segunda-feira, 23 de março de 2015

Entrevista: Lords of Aesir - Talento e Novos Caminhos Para o Symphonic Metal



Criada em meados de 2009, a banda paranaense Lord of Aesir, como eles mesmo contam, nasceu entre encontros e desencontros, sejam pessoais ou de ideias, fato é que aos poucos Karol (vocais) e Ian (teclados), foram lapidando, tanto a sonoridade que buscavam, quanto suas próprias habilidades musicais, e com a ajuda de alguns amigos da cena musical, chegaram finalmente, ao que se tornaria o primeiro EP oficial em 2012. (Read the English Version HERE)

Estabilizada com o trio  Karol (vocais), Ian (teclados) e Júlio (guitarras), a banda trabalhou forte no que viria a ser o álbum de estreia, e em 2014, vê a luz do dia o primeiro full-lenght, "Dream for Eternity...", que foi muito bem recebido por público e crítica especializada, trazendo um Symphonic Metal cheio de personalidade, fruto de quem faz música por paixão.
Conversamos com Karol Schmidt para saber um pouco mais do Lord of Aesir, sobre o álbum, influências músicas que compõe a sonoridade da banda, e muito mais! Confira!



RtM:Para apresentar a banda aos novo fãs, poderia fazer um breve histórico do Lords of Aesir?
Karol: A banda Lords of Aesir nasceu no fim de 2009 na cidade de Cascavel (PR) em meio a encontros e desencontros tanto pessoais quanto de ideias. Após perceberem as divergências de objetivos nos projetos que participávamos, (Karol e Ian) resolvemos unir esforços num novo projeto. O nome da banda é uma sátira feita por nós que ao mencionarmos que em nossa formação havia uma mulher nos vocais, sempre perguntavam se éramos músicos de "Folk Metal" com temáticas nórdicas, o que fora um clichê entre bandas por alguns anos no estado do Paraná, porém, bem diferente do que fora sempre a nossa proposta. Passamos por uma fase virtual em que disponibilizávamos gravações de áudio extra-oficiais e vídeos de participações em outros projetos de amigos. Não havia um line-up firmado, portanto nenhum material era tecnicamente “oficial". Até que encontramos a banda de Metal progressivo "AWAKE", estudantes da EMBAP e alguns antigos parceiros musicais de Cascavel dispostos a participar das gravações da LOA. Então nasceu nosso primeiro EP e logo após o nosso primeiro álbum.


RtM: Que bandas você citaria como inspiração ou influência para o Lords of Aesir? Alguns trechos me lembraram os primeiro álbuns do Tristânia, e também Therion.
Karol: Na realidade nossa maior influência fora Freddie Mercury e Montserrat Caballè. Mas certamente Tristânia e principalmente Therion, também EPICA, After Forever, Angra, Almah e os primeiros álbuns do Nightwish além de Fernando Quesada, Gustavo Monsanto, Marcelo Moreira, Timo Tolkki e Yngwie Malmsteen contribuíram com nosso trabalho.


O Lords: Júlio, Karol e Ian
RtM: Gostaria que você nos contasse um pouco mais de como foi esse processo de amadurecimento da banda, inclusive onde vocês buscaram crescimento como músicos. Você passou um período em Florença, não é?
Karol: Cada um de nós buscou individualmente nesse período por crescimento e conhecimento musical. Eu fui aluna de Neyde Thomas e Susanna Rigacci duas sopranos maravilhosas as quais sempre admirei muito! Com Neyde estudei no Brasil técnica vocal e interpretação de repertório operístico e com a Susanna em Florença, onde fui buscar aperfeiçoamento no repertório de câmara e história da ópera. Estudar é sempre um processo constante aos músicos. Ian foi estudar Composição e Regência na EMBAP de Curitiba bem como o Julio aperfeiçoar-se em violão e guitarra. Estudar para nós é um prazer! Afinal, além de músicos somos educadores musicais. Eu e Ian somos graduados em Licenciatura em Música e lecionar é uma paixão para nós! Fazer música e disseminar a arte é o nosso lema.


RtM: E como vocês foram lapidando a sonoridade do Lords of Aesir? Conseguiram alcançar no debut uma boa parte do que vocês projetavam em termos de sonoridade?
Karol: Nós tentamos! Acreditamos que conseguimos sim! Mas como o capital monetário é uma barreira para os artistas nacionais cremos que ainda poderíamos ter conseguido demonstrar muito mais além do que o debut apresenta, mas por essas questões e de tempo, principalmente a geográfica (eu em Cascavel, depois Florença e os meninos em Curitiba) o trabalho foi sofrido para ser concluído. Apesar disso tudo ficamos muito contentes com o resultado final e esperamos fazer muito mais ainda num próximo trabalho, material é o que não nos falta! E estamos felizes por isso!



RtM: Inclusive deve ter sido trabalhosa a composição, tendo tantos instrumentos e vozes envolvidos nas músicas. Conte um pouco pra gente também sobre as gravações e a produção de Aldo Carmine.
Karol: As gravações foram realizadas em Curitiba no Estúdio Koltrane, foram demoradas, se arrastaram pelo tempo, por questões inúmeras, principalmente a financeira, nosso orçamento foi muito pequeno. Realmente foi trabalhoso mobilizar tantos músicos e com tão pouco dinheiro para investir, se dissermos o valor monetário total muitas pessoas não vão acreditar!  Aldo Carmine fez a produção final com a masterização e mixagem e foi trabalhoso, ele é um excelente produtor e nos deixou bem satisfeitos.


