Mostrando postagens com marcador Resenha Lançamentos Heavy Metal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Resenha Lançamentos Heavy Metal. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

No More Death: Thrash em Album Conceitual e Inspirado pelos Titãs do Estilo

 



O No More Death é o novo  projeto de Tiago Torres, fundador, guitarrista e vocalista da extinta Mad Dragzter, que entre 2001 e 2015 lançou três álbuns, conquistando um espaço bem considerável no cenário nacional, participando inclusive de edição do saudoso festival BMU.

O que temos aqui é praticamente uma continuação do que Tiago produziu anteriormente, ou seja , Thrash Metal inspirado em pilares como Metallica, Exodus e Slayer.

O projeto e álbum, "The Death is Dead", começou a tomar forma em 2024, e mostra o quanto Tiago estava inspirado e ansioso por este retorno, pois podemos sentir a gana e pegada, despejando riffs e mais riffs.


A parte sonora, gráfica, o conceito e o release para imprensa, inclusive com informações faixa a faixa, são muito bem cuidados, mostrando o profissionalismo com que o projeto é tratado, coisa que muitas vezes falta na cena, e daí o povo não sabe porque não sai do lugar.

O álbum traz um conceito central, e os próximos trabalhos darão continuidade à narrativa lírica iniciada nele, a qual Tiago explica no release: "O tema é o mais complexo e profundo de toda a raça humana em todos os tempos: a Morte. Como lidar com ela. Como escapar dela. Como exterminá-la. Como viver para sempre? Isso é possível? Contamos no álbum como isso não só é possível como já foi resolvido".


Tiago Torres gravou todas as guitarras, vocais e baixos do disco, e contou com a coprodução de Demis Kohler, que ficou responsável pela engenharia de som, timbres, mixagem, masterização e ainda gravou todos os solos de guitarra.

O trabalho tem ênfase nas guitarras e riffs, que estão bem “na cara”, e a cozinha sem firulas está bem encaixada na proposta.



Conforme já explicitado acima, a sonoridade é inspirada pelo Thrash Metal forjado na década de 80 pelos titãs do estilo, com velocidade, agressividade, riffs - muitos riffs - e refrãos que prendem de imediato, além de boas doses de melodia.

São 8 petardos Thrash de qualidade bem uniforme, mas destaco aqui algumas que no meu ver se sobressaem e darão uma tônica do trabalho para quem vai pegar para ouvir, e já na abertura, com a faixa título, a No More Death apresenta suas credenciais, com riffs em profusão, refrão forte e pegajoso, velocidade e agressividade, convidativa a abrir rodas de mosh e bater cabeça.


Temos também os tradicionais riffs “cavalgados” em “Forever Young”, faixa  menos acelerada e com solos melodiosos; e destaque extra para o encerramento com “Love is Immortal”, com seu início de atmosfera melodiosa, trazendo várias mudanças de andamento, com peso e melodia, além de um refrão grandioso.

O certo é que em “The Death is Dead” o ouvinte vai se deparar com um álbum consistente, com tudo que espera de um bom disco de Thrash, e que agradará os fãs do estilo. Bem-vindo de volta à cena Tiago, com certeza tem muito a contribuir com o Metal e Thrash brasileiro.

Texto: Caco Garcia 
Fotos: Divulgação 

Tracklist 
The Death is Dead
Thy Glory
Great White Thrones
Forever Young 
Sons of Light
Annihilated 
Dreams About Eternity 
Love is Immortal 








sexta-feira, 13 de junho de 2025

Finita: Uma Viagem Musical Pesada, Melódica, Sombria e Intrigante,

 



Completando seus 15 anos de existência neste 2025, a Finita, oriunda de Santa Maria RS, comemora essa marca com o lançamento do seu segundo full-lenght nesta sexta-feira 13 de junho.

