Mostrando postagens com marcador Capadocia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Capadocia. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Capadocia – Leader’s Speach: Maturidade Sem Fim




O Brasil tem um vasto número de músicos de Heavy Metal, todos eles cheios de experiência e com uma forte admiração vinda do exterior, prova disso, e casos mais recentes, é a ida do guitarrista Kiko Loureiro (Angra) ao Megadeth e do baterista Aquiles Priester, que no segundo semestre do ano passado foi recrutado para entrar no Primal Fear (mas que recentemente teve que se ausentar do grupo por motivos de agenda muito extensas de sua parte). Até ai sem incógnitas, mas o músico que resolve montar um novo grupo, ou que esteja tentando a sorte pela primeira vez, tenta decidir qual direcionamento irá seguir, seja ele bacharelado em Thrash, Death, Power, Speed e Prog Metal. No caso do guitarrista e vocalista Baffo Neto (que também teve experiência fora) e do baterista Palmer de Maria já é mais tranquilo, pois ambos sabem qual rumo tomar, e que isso é visto e ouvido em “Leader’s Speach”, debutado disco do Capadocia, banda do ABC paulista.

Na ativa desde 2011, fruto do Retturn, banda antecessora, o Capadocia pratica uma musicalidade sem fronteiras, que com base nas influências do quarteto engloba o peso do Thrash/Death Metal ‘old school’, a rispidez e a agressividade do Metal Industrial (gênero de difícil aceitação para muitos) e a incisão de elementos da música brasileira, faz do Capodocia um grupo diferencial sem soar datado, que além do Baffo e Palmer assumirem a batuta, a cozinha é completada pelos excelentes músicos Marcio Garcia (guitarra) e Gustavo Togneti (baixo). Em suma, “Leader’s Speach” é um trabalho vigoroso, orgânico, pesado e, por que não, maduro? Com a banda tendo, em apenas poucos anos de vida, um entrosamento eficaz de todos. 


A excelente e mais que elogiável produção/mixagem foram realizadas pelo próprio Baffo Neto, o que pra mim foi uma surpresa, porque fora o seu talento incomensurável como músico e compositor, e da sua inteligência e aptidão como empresário, mostra que também possui o dom e a habilidade de dirigir os caminhos sonoros da banda, tarefa na qual saiu-se perfeito. A masterização foi feita no Mr. Som Studios, por Heros Trench (Korzus); a arte gráfica exemplifica o significado do nome da banda, o qual não é por causa da novela global ("Salve Jorge", exibida de 2012 até 2013) hehehe, e sim pelo contexto abordado por trás da história do nome, que segundo os catolicistas, São Jorge de Ógum nasceu na antiga Capadocia.

Vocais urrados, riffs bem postados (beirando a agressividade e brutalidade), baixo ditando discrepância (do grave ao azedo) e bateria soando seca, mas com o grau de modernidade altíssima, mostra o que a banda passa em cada uma das nove faixas do disco, que chamou a atenção do Cavalera Conspiracy, dos irmãos Cavalera, resultando por serem os responsáveis por abrir os shows da banda aqui no Brasil.

De inicio, aponto como os principais destaques as faixas “Stand Still” (não muito rápida e nem muito veloz, mas que prioriza o peso das guitarras, contemplando um solo bem introspectivo) e “Snake Skin” (outra que vem no mesmo andamento, abordando o malabarismo incansável de Palmer em seu kit de bateria, onde as bases de guitarra combinam perfeitamente com os vocais de Baffo). A coisa começa a ficar insana e rápida em “Everybody Hates Everbody”, com um refrão que já te induz a sair gritando por ai. 


Na primeira audição, você já imagina rodas se abrindo para uma fulminante destruição; “Stay Awake” dosa passagens mais sombrias e arrastadas, de forma bem direta e curta, pondo uma ótima pegadinha nos derradeiros minutos, dando-se impressão que a música acabou, mas só que não; “Ferida”, faixa cantada por nossa pátria língua, mostra atitude de cabo a rabo, desde os versos cantados até nas bases instrumentais, com um solo cheio de feeling em uma composição interessantíssima; “Lord Of Chaos” mostra a rítmica versatilidade entre guitarra e baixo, vindo de riffs harmoniosos do wah-wah de Marcio Garcia. E lembra que eu mencionei a influência de música brasileira do grupo? Pois é, aqui ela aparece de forma nítida. 