RtM: Muito se fala que este ou aquele estilo estão saturados, e teve a vez do Thrash,  do Black, do Symphonic do Melodic....mas o que acontece mesmo, em minha opinião, é que quando alguma banda de determinado estilo chega a um patamar maior, outras vão atrás, e há uma saturação de muita oferta, então acredito que o que há é música boa e música ruim, música boa nunca fica “saturada”, e todo momento um ou outro estilo estará mais em evidência, mas os ciclos nunca param, e os grupos de qualidade continuarão a produzir. Qual sua visão a respeito e como você vê o cenário daqui em diante?
Karol: Acreditamos que fazemos música literalmente e unicamente por amor, caso contrário teríamos desistido há muito tempo. Não pensamos em retorno financeiro. Se houver uma pessoa na platéia, vamos tocar para ela com o mesmo empenho e entusiasmo que tocaríamos para centenas, pois se ela está ali presente, se deu ao trabalho de ir ao nosso encontro, ela é digna de todo nosso respeito e dedicação. Para mantermos nosso projeto realizamos outras atividades profissionais em paralelo. Quanto aos estilos serem saturados, concordo com você! O que existe é boa música ou ruído.  

Quanto à nós, independente de estilos ou modismos, todos estudávamos música erudita e o Ian era envolvido com heavy metal desde muito cedo. Interessei-me por canto lírico em 1987 e iniciei meus estudos com 12 anos. Creio que nossa maior inspiração foi Freddie Mercury e Montserrat Caballè e graças ao trabalho deles a sementinha da Lords Of Aesir foi plantada em nossos corações, foi crescendo e se desenvolvendo com o passar dos anos, nos apropriando de conhecimento e de apreciarmos  bons trabalhos que nos anos posteriores no auge do Metal Sinfônico fomos todos expostos e  presenteados. Nossa intenção não é copiar ou nos assemelhar à outras bandas consagradas, queremos apenas fazer aquilo que nos agrada e nos completa. Comparações sempre haverão, é inevitável, mas creio ser saudável também! Pois graças a isso pessoas que gostam desse nicho musical têm procurado conhecer o nosso trabalho. Todos ganham quando se faz algo por prazer!


Momento na festa de lançamento do álbum: Karol, Júlio, Ian e o baterista convidado, Esmael Marques
RtM: A banda fala em seu press-release que quis transmitir com este trabalho, através do conceito utilizado, os anseios e sonhos que os humanos têm a respeito da eternidade e a sua procura através das diferentes ideologias individuais. Poderia nos falar um pouco mais a respeito desse tema adotado?
Karol: Cremos que o respeito pelas ideologias é o ponto fundamental que contribui para a evolução da humanidade e das sociedades. Acreditamos que não existe um único caminho certo, mas diversos que nos levam aos lugares que ansiamos. Devemos respeitar a diversidade.  A arte é um desses veículos condutores e a música é a nossa ideologia.


RtM: “Black Oasis” é uma das que mais me chamou atenção,  pelas variações e pela bela letra: “In the desert, resisting to all tasks, were no table to see the real dange walking beside, turning their thoughts against themselves.” Fale-nos um pouco mais sobre esta canção.
Karol: Bem, Ian foi quem a compôs integralmente, mas o que posso dizer como interprete é que a música em si trata justamente de demonstrar aquilo que disse sobre as ideologias variadas, a diversidade e o erro em tentarmos impôr sobre a sociedade um único e exclusivo pensamento ou meio de vida como sendo o correto. Por este motivo a frase final desta canção foi a escolhida para nomear nosso álbum. “Dream For Eternity...”


RtM: “Elvish Night” traz um clima bem medieval, me lembrando Blackmore’s Night, sendo um momento de mais “calmaria”, mostrando bem a diversidade do álbum.
Karol: “Elvish Night” foi feita em um momento crucial para o projeto, pensávamos se ainda o levaríamos adiante ou não por conta dos rumos em que a vida nos levava, cada um para um canto.  A intenção realmente foi de demonstrar a diversidade de nossas influências, bem como a música medieval e antiga, uma paixão particularmente minha.


RtM: E você? É uma pergunta que pode ser difícil, mas você tem suas canções preferidas no álbum? Qual a que você mais gosta de cantar?
Karol: Nossa... Essa é difícil! Tenho sim! Gosto de todas! É muito difícil destacar uma ou outra! Mas creio que a mais marcante para mim tenha sido “The Voice Beyond”, a primeira canção que gravamos com a LOA. Pela alegria em ter concordado com o Ian em criarmos este projeto e esta ter sido a primeiraa canção na qual oficialmente entramos em estúdio para gravar quando decidimos em lançar o EP e posteriormente o álbum.