Antes de começar a ouvir o álbum “Children of the Abyss” eu recomendo aos ouvintes terem em mente que a Finita entrega “conceito”, e o rótulo Dark Metal, embora até de certa forma adequado, pode limitar o entendimento do que lhe espera, musicalmente falando. 

A sonoridade do Finita traz elementos diversos do Metal, principalmente do lado mais extremo e, digamos, mais obscuro, como Death, Black, Gothic e Doom Metal, além de elementos sinfônicos e “cinematográficos”. 


Como referência podemos citar nomes surgidos ali nos anos 90, como Dimmu Borgir, Limbonic Art, Cradle of Filth, Tristania, Crematory e a cultuada Imago Mortis e seu Doom Metal/Philosophy.

Naturalmente, para uma audição mais ampla, é primordial ter em mãos as letras e o resumo da alegoria conceitual do álbum, criada pelo guitarrista Bruno Portela, a qual a banda apresenta como “uma mitologia própria que se entrelaça com referências filosóficas, religiosas e literárias”. 

O conceito central do álbum a banda explana que pode ser entendido como um momento em que as almas jovens (as “crianças do abismo”) contam sua própria história, enquanto os deuses, seus “pais”, estão ausentes.


E nesse enredo um panorama caótico se instaura, onde o fantástico se entrelaça com o trágico e o sagrado, temos a segunda guerra dos anjos, Lúcifer retorna ao portal de onde foi expulso e desencadeia uma interferência de grandes proporções (percebemos aí que há uma ligação com os dois EPs da banda), as leis naturais entram em colapso, o tempo e o espaço se distorcem, e o sobrenatural invade o plano terreno. 

Esse evento singular permite o retorno da magia ancestral, a presença de entidades mitológicas e o despertar da bruxaria.

Resumo este que coloco aqui como sendo a “orelha do livro”. 

Segundo a banda, cada faixa do álbum aborda uma perspectiva diferente: a dissonância entre os mundos reabre também o Portal do Esquecimento, e são narradas por diversas vozes, ilustrando os pontos de vista do homem comum, das bruxas e do filósofo, por exemplo.

A gravação e produção no estúdio Fusão, de Thiago Bianchi, está excelente, e podemos ouvir todos os instrumentos claramente, com as guitarras bem “na cara”. 

A maturidade e qualidade dos músicos entrega um instrumental equilibrado entre técnica e feeling, e as nuances teatrais e cinematográficas da sonoridade complementam-se magistralmente à performance vocal da versátil  Luana Palma, uma força da natureza, que transita pelo lírico, gutural e vozes mais limpas, interpretando as canções e dando vida aos personagens.



O álbum possui 11 faixas, e nos levam a uma viagem musical densa, emocional, pesada e intrigante, passeando pelas influências e elementos que já citei acima, que transitam pelo Metal Extremo e Gothic/Symphonic, com muita teatralidade - às vezes me vem Tim Burton a mente - e musicalidade.

Do peso caótico e sinfônico, entrecortados por momentos mais introspectivos e sombrios, como em “Goddess of Disharmony”, “Fortuna” e “War Curse”, que finda com um solo melódico e inspirado de Bruno Portela, passando pela teatralidade de “Witches Laught”, a qual alterna trechos melódicos à passagens mais agressivas, o Finita vai envolvendo o ouvinte.

Luana transita por nuances diversas de sua voz, destacando a citada faixa acima. O vídeo da música inclusive causou impacto, e caso não tenha conferido, veja o link ao fim da matéria.

Na já conhecida “Quicksand”, um dos singles que precederam o álbum, conferimos mais da capacidade de Luana em interpretar e transitar por nuances diversas, em uma música onde a banda nos apresenta melodias orientais, cozinha com Groove, e vale ressaltar que os teclados preenchem os climas e camadas com maestria durante o álbum. 

Temos momentos mais densos, sinfônicos e que combinam paisagens sonoras atmosféricas com passagens agressivas, criando uma tensão constante, como em “Gates of Oblivion”, uma excelente amostra da qualidade e capacidade do quinteto.


