Noite Insana no Carioca Club: Show Inesquecível com
Discharge, Midnight e Havok
No dia 21 de junho, o Carioca Club, em São Paulo, foi palco
de um dos shows mais aguardados pelos amantes do som extremo underground. O
evento reuniu os ingleses do Discharge, lenda do hardcore punk; os americanos do
Midnight, com seu Black/Speed Metal; e o Havok, banda de thrash metal, além da
banda de abertura de death crust Manger Cadavre?.
A noite começou com a banda Manger Cadavre?, do interior de
São Paulo, divulgando seu álbum “Imperialismo”. Apesar do público ainda estar
chegando, a vocalista Nata de Lima e sua banda conseguiram entregar uma
performance energética, com letras provocativas que ecoaram pela casa, deixando
uma forte impressão nos presentes. A presença de palco da banda foi marcante,
com Nata de Lima cativando o público com sua energia feroz, garantindo que cada
nota fosse sentida intensamente por todos que tiveram o privilégio de assistir
ao início desta noite de caos sonoro.
Com o público já aquecido, foi a vez da banda Havok subir ao
palco. Abrindo com "Point of no Return", a banda de thrash metal
levou a plateia à loucura. Hits como “Fear Campaign” e “Intention to Deceive”
fizeram o Carioca Club tremer, enquanto a energia da banda e a reação dos fãs
culminaram em um show memorável. David Sanchez, vocalista da Havok, comandou a
noite com maestria, apresentando também faixas como “Phantom Force” e “Give me
Liberty”, deixando os headbangers e punks exaustos e extasiados. O poder dos
riffs e a intensidade das letras fizeram de cada música um momento único,
transformando o Carioca Club em um verdadeiro reduto do thrash metal.
O grande momento da noite chegou com a entrada dos
americanos do Midnight, antecipando seu show em dez minutos. Com a casa cheia,
a banda encapuzada iniciou com “Black Rock’n’Roll”, uma mistura feroz de Venom
e Motörhead, executada brilhantemente pelo vocalista Athernar. A sequência de
músicas como “Lust Filth and Sleaze” e “Endless Slut” manteve a energia lá em
cima. O setlist contou com faixas de diversos álbuns, incluindo “Fucking Speed
and Darkness” do álbum Rebirth by Blasphemy, e clássicos como “Evil Like a
Knife” e “Satanic Royalty”, fazendo o público delirar. A agressividade e
velocidade da banda, aliadas à resposta eletrizante do público, criaram uma
atmosfera incendiária que transformou o show em uma verdadeira celebração do
speed metal.
Fechando a noite, os ingleses do Discharge subiram ao palco
um pouco mais tarde do que o previsto, mas não decepcionaram. Com uma entrada
poderosa ao som de “The Blood Run Red”, a banda entregou um show intenso e
cheio de clássicos. Faixas como “Fight Black” e “Hear Nothing, See Nothing, Say
Nothing” incendiaram a plateia, que respondia com rodas de mosh frenéticas. A
turnê intitulada "A Hell on Earth" foi representada pela faixa
homônima, além de outros sucessos como “Protest and Survive”, “Hatebomb” e “War
Is Hell”. O encerramento com “The Possibility of Life's Destruction” e
“Decontrol”, com a participação especial do Midnight, foi o ápice de uma noite
inesquecível.
O público, composto por headbangers e punks, fez jus à
expectativa do evento, respondendo com energia e entusiasmo a cada
apresentação. O Carioca Club, com sua acústica impecável e estrutura
acolhedora, mostrou-se o cenário perfeito para uma noite de pura adrenalina
musical. Ao final, ficou claro que cada banda, com seu estilo único e
performance avassaladora, contribuiu para fazer deste evento um marco na cena
underground paulistana.
A banda canadense Exciter voltou ao Brasil, dessa vez para
celebrar os 40 anos do lançamento do seu álbum de estreia “Heavy Metal Maniac”.
O evento, que ocorreu no dia 6 de abril na Jai Club, em São Paulo, contou
também com as bandas Inferno Nuclear, Hellway Train e BAT. Anteriormente, o
Exciter também passou por Belo Horizonte e Brasília, nos dias 4 e 5 de abril,
respectivamente.
A banda paraense de Thrash Metal Inferno Nuclear subiu ao
palco às 17:30 e apresentou um set curto e coeso. Sua sonoridade remete aos
monstros do Thrash oitentista como Exodus, Testament, Sodom e Destruction. O
diferencial da banda é que tem toda essência do Thrash, mas com letras em
português. Embora o público ainda estivesse chegando, quem conferiu o show da
Inferno Nuclear certamente não se arrependeu de ter chegado mais cedo.
Às 18:30, era a vez do Hellway Train. A banda mineira de
Heavy Metal tradicional estava celebrando o lançamento do seu primeiro álbum,
“Borderline”, que saiu no dia anterior. Aqui já havia metade da ocupação da
casa, muitos já conheciam a banda e cantavam as letras fervorosamente. Tanto a
sonoridade quanto o visual remetem bastante as bandas de metal dos anos 80,
como Judas Priest e Accept. O set mesclou músicas do novo trabalho e dos EPs
anteriores, que cativou o público e apresentou ótima recepção.
