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Jens Howorka |
Por Amanda Misturini
O Grave Digger, neste ano de 2025, comemora 45 anos de carreira. Sob a liderança do vocalista Chris Boltendahl, a banda ajudou a moldar a cena do metal germânico ao lado de nomes como Running Wild, Accept e Helloween, com suas guitarras pesadas, vocais potentes e letras que abordam temas como mitologia, guerras, morte e diversos aspectos históricos. Entre os álbuns mais cultuados pelos fãs está o disco de estreia Heavy Metal Breakdown (1984), um marco do heavy metal alemão naquela época.
Atualmente com uma nova formação, o grupo retorna ao Brasil no próximo mês de novembro para quatro apresentações em diferentes capitais. A poucas semanas de desembarcar no país, Chris Boltendahl conversou com a Road To Metal em um breve bate-papo que você confere a seguir:
A banda está em uma nova fase com mudanças na formação. Como essa renovação impactou o som e a energia do Grave Digger no palco e no estúdio?
Chris Boltendahl: Foi um impacto muito bom, porque o Tobias Kasten é o novo guitarrista e ele também é um grande fã de heavy metal e ama o Grave Digger. Ele consegue apresentar o som que nós amamos. Estamos, mais ou menos, de volta ao som característico da banda. Somos guitarra, baixo, bateria e vocal, não usamos mais teclados no palco. Então, sim, é heavy metal puro. E com o Tobias, estamos de volta a esse tipo de som.
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Nayara Sabino |
Sobre o teclado, eu tenho uma pergunta a respeito disso. Por muitos anos, o Reaper - interpretado pelo ex-tecladista Katzenburg -, foi uma presença marcante nos shows ao vivo do Grave Digger, dando à banda uma identidade visual única e sombria. O que levou vocês a pararem de incluir esse personagem nas performances recentes? Vocês sentem falta desse elemento teatral no palco?
Chris Boltendahl: Há uma razão bem simples para isso. O Reaper não é o baterista (risos). O H.P. Katzenburg saiu da banda em 2014, porque passou a se dedicar bastante ao teatro e não queria mais fazer turnês. Por isso, o técnico de palco e o roadie de bateria, Marcus Kniep, entrou para a banda como tecladista e também interpretava o mascote Reaper.
Quando o Stefan Arnold saiu da banda, lembramos que o Marcus também é um ótimo baterista. Então ele assumiu a bateria, e o Reaper desapareceu (risos). Agora usamos o Reaper apenas nas capas, mas ao vivo estamos sem teclados. Está sendo muito divertido tocar novamente como um quarteto.
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Nayara Sabino |
Como funciona o processo de composição com a sua esposa, e quanto essa parceria influencia o som atual do Grave Digger?
Chris Boltendahl: O Tobias tem, mais ou menos, a mesma visão que eu sobre como a banda deve soar. Quando começamos a criar uma música, eu passo algumas ideias para ele e ele volta com suas ideias de guitarra, então eu digo 'hey, a letra da música vai por este caminho, e este é o título'. Aí criamos tudo como se fosse um jogo de Tetris, vamos colocando peça por peça e no final, no topo, temos uma nova música do Grave Digger.
Temos uma boa parceria na composição, é muito divertido. No momento, estamos criando algumas músicas novas para o próximo álbum e, até agora, está ficando um pouco diferente do último. Não será um álbum conceitual, mas, musicalmente, terá um som um pouco diferente, e não de um jeito ruim.
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Nayara Sabino |
O Grave Digger tocou pela primeira vez no Brasil em 1997. Quais são as suas lembranças mais marcantes dessa experiência? E como você vê a evolução do público brasileiro desde então?
Chris Boltendahl: 1997 foi divertido, porque estávamos lá com o Rage. Tocamos dois shows em São Paulo e um em Buenos Aires. Lembro que o promotor organizou tudo muito bem para as bandas, mas esqueceu de fazer a divulgação (risos). Acho que, na primeira noite, havia cerca de 300 pessoas, e na segunda, por volta de 600.
Ele acabou perdendo muito dinheiro, porque trazer duas bandas para o Brasil, com hotel, voos e tudo mais, custava bastante. Fico realmente sentido por ele, mas foi um erro dele não fazer nenhuma promoção. Mas, para as bandas, foi ótimo, porque era a primeira vez de ambas na América do Sul. Nos divertimos muito, e acho que os shows foram muito bons, sim.
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Nayara Sabino |
A capa do novo álbum, Bond Collector (2025) - assim como os singles lançados anteriormente -, chamou atenção por terem sido criadas com o uso de inteligência artificial, um contraste marcante em relação às capas anteriores feitas por ilustradores. O que motivou essa escolha? E qual você considera ser a principal diferença desse processo em comparação com as formas de arte tradicionais que acompanharam a trajetória do Grave Digger?