RtM: E sobre sua influências pessoais? Quem lhe incentivou a iniciar na música, suas inspirações?
Karol: Como já disse, sou apaixonada por Montserrat Caballè! Mas creio que, pessoalmente falando, minhas principais influências tenham sido minha avó Zenilda Schmidt (soprano) e meu já falecido avô, que também era músico, Frederico Schmidt. Foi ele quem me ensinou as primeiras canções, as primeiras notas e a amar a música, devo muito à ele e minha avó por esse amor incondicional pela música. Pois hoje sem ela não sei o que seria da minha vida! Cantar para mim é como respirar: se não puder fazer isso eu morreria.


RtM: Karol, obrigado pela atenção, parabéns mais uma vez pelo álbum, e fica o espaço para sua mensagem aos fãs.
Karol: Eu quem agradeço! E aos amigos e todos que acompanham nosso trabalho nossa eterna gratidão! E tenham por certo que enquanto houver uma pessoa nesse planeta que pare para ouvir aquilo que compomos com tanto carinho certamente continuaremos dando o melhor de nós! Um grande abraço para todos vocês e para o pessoal da Road to Metal! É isso aí gente, stay metal! E "in bocca al lupo"!





Entrevista: Carlos Garcia
Edição: Carlos Garcia






Interview - Lords of Aesir: Talent and New Paths on Symphonic Metal




Created in the mid of 2009, the brazilian band Lords of Aesir, as they told us, was born between matches and mismatches of ideas or personal things, fact is that gradually Karol (vocals) and Ian (keyboards) were searching for their own musical skills, and with the help of some friends from the music scene,  finally has recorded what would become the first official EP in 2012. (Read the portuguese version here)

Stabilized with the trio Karol (vocals), Ian (keyboards) and Julio (guitar), the band worked hard in what was to be the debut album, and in 2014, sees the light of day the first full-length, "Dream for Eternity ... ", which was very well received by the public and critics, bringing a Symphonic Metal full of personality.
We had talked with Karol Schmidt to know more about Lords of Aesir album, their influences, wich make up the band's sound, and more! Check It Out!



RtM: To introduce the band to new fans, would you tell us a brief history of the Lords of Aesir?
Karol: The band Lords of Aesir was born in late 2009 in the city of Cascavel (PR) in the midst of personal disagreements and of ideas . After realizing the differing goals in the projects that took part, (Karol and Ian) decided to join forces in a new project. The band's name is a satire made by us to mention that in our line-up there was a woman on vocals, always asked if we were musicians of "folk metal" with Nordic themes, what had been a cliché from bands for a few years in the state of Paraná, however, quite different from what had always been our proposal. We went through a virtual stage where released recordings of unofficial audio and videos of interests in other projects of friends. There was not a signed line-up, so no material was technically "official". Until we find the progressive metal band "AWAKE",  students of the school EMBAP and some old musical partners in the city of Cascavel willing to participate in the LOA recordings. So we had our first EP and just after our first album.


RtM: Which bands would you cite as inspiration or influence to the Lords of Aesir? Some passages reminded me of the first Tristania's albums, and also Therion.
Karol: In fact our biggest influence outside Freddie Mercury and Montserrat Caballe. But certainly Tristania and especially Therion, also EPICA, AFTER FOREVER, Angra, Almah and the first Nightwish albums, plus Fernando Quesada (Shaman, Noturnall), Gustavo Monsanto, Marcelo Moreira, Timo Tolkki and Yngwie Malmsteen contributed to our work.

The Lords:left to right, Júlio, Karol and Ian
RtM: Would you tell us a little more as this process of maturation of the band, including where you sought growth as musicians. You spent time in Florence (Italy), right?
Karol: Each of us individually sought in this period for growth and musical knowledge. I was a student of Neyde Thomas and Susanna Rigacci two wonderful sopranos which always admired very much! With Neyde studied vocal technique in Brazil and interpretation of operatic repertoire and with Susanna in Florence, where I seek improvement in the chamber repertoire and history of opera. Studying is always a constant process to musicians. Ian was studying composition and conducting at Curitiba EMBAP and Julio improve on guitar and acoustic guitar. Studying for us is a pleasure! After all, besides musicians we are music educators. Me and Ian are graduates Degree in Music and teaching is a passion for us! Making music and disseminate art is our motto.


RtM: And as you were building the sound of Lords of Aesir? Did you have achieved what you projected in terms of sound?
Karol: We tried! We believe we did it! But as the money capital is a barrier for national artists, i believe that we could still have been able to show much further than the debut features, but these issues and time, mainly geographical (I in Cascavel, after Florence and the boys in Curitiba) the work was suffered to be finally complete. Through it all we were very happy with the end result and hope to do more in the next work, material we have it! And we're happy for it!



RtM: Including must have been the laborious composition, with so many instruments and voices involved in music. Tell us a bit for us also about the recordings and the production of Aldo Carmine.
Karol: The recordings were made in Curitiba Koltrane Studio, were lengthy, dragged by time, many issues, especially financial, our budget was very small. It really was laborious mobilize so many musicians and with so little money to invest if we say the total monetary value many people will not believe! Aldo Carmine made the final production with the mastering and mixing and was laborious, it is an excellent producer and left us well satisfied.


