A banda mineira Uganga, liderada pelo vocalista Manu Joker, é um dos nomes mais consistentes e respeitados do metal brasileiro, com uma trajetória marcada pela fusão de thrash, hardcore e elementos experimentais que sempre desafiam os limites do gênero.
Agora, o grupo retorna com força total apresentando seu mais novo trabalho, “Ganeshu”, um álbum que reforça a identidade única da banda, ao mesmo tempo em que abre novas possibilidades sonoras e líricas.
Conversamos com Manu Joker sobre esse lançamento, o processo criativo por trás das composições e os caminhos que o Uganga trilha neste novo momento da carreira.
- Olá Manu. Obrigado pela sua gentileza em nos atender. Parabéns pelo lançamento do álbum “Ganeshu”, mais um trabalho de alto nível.
Manu Joker: Salve pessoal, fico feliz que gostaram do álbum e será um prazer falar sobre música com vocês.
- Como você pode descrever o trabalho na composição deste tipo de sonoridade?
Manu Joker: Eu acho que todo trabalho a que você se dedica com afinco e amor, como no nosso caso, é árduo e gratificante. Compor, produzir e gravar “Ganeshu” foi uma jornada épica cara!
- Ouvi o álbum diversas vezes para conseguir assimilar melhor a proposta do trabalho. Os fãs têm sentido este tipo de dificuldade também? Como tem sido os feedbacks?
Manu Joker: Eu recebo todo tipo de feedback, tanto o mais imediato, aquele logo após a primeira audição no calor do momento, quanto algo tipo o seu, onde se escuta o material repetidas vezes.
Eu nem vejo como dificuldade pra falar a real, e aqui me coloco como ouvinte de música. Cada um está num momento, com um número X de informações na cabeça e cada um vai “entender” essa obra a sua maneira e no seu tempo.
- Existem planos para o lançamento de “Ganeshu” no exterior, no formato físico? Tivemos contato até agora, apenas o formato digital nacional.
Manu Joker: Sim, já lançamos outros álbuns no exterior e definitivamente queremos fazer isso com “Ganeshu”, porém no momento estamos focados no lançamento do CD físico no mercado nacional, o que deve ocorrer até o início de 2026.
- O fato de vocês trabalharem com o português chega a dificultar o alcance no mercado internacional?
Manu Joker: No Uganga eu sempre escrevi em português, desde as primeiras demos 3 décadas atrás. Salvo raras exceções como a faixa “Dawn” seguiremos assim pois ao meu ver traz mais verdade no nosso caso. As letras tem a essência do nosso dia a dia e creio que ficam mais fortes assim, na nossa língua, com a gírias e referênciais do lugar de onde viemos. Pode ser que atrapalhe se o foco for o mercado internacional? Talvez.
Mas já estivemos em tours no exterior, passamos por 17 países até aqui e o retorno sempre foi muito bom. Nos álbuns lançados lá fora temos textos em inglês explicando as letras, eu também faço isso nos shows e o público recebe bem. Curto várias bandas brasileiras que cantam em inglês assim como português, cada um vai na sua e tá tudo certo.
- Como estão rolando os shows em suporte ao disco? A aceitação está sendo positiva?
Manu Joker: Muito, já foram quase 30 apresentações da “Ganeshu Tour” e a recepção ao material novo tem sido extremamente positiva. Acho de verdade que o Uganga vive um momento poderoso e convido a todos pra chegar junto e conferir.
- Quem assinou a capa do CD? Qual a intenção dela e como ela se conecta com o título?
Manu Joker: A arte gráfica ficou por conta do Artur Fontenelle da Deadmouse Design e traz elementos que representam a fusão de duas entidades tidas como malditas por quem gosta de falar sobre o que não sabe. São elas Ganesha e Exu. Eu pensei numa terceira entidade imagética que fundisse essas duas figuras em uma só e aí nasceu “Ganeshu”, representada na capa pelo gato preto, os garfos e a flor de lótus.
Nós do Uganga também fundimos elementos diferentes na nossa música, como o hardcore, o metal ou o dub e não raro também somos incompreendidos e julgados por isso. Por isso gosto de definir nosso estilo como crossover, porém o nosso tipo de crossover.
As cores vermelho e preto também ajudam a referenciar o simbolismo de ambas amarrando todo o conceito. Falar do conceito aqui levaria horas e mesmo assim você poderia ter uma visão diferente, então prefiro deixar no ar.
- “Ganeshu” foi todo produzido pela banda? Conte-nos sobre o processo de produção.
Manu Joker: Na verdade eu divido a produção com nosso amigo de longa data Gustavo Vazquez do Rocklab Estúdio (GO). A gente se entende muito bem, temos influências que se completam e uma excelente convivência.
Já fizemos outros álbuns com ele e após a auto produção no “Libre!” (2022) optamos por retomar a parceria. De diferente dessa vez está o fato que gravamos praticamente ao vivo e isso deixou o material com a pegada dos shows. Acredito que trabalharemos juntos novamente.
- E a banda já está trabalhando em novas composições com a nova formação? Se sim, como está se dando o processo e como ele está soando?
Manu Joker: Ainda não começamos a compor material novo mas de forma individual todos já estão separando suas ideias. Em breve vou reunir esse material e organizar tudo para começarmos uma nova pré produção, os planos são gravar em 2026 e lançar no início de 2027.
Como a formação que gravou o álbum é uma e a que está levando essas músicas pro palco outra, acho que ainda precisamos tocar mais juntos antes de pensar no nosso nono trabalho. Mas em breve faremos isso.
- Novamente parabéns pelo trabalho e vida longa ao UGANGA!
Manu Joker: Nós que agradecemos o espaço e interesse, fiquem bem e nos vemos por aí, salve!
Edição Final/revisão: Caco Garcia
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