Se você quiser por sua casa de cabeça pra baixo, as esganiçantes “Sounds Of An Empty Gun” (aquelas de tirar todo o suor), “Leaders In The Fog” (riffs que vão crescendo conforme o tempo, apresentando mais um ótimo solo e o baixo super grooveado) e “Survival Instinst” (encerrando de forma plausível, priorizando vocais falados após os refrãos) são apropriadas para esse tipo de acontecimento.

Se o Retturn durou 19 anos (número bastante significativo), espero que o Capodocia dure muito mais que isso. Energia e força eles tem de sobra! E experiência, então, nem se fala.

Adquiram sem medo!




Texto: Gabriel Arruda

Edição/Revisão: Carlos Garcia/Renato Sanson

Fotos: Divulgação



Ficha Técnica

Banda: Capadocia

Álbum: Leader’s Speach

Ano: 2015

Estilo: Thrash/Death Metal

País: Brasil

Gravadora: Independente
Assessoria: Hoffman & O'Brian





Formação

Baffo Neto (vocal/guitarra)

Marcio Garcia (guitarra)

Gustavo Togneti (baixo)

Palmer de Maria (bateria)



Track-List

01.  Stand Still

02.  Everybody Hates Everybody

03.  Snake Skin

04.  Stay Awake

05.  Ferrida

06.  Lord Of Chaos

07.  Sounds Of An Empty Gun

08.  Leaders In The Fog

09.  Survival Instinst





Contatos









segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Cobertura de Show - Metal All Stars: São Paulo Diante das Estrelas


Onde cabem as Américas, cabe o mundo.

Uma casa que despeja esplendor, espaço e infraestrutura digna do nome que sustenta. Com capacidade para oito mil pessoas o Espaço das Américas (reinaugurado em 2012) contou com uma equipe numerosa de seguranças e muito bem treinada. Em outro momento, prestando todo suporte aos seguranças, uma equipe de bombeiros e socorristas que estiveram presentes durante o show.

Praticamente não precisaram entrar em ação, salvo algum fã que insistiu em fumar dentro do local. O evento estava bem sinalizado quanto às questões que dizem respeito a este assunto. Pois bem, foi um cigarro bem caro. A escolha da casa para realizar o Metal All Stars 2014, foi perfeita. Nas demais situações correu tudo de forma excelente: Credenciamento, recepção, condução até a área reservada à imprensa e no durante o show. Parabéns para toda equipe da casa, o Brasil precisa de mais casas de show com essa qualidade e respeito.


Hora de fritar borracha no asfalto.

A noite teve inicio com as bandas que foram responsáveis por incendiar o estopim. Primeiramente chega ao palco a brasileira Capadocia. Abriram com três de suas composições: “Survival Instinct”, “Everybody Hates Everybody” e “Lord of Chaos”. Na sequência emendaram o clássico do Metallica “Blackened”.

Deste ponto em diante já se pode sentir a temperatura se elevar no ambiente, agitaram pularam e mostraram o motivo de terem sidos colocados no palco das estrelas. Fizeram mais algumas músicas sempre com a energia atingindo níveis máximos, Gustavo Togneti (baixo) arriscou perder os dred’s da cabeça de tanto “bangear”. Já partindo para finalização da apresentação dispararam um medley do poderoso Slayer, “Spirits in Black” e “Ghost of War”.

Setlist Capadocia:

1 - Survival Instinct
2 - Everybody Hates Everybody
3 - Lord OF Chaos
4 - Blackened (Metallica)
5 - Stay Awake
6 - Leaders in the Fog
7 - Standing Still
8 - Spirit in Black - Ghost of War (Slayer)
9 - Snake Skin


Após a Capadocia sair do palco, era chegada a hora da Project 46 tomar a responsabilidade de seguir “amaciando” o público para o que estava por vir. Na ativa desde 2008, a jovem banda vem arrastando uma legião de fãs e isto se justifica pela qualidade sonora, postura de palco e as composições.

No próprio Facebook da banda, eles se autodescrevem como “Metal Soco na Cara”. Bom, quem viu a apresentação da banda no Metal Allstars 2014, entendeu perfeitamente a razão deste título. Caio MacBeserra (vocal) comandou a frente de guerra da Wall Of Death ao som de “Acorda Pra Vida”. Foi impressionante ver o Espaço das Américas dividido ao meio por alguns segundos. Um show no palco e fora dele, distribuindo simpatia e apertos de mãos antes do show para quem estivesse pela pista. Parabéns a Project 46, esperamos vê-los em breve novamente, pois são motivos de orgulho para o Metal nacional.