RtM: Much is said that this or that style are saturated, and had the time of Thrash, Black, of the Symphonic Melodic .... but what even, in my opinion, is that when a band of a certain style comes to a higher level, others try to follow the same way, and there is a saturation and great offer, then, I believe that what we have is good music and bad music. Good music never becomes "saturated", and every time one or the other style is more in evidence, but never stop cycles, and quality groups will continue to produce. What is your opinion about and how you see the scenario from now on?
Karol: We believe that we literally music and only for love, otherwise we would have given up long ago. Do not think of financial return. If there is a person in the audience, let's play for her with the same commitment and enthusiasm that we would play for hundreds, for if it is present there, took the trouble to go to us, she is worthy of all our respect and dedication. To keep our project perform other professional activities in parallel. As for styles are saturated, I agree with you! What exists is good music or noise.

As for us, regardless of styles or fashions, all we studied classical music and Ian was involved with Heavy Metal from an early age. I was interested in opera singing in 1987 and started my studies 12 years. I believe our biggest inspiration was Freddie Mercury and Montserrat Caballe and thanks to their work a tiny seed of Lords Of Aesir was planted in our hearts, was growing and developing over the years, and we were appropriating knowledge and appreciate good works of Symphonic Metal, in its years of more evidence, when we were all exposed and presented. Our intention is not to copy or resemble other consecrated bands, we just want to do what pleases us and complete us. There will always be comparisons, it is inevitable, but I think it is healthy too! Because thanks to this people who love this musical niche have sought to know our work. Everyone wins when you do something for pleasure!

Album's released party
RtM: The band speaks in his press release he wanted to convey with this work, through the concept used, wishes and dreams that humans have about eternity and your search through the different individual ideologies. Could you tell us a little more about this concept adopted in your album?
Karol: We believe that respect for ideologies is the fundamental point that contributes to the evolution of mankind and of societies. We believe that there is no single right way, but several that take us to places we long. We must respect diversity. Art is such a driver vehicles and music is our ideology.


RtM: "Black Oasis" is one that most caught my attention due to the variations and the beautiful lyrics: "In the desert, resisting to all tasks, Were in the table to see the real danger walking beside, turning Their thoughts against Themselves." Tell us more about this song.
Karol: Well, Ian was the one who wrote it fully, but I can say as an interpreter is that the music itself just comes to show what he said about the varied ideologies, diversity and the error in trying to impose on society a single, unique thought or way of life as being correct. For this reason the final sentence of this song was chosen to name our album. "Dream For Eternity ..."

Karol Schmidt: Passion for classical and medieval music

RtM: "Elvish Night" brings a well medieval climate, remembering Blackmore's Night, a more softly song, showing the diversity of the album.
Karol: "Elvish Night" was made at a crucial time for the project, we thought it still would take forward or not because of the direction in which life would take us, each for a corner. The intention was really to show the diversity of our influences and medieval and old music, particularly a passion of mine.


RtM: And you? It is a question that can be difficult, but do you can pick your favorites songs on the album? What song do you like more to sing?
Karol: Wow ... This is hard! Yes, I do! I like all! It is very difficult to single out one or the other! But I think the most striking to me was "The Voice Beyond", the first song we recorded with the LOA. Through the joy of having agreed with Ian in creating this project and it has been the first song which we officially entered the studio to record, when we decided to release the EP and the album later.


RtM: What about your personal influences? Who encouraged you to start in music, your inspirations?
Karol: As I said, I'm in love with Montserrat Caballe! But I think that, personally speaking, my main influences have been my grandmother Zenilda Schmidt (soprano) and my  grandfather (RIP), who was also a musician, Frederick Schmidt. It was he who taught me the first songs, the first notes and to love music, owe a lot to him and my grandmother for that unconditional love for music. For today without it I do not know what my life would be! Singing for me is like breathing: if  i can not do that I would die.


RtM: Karol, thanks for the interview, congratulations again for the album, and the last space is for your message to the fans.
Karol: Thanks to you! And to our friends, and all who accompanying our work, our eternal gratitude! And they reckon that while there is a person on this planet who stop to listen to what we write so lovingly, certainly we continue to do the best of us! A big hug to all of you and to the staff of the Road to Metal! That's it folks, stay metal! And "in bocca al lupo"!




Interview: Carlos Garcia
Edition: Carlos Garcia










sexta-feira, 20 de março de 2015

2º En' Carna Rock Metal Fest : 3 Dias de Muito Rock & Roll, Metal e Companheirismo




Nos dias 20, 21 e 22 de Fevereiro Erechim mais uma vez foi palco do "Encarna Rock Metal Fest", que teve sua primeira edição ano passado, e após a muito boa aceitação pelo público e os resultados positivos alcançados, os promotores resolveram prosseguir com o festival, que nesta segunda edição trouxe ainda várias melhorias, fruto da experiência adquirida no fest anterior, sendo que neste, além de um  cast maior e mais ousado, o pessoal implementou melhorias, e podemos dizer que o objetivo foi alcançado, pois o que se viu foi uma evolução do evento anterior, fechando com saldo positivo.