Chris Boltendahl: O engraçado é que a maioria dos artistas, hoje em dia, também usa inteligência artificial. Para mim, um cara das antigas, foi tipo 'ah, existe uma nova ferramenta, chama-se IA'. Então eu estava sentado no computador, abri um programa com IA e comecei a testar: 'ok, o Reaper está em um trono, há alguns pássaros, árvores, um castelo ao fundo...', e aí surgiu a primeira capa. Eu olhei e pensei 'uau, isso está ótimo! Vamos fazer a próxima.' E é como se você ficasse viciado nisso, criando capas e mais capas. Fiz isso por dois dias, oito horas por dia, e no final eu tinha umas 600 capas (risos). Mas a única que realmente se destacou foi a que acabamos usando. Eu pensei 'ah, essa combina perfeitamente com a música.'
Nem parei pra pensar no que as pessoas iam achar sobre o uso de IA ou algo assim. Então entreguei o material para a gravadora, e aí veio uma tempestade de críticas (risos). Mas eu sou um cara honesto e disse: 'sim, usei IA.' Agora nós já terminamos o novo álbum, e ele foi, ou está sendo feito novamente por um ilustrador.
Eu sei que as pessoas podem usar ferramentas de IA para analisar e descobrir se uma capa foi feita com inteligência artificial, mas, com a nova, isso não será possível. É 0% IA, é pintura mesmo. Ela também é bem diferente da última, mas ainda falta um ano para vocês poderem vê-la (risos).
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Nayara Sabino |
Nesta turnê especial de 45º aniversário, o que os fãs da América Latina podem esperar do setlist? Vocês vão focar mais nos lançamentos recentes, como Bond Collector, ou será uma jornada completa pela história do Grave Digger?
Chris Boltendahl: Não será uma jornada completa, vamos deixar de fora todos os álbuns que fizemos com o Axel Ritt. Tocaremos principalmente músicas dos anos 80 e 90, além de faixas do início, como do álbum "Heavy Metal Breakdown" (1984), "The Reaper" (1993), "Tunes of War" (1994) e assim por diante. Também incluiremos duas ou três músicas do álbum Bond Collector. Então, é um setlist muito bom! Já apresentamos esse repertório aqui na Alemanha e em outros países neste ano, e o público adorou!
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Nayara Sabino |
Ótimo! E a última pergunta de hoje: estou usando uma camiseta da banda Hellway Train, que é de Belo Horizonte e uma das maiores bandas de heavy metal do Brasil atualmente. Eles serão a banda de abertura para o Grave Digger em Curitiba. Qual é a sua opinião sobre o heavy metal brasileiro, ou sobre o heavy metal moderno em geral, e como você vê sua evolução nos dias de hoje?
Chris Boltendahl: Não estou tão familiarizado com o heavy metal moderno. Conheço várias bandas que tentam trazer de volta o espírito dos anos 80, bandas novas que não nasceram nos anos 80, mas que tentam tocar músicas daquele período. Isso é bem engraçado, porque eu penso que, para realmente transmitir o espírito dos anos 80, você precisa ter nascido naquela época (risos).
De qualquer forma, existem muitas bandas divertidas, e também a Hellway Train. Vou ter que ouvi-los quando a entrevista acabar. Acho que será ótimo ter bandas brasileiras conosco na turnê. A maior que conheço do Brasil é o Sepultura, mas também conheço o Angra. Acho que essas são todas as bandas brasileiras que conheço. Então, farei algumas experiências durante a turnê para descobrir como soam as bandas.
SERVIÇO BRASÍLIA
Data: 11/11/2025 – terça-feira
Horário: 18h
Local: Toinha Brasil Show
Endereço: SOF Sul Quadra 9 SN, Conjunto A – Guará, Brasília – DF
Classificação etária: 18 anos
Venda: https://101tickets.com.br/events/details/Grave-Digger-e-Ambush-em-Brasilia
SERVIÇO CURITIBA
Data: 11/11/2025 – quarta-feira
Horário: 18h
Local: Tork n’ Roll
Endereço: Av. Mal. Floriano Peixoto, 1695 – Rebouças, Curitiba – PR
Classificação etária: 18 anos
Venda: https://101tickets.com.br/events/details/Grave-Digger-e-Ambush-em-Curitiba
SERVIÇO SÃO PAULO
Data: 14/11/2025 – sexta-feira
Local: Carioca Club
Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 – Pinheiros, São Paulo – SP
Venda: https://uhuu.com/
SERVIÇO LIMEIRA
Data: 15/11/2025 – sábado
Local: Mirage
Endereço: Av. Prof. Joaquim de Michieli, 755 – Jardim Esmeralda, Limeira – SP
Venda: https://www.circleofinfinityproducoes.com/gravedigger/
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