Pontualmente às 19:30, os norte-americanos do BAT assumem o
palco. O trio formado por Ryan Waste (baixo/vocal), Nick Poulos (Guitarra) e
Chris Marshall (Bateria), apresenta um som “heavy primitivo veloz”, como o seu
vocalista define. O set começou com “Ritual Fool”, “Master of the Skies” e
“Code Rude”. Apesar da casa não ser muito grande, foi na apresentação do BAT
que começaram os primeiros ‘moshes’ da noite.
As músicas, que são rápidas e curtas, levantaram o público
e Ryan, que interagiu o tempo todo, fazendo com que o público respondesse à
altura. Em “Wild Fever”, Ryan disse: 'está ficando quente aqui e nós vamos
tornar um pouco mais quente', levando a um mosh e ao público cantar com os
braços erguidos. Na metade da apresentação, a casa já estava lotando. “Wings of
Chains” e “Streetbanger” tiveram uma excelente recepção.
O BAT tem dois trabalhos lançados, sendo um álbum e um EP.
Seu próximo trabalho será lançado no próximo dia 17 de maio via Nuclear Blast.
O show acabou às 20:14, e algo muito bacana foi que, imediatamente após o
término, dezenas de pessoas seguiram à mesa de merch para garantir sua camiseta
da banda. Uma excelente surpresa.
Com apresentação do Exciter marcada para às 21 horas, por
volta de 20:30 uma breve aparição do vocalista/baterista Dan Beehler foi
suficiente para deixar o público enlouquecido. A casa estava em lotação máxima
quando as luzes baixaram, somente o backdrop do Exciter permaneceu iluminado.
Nesse momento, vários celulares já se preparavam para gravar a entrada da
banda, mas ainda não era a hora. Enquanto isso, era possível ver muitos fãs
usando coletes com patches, camisetas e jaquetas com o logo do Exciter.
Às 20:52, Dan, Allan Johnson (Baixo) e Daniel Dekay
(Guitarra), tomam seus lugares no palco e o Exciter finalmente começa sua
apresentação. “Stand Up and Fight” abriu o show, com alguns corajosos stage
diving e crowd surfing – embora o segurança da banda estivesse de prontidão
para tirar qualquer um que pisasse no palco. Em seguida, “Heavy Metal Maniac” e
mesmo com pouco espaço, formou-se um mosh tímido à beira do palco.
Nesse momento, Dan Beehler saúda o público, lembrando que o
Exciter e São Paulo têm uma longa história juntos. “Break Down the Walls”, do
álbum “Unveiling the Wicked”, fez o público cantar em uníssono. “Iron Dogs” e “Evil Sinner”, do álbum aniversariante, também tiveram excelente recepção. O
set passou principalmente pelos álbuns dos anos 80, agradando os presentes,
principalmente músicas como “Die In the Night”, “Pounding Metal” e “Violence &
Force”.
Fechando com “Iron Fist” do Motörhead, o Exciter fez com
que essa noite com certeza fique gravada nas memórias dos fãs de metal para
sempre. Com muita interação com o público, excelente presença de palco e hinos
atemporais, só se espera que num próximo show a banda possa se apresentar em um
local um pouco maior para que mais fãs possam apreciar uma das lendas do Speed/Thrash metal.
Após cerca de 3 anos do último trabalho de estúdio, os suecos do Enforcer apresentam "Zenith", seu quinto álbum em 15 anos de carreira. A banda tem seu estilo moldado e inspirado no Heavy Metal e Speed Metal 80's, inclusive incorporando essa inspiração em suas performances e figurinos de palco. Muitas vezes a música do Enforcer pode soar clichê, mas os caras fazem tão bem feito que, quem curte o estilo vai abraçar a ideia toda.
Em "Zenith" a banda manteve a estética 80's, mas tirou um pouco o pé do acelerador, tendo predominância de músicas com andamento mais cadenciado, como "Die for the Devil", carregada de elementos do Heavy e Hard 80's, naquela levada hit de arena ("Shout at the Devil" do Mötley, por exemplo), refrãozinho pra lá de grudento; e "Zenith of the Black Sun", menos Hard Rock que a anterior, mas em que esse andamento mais meio tempo funciona bem também, destacando os corais épicos.
Também nessa levada mais meio tempo, porém naquele estilo "hino", como em "Forever We Worship the Dark", que pode soar um pouco "brega" demais para alguns ouvidos.
O álbum vai tocando e é fácil notar mais presença de melodias grudentas e elementos do Hard Rock, adições bem marcantes, com a banda trazendo até mais teclados, arranjos orquestrais e coros, fazendo com que sua sonoridade se torne mais acessível. Temos por exemplo a balada "Regrets", com arranjos de piano, refrão e coros bem melodiosos. Acredito que é a primeira balada em um disco do Enforcer. Lembrou-me alguma coisa de Stryper, além de honrarem a escola sueca de criar melodias grudentas e marcantes.
