quinta-feira, 9 de maio de 2024

Cobertura de Show: Bruce Dickinson - 04/05/2024 - Vibra/SP

E a primeira semana do mês de maio não deu trégua depois de um final de semana inesquecível de Summer Breeze Brasil, que aconteceu nos últimos dias 26, 27 e 28 abril na capital paulista. O primeiro final de semana do quinto mês de 2024 trouxe ninguém menos que Bruce Dickinson, lendário vocalista do Iron Maiden.

Bruce vem depositando suas forças na sua carreira solo, retomada depois de duas décadas com o lançamento do “The Mandrake Project”, que ganhou grande aceitação dos fãs e da mídia especializada. Sem compromissos com a Donzela neste primeiro semestre, ele vem divulgando o novo álbum na estrada. Aqui no Brasil, a turnê passou por sete capitais, encerrando em São Paulo para um Vibra lotado. 

Mas antes, os brasileiros da Noturnall, que foram escalados para abrir os últimos shows de última hora no lugar da Clash Bulldog’s, aqueceu a noite trazendo músicas dos seus quatros trabalhos, sendo três do mais recente trabalho, “Cosmic Redemption”, começando com “Try Harder”, a faixa-título e “Reset The Game”.

As antigas “Fight the System”, do álbum “Back to Fuck You Up!” (2015), e “Wake Up”, do álbum “9” (2017), que tiveram uma boa resposta do público que, tiveram seu espaço também. “No Turn at All” e “Nocturnal Human Side”, ambas do primeiro e homônimo álbum, completaram o set. 

O pessoal um pouco mais velho demorou um pouco para digerir o tipo de som - um prog mais moderno cheio de virtuosidade - e ser totalmente diferente da atração principal, mas isso não feriu o líder e vocalista Thiago Bianchi, que não escondeu a sua felicidade da banda ter sido convidada para os últimos shows de um dos mais importantes vocalistas da história. Mais uma grande conquista na história da Noturnall, que completou dez anos de atividade e vem ganhando cada vez mais relevância no Heavy Metal nacional por méritos.

Demais elogios ficam para Henrique Pucci, que é um baterista insano, e do novato Victor Franco, revelação da guitarra brasileira e que executou muito tem todas as linhas do Leo Mancini e do Mike Orlando. Descoberto pelo vocalista Edu Falaschi, que também estava presente no show, Victor será o guitarrista da próxima turnê da Noturnall, agendada para acontecer durante esse mês até agosto ao lado do próprio Edu. 

Depois de dez minutos de atraso e dos tradicionais ‘ole, ole, Bruce’, o vocalista e sua banda aparece no palco às 22h10. O começo com “Accident of Birth”, do álbum de mesmo nome, veio de forma apoteótica com seus riffs poderosos e empura, empura vindo de quem estava mais para trás para tentar se aproximar e ver o homem mais de perto. “Abduction”, do álbum "Tyranny of Souls" (2005) e “Laughing in the Hiding Bush”, do "Balls to Picasso" (1994) e com todos cantando a pleno pulmões, manteve o mesmo grau de intensidade da primeira com um som falando alto, mas bem regulado.

“Afterglow Of Ragnarock”, a primeira do mais novo trabalho, ganhou um clima mais tenebroso graças a iluminação (toda vermelha) e do vídeo catastrófico exibido no telão ao fundo. Ainda sobre, Bruce nos surpreendeu com o seu alcance vocal. Mesmo sendo o último show no Brasil, ele não tirou o pé do acelerador, dando todo o seu melhor desde performance vocal, presença de palco e ovacionado cada vez que concluía uma música.

Mais clássicos dos álbuns “Accident Of Birth” (1997) e “The Chemical Wedding” (1998) foram revistados. A faixa-título que dá nome ao quinto disco e uma das mais marcantes da carreira solo, trouxe uma perfeita sintonia entre Bruce (novamente nos surpreendendo) e o público, que cantaram o refrão em uníssono. O show, que conforme andava ficava ainda melhor, seguiu com “Many Doors to Hell”, a mais Hard Rock do “The Mandrake Project”. 