O mérito da Finita está em apresentar diversas camadas, onde cada um pode encontrar significados diferentes ou mais profundos e te prender e transportar para dentro de cada narrativa.

Um trabalho forte e bem construído lírica e musicalmente, onde os elementos se sustentam e entregam uma viagem musical pesada, melódica, sombria, intrigante, e acima de tudo empolgante.

A história é ampla para a duração do álbum, e pelo que sei a banda planeja lançar um livro, onde a teremos por completo. Seria algo muito interessante, um diferencial a mais, para um trabalho que se mostra de alto nível, e acima da média. Confira, mergulhe e aprofunde-se no mundo da Finita, uma das melhores bandas do Metal nacional na atualidade.

Texto: Caco Garcia
Fotos: Divulgação 

Banda: Finita
Álbum: Children of the Abyss (2025)
Estilo: Dark Metal 
País: Brasil

Formação:
Luana Palma (Vocal)
Bruno Portela (Guitarra)
Fernando Back (Baixo)
Guilherme Pereira (Teclado)
Pablo Castro (Bateria)

Tracklist
Womb of the Night 
Goddess of Disharmony 
War Curse
Witch’s Laugh.
Quicksand
Dead Seeds
Fortuna
Sketch Art
Prophecy
Gates of Oblivion
Mermaid Melody



CONTATOS E REDES SOCIAIS

Email: finita.rs@gmail.com
Assessoria de Imprensa: hellyeahassessoria@gmail.com







segunda-feira, 2 de junho de 2025

Marko Hietala: Provando Que Possui Cacife para uma Carreira Solo

 



Marko Hietala tornou-se um nome conhecido mundialmente com seu trabalho marcante no gigante finlandês Nightwish, mas o vocalista e baixista já tinha um respeito na cena escandinava, com a sua cultuada banda Tarot, onde sua voz de “gralha” e timbre característico, eram marca registrado. 

Tão cultuado que Tuomas, líder do Nightwish, o convidou para fazer parte do line-up, decisão acertada, tornando-o uma parte essencial da sonoridade da banda, e muitos fãs lamentam sua saída, tanto quanto a de Tarja na época do doloroso rompimento com o Nightwish. 



Mas, com a recente colaboração de Tarja e Marko na sua tour conjunta e inclusive compondo músicas, o coração dos fãs receberam alento, podendo reviver a eletrizante performance dos dois juntos novamente no palco e estúdio.

Bom, enquanto há expectativa de um álbum conjunto da dupla, Marko Hietala lançou "Roses From The Deep", seu mais recente álbum solo, mergulhando em sonoridades densas e emocionalmente carregadas que em alguns momentos dialogam com sua trajetória no Tarot e no Nightwish, trazendo um direcionamento mais Metal, mesclando suas influências clássicas, como Purple, Alice Cooper, Rainbow, com nuances modernas e sinfônicas.

Hietala e seus companheiros, que são a mesma formação do álbum anterior, sentiram-se mais livres e confortáveis do que em seu trabalho anterior, mais conservador e de sonoridades mais sombrias e introspectivas.


Podemos perceber  a influência do heavy metal melódico e sombrio que marcou sua carreira no Tarot, banda que fundou nos anos 1980 e onde seu vocal rouco e poderoso se consolidou como assinatura. 

Os momentos em que as orquestrações sutis, os arranjos mais etéreos e a melancolia épica lembram sua fase como baixista e vocalista do Nightwish, a partir de álbuns como "Once" (2004) e "Dark Passion Play" (2007), como a faixa "Two Soldiers".

A canção "Roses From the Deep", que dá nome ao álbum, é um bom exemplo dessa intersecção, e é uma bela balada sinfônica com letras introspectivas e vocais dramáticos.