O Speed Metal, muito mais presente nos álbuns anteriores, não foi abandonado, e faixas como "Searching for You" e "Thunder and Hell" vão satisfazer os fãs da velocidade.
Um álbum em que o Enforcer buscou trazer novos elementos, com maior ênfase nas composições em andamento meio tempo, além das melodias mais "fáceis" e mais marcantes, somadas ao estilo sueco de criar canções cativantes. Fugiu daquela ciranda do auto-plágio, e creio que a banda foi bem sucedida nessa sua evolução sonora, embora para alguns possa soar mais acessível, e as melodias e nuances Hard Rock terem se sobressaído ao Speed Metal.
Enfim, diversão garantida com muitos riffs, refrão e melodias marcantes, e a inspiração no Heavy Metal e Hard 80's ainda batendo muito forte no peito.
Texto: Carlos Garcia
Ficha Técnica:
Banda: Enforcer
Álbum: "Zenith" 2019
País: Suécia
Estilo: Heavy Metal, Speed Metal, Hard Rock, Heavy Metal 80's
Föxx Salema é natural de Bragança
Paulista (SP), autodidata, estando no circuíto independente há mais de 20 anos,
sendo também uma das pioneiras como pessoa transgênera headbanger/metalhead no
Brasil. Föxx lançou recentemente seu debut, "Rebel Hearts", de forma independente,
e vem alcançando resultados muito bons, com um Heavy Metal inspirado nos
grandes nomes dos anos 80, principalmente o lado mais tradicional e Nwobhm,
além de pitadas de Power Metal.
Conversamos com Föxx para saber
um pouco mais de sua caminhada nesta árdua estrada do Heavy Metal brasileiro,
sobre o debut e também questões delicadas como discriminação e violência
crescente em nosso mundo atual, além de outras dificuldades que, infelizmente,
pessoas vistas como "diferentes", por exemplo portadores de necessidades
especiais, como um cadeirante que muitas vezes nem um transporte ou acesso à
local público consegue ter,e pessoas da
comunidade LGBT, que sofrem com violência ou homofobia.
Mas, por outro lado, muitas dessas pessoas lutam para realizar seus sonhos, buscar igualdade, e consequentemente ajudar muitas outras. Na irmandade Heavy Metal, felizmente, sempre houve esse sentimento às vezes tido como "transgressor", mas que sempre buscou a liberdade e igualdade, ou você conhece algum fã de Metal que deixou de ouvir Judas Priest porque Halford assumiu sua sexualidade? Confira então um pouco mais sobre a Föxx Salema e descubra um Heavy Metal com pegada e melodia!
RtM: Para início de conversa, gostaria
que você nos contasse um pouco de como você iniciou na música e no Heavy Metal.
Föxx Salema: Bom, eu canto desde criança e
sempre gostei também do tema Terror, nessa época eu passava e via sem saber ao
certo o que era, posters do Iron Maiden na parede de uma pequena loja de discos
e achava muito massa aqueles desenhos. Quando entrei na adolescência um primo
meu, que já colecionava fanzines do gênero e tinha vários discos, me apresentou
devidamente ao Metal. Ele inclusive gravou em fita cassete o álbum "Seven
Churches" do Possessed, ao qual eu pedi cópia do encarte para poder
acompanhar nas letras o que era cantado. Dali para eu começar a cantar Metal e
fazer shows foi “um pulo”... rsrsrs
RtM: E quais seriam as suas maiores
influências e inspirações musicais?
FS: Eu posso citar 3 vocalistas que
influenciaram bastante a minha forma de cantar: Geoff Tate, André Matos e Andi
Deris. Já em termos de inspirações musicais, além claro, das bandas e projetos
destes que citei, eu ouço vários subgêneros de Metal, do mais clássico,
tradicional ao tido como mais extremo, pesado. E tudo isso, mesmo que em
diferentes graus, influencia em como componho.
RtM: Com o tempo que você possui de
estrada, como artista independente no underground, quais as principais
dificuldades ainda enfrentadas para poder montar uma banda, gravar, arranjar
espaço pra tocar?
FS: Nossa, montar banda sendo trans é
um caos, as pessoas no geral possuem um freio mental que muitas nem se ligam
que tem, por exemplo: vergonha de dividirem o palco comigo, não sendo da
comunidade LGBT+ e achando que serão julgadas, taxadas como tal. Então eu
fiquei bastante tempo “caçando” músicos. Felizmente achei pessoas competentes e
que toda esta questão pessoal minha, não as impediu de estarem musicalmente ao
meu lado. Quanto a shows, eu ainda estou formando uma banda com integrantes
fixos, pois me mudei ano passado para Grande BH para morar com meu marido,
Cleber. Já fiz algumas pequenas participações ao vivo com bandas locais e
também fui em alguns festivais em casas de show bem legais daqui, então estou
bastante otimista, vamos ver o que o futuro me reserva...ha ha ha
" A honestidade e os valores familiares que me foram passados ajudaram a moldar o meu caráter e este, o meu ativismo."