A surpresa ficou para “Gates of Urizen”, que não havia sido tocada no show anterior em Ribeirão Preto. Estava com esperança de que “Jurasalem” fosse mantida em São Paulo, mas “Gates of Urizen” correspondeu bem a carência e foi um dos ápices do show, chegando até ter uma leve chuva de papel picado vindo do teto do Vibra. E novamente, Bruce nos fez arrancar lágrimas com a sua desenvoltura vocal em cima das melodias irresistíveis que permeia a música.

“Resurrection Men” e “Rain on the Graves” foram as duas últimas novas (e bastante festejada por sinal) num setlist que prometia mais algumas velharias. Mas antes, a instrumental “Frankenstein”, do The Edgar Winter Group, deu uma acalmada nos ânimos. Também foi o momento ideal para que Philip Naslund e Chris Declercq (guitarras), Tanya O’Callaghan (baixo), Dave Moreno (bateria) e Maestro Mistheria (teclado) mostrarem ser as melhoras escolhas para acompanhar o mestre nessa turnê. 

Ao invés de descansar no camarim, Bruce ficou no palco durante ela dando todo apoio tocando percussão e teremin, instrumento que não precisa de contato físico para tocar. 

Uma fileira de sucessos se formou até final, entre elas “Tears of the Dragon”, vinda de “The Alchemist”. Independentemente de quem gosta ou não, “Tears of the Dragon” continua sendo a principal música da carreira solo do Bruce e que, até hoje, carrega o status de hit. 

Mais ainda, se não fosse ela, muitos não conheceriam a sua paralela carreira pós o Iron Maiden, por isso ela foi uma das mais festejadas e não poderia, de jeito nenhum, ficar de fora. “Darkside of Aquarius”, essa última é a que mais tem influência de Iron Maiden, fechou a primeira parte antes de começar o bis. 

Como muito devem saber, Porto Alegre vem enfrentando tempos difíceis por conta das enchentes, castigando várias áreas da cidade devido aos alagamentos. Bruce fez questão de dedicar “Navigate the Seas of the Sun” – outra balada que está no mesmo patamar da “Tears of the Dragon” – para as vítimas dessa tragédia, dando uma certa esticada no final com um solo vocal, que contou com o apoio da maravilhosa Tanya. 

“Book of Thel”, outra bastante prestigiada, abriu o tradicional bis trazendo de volta aquele temperamento alto do início, acompanhados dos ‘hey,hey’ e os punhos para o ar, assim como em “The Tower”, que pôs fim nas  memorável apresentação. Durante a introdução rítmica, comandada por Tanya e Dave, Bruce apresentou seus companheiros de banda antes prosseguirem com a música, extraída do maravilhoso “The Chemical Wedding” e uma das mais emblemáticas do álbum. 

É sempre um motivo de alegria e orgulho estar diante do Bruce Dickinson, seja se apresentando com o Iron Maiden, palestrando ou fazendo alguma outra coisa com total competência, e olha que é uma infinidade de coisas. 

Mas vê-lo cantando as músicas de sua maravilhosa carreira solo era um desejo antigo, principalmente para a geração mais nova que não era nascida nas vezes que o vocalista veio se apresentar como artista solo. 

Bruce estará de volta ao Brasil em dezembro com o Iron Maiden, que ano passado iniciou a The Future Past Tour na Europa e que esse ano vai passar pelos demais continentes do mundo, incluindo, claro, América Latina. 


Texto: Gabriel Arruda 

Fotos: Giuliana Peramezza


Realização: MCA Concerts

Mídia Press: Midiorama


Noturnall

Try Harder

No Turn at All

Fight the System

Cosmic Redemption

Wake Up

Reset the Game

Nocturnal Human Side


Bruce Dickinson

Accident of Birth

Abduction

Laughing in the Hiding Bush

Afterglow of Ragnarok

Chemical Wedding

Many Doors to Hell

Gates of Urizen

Resurrection Men

Rain on the Graves

Frankenstein (The Edgar Winter Group cover)

The Alchemist

Tears of the Dragon

Darkside of Aquarius

***Encore***

Navigate the Seas of the Sun

Book of Thel

The Tower



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