“Frankenstein Wife” creio também ser um bom exemplo, Metal Melódico de levada cativante, com nuances modernas, riffs pesados, melodias e refrãos marcantes, riff pesados; e claro, não podemos deixar de citar a parceria com Tarja em “Left on Mars”, seguindo essa mesma proposta, ou seja, Metal Melódico cativante, arranjos sinfônicos e melodias que grudam no cérebro e dão vontade de assoviar. 


Destaques também para a “Zeppeliniana” “The Devil you Know”; a épica, pesada e carregada de mudanças de climas "The Dragon Must Die" e o Hard agradável de “Rebel of The North”, mostrando a versatilidade de Marko e dando uma dinâmica ao álbum que não o torna cansativo.

A produção do álbum é meticulosa, com destaque para os arranjos vocais — Hietala alterna entre o grave “cavernoso” e o agudo rasgado com domínio técnico e expressividade. As letras exploram temas como sofrimento, identidade, vício e superação, refletindo o afastamento do músico da indústria e sua luta pública contra a depressão.

Marko inclusive declarou em releases e entrevistas que passou por um período “sabático” e de reinvenção, e "Roses From The Deep" não é apenas um retorno musical, mas uma declaração de autonomia artística, no qual ele prova que tem cacife para seguir uma carreira solo. É Marko Hietala em sua forma mais crua, sincera e mostrando todas suas facetas.

Uma obra verdadeira, que mostra por que Hietala continua sendo uma das vozes mais icônicas e respeitadas do metal escandinavo. 

Texto: Caco Garcia 
Fotos: Divulgação 

Artista: Marko Hietala 
Álbum: "Roses From The Deep" 2025
Estilo: Metal Melódico
País: Finlândia 

Links Relacionados:

TRACKLIST
1. Frankenstein’ s Wife
2. Left On Mars
3. Proud Whore
4. Two Soldiers
5. The Dragon Must Die
6. The Devil You Know
7. Rebel Of The North
8. Impatient Zero
9. Tammikuu
10. Roses from The Deep

FORMAÇÃO
Marko Hietala - vocal, baixo
Tuomas Wäinölä - guitarra
Vili Ollila - teclados
Anssi Nykänen - bateria









sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Blades of Steel: Um Debut Consistente de Metal Tradicional

 


Tendo iniciado sua história em SP em 2022, o Blades of Steel é uma das novidades recentes no Heavy Metal brasileiro. Nascido do sonho da vocalista Yara Haag em capitanear sua própria banda, foi encontrando as pessoas certas para tornar o sonho em realidade. 

Parece uma história até clichê, a qual muitos devem conhecer, ou até ter vivenciado semelhantes, mas aqui temos um detalhe que diferencia e separa quem realmente vive o Metal, e tem o potencial para deixar sua marca: tudo é feito com muita paixão e seriedade.

Podemos sentir isso em vários aspectos, desde o cuidado com detalhes visuais, nas artes das capas dos singles, camisetas, no trato nas redes sociais, e principalmente na honestidade e feeling das composições, que apresentam um Heavy Metal tradicional com algumas nuances épicas que, para situar o leitor, nos remete a nomes como Judas Priest, Dio, Doro, Running Wild e principalmente Accept, e ainda pra citar uma de geração seguinte, o Hammerfall.

Trazendo 8 faixas o álbum auto- intitulado nos apresenta uma boa variação, alternando músicas rápidas, mid-tempo e cadenciadas, dando um dinamismo e que contribui para manter o interesse do ouvinte durante todos os pouco mais de 38 minutos do álbum. A produção foi assinada por Rafael Augusto Lopes, que tem em seu currículo o segundo álbum da Crypta.

Como exemplos do que você vai ouvir, temos a abertura com a música que também batiza a banda, "Blades of Steel", e que foi o primeiro single, e apresentou a banda. Cadenciada e com riffs marcados, com aquele andamento que convida a bater cabeça, refrão forte e trechinho mais introspectivo e épico antes dos solos de guitarra na parte final, dando o cartão de visitas da proposta da Blades.