O cast do festival foi muito bem selecionado e diversificado e a aparelhagem não deixou a desejar, VULCANO deu um show a parte, já na chegada encontramos os caras bebendo lá na frente, cumprimentamos eles, conversamos, gente finíssimas, isso explica muito o porque de estarem onde estão. Bandas novas como a Blackened foram destaque pra mim, uma gurizada nova, e com muito talento e energia, que com sua thrashera fudida deixou muito "experiente do Metal" de cara torta. Curti muito também a Zombie Cookbook, som pesadíssimo, presença de palco e visual matadores!
O evento contou com bastante material a venda, seja das bandas, vendendo seus CDs, camisetas, patches, assim como também o famoso hidromel da Alfheim Hidromel.

Balneário Canto do Lazer (Erechim) foi o local escolhido para o festival 
Acredito que sempre se possa melhorar, e no que diz respeito aos preços,creio que eles possam ser mais acessíveis numa próxima edição, assim como a estrutura do lo cal pode ser ainda melhor. Também a galera pode se esforçar um pouquinho mais em apoiar as bandas que (na maioria) viajaram bastante para fazer um som pra nós lá. Assim como as próprias bandas, antes de exigir apoio, devem apoiar também as demais.

Vamos a um resumo dos três dias:

No primeiro dia rolaram as bandas:
ISFET , Krozudos, Apophizus, Bomb Shelves, Bizzare Angel, T.S.F, Mithrubick, Opens Scar e Movarbru.

O pessoal foi chegando ao local do evento, e escolhendo o melhor lugar para acampar, na entrada já dei de cara com o pessoal da Vulcano, sentados no bar tomando uma gelada, não pude deixar de cumprimentá-los de chegada, entre outras qualidades, simpatia e humildade os define.

O fest abriu com a gurizada da Isfet, com seu Black/Death Metal, sonzeira pegada, que mostra que essa galera nova tem tudo pra ir muito longe. Na sequência a banda Krozudos, contando com presenças femininas no baixo e vocal, logo em seguida veio a Apophizys, destilando sempre seu som pesado, também com a presença feminina da batera que toca muito, a Luana. Na mesma noite rolou Bomb Shelves, TSF, Mithrubick, Open Scars, além do Black Metal da Bizzare Angel, e também da Movarbru, um dos shows que mais chamou atenção da galera na noite, praticamente um ritual, parabéns a toda essa galera, desde os mais novos, até a velharia que estiveram presentes nessa noite. Outro fato bem legal, não lembro de ter visto registro de brigas ou tumultos, Bangers e Rockers sempre dando exemplo de civilidade.

O Metal e o Rock & Roll comandaram nesses 3 dias
No segundo dia rolaram as bandas:
Manycomycos, Thy Legions, Blackened, Carrasco, Epitaph, Storm Steel, Imortal Perséfone, Asper, South Legion, Symphony Draconis, Flesh Grinder, Zoombie CookBook e VULCANO \m/ (clique no nome da banda para assistir entrevista feita pela produção do evento)

No sábado o som começou próximo ao meio dia, nesse dia rolaram bandas de vários estilos, como a Manycomycos de Punk/Crossover, Epitaph de Heavy Metal, Blackened banda de Thrash de uma gurizada nova, numa pegada Violator que agitou muito; contando também com o som da Carrasco, Storm Steel, Asper, Imortal Perséfone, o Black Metal do trio Thy Legions; Symphony Draconys, que é uma banda que cresce cada vez mais; a sonzeira da Flesh Grinder, que com muita técnica conquistou a atenção do público, South Legion segurando o peso do som com apenas uma guitarra e um vocal agressivo fizeram o público agitar, destaque também para a Zoombie Cookbook que fazem um som pesado, com uma presença de palco e visual matadores, e pra fechar esse dia de muito som, os veteranos da Vulcano arrebentaram, fazendo jus a tantos fãs e admiradores.

Patrick (primeiro à esquerda), um dos organizadores, recepcionando o Vulcano
No terceito dia rolaram as bandas:
Bonny Head ,Psycho Jack, Velvet Wings, Punk'Eca, Invasão Alien, Aurun, Maquinários, Filhos do Trovador.

O terceiro e também último dia de festival conta com a presença da chuva e um pouco de vento, mesmo assim as bandas não param, nesse dia rolou Bonny Head, Psycho Jack, Velvet Wings, Punk'Eca, Invasão Alien, Aurun, Maquinários, e Filhos do Trovador, foi um dia de mais rock`n`roll, mas também rolaram alguns clássicos dos Heavy Metal A noite se aproxima e o pessoal começa a recolher suas coisas para se despedir do evento. Até mesmo hoje, dias depois do evento tem gente comentando que ainda queira estar lá, certamente para muitos, esses 3 dias foram marcantes. Que venha a terceira edição!!!

Bonny Head, as mulheres cada vez mais presentes 

Considerações Finais


Gostaria de agradecer a toda equipe do EN Carna Rock Metal Fest, pelos 3 dias de muita podreira e diversão em Erechim, assim como a toda a galera que esteve comigo lá nesses dias, fazendo uma carne, tomando um trago, jogando sinuca, curtindo aquela porrada de bandas e dando umas boas risadas em meio a natureza, foi muito tri!