RtM: Gostaria que você falasse um
pouco sobre o processo de composição e gravação de seu debut, “Rebel Hearts”,
pois sei que você não tinha uma banda montada, praticamente criando todas as
partes. Imagino que seja mais complicado não ter, por exemplo, um guitarrista
que já acompanhe o trabalho há mais tempo, tenha conhecimento e participe da
composição.
FS: Pois é, a questão da distância,
da ausência de ensaios, entre outros fatores, foi complicado sim. Mas apesar
disso o Paulo Garciia, que foi o produtor musical, conseguiu comigo cantando as
melodias do instrumental (inclusive de pedal duplo) me ajudar primeiramente com
os arranjos e guias musicais e posteriormente quem contratei para gravar
lapidou tudo isso. Sempre, claro, com o meu aval final de aprovação, a Karine Campanille por exemplo, cuidou de 3 instrumentos: guitarra, baixo e teclado. Ela ia me
mostrando o que tinha pensado para cada um, em cada música; os solos de
guitarra mesmo, muitas vezes ela fez mais de um e eu, ou aprovava um por
inteiro ou pedia uma mescla deles. Com o baterista também não foi diferente.
RtM: Sobre a produção final, às vezes
parece que algumas de suas ideias ficaram prejudicadas, e as músicas, várias
excelentes ideias, poderiam ter rendido muito mais. Gostaria que você falasse a
respeito de como avalia a produção do álbum, e o que gostaria de fazer de
diferente?
FS: Olha, eu sou muito minuciosa,
perfeccionista, teriam algumas mudanças que eu faria em termos de mixagem e
timbres, porém isso denotaria mais dinheiro e tempo, no mínimo meses para realização,
então optei por não atrasar o lançamento do álbum.
Todavia se levarmos em conta o
lance de eu não ter uma formação de banda, não tocar nenhum instrumento, ter
recursos limitados, o produtor musical não ser do Metal e que tudo foi gravado,
mixado e masterizado num home estúdio de uma cidade do interior, eu acho que
conseguimos um bom resultado, ainda que não seja o “ideal”. De qualquer forma,
a receptividade do público tem sido bastante positiva, muitas das pessoas que
ouvem o álbum via streaming, posteriormente fazem questão de adquirem
fisicamente o CD.
RtM: O logo da banda ficou muito
legal, poderia nos contar um pouco sobre os significados dele e também porque
você adotou o nome artístico de Föxx?
FS: O meu logo foi criado em 2013 e o
designer que trabalhou nele seguiu a risca as minhas instruções, tanto de cores
quanto a implementação do kanji de kitsune, a letra japonesa para raposa. Este
detalhe remete ao meu nome artístico, eu possuo uma ligação digamos
“espiritual” com a cultura nipônica, inclusive com uma tatuagem de raposa em
forma de tribal no meu braço esquerdo. Quanto a grafia em si, o trema no “o”
foi um “charme” inspirado em algumas bandas que usam isso e o duplo “x” é uma
alusão a minha transexualidade e ao cromossomo feminino.
RtM: Falando um pouco das músicas,
vamos iniciar com o single “Mankind”, que traz uma letra bem atual, além de
capa criada para o single, excelente também, inclusive foi o que me chamou a
atenção para conhecer mais do seu trabalho. Gostaria que comentasse mais a
respeito dessa música e sua letra.
FS: Eu escrevi a letra inspirada em
eventos que embora não sejam assim tão novos, estão bastante em voga na
atualidade brasileira: banalização do sexo e da violência, manipulação da
verdade através de fake news, exploração da fé através do ódio e do medo,
corrupção política a nível judiciário; enfim, toda esta merda nociva que a meu
ver, corrompeu e inverteu valores éticos e sociais. A capa e todos os detalhes
que idealizei para o single refletem bastante isso e ela era para ser mais
explícita do que está, mas após ponderar um pouco eu optei por deixa-la mais
“neutra”. Inclusive fui eu quem posou para o ilustrador, sou eu ali empunhando
a bandeira LGBT+.
RtM: Seguindo essa linha, pois muito o
conteúdo das letras em “Rebel Hearts” toca em assuntos bem importantes, que é
uma certa involução na humanidade, com muitas manifestações de ódio e
intolerância pelo mundo. Como você vê o papel dos músicos nessas questões?
Ainda vejo algumas pessoas criticarem e dizem que não é papel de artistas se
posicionarem em questões políticas e sociais.
FS: Quando eu ouço esse tipo de
“””argumentação””” na mesma hora me vêm a mente a imagem icônica do single
Sanctuary do Iron Maiden, aquele com o Eddie e a Margaret Thatcher, fora várias
outras bandas com letras e posicionamento político e social. Eu entendo que
algumas pessoas optem por se acovardarem e se absterem sobre estas questões,
mas definitivamente este NÃO é o meu caso. Meu falecido avô materno foi
vereador em minha cidade natal, numa época em que não se ganhava salário para
isso, se fazia por amor à pátria e vocação, ele ainda foi chefe de gabinete,
assessor e secretário de um dos prefeitos.