O instrumental da Blades tem peso e pegadas que o estilo exige, e Yara Haag tem um tom de voz agradável, melodioso  e marcante, por vezes buscando tons mais altos e com agressividade quando o momento da música pede.

Com andamento mais acelerado, mais melodiosa e uma pegada épica, onde Yara nos conta sobre a pirata Anne Bonny, temos "Ruler of The Waves"; em seguida, "Vegeance is Mine" inicia com as guitarras atacando sem piedade com riffs cortantes, e a canção alterna boas variações de trechos mais rápidos com cadenciados, sempre mantendo aquela pegada do Heavy Tradicional e nuances épicas, principalmente pelo estilo de Yara.

Na sequência vem "Unholy Scrolls", que tem um andamento cadenciado, trazendo mais peso, com a cozinha bem marcante. Traz um ar épico e misterioso com melodias meio orientais, e Yara alterna vocais melodiosos e agressivos; "Into The War" é a próxima, também com uma pegada mais cadenciada, naquela levada Accept e com coros no refrão, e convidando a bater cabeça.

"A Heart in The Dark" é uma balada melodiosa, com arranjos acústicos e teclados, naquela levada tradicional das baladas Heavy, que crescem e pesam no refrão. A letra inspira à acreditar que toda dificuldade pode ser vencida e a vitória está logo ali na frente. 

Depois de um pouco de calmaria, temos a vibrante "Iron Hands", uma das minhas preferidas, com seus riffs e melodias marcantes no riff principal com as guitarras dobradas, andamento mais acelerado nos versos e mudança de andamento no marcante refrão. 

"Shadow Huntress", que encerra o álbum, inicia com a cozinha martelando pesadamente, para em seguida os riffs puramente Heavy tradicional 80's seguirem ditando o ritmo, na pegada em que a esta altura já mostra a identidade da Blades. A canção traz também trocas de andamento, alternando passagens mais rápidas, com outras mais cadenciadas e épicas, como no meio da faixa, e que logo depois abre caminhos aos bons e tradicionais solos, imprescindíveis para o estilo. 

"Blades of Steel" é um Debut consistente, e sem a pretensão de querer reinventar o estilo, a banda nos presenteia com um trabalho feito com honestidade e amor ao Metal, trazendo os elementos que um bom álbum do segmento deve ter. Tenho certeza que teremos ainda muito Blades of Steel no futuro.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Blades of Steel
Álbum: "Blades of Steel" 2025
Pais: Brasil
Estilo: Heavy Metal Tradicional 
Selo: Metal Relics 
Fotos: divulgação 


Blades of Steel é:
Yara Haag: Vocais 
Rafael Romanelli: Guitarras
Jonas Soares: Guitarras
Fellippi Tonini: Baixo
Bruno Carbonato: Guitarras 

(Obs: No álbum o baixista ainda era Bill Martins, que por motivos pessoais e saúde teve que se afastar da banda, e a bateria foi gravada por Marcelo Oliveira)







sábado, 16 de maio de 2020

Perpetual Fate: buscando sua identidade em um estilo já saturado



Estando na ativa desde 2015 os italianos de Padua lançaram em 2018 seu Debut, sob a tutela de “Cordis”, trazendo um bom Metal Alternativo com ótimas doses melódicas e apostando em uma abordagem moderna e mais sofisticada.  (English Version)

A emoção nas composições é algo a se destacar, seja pela bela voz da vocalista Maria Grazia, que soa doce e suave, ou também pela abordagem lírica que vai mais pelo lado emocional, trazendo sua visão introspectiva dos sentimentos, que casam perfeitamente com as belas climatizações de teclados e guitarras muito bem impostas, com doses de melodias e riffs intrincados.

A produção é cristalina e extremamente lapidada soando com menos peso, tendo uma abordagem mais soft, porém não perdendo a característica do Metal em si, mas que se tivesse mais peso o som certamente soaria mais imponente.

