de guitarra. Posso dizer que tive bastante incentivo da família também, mas a iniciativa no início foi por minha própria conta.

“ 'The Beginning of a Journey' foi minha primeira música composta, ela possui esse nome por ser realmente o início da minha jornada como compositor solo."
RtM: E quando você decidiu que queria entrar definitivamente nesse mundo e fazer música profissionalmente?
GC: Com poucos dias de aula de guitarra eu já havia tomado essa decisão, pois eu me sentia super realizado em poder tocar minhas músicas favoritas. Depois tocando em bandas e desenvolvendo minhas habilidades esse desejo foi aumentando cada vez mais.

RtM: E como foi o início de seu aprendizado? Onde você começou a buscar informações e quais formas buscou para evoluir no instrumento?
GC: No início meu avô me ensinava sertanejo de raiz no violão, essa era a maior vivência dele. Quando entrei na aula de guitarra eu já comecei a voltar meus estudos para o Heavy Metal e o Rock n’ Roll, estudei bastante Iron Maiden, Guns N’ Roses, Black Sabbath, Metallica e muitas outras bandas. Eu sempre estudava músicas de bandas de várias vertentes do Rock para evoluir no instrumento, usava muito a internet para assistir vídeo aulas de um assunto que me interessava e para baixar as tablaturas das músicas que eu gostaria de aprender. Outra forma que busquei para evoluir no instrumento também foi estudar com vários professores diferentes, isso me ajudou principalmente na minha forma de ensinar aos meus alunos de guitarra e violão.

RtM: Conte-nos um pouco sobre a sua trajetória até aqui, principais trabalhos e bandas que você passou.
GC: Com poucos meses de aula de guitarra eu montei minha primeira banda com alguns amigos, nosso repertório era bem variado, tínhamos rock nacional e internacional de várias vertentes, essa banda nunca chegou a fazer nenhum show. Aos 19 anos eu entrei na banda de heavy metal Seawalker, meu primeiro show inclusive foi com eles num evento com a banda Nervosa de São Paulo. No início de 2014 comecei a trabalhar ao lado do cantor de MPB Walter Cicarini, com ele fiz um show e gravei um DVD.

RtM: Muito bom, várias vertentes diferentes, o que certamente traz uma visão mais abrangente!
GC: No final de 2014 me juntei ao D.A.M, banda de death metal melódico, e permaneci na banda até o primeiro semestre de 2015. Logo após minha saída da banda, comecei a trabalhar mais nas minhas próprias composições resultando então na gravação do meu EP. Hoje eu trabalho também na cena cover de Belo Horizonte com bandas que prestam tributo à bandas consagradas, sempre faço shows na cidade e tem sido algo muito gratificante e um aprendizado único.

"Com poucos dias de aula de guitarra eu já havia tomado essa decisão (de ser músico profissional), pois eu me sentia super realizado em poder tocar minhas músicas favoritas."
RtM: E sobre suas principais influências como guitarrista, que músicos você citaria?
GC: Minha principal influência como músico é Tony Iommi, de fato eu não seria músico se não fosse por ele. Como compositor eu tenho como maior influenciador Joe Satriani. Outras influências que tive ao longo do tempo também posso citar Glenn Tipton e Synyster Gates.

RtM: Falando sobre o EP, o que mais gostei é que dá para perceber que você valoriza muito a composição, as melodias, tornando um trabalho agradável de ouvir, e não somente algo direcionado a outros músicos, pois muitos guitarristas acabam se preocupando em mostrar o quão rápido podem tocar ou mostrar capacidade técnica, mas esquecem de fazer música com sentimento. Gostaria que você comentasse a respeito, e falasse sobre sua maneira de compor.
GC: Eu sempre gosto de fazer primeiramente a harmonia das músicas, depois disso eu canto a melodia da música enquanto eu toco as bases que criei. Assim posso ter uma ideia melhor de como quero que a música soe. Eu posso dizer que as composições são também uma forma que eu encontrei de expressar meus sentimentos, é de fato uma grande terapia pra mim me expressar através das minhas músicas.

RtM: Falando um pouco sobre as faixas, gostaria que falasse da “The King’s Last Speech”, de onde surgiu a inspiração para ela, a qual me lembra algo do estilo clássico e neoclássico do Blackmore e Malmsteen, por exemplo.
GC: “The King’s Last Speech” nasceu de uma ideia que tive de criar uma introdução utilizando arpejos e escala menor harmônica, no primeiro momento me baseei nas frases de Paulo Schroeber, no final da introdução me baseei nas construções melódicas de Yngwie Malmsteen que costumam ser extremamente rápidas e eu quis reproduzir isso na música também. No decorrer da música eu já utilizei bastante as melodias do Malmsteen como referência, principalmente no uso de arpejos e escala menor harmônica. Em um determinado tempo da música antes de repetir a introdução no final, eu utilizei uma harmonia que Ritchie Blackmore usa na música “Burn” do Deep Purple, que inclusive é um clichê harmônico muito utilizado pelas bandas de rock e heavy metal.