RtM: Valores que são ensinados em casa,
e que refletem no indivíduo, precisamos mesmo de mais educação e cultura, não
mais armas e violência em formas diversas.
FS: Sim, a honestidade e os
valores familiares que me foram passados ajudaram a moldar o meu caráter e
este, o meu ativismo. Fora que o simples fato de eu ter a muito tempo assumido
publicamente a minha transexualidade, é um ato político, a minha própria
existência é considerada por muitas pessoas uma afronta à sociedade religiosa e
tradicional, principalmente para a direita conservadora e retrógrada. O que a
meu ver é insanidade, pois eu sou assim desde criança (nasci em 78), não foi
uma escolha, influência externa ou frescura pós-modernista como muita gente
erroneamente acredita.
RtM: Ainda sobre essas questões,
você, como trans, sentiu ou sente algum tipo de boicote ou discriminação de
pessoas dentro ou fora do cenário Metal?
FS: Boicote, desdém, exclusão,
humilhação, injustiça, perseguição, transfobia e violência simbólica são apenas
exemplos do que já passei e infelizmente passo, muitas vezes devido a falsa
segurança que o anonimato e a distância da internet permite, as pessoas “se
esquecem” que o mundo virtual também é regido por leis. Todavia é como eu canto
em uma das músicas do álbum: eu ainda estou aqui, com cicatrizes emocionais,
mas de pé e preparada para lutar.
" A 'Mankind' foi inspirada em eventos que, embora não sejam assim tão novos, estão bastante em voga na atualidade brasileira."
RtM: Mesmo o cenário Metal tendo
sido um tanto machista em determinadas épocas, acredito que a ideologia falou
mais alto, e o público na grande maioria abraçou essas causas, pois não lembro
de artistas como Rob Halford, que assumiu sua sexualidade, ou a Marcie Free
terem sofrido discriminação no meio Metal.
FS: Agora, sobre esta questão de
artistas que assumiram publicamente sua orientação sexual ou identidade de
gênero e a subsequente aceitação do público, acho importante ressaltar que o
fizeram já com certa fama e renome, eu fiz o caminho inverso e paguei um preço
alto por isso. Mesmo assim não me arrependo, pois eu fui em 1º lugar verdadeira
comigo mesma e também com as pessoas que conviviam comigo, algumas entenderam,
outras não. Aquelas que não entenderam ou mesmo entendendo se recusaram a me
respeitar, eu me afastei, afinal, não preciso do stress causado pela toxidade
delas.
RtM: Continuando a respeito das
músicas do álbum, nos fale um pouco mais da faixa título “Rebel Hearts”, que
possui um refrão bem marcante e uma pegada que me lembrou o Viper da época do
“Coma of Souls”.
FS: A letra e a melodia de voz foram
compostas em 2016, esta é uma das músicas que apesar de eu ter pensado na
comunidade LGBT+ ao cria-la, ela serve também para pessoas que não fazem
diretamente parte dela. Foi a minha escolha para título do álbum, não apenas
pela levada mais direta dela, mas também por já ter em mente a capa (o lance do
coração flutuando entre as minhas mãos e as 3 gotas de sangue pingando dele).
Somado a isso tem ainda a introdução do álbum que antecede ela e onde se ouve o
meu próprio batimento cardíaco, meu marido conseguiu emprestado um estetoscópio
e o adaptou para conseguir captar o som em estúdio.
"Felizmente achei pessoas competentes e que toda esta questão pessoal minha, não as impediu de estarem musicalmente ao meu lado."
RtM: Outra que me chamou bastante
atenção, e pelo que notei também é uma das que mais tem agradado o público, é
“Emotional Rain”, que também possui uma letra bem forte e com bastante emoção.
Nos conte um pouco mais sobre ela.
FS: Esta é a única balada do álbum e
a letra dela é motivacional. Quando a escrevi eu estava pensando no que eu
sendo uma trans, gostaria de ter ouvido nos momentos difíceis. Em meados de
2.000 eu tentei o suicídio e só fui salva por conta de paramédicos terem sido
chamados na madrugada e estes me entubarem. Então esta é uma composição muito
íntima, muito pessoal. Até o momento, é a música do álbum que mais tem feito
sucesso, o que pra mim é ótimo, pois eu gostaria que a mensagem dela chegasse
ao maior número de pessoas possível.
RtM: E os planos agora após o
lançamento? Como estão as novidades quanto a montar sua banda para shows e
divulgar o trabalho ao vivo?
FS: Sem querer eu acabei
anteriormente meio que respondendo sobre isso! ha ha ha
Mas complementando: eu mal vejo a
hora de voltar a ensaiar e estar de volta aos palcos, a energia do público é um
grande estímulo para mim.