Mesmo tendo um estilo definido as composições variam bastante, como em “Mark Any Youth” que soa abusivamente (no bom sentido é claro) técnica e variada, fazendo um ótimo contraponto com “Cannibal” e sua emoção latente em cada nota. “The Land” também se destaca pelo seu lado mais épico e pelas participações dos vocalistas Michele Guaitoli (Visions of Atlantis) e Marco Pastorino (Temperance), assim como os refrões que grudam a primeira ouvida trazendo muita energia e drama.

Uma bela estreia onde mostram muita personalidade e não soando como mais do mesmo em um estilo já saturado e batido.

Resenha: Renato Sanson

Formação:
Maria Grazia (vocals)
Gianluca (guitar)
Massimiliano (guitar)
Diego (bass)
Marco (bateria)

Tracklist:
01 Rabbit Hole
02 Enslavement
03 Smothered
04 The Path (I See You)
05 Cannibal
06 Mark Any Youth
07 Rainfall
08 The Land (feat. Michele Guaitoli and Marco Pastorino)
09 Eternal Destiny
10 When They Cry
11 A Word Between You & Me

Links:


sábado, 25 de abril de 2020

Blaze Bayley: "Live Czech" Enaltecendo Sua Fase Independente



Um ano após “Live in France” o icônico vocalista Blaze Bayley (ex-Iron Maiden) lança mais um álbum ao vivo, o 4º de sua carreira solo, “Live in Czech”, que em comparação ao antecessor não traz grandes mudanças, mas brinda esta nova fase do músico, a qual enaltece em grande escala os seus três últimos lançamentos, a trilogia “Infinite Entanglement”.   (English Version)

Mesmo sendo uma história futurista, Blaze sempre deixou claro a intenção deste projeto, mostrando a força, redenção e superação em suas composições, sendo praticamente a trilha sonora de sua vida.

Voltando ao disco em si, a produção é crua, mas te transporta para a plateia e sentimos todo o carisma e felicidade de Blaze ao estar ali, gravando mais um álbum ao vivo e podendo levar aos seus fãs todo o poder emocional que a trilogia criada pelo mesmo apresenta, e seu desempenho vocal é fantástico!


Você pode questionar a sua passagem pela Donzela nos anos 90, porém a qualidade de seu trabalho solo é acima da média e casa muito bem com a sua potência vocal, que apresenta muita dramaticidade e energia.

Como mencionado anteriormente o live é voltado aos três últimos lançamentos de sua carreira, e ao vivo as músicas ganharam um pouco mais de força do que no estúdio em si, já que em termos de composições a segunda parte da trilogia é a mais homogênea, lembrando os grandes momentos de seu começo de carreira.

Mas aqui elas funcionam como um todo e empolgam, com Blaze sempre ressaltando a importância e fazendo diversos agradecimentos em um intervalo e outro, contando histórias e interagindo bastante com os presentes, sempre contextualizando cada música para fazer o fã entrar na história e entender toda aquela gama sentimental.


A segunda parte da bolacha é mais voltada ao seu tempo de Iron Maiden e seus clássicos do início de sua trajetória solo, e aí temos um grande impasse, nos últimos anos a banda de Blaze adotou apenas uma guitarra, o que deixa as músicas mais gordurosas e melodiosas um tanto vazias, dando aquele sentimento de que se tivessem uma segunda guitarra, a banda teria um desempenho mais poderoso ao vivo.

Mais um álbum ao vivo para a conta, marcando sua trajetória e este novo momento em sua vida musical, que segue totalmente independente de gravadoras e patrocínios. 