Aplausos ao Cléberson e Patrick, por mais uma empreitada positiva
Patrick Rafael de Souza, parabéns pela tua humildade, esteve o tempo todo presente do evento, da forma mais simples possível, com seu chinelinho de dedos, ora juntando as latas do chão, ora trabalhando na copa, é de pessoas simples e verdadeiras assim que o underground precisa, não de pessoas que se acham melhores que as outras, ou que vão as festivais só para desfilar. Cléberson da Silva também fez muito para a coisa toda acontecer.

Espero que o festival se fortaleça a cada ano, e acredito que isso vai acontecer, pois quando tudo é feito com os pés no chão, as chances de sucesso são ainda maiores!


Texto: Deisi Wolff
Edição/Revisão: Carlos Garcia




O que o público e bandas falaram do Festival? Confira abaixo alguns depoimentos:

A gente tocou na sexta-feira, único dia em que estivemos lá. na real, parte da banda chegou na sexta à tardinha e eu (Homero) de noite. No sábado de madrugada, acredito que pouco antes de terminarem os shows, fomos embora. foi o pouco tempo que tivemos para fazer qualquer avaliação. mas, nesse período em que ficamos no evento, podemos dizer que fomos bem tratados, que o equipamento de palco era de qualidade e que a organização estava aberta ao diálogo para resolver qualquer possível problema. No geral, foi uma puta gig! única crítica que faria é de que, para as próximas edições, se possível, tenha uma pessoa responsável pelo palco, um stage manager. assim, a coisa se desenrola de maneira mais tranquila, já que  haverá alguém para controlar horários de cada atração subir ao palco, ordem dos grupos e tempo de apresentação. No mais, agradecemos muito pelo convite para participar do festival e pela atenção que nos foi dispensada! (Homero - T.S.F.)

T.S.F. no palco do En' Carna




Estruturalmente o evento não teve problemas, e o local para camping, apesar do terreno meio íngreme, serviu perfeitamente para o pernoite dos campistas. Banheiros disponibilizados incrivelmente se mantiveram limpos, tudo graças a organização. Não houve depredações e nenhum problema mais grave foi registrado.
Com relação às bandas, o festival foi de alto nível, e com muitas bandas jovens, mostrando uma certa renovação. Os nomes já consagrado se fizeram presentes e não fizeram feio, com apresentações dignas e devastadoras deixaram muitos pescoços doloridos. Fora a chuva -presença constante nos três dias de evento - nada abalou o espirito dos Headbangers, que foram prestigiar o evento. E quem não foi... Perdeu um festival que com certeza ficará marcado na história do underground gaúcho. (Artur Azeredo - Site Heavy Metal All Night - Leia aqui a resenha do Artur)



Deisi(Redatora/Correspondente do Road) e Renata, preparando-se para mais uma jornada





quarta-feira, 18 de março de 2015

Entombed A.D: Uma Noite para Ficar na História (08/03/15 – Embaixada do Rock)


No último dia 08 de março, além de comemorarmos o dia internacional da mulher, era dia também de celebrar o Death Metal. A cidade de São Leopoldo recebeu uma lenda da vertente mais pesada do Metal, os suecos do Entombed, o que há pouco tempo atrás ninguém imaginaria que aconteceria, pois a banda desmantelou-se e parecia que não voltaria à atividade, mas Lars-Göran Petrov que é a alma da banda resolveu retornar, mas passando a se chamar Entombed A.D, devido a disputas judiciais com o guitarrista Alex Hellid em 2014.

Após algumas tempestades enfim lançaram o álbum “Back to the Front” e para a alegria de todos os fãs vieram divulgar o novo trabalho no Brasil, acompanhados da banda mineira KroW rodaram pelo Brasil e América do Sul despejando destruição por onde passavam. Agora vou contar como foi o show de São Leopoldo.

O local escolhido para o show foi a Embaixada do Rock, casa relativamente pequena para um show internacional, mas já acostumada a receber o público undergroud, haviam no local do evento menos de 200 pessoas, mas como a casa não é muito grande a sensação era que tinham 500 e o calor fez essa sensação aumentar, nem com ar condicionado a temperatura ficou agradável, mas o público presente sabia que o sacrifício valeria a pena, pois logo veriam no palco uma grande lenda.

DyingBreed
A Primeira banda a se apresentar foi a  DyingBreed de São Leopoldo. Mostraram o motivo de estarem a cada dia crescendo mais e ganhando respeito na cena nacional, a banda é relativamente nova, mas seus músicos já estão na estrada há muitos anos, e representaram o RS muito bem, fazendo um show brutal e que agradou muito os presentes. O Death Metal no RS está muito vivo e vai muito bem obrigado.

KroW
KroW de Uberaba – MG foi à segunda banda da noite, apesar do som muito alto para o tamanho da casa, os mineiros fizeram um show maravilhoso, a banda tem muita qualidade, e representou muito bem Minas Gerais, ainda quero ver um show deles com som e qualidade merecida, pois realmente fez muita diferença na apresentação deles.

Era a hora mais esperada da noite, os suecos subiram ao palco e os fãs gritavam pelo Entombed, e eles atenderam logo de cara tocando “Pandemic Rage” do último trabalho. O show seguiu com muita brutalidade, muito calor e muito ranho? Sim muito ranho, Lars Petrov por varias vezes pegava de sua própria boca pedaços de meleca e mostrava para o público, algo nojento, mas como era uma lenda fazendo não vamos levar isso tão a serio né?!