RtM: Föxx, obrigado pela atenção,
parabéns pela sonhada estreia, há um ótimo conteúdo em “Rebel Hearts”, trazendo
expectativa para o que virá a seguir. Fica o espaço para sua mensagem aos
leitores.
FS: Obrigada, eu é que agradeço o
apoio. E aos leitores desta entrevista: ouçam o álbum no Spotify ou em algum
serviço de streaming, se gostarem indiquem o mesmo para outras pessoas e se
gostarem pra caralho, adquiram o CD físico! =^.^= \m/
Föxx Salema é natural de Bragança
Paulista (SP), autodidata, estando no circuíto independente há mais de 20 anos, sendo também uma das pioneiras como pessoa transgênera
headbanger/metalhead no Brasil. Independente de
gênero, o que importa é a harmonia, respeito e aceitação entre as pessoas, dentro do cenário Metal mundial temos vários exemplo de artistas que assumiram sua sexualidade ou identidade de gênero, e nenhum desses artistas usa suas escolhas e vida pessoal para se
promover, pois o que importa é o talento.
Após muita luta contra as conhecidas dificuldades que os músicos encontram, Föxx Salema chega ao seu debut, "Rebel Hearts", lançado agora em maio. A sonoridade é influenciada principalmente pelo Heavy Metal clássico dos anos 80, inclusive NWOBHM, além de Power Metal, para citar as inspirações mais atuais. Como exemplos, posso enumerar nomes como Dio, Viper, Angra, Helloween e Hammerfall.
O álbum recebeu uma boa produção, com capricho também na parte gráfica. Há alguns detalhes que poderiam ter saído melhores, como algumas linhas do teclado que ficaram um pouco baixas, e a bateria, que às vezes soa meio artificial, mas temos que descontar que Föxx não teve uma banda fixa e tempo para uma pré-produção mais elaborada, e talvez um produtor mais adequado,então alguns detalhes das boas músicas e ideias foram um pouco prejudicadas.
Esses detalhes, felizmente, não tiraram o brilho de alguns destaques e também não vão prejudicar o ouvinte de perceber o bom potencial do trabalho.
O timbre vocal de Föxx é bem adequado ao estilo, e nota-se inspiração aos vocalistas clássicos do Metal. Traz também letras
inteligentes e que possam entregar mensagens plausíveis e atuais, possuindo um
lirismo baseado em experiências pessoais, tanto sociais quanto políticas.
Como destaques cito a faixa título "Rebel Hearts", que inicia com uma levada meio rock & roll, com melodias bem cativantes e refrão marcante. Tem bastante pegada, lembrando o Viper do "Coma of Souls"; a vigorosa "Vengeance Will Come" traz um algo do Speed Metal 80's e interessante trabalho de guitarras; "Emotional Rain" traz bastante emoção, seguindo uma linha mais melodiosa estilo Power Ballad, mas nada de letra "melosa", fala de buscar vencer os tempos difíceis que todos, em algum momento, passam.
Impossível não destacar também "Mankind", com sua letra bem atual e forte, sonoridade enérgica e com riffs marcantes, segue uma linha semelhante ao da faixa-título, e acredito que são músicas, juntas a já conhecida "Constant Fight", que mostram já muito bem a personalidade sonora de Föxx Salema: Heavy Metal enérgico, com refrãos e riffs cativantes e com muito a dizer na parte lírica.
Capa do single "Mankind" (arte por Wendell NarkEdmi)
Descontando alguns detalhes da produção, que poderia ter sido mais favorável às boas ideias e canções em "Rebel Hearts", temos um bom álbum de Heavy Metal e uma estreia promissora, mostrando potencial e criando expectativa para os próximos passos desta "raposa" metálica.
Era chegado a hora do primeiro
show da banda mais old school do Brasil em solo gaúcho, os cariocas do
Apokalyptic Raids desembarcam no RS para o Festival “Ataque ao Fígado V” que
aconteceu na cidade de São Leopoldo na Embaixada do Rock.
Mas o dia 16/03 não ficou marcado
só pela vinda do Apokalyptic Raids, pois tínhamos ainda o show de 35 anos de
estrada do Leviaethan e grandes bandas de abertura para enaltecer ainda mais a
qualidade do nosso querido underground.
Devido a questões de deslocamento
não conseguimos acompanhar os dois primeiros shows da noite, com as bandas Sömbriö
e Atomic Roar.
Ao chegar ao local os gaúchos do
Leviaethan já se preparavam para sua destruição sonora, e não demora muito para
o couro comer sem limites com seu Thrash Metal visceral, apresentando as
composições clássicas dos seus dois primeiros álbuns (“Smile” e “Disturbed Mind”)
e presenteando os fãs com uma composição inédita. São 35 anos de história que
dispensam comentários e apresentações, sempre é bom ver os dinossauros do Metal
em forma e mostrando que ainda tem muita lenha para queimar.