Resenha: Renato Sanson
Revisão e Edição: Carlos Garcia

Formação:
Blaze Bayley - Lead Vocals
Karl Schramm - Bass Guitar, Backing Vocals
Martin McNee - Drums
Chris Appleton - Lead Guitar, Backing Vocals

Tracklist:
Disc One:
1 The Dark Side Of Black
2 A Thousand Years
3 Dark Energy 256
4 The World Is Turning The Wrong Way
5 Human
6 Together We Can Move The Sun
7 Solar Wind
8 Virus
9 Life Goes On
10 Fight Back
11 Silicon Messiah
12 The Day I Fell To Earth

Disc Two:
1 Eagle Spirit
2 Calling You Home
3 Man On The Edge
4 Stare At The Sun
5 Futureal
6 The Clansman

Links:


       


       



segunda-feira, 20 de maio de 2019

Javali: Rompendo fronteiras


Resenha por: Renato Sanson


Se em “Resilient” (17) o Javali (nesta época ainda sob a alcunha de Pop Javali) já dava indícios do flerte mais modernoso em sua sonoridade, em “Life Is A Song” (19 – 4° álbum do trio) temos a confirmação. Já que aqui o peso permanece, mas de uma forma mais suavizada dando espaço para um som moderno com boas variações.

Sua musicalidade característica está lá e os toques com o Hard Rock e Heavy Metal estão presentes, o que deixa tudo ainda mais grandioso mostrando que esta transição moderna soa natural e bem encaixada.

As sete composições que calibram a bolacha mostram um novo fôlego, dispostos a conquistar outras fronteiras, mas sem deixar os que já o acompanham desamparados, tendo um crescimento surpreendente e ainda mais instigante.

A produção cristalina e com o som “bem na cara” engrandece este novo momento, com cada detalhe na ponta da agulha seja nos riffs intrincados e nos solos melodiosos (diga-se de passagem, Jaéder é um monstro), na bateria que cresce e se diversifica a cada composição (Loks mostrando como se alia técnica a feeling) e nas linhas maciças dos graves comandados por Marcelo que também cuida dos vocais, que se mostra uma das vozes mais marcantes do som pesado atual no Brasil.

O Javali vem se consolidando como uma das melhores e mais criativas bandas do cenário nacional, mostrando muita competência e sem medo de inovar.

Tracklist:
01 Runaway
02 Empty Promisses
03 Singing Along
04 Child’s Frustration
05 Cruel Past
06 Dancing In The Fire
07 Read My Mind (Bônus Track)

Links:

Formação:
Marcelo Frizzo - Baixo, vocais
Jaéder Menossi - Guitarras
Loks Rasmussen - Bateria

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Sinsaenum: Moderna Representação do Death Metal Clássico




A história do Sinsaenum, que já nasceu com status de supergrupo, começou, segundo o baterista Joey Jordison, quando estava na tour de sua ex-banda, o Slipknot, com o Dragonforce, e em conversas com Frédéric, baixista desta última, descobriram o gosto em comum por Death Metal, e a partir daí, a ideia de formar uma banda foi amadurecendo, culminando no Sinsaenum, que lançou seu álbum de estreia, "Echoes of the Tortured".

Seguindo as influências da dupla mentora, o Sinsaneum tem uma sonoridade inspirada na cena clássica do Death Metal da Flórida, aquela do fim dos anos 80 e anos 90 (Morbid Angel, Death, Deicide, Obituary e Atheist, pra citar alguns), aliando brutalidade e técnica, porém com uma capacidade instrumental e produção ainda mais apurada. Outros elementos bem clássicos são facilmente identificáveis, como a arte da capa e do logo da banda (naquele estilo "hã? Como é nome da banda mesmo? brincadeira he he... o logo deles está até bem legível), assim como os interlúdios entre as músicas (somados com as músicas são 21 faixas), que lembram alguns álbuns do Morbid Angel.


Attila Csihar (Mayhem) e Sean Zatorsky mostraram-se ótimas escolhas para os vocais, tendo uma alternância bem interessante, com Attila e seu know-how Black Metal trazendo ainda mais agressividade em trechos em que colocam o pé no estilo mais negro do Metal. O destaque maior é para as insanas performances de Joey Jordison na bateria, apesar de que os demais músicos são ótimos também, e o trabalho de guitarras não deixa por menos, com riffs em profusão, com aquelas bases e timbragens bem características do Death Metal da calorosa Flórida, agressivas, mas sempre com técnica, principalmente nos solos. Um trabalho em que tudo foi muito bem montado e estruturado para alcançar os resultados ouvidos em "Echoes of the Tortured".