“I for an Eye” e ”Revel in Flesh” dos tempos mais antigos fez a galera se despedaçar na roda, “Second to None” também representou o álbum novo, mas o que fez os headbengers pirar mesmo foi às músicas mais antigas, ”The Underminer” apareceu também no setlist, mas não animou tanto os bangers que estavam querendo os clássicos e eles vieram, “Living Dead”, por exemplo, foi a música mais apreciada da noite, mas “Stranger Aeons” e “Chaos Breed” foram pontos fortes também. Além de “Left Hand Path” e “Wolverine Blues” eles tocaram “Night of the Vampire”, cover do conterrâneo deles Roky Erickson, eu particularmente gostei muito desta versão, mas alguns fãs pareciam não entender muito que estava acontecendo.

A Embaixada do Rock nunca mais será a mesma depois dessa noite, apesar do calor, as bandas no palco fizeram tudo valer a pena. A simpatia dos membros do Entombed A.D foi algo absurdamente surpreendente, com muita humildade mostraram para todos que o Death Metal é um só e não importa a língua que você fala ou os país que você vive, no fim todos falam uma única língua que é o Metal Extremo.


E sim é de se surpreender que uma banda lendária destas haja com humildade, pois muitas vezes vemos bandas undergrounds do nosso próprio estado fazerem pose de rockstars e acharem que são os reais do mundo.

Parabéns a Makbo por trazer mais uma lenda ao nosso estado e por acreditar em nossa cena.


Cobertura por: Marlon Mitnel
Fotos: Diogo Nunes
Revisão/edição: Renato Sanson

terça-feira, 17 de março de 2015

Eluveitie: Retorno mais do que esperado pelos gaúchos


Após sua primeira passagem pela capital gaúcha em 2013, o Eluveitie deixou aquele gostinho de “quero mais”, deixando os fãs de Folk Metal ansiosos pelo seu retorno.

Pois bem, dois anos após seu show épico em Porto Alegre/RS, os suíços retornam, agora para divulgar o excelente “Origins” (2014).

Se na primeira passagem o show foi no apertado Beco, agora o Eluveitie se prepara para tocar em uma das melhores casas da região, o fantástico Teatro do CIEE, que já recebeu grandes nomes do cenário metálico como Andre Matos, Evergrey, Viper e etc.

O show será no dia 13/04 (segunda-feira) sob a produção da Dark Dimensions trazendo um dos shows mais aguardados pelos gaúchos.

Lembrando que estaremos sorteando três Meet and Greet com a banda, então fique ligado na sua estrada para o Metal!

Para mais informações como de venda de ingressos, valores e pontos de venda acesse o evento:


Aproveite e confira como foi a 1° passagem da banda por Porto Alegre: http://bit.ly/1befYAE



Texto: Renato Sanson

Angra: Expondo Seus Segredos




Quando nos prendemos a uma confabulação sobre o Heavy Metal nacional, é difícil deixar escapulir o nome do Angra. Afinal, com 23 anos de estrada, a banda é uma das fiadoras em alastrar o Metal do Brasil ao redor do globo, sendo, ao lado do Sepultura, um dos principais nomes do gênero de origem tupiniquim. E mesmo quem não os veneram ou não gostam, o respeito é sempre grandioso, já que, só de nome, possui status fortes. E usando uma frase do ex-vocalista da banda, Edu Falaschi: “Pode mudar a formação toda que, se tiver o logotipo, o pessoal vai comparecer nos shows.” Mas vários problemas, tanto interno e externo, estorvou a banda a ir muito mais além do que está, e a nuvem negra apareceu novamente em 2010, logo após o lançamento do "Aqua", e que se agravou em 2011, na vexatória apresentação no Rock In Rio, que acabou se resultando, no ano seguinte, a saída do Edu do posto de ‘front-man’.

De um 2012 “sabático” e um 2013 de lavar a alma, o Angra teve que arregaçar as mangas e resolver várias pendências antes de voltar aos palcos. Um imaginável desfecho sempre foi um fantasma que incomodou os integrantes depois de tudo que passaram entre 2010 e 2011, principalmente do fundador-membro Rafael Bittencourt, que possui um carinho enorme com seus fãs. E graças às músicas impactantes, e de fãs que carrega uma paixão desde a fundação da “deusa do fogo”, a banda aniquilou qualquer dúvida de quem achava que o Angra deveria acabar, independente de quem estaria cantando, já que o posto de vocalista foi cenicamente mudado mais uma vez, tendo as importantes passagens de André Matos e Edu Falaschi.


A reconstrução começou no início de 2013, a começar pelo posto de vocalista, que se encontrava vago desde a saída do Edu. A intenção, desde o começo, sempre foi montar um ‘reality-show’ para escolher quem seria a nova voz do Angra, dando-se em conta que a prioridade era dar atenção ao talento dos brasileiros, mas, no mesmo ano, com um convite para tocar no cruzeiro “70000 Tons Of Metal”, a banda teve que achar um vocalista urgentemente, e através dos organizadores do cruzeiro, foi sugerido o italiano Fabio Lione (Rhapsody Of Fire, Vision Divine), com a intenção apenas de cumprir esse compromisso. Mas devido aos comentários positivos, acabaram resolvendo recrutá-lo para participar da “Angels Cry - 20th Anniversary Tour”, que foi documentado em DVD com o show gravado em São Paulo. E a estabilização do Fabio no Angra não foi só apenas pelo profissionalismo dele, a simpatia e a boa comunicação com o público, já que ele tem o espirito latino, foi essencial pra que ele caísse na graça dos fãs e tê-los na palma da mão facilmente. Na minha visão, respeitando o André Matos e o Edu, Fabio Lione é o que mais se encaixa no perfil da banda.

A “Angels Cry – 20th Anniversary Tour”, turnê de celebração aos 20 anos de lançamento do ‘debut’ álbum “Angels Cry” (1993), foi à oportunidade dos fãs poderem ver o Angra ao vivo novamente, que teve passagens por diversos cantos do Brasil, América Látina e com shows super lotados. A turnê também não seria o que foi devido a uma grande pessoa, o nada menos que Paulo Baron, um dos nomes mais importantes no mundo do ‘show-business’, empresário da banda há dois anos e que faz as coisas de maneira correta e com seriedade. A volta do Angra se deve muito a ele também, considerando uma espécie de 6º membro.


Passados quatro anos sem apresentar nenhum material inédito, era hora de todos se juntarem para compor músicas novas, e a projeção de como o novo Angra iria soar em estúdio foi muito intensa, lembrando que os dois últimos lançamentos ("Aqua" e "Aurora Consurgens") ficaram bem abaixo do esperado. E, claro, como o Lione iria se comportar diante de seu primeiro trabalho na banda? Na certa, os fãs do Rhapsdoy, imaginavam, de maneira escancarada, que o novo álbum ia ser voltado ao que o Lione está acostumado a trabalhar na sua banda. Já os fãs do Angra tiveram mais perseverança, confiabilidade de seria um trabalho inovador e diferente do que foi produzido nos últimos anos. E é bem isso que encontramos em “Secret Garden”, que além de marcar a estreia do Lione em um ‘Full-Lenght ‘, também traz o jovem baterista Bruno Valverde assumindo as baquetas.    

Passagens sombrias, obscuras, melodiosas e até elementos de música Pop, fazem do “Secret Garden” um disco moderno e contemporâneo, quem ouvir pela primeira vez irá querer escutar com mais frequência, até porque, em partes, o disco foge dos clichês do Power Metal Melódico, mas nunca deixando o DNA do Angra de lado, que é colocar ritmos brasileiros aqui e ali, e um pouco da influencia do Prog Metal também, fatores esses que tornaram a banda referência mundial. E pra quem já gosta dos trabalhos nas guitarras do Kiko Loureiro e do Rafael Bittencourt passará a gostar mais ainda, pois, na minha visão, “Secret Garden” é o trabalho mais rico na parte guitarrística, com riffs indomáveis e repugnantes.

Como aconteceu em trabalhos como “Rebirth” (2001) e “Temple Of Shadows” (2004), o Angra voltou novamente pra Europa para gravar o “Secret Garden”, e a ungida pessoa pra assessorar a produção foi o sueco Jens Bogren, que conseguiu decifrar muito bem a intensão da banda, retribuindo com uma mixagem esplendorosa. O resultado não podia ser outro, é só consultar o currículo dele pra saber toda a diferença; e na pré-produção a banda ganhou um extra especial, que foi gerenciado pelo renomado produtor Roy-Z, o qual prioriza as principais características do artista e sabe tirar o melhor de cada um. Nas partes de composição e elaboração de arranjos, a presença dele foi fundamental.


Logo que adquiri o álbum, já fui pulando para terceira faixa, devido à relevância das duas primeiras. A faixa na qual eu me refiro é a “Final Light”, uma das minhas preferidas, com direito a riffs bem insanos e assombrosos. Vale ressaltar o trabalho do baixista Felipe Andreoli, que segura bem à bronca com um som bem grave e agudo, acolitado pela luxuosa voz do Lione. Caso alguém se interessa em descobrir o conceito das letras, especialmente desta faixa, irá deparar o que a banda estava passando no passado. O refrão reflete isso com clareza: “All the answers only led us to the edge/A final light never came and never will/So we fall and rise and walk again/The matter still prevails/The final light is the path and not the end.” Traduzido pro português: “Todas as respostas só nos levaram até o limite/Uma luz final nunca veio e nunca virá/Então nós caímos e levantamos e andamos de novo/A questão ainda prevalece/A luz final é o caminho e não o fim/Não é o fim.”


“Newborn Me” possui um “QI” de Prog Metal e um refrão magistral, prevalecendo novamente o trabalho das guitarras do Kiko e do Rafael, que é um dos momentos mais singulares durante a execução da faixa. Os ritmos brasileiros, o maracatu, por assim dizer, aparecem de forma rápida na ponte final da música vinda de passagens de música latina, também. E quando nos deparamos com o título da faixa, da pra perceber o relato de uma nova fase do Angra; “Storm Of Emotions” é uma ‘