 "As composições são também uma forma que eu encontrei de expressar meus sentimentos, é de fato uma grande terapia."
RtM: As outras duas, acredito que seguem por um caminho mais contemporâneo, e me lembraram algo de mestres como Satriani. Gostaria que comentasse um pouco sobre as músicas “Come on and Play” e “The Beginning of a Journey”. Os títulos parecem bem sugestivos, como se você estivesse apresentando esse seu início de trabalho solo mesmo.
GC: “The Beginning of a Journey” foi minha primeira música composta, ela possui esse nome por ser realmente o início da minha jornada como compositor solo. É uma música que eu tive a intenção de causar emoções nos ouvintes e fazê-los cantarem mesmo ela não possuindo letra. Durante o processo de composição do EP eu pensei em compor uma música que alguém pudesse tocar em harmonia comigo, sendo em um show ou um workshop. Essa música foi nada mais nada menos que “Come on and Play”, ela inclusive possui esse nome como se fosse um convite para outra pessoa vir tocá-la comigo. Eu pensei bastante em melodias com duetos no decorrer dos temas, e na hora dos solos eu fiz como se houvessem dois guitarristas revezando improvisos.

RtM: E o que você tem observado de novo dentro do rock e metal, em termos de guitarristas e novas tendências, como bandas com sonoridade mais moderna, como o djent. E o que você prefere? Os estilos mais clássicos ou os mais modernos? Há muitos puristas, mas acredito que sabendo mesclar com inteligência estilos e tendências, pode-se agradar públicos de gostos distintos.
GC: Eu percebo que existem muitas bandas atuais que conseguem se destacar positivamente utilizando mesclas de elementos dos anos 70 e 80 com elementos utilizados a partir dos anos 2000. Eu particularmente prefiro os clássicos, mas gosto e admiro bastante muitas bandas modernas que tem se destacado ultimamente. Uma das bandas atuais que mais tenho ouvido recentemente inclusive é o Black Veil Brides, acho muito interessante a mescla que eles fazem dos elementos das bandas glam dos anos 80 com elementos utilizados no Metalcore.


RtM: E quanto aos planos para um full-lenght? O que você pode nos adiantar? Você pretende incluir músicas com vocais?
GC: O que posso adiantar é que terão bastante músicas com melodias marcantes, desde baladas até músicas mais agressivas, muitas influências diferentes e alguns elementos de outros estilos musicais fora do rock e do heavy metal. Vão ter músicas cantadas também e convidarei alguns cantores para fazerem participações especiais nas músicas.

RtM: Guilherme, obrigado pela atenção, esperamos voltar a conversar em breve e ficamos no aguardo do seu full-lenght.
GC: Eu que agradeço a vocês de coração pelo convite e será um prazer poder bater um papo novamente com vocês após o lançamento do full-lenght!

Entrevista: Carlos Garcia

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Assessoria de Imprensa: Rômel Santos

Confira resenha do EP


       

domingo, 9 de abril de 2017

Deep Purple: Adeus com Chave de Ouro



Após algumas audições, posso dizer com segurança que estou bem satisfeito com o último Purple (segundo eles, o último mesmo), principalmente porque o álbum passou no milenar teste do “acabou? deu vontade de ouvir de novo? é porque está bom mesmo”. Com o lançamento do álbum se segue também a "The Long Goodbye Tour".

"inFinite" traz uma coleção de músicas puxando bastante pro progressivo, além do Hard 70's e Blues. Os duelos de teclado e guitarra e a classe dos músicos são os pontos altos. Parece às vezes que eles estão em uma jam no ensaio, tal a naturalidade.


Elegi minhas favoritas: "All I Got is You" (que atmosferas! e que suingue de Paice!), "The Surprising" (que trabalho de Morse e Airey aqui! Tem um trecho límpido ali pelos 4 minutos que é magnífico.), a primeira divulgada, "Time for Bedlam" (nas primeiras notas você sabe que é Purple), que deixou já boas expectativas e a pista do que vinha, e "Birds of Prey" (belos arranjos, destaque novamente pro monstro Morse, efeitos do teclado de Airey, orquestrações, algo de Yes até), não por acaso algumas das mais progressivas.

"Johnny's Band" também me já me prendeu, pelo refrão e melodias grudentas, traduzindo...parece tão fácil fazer música boa para alguns. Até a versão de "Roadhouse Blues" eu gostei, ficou bem personal, clima de jam. Bom, certamente pelo fato de ser executada por músicos que sabem tocar e um vocalista que sabe cantar.

A capa (que lembra o logo do Devin Townsend Project, e por curiosidade, um amigo comentou que lembra o logo da Defensoria Pública aqui do RS) com um quebra-gelo deixando uma trilha, que forma o símbolo do infinito e iniciais da banda, é bem simbólico (assim como o trocadilho do título).


E é isso, nunca ouvir esperando que eles repitam algo de álbuns passado. Os "véio" seguem ensinando, com muita alma e gosto pelo que fazem. E um produtor que os entende, outro veterano, Bob Ezrin. Não tem erro.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Deep Purple
Álbum: "inFinite" 2017
País: Inglaterra
Selo: earMusic  ( a ser lançado no Brasil via Shinigami Records)


Track List:
“Time For Bedlam”
“Hip Boots”
“All I Got Is You”
“One Night In Vegas”
“Get Me Outta Here”
“The Surprising”
“Johnny’s Band”
“On Top Of The World”
“Birds Of Prey”
“Roadhouse Blues”