É colocar pra tocar e logo após a abertura um dos interlúdios, "Materialization",  já dá o tom, com aquele sensação de que uma tempestade se aproxima, e "Splendor and Agony" inicia destacando a bateria insana de Jordison, além da velocidade e os riffs Death Metal clássicos, mas há trechos mais cadenciados, já mostrando as doses de técnica e melodia nas guitarras, e o que mais chama a atenção é a grandiosidade do som, em uma produção límpida.

Resumindo, é o que afirmei nos parágrafos anteriores, o grupo presta homenagem ao Death Metal clássico daquelas bandas da Flórida, do cultuado Morrisound Studio, e é brutal, mas muito técnico, e com essa produção


É um álbum bem uniforme, não saindo muito do Death Metal, com algumas pitadas de Black Metal, mas tem seus destaques, como "Army of Chaos", que para mim é a melhor do álbum, com um riff principal marcante, destacando a sobreposição de vozes no refrão, aliás, muitas vezes os refrãos lembram algo de Dimmu Borgir (nesta faixa temos Schmier, Dr. Mikannibal e Mirai Kawashima, como convidados nos vocais, sendo que os dois últimos também estão no interlúdio "March", que  a antecede); A cadência e peso descomunal do início de "Dead Souls", que alterna momentos de pura brutalidade e velocidade, mas tudo sempre muito audível e muito técnico.

Os interlúdios dão ares ora épicos, ora mórbidos e de trilha de horror, e as faixas seguem alternando velocidade, cadência, técnica e brutalidade, e destaco ainda "Echoes of the Tortured", que alterna trechos mais pesados e técnicos, com andamentos que vão do extremamente brutal ao quase épico, beirando o Black Metal, destacando o solo melodioso e técnico, e o encerramento com "Gods of Hell", onde temos andamentos mais comedidos e bem marcantes, apesar de que Joey não alivia no pedal duplo. Destaque por conta do trabalho das guitarras nos riffs e solos. 


Uma estreia bem empolgante, principalmente para os fãs do clássico Death Metal de bandas como Morbid Angel, Obituary, Death e outras do cultuado cenário da Flórida.  Vê-se que não foi pretensão trazer grandes inovações, mas tem um balanço interessante pelo background variado dos músicos, e pode agradar a fãs não muito aficcionados ao estilo. Prestam um tributo àquela época prolífica do gênero, satisfazendo o gosto pessoal dos integrantes, sendo o Sinsaenum uma moderna representação do Death Metal clássico, trazendo no DNA características que vão desde a apresentação gráfica, até os riffs, vocais e andamentos tradicionais, aliados a muita técnica e precisão, além de uma produção irrepreensível. Vamos aguardar se é apenas um projeto de um álbum, ou haverá uma continuidade do grupo.

Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica/Informações
Banda: Sinsaenum
Álbum: "Echoes of the Tortured" 2016
Estilo: Death Metal
País: EUA
Produção: Jens Bogren
Selo: ear Music/Shinigami Records



Line Up
Sean Zatorsky: Vocais
Attila Csihar: Vocais
Frédéric Leclercq; Guitarras, Sintetizadores, Baixo
Stéphane Buriez: Guitarras
Heimoth: Baixo
Joey Jordison: Bateria 


Track List:
Materialization
Splendor & agony
Excommunicare
Inverted cross
March
Army of chaos
Redemption
Dead souls
Lullaby
Final curse
Condemned to suffer
Ritual
Sacrifice
Damnation
The forgotten one
Torment
Anfang des Albtraumes
Mist
Echoes of the tortured
Emptiness
Gods of hell