Setlist Project 46:

1 - Violência Gratuita
2 - Desordem E Progresso
3 - Vergonha Na Cara
4 - No Rastro Do Medo
5 - Na Vala
6 - Empedrado
7 - Impunidade
8 - Foda-se
9 - Acorda Pra Vida


Palco devidamente aquecido é chegada a hora de trazer a terceira banda de abertura. Com experiência de mais de 30 anos de palco e estrada, o Korzus inicia a apresentação com um único objetivo: Puxar o pino da granada e promover uma verdadeira sessão de “descarrego”, tamanha a sensação de alma lavada sentida após a apresentação da banda.

Os músicos tomam o palco sem muita explicação, mas logo nas primeiras pausas entre as músicas, Marcello Pompeu (Vocal) pergunta para o público se eles não estavam notando nada de estranho com a Korzus naquela noite. Dick Siebert não estava com o baixo nas mãos, alias as mesmas mãos impossibilitaram de trabalhar, por conta de um acidente envolvendo os tendões, mas isso não quer dizer que ele não deu as caras na noite.


No lugar do maior headbanger do Brasil (segundo Pompeu) entrou o Marcelo “Soldado” Nejem (que já esteve ao lado da Korzus na década de 90). Não ver o Dick no palco no início da noite, foi uma grande surpresa. Porém ouvir o Soldado no palco foi uma grande e agradável sensação. O Korzus “encerrou o começo” da noite em clima de alta octanagem e de muita elevação de adrenalina. Confesso que senti falta da “Vampiro”, música que compõe o trabalho mais recente “Legion”, mas definitivamente o Korzus fez o show da noite, patrolando os demais como se fosse um tanque de guerra russo T-90, disparando à queima-roupas.

Setlist Korzus:

1 - Lifeline
2 - Raise Your Soul
3 - What Are You Looking For
4 - Bleeding Pride
5 - Never Die
6 - Correria (com Bill Hudson)
7 - Intro / Agony
8 - Internally
9 - Guilty Silence
10 - Truth
11 – Legion


A constelação.

Pois bem, chegou o momento mais esperado da noite, hora de reposicionar os holofotes com potência máxima. O palco da casa manteve a tradição dos velhos teatros do passado, conservando a cortina que dá grandeza maior ao começo de cada show. Dessa vez a cortina se abre e quem está no palco é David Ellefson (Megadeth), Ross “The Boss” (ex-Manowar), Kobra Paige (Kobra and the Lotus) e na bateria Rodrigo Oliveira (Korzus). Ellefson e Ross fizeram a sonoridade brotar pelos poros e aparentemente sem precisar cometer nenhum esforço, simplesmente à música era parte dos deles, tal como fosse um olhar, um sorriso ou um suspiro.


Kobra sempre enérgica indo de um lado para o outro do palco e interagindo frequentemente com a multidão. Abriram a apresentação com um clássico do Manowar “Kings of Metal” (se bem que chamar uma ou outra música de “clássico” é até injustiça). Exalando sensualidade e beleza, Kobra ao mesmo tempo, frágil e imponente no palco, comandou a apresentação com maestria. Durante a execução da “Symphony of Destruction”, o público em coro realizou o tradicional chamado ao Megadeth, sonoramente entre um riff e outro.

Setlist Kobra Paige:

1 - Kings of Metal (Manowar)
2 - Fear of the Dark (Iron Maiden)
3 - Hail and Kill (Manowar)
4 - Symphony of Destruction (Megadeth)


Após finalizar esse bloco, Kobra chama novo vocalista ao palco, era a vez da lenda, Geoff Tate. Ele que esteve desde 1982 até 2012 como frontman do Queensrÿche, fez uma breve apresentação, porém não menos enérgica e apoteótica que a anterior. Neste caso, a experiência falou mais alto. Ainda acompanhado por Ross, Ellefson e Vinny Appice, Tate trouxe mais um convidado ao palco: Kiko Loureiro (Angra).


Setlist Geoff Tate:



Sai à lenda para dar lugar ao ícone do Metal progressivo. James Labrie assume para uma apresentação rápida também. Ainda assim, fez questão de reforçar o time e trouxe ao palco Bill Hudson e Felipe Andreoli, dois convidados de peso. Fez a galera bater cabeça com a “I Got You”, mas foi com “Pull me Under” que a turma, uníssona, fez com que o salão soubesse que, naquela noite, ninguém estava lá para brincadeiras. Talvez movido pela empolgação, Labrie em alguns momentos elevou tanto a voz que ela soou aguda em demasiado.