Em seguida era chegada a estreia
do Apokalyptic Raids no Rio Grande do Sul, trazendo a tour de seu novo álbum, “The
Pentagram”, e o que presenciamos foi um show animal, mostrando o porquê de
serem uma das bandas mais respeitadas do underground nacional. Uma banda coesa
e muito precisa ao vivo, em um setlist que passou por toda sua discografia, mas
privilegiando seu novo trabalho, que mantém a mesma qualidade old school e
insana dos anteriores. Agitando os presentes tendo mosh, rodas e muita “bateção”
de cabeça, não dando espaço para respirar. Um show antológico de uma banda antológica,
que voltem o quanto antes!
Algo que gostaria de ressaltar é
o pouco público que compareceu nesta edição do “Ataque ao Fígado”, infelizmente
uma constante em qualquer evento underground da atualidade, onde os ditos “headbangers”
não comparecem e deixam de presenciar shows fantásticos, seja dos grandes ou
das bandas novas que surgem e mantêm a chama do som pesado acesa.
Fechando a noite tivemos os
gaúchos da Evilcult e o seu Speed/Black Metal no meu melhor estilo Sarcófago e
Hellhammer. Mesmo madrugada a dentro seus admiradores ficaram até o final, e
proporcionaram mais moshs e rodas insanas, enquanto a Evilcult despeja seu
culto maligno de forma empolgante e agressiva, não deixando ninguém parado. Um
show que passou dos 40 minutos tendo a participação de Leon Manssur e com os
bangers clamando por mais um som ao final da apresentação. Mais um sangue novo
na cena, e que mostra que vieram para incendiar e manter o underground ainda
mais vivo.
Os portões do inferno se fecham
novamente em São Hell e fica o nosso agradecimento a produção do “Ataque ao
Fígado”, que nada contra a maré e nos brinda com excelentes bandas de diversas
partes do país enaltecendo o Metal old school.
E a lenda urbana dos “The Three
Tremors” se transforma em realidade em uma nova versão. O projeto, que foi
cogitado alguns anos atrás reunindo três grandes vocalistas do Metal, nada
menos que Bruce Dickinson, Rob Halford e Geoff Tate (o nome de Dio também fez
parte das especulações), não saiu do papel. Mas a lenda agora ressurgiu, e partindo
da vontade de Sean "The Hell Destroyer" Peck (Cage, Denner/Shermann) em colocar em prática um projeto naqueles moldes,
buscou os outros nomes para completar o trio. (English Version)
Sean então contatou Tim “Ripper”
Owens (Judas Priest, Iced Earth) e Harry “The Tyrant” Conklin (Jag Panzer, Titan Force), reunindo-se assim 3 vocalistas que também
seguem a linha dos clássicos vocais do projeto original, possuindo uma bagagem
de cerca de 3 décadas e elogiáveis serviços prestados ao cenário
metálico.
Após um ano de árduo trabalho,
que resultou na forja de 12 canções poderosas, algumas nasceram já com aquele
jeito de hino, onde os vocalistas se revezam ou cantam em uníssono durante as
faixas, não só em meros malabarismos vocais para mostrar o poder e extensão de
suas gargantas, mas para interpretar de forma agressiva, técnica e explosiva os
petardos que mixam o Heavy Metal tradicional e o Speed Metal, envoltos em uma
produção atual, mas com a essência intacta.
São 12 faixas empolgantes para
bater cabeça e cantar de punho cerrado! Já fico imaginando esse projeto ao
vivo! Algo que deverá ser bem ensaiado e contar com uma produção muito boa para dar suporte à esse trem-bala que tem a data de 18 de janeiro de 2019 marcada para o lançamento do autointitulado debut, e depois se seguirá a tour mundial. A capa do álbum segue também o estilo clássico, com um desenho dos três vocalista lutando com lobisomens em um mundo caótico. A arte foi assinada por Marc Sasso (Dio, Adrenaline Mob, Halford)
Reza a lenda que o projeto original falhou, não só provavelmente devido a agenda daqueles monstros, mas de como conceber cada canção tendo as três potentes vozes de forma balanceada. Neste quesito o projeto atual teve êxito, com uma ou outra ressalva a alguns exageros vocais, mas nada que comprometa. As faixas alternam momentos mais velozes, sem descanso, com outros mais cadenciados e épicos, e é onde parece que tudo funciona ainda melhor. Mesmo em um álbum bem homogêneo, há algumas que se sobressaem.
Temos as velozes e explosivas “Fly
or Die”, com certeza um dos destaques, uma paulada sem chance para descanso,
com um grande refrão. Há até um certo link com algo da “Aces High”, tanto pelo
andamento, como no tema tratando de guerra (Inclusive há uma intro com um discurso
de Franklin Roosevelt, na clássica canção do Iron Maiden há o discurso de
Churchill); e “The Cause”, outro Speed Metal que não tem dó de nossos pescoços!
Nas faixas onde os andamentos
mais pesados e moderados se sobressaem, residem alguns dos melhores momentos,
onde as raízes da NWOBHM e Metal 80’s em geral estão mais pulsantes do que
nunca. Além disso, parece que favoreceram à uma melhor coesão e destaque às
três vozes.
Você vai vibrar com certeza em
canções como em “Sonic Suicide” e seu ritmo perfeito para bater cabeça; e a
épica “Wrath of Asgard”, tendo mais ênfase nas melodias da guitarra, riffs e refrãos
extremamente empolgantes, daqueles de realmente cantar junto e com punhos
cerrados! Deuses do Metal, preciso ouvir essa ao vivo!
Estão entre minhas favoritas
também o peso e dramaticidade de “When the Last Scream Fades”, que alterna
trechos mais cadenciados a outros mais rápidos, destacando os grandes riffs, bateria massacrante, além do solo com melodia
e velocidade, e “Speed to Burn”, com seu início cadenciado, melodioso e riffs
galopantes, alternando para trechos mais agressivos e velozes, e claro, vocais
altíssimos .
São 12 petardos de Heavy
Metal/Speed Metal onde esses três monstros, juntos à uma excelente banda,
proporcionam um ataque feroz e empolgante, recheado de tudo o que grandes
canções de Heavy Metal não podem prescindir, ou seja, riffs e refrãos fortes,
cozinha trovejante, solos épicos e vocais poderosos. Não costumamos dar nota
aqui, mas este petardo merece um 10, nota máxima no que se propuseram. Mal
posso esperar para ver ao vivo!
And the urban legend of "The Three Tremors" becomes reality in a new version. The project, which was coined years ago bringing together three great metal vocalists, none other than Bruce Dickinson, Rob Halford and Geoff Tate (the name of Dio was also part of the speculation), did not leave the paper. But the legend now resurfaced, and starting from Sean "The Hell Destroyer" Peck's (Cage, Denner/Shermann) desire to put into practice a project in those molds, he sought the other names to complete the trio. (versão em português)
Sean then contacted Tim "Ripper" Owens (Judas Priest, Iced Earth) and Harry "The Tyrant" Conklin (Jag Panzer), bringing together 3 vocalists who also follow the vocal classics of the original project, of 3 decades and praiseworthy services rendered to the metallic scene.
After a year of hard work, which resulted in the forging of 12 powerful songs, some were already born with that hymn style, where the vocalists take turns or sing in unison during the tracks, not only in mere vocal juggling to show the power and extension of their throats, but to interpret in an aggressive, technical and explosive way the firecrackers that mix traditional Heavy Metal and Speed Metal, wrapped in a current production, but with the essence intact.
There are 12 exciting tracks to hit your head and sing with your fist in the air! I can already imagine this project live! Something that should be well rehearsed and have a very good production to support this bullet train that has the date of January 18, 2019 marked for the launch of the self-titled debut, and then will follow the world tour. The cover of the album also follows the classic style, with a drawing of the three vocalist fighting with werewolves in a chaotic world. The art was signed by Marc Sasso (Dio, Adrenaline Mob, Halford)
Legend has it that the original design failed, not only probably because of the schedule of those monsters, but how to conceive each song having the three powerful voices in a balanced way. In this regard the current project was successful, with one or other caveat to some vocal exaggerations, but nothing to compromise. The tracks alternate times faster, without rest, with other more cadenciados and epics, and it is where everything seems to work even better. Even in a very homogeneous album, there are some that stand out.
We have the fast and explosive "Fly or Die", certainly one of the highlights, a blast with no chance to rest, with a great refrain. There is even a link to something of "Aces High", both in progress and in warfare. (Including an intro with a speech by Franklin Roosevelt, in the classic Iron Maiden song there is Churchill's speech); and "The Cause", another Speed Metal that has no pity of our necks!
In the tracks where the heaviest and moderate tempos stand out, there are some of the best moments where the roots of NWOBHM and Metal 80's are in general more pulsating than ever. In addition, it seems that they favored a better cohesion and highlighted the three voices.
You will vibrate with certainty in songs like "Sonic Suicide" and its perfect rhythm to beat head; and the epic "Wrath of Asgard," with more emphasis on guitar melodies, extremely exciting riffs and refrains, from actually singing along with clenched fists! Metal Gods, I need to hear this live!
Among my favorites are also the weight and dramaticity of "When the Last Scream Fades", which alternates between more rhythmic stretches and faster ones, highlighting the great riffs, drone, and the ground with melody and speed, and "Speed to Burn" , with its rhythmic beginning, melodious and riffing riffs, alternating to more aggressive and fast passages, and of course, very high vocals.
There are 12 Heavy Metal/Speed Metal firecrackers where these three monsters, together with an excellent band, provide a fierce and exciting attack, stuffed with everything that great Heavy Metal songs must to have, killer riffs and strong choruses, thundering bass and drums, epic solos and powerful vocals. We do not usually use rate music here, but this firecracker deserves a 10, maximum mark on what they set out. Can't wait to see T3 live! (interview soon here on Road to Metal)