Setlist James Labrie:



Labrie encerra sua participação e se despede do palco, como se houvesse esquecido algo ele retorna apressado e anuncia Max Cavalera. Alias da mesma maneira que Labrie retornou ao palco para anunciá-lo, Max toma o mesmo (como se houvesse esquecido algo) não trazendo nada nas mãos, além dos dedos. Parecia como se estivesse faltando algo e até que então ele se pronuncia:

“- Desculpa ai galera, mas não sei onde está minha guitarra. Acho que ficou no hotel, hoje vai ser só voz, blz!” A guitarra ficaria à cargos do Ross.


Quando de repente entra um roadie correndo no palco e entrega a guitarra pro Max. Brincadeira ou não, foi muito engraçado e arrancou algumas risadas e bons momentos pra turma (a cara de alívio do Max ao ver a guitarra, me diz que não era brincadeira).

Bom, tudo onde deveria estar então hora de despejar a desgraceira, mas não antes de estender a bandeira do Brasil sobre o degrau ao fundo do palco, ao lado da bateria do Rodrigo Oliveira. Choque de gerações no palco proporcionou um momento único, Ross The Boss tentando achar a “Roots Bloody Roots” na guitarra para acompanhar Max.


Deve ter pensado: “Como ele compôs isso?”. E para finalizar o massacre, Max personifica uma locomotiva tocando “The Ace Of Spades”, suportado por Ross The Boss e David Ellefson (haja coração).

Setlist Max Cavalera:

1 - Roots Bloody Roots (Sepultura)
2 - Eye for an Eye (Soulfly)
3 - Ace of Spades (Motörhead)


Para encerrar a noite, assume o palco Zakk (Ogro da montanha) Wylde. O guitarrista não “entra” no palco, é como se o palco fosse possuído pela presença do artista. Nesta noite entendi um pouco do que os fãs do artista sentem quando o ouvem ou presenciam suas execuções.

Todos os shows anteriores foram de grandeza infinita, mas se o “durante a noite” foi dessa imensidão, o “encerramento” só poderia ser passível de um verdadeiro cataclisma de riffs magnéticos proferidos pelo Sr. Zakk (meus novos ouvidos “Zakkianos”, talvez me reclamassem um pouco da duração dos riffs. Mas Ok, estou no caminho).


Certamente foi o ponto alto da noite, já que o público respondeu a apresentação do guitarrista com muito mais energia. Isso é de fácil explicação, pois para cada quatro coletes da BLS, se via uma camiseta de outra banda. Wylde esteve no palco acompanhado de Rob "Blasko" Nicholson no baixo e Vinny Appice na batera.

Setlist Zakk Wylde:

1 - Into the Void (Black Sabbath)
2 - Fairies Wear Boots (Black Sabbath)
3 - N.I.B. (Black Sabbath)
4 - Snowblind (Black Sabbath)
5 - War Pigs (Black Sabbath)


O Metal All Stars 2014, encerrou a noite com satisfação. Não total por conta de alguns cancelamentos que ocorreram nas 48h que antecederam o espetáculo. Obvio que por conta dos cancelamentos o Meet and Greet foi prejudicado. Enquanto esperava a liberação para imprensa, cheguei a ouvir alguém uniformizado pelo Metal All Stars 2014 falando para um fã que havia adquirido o Meet:

 “- Se você perdeu o interesse no Meet porque seu artista não veio, tenta estorno na fatura do cartão. Os artistas estarão no palco essa noite, mas pra nós, vocês é que são as estrelas aqui e não podem ser lesados.”

Tão logo souberam dos cancelamentos, a produtora do Metal All Stars emitiu um comunicado dizendo que, para quem quisesse trocar o ingresso pelo dinheiro, era só se dirigir à bilheteria e realizar o procedimento. Enfim, existem vários canais exaurindo esse assunto, não há necessidade de retornar nesse ponto. O que presenciamos foi uma produtora que está disposta a negociar com os clientes que não ficaram satisfeitos.

O Maior número dos artistas esteve presente e o que vimos foram nossas bandas nacionais arrasando em uma noite que ficou entalhada nos pergaminhos do Metal.

Pois que venham muitos pela frente, só esperamos estar por lá novamente. Parabéns à Top Entretenimento, Espaço das Américas e todos os Metalheads que fizeram da noite do dia 22 de novembro de 2014, uma noite inesquecível.


Cobertura por: Uillian Vargas
Fotos: Uillian Vargas
Edição/revisão: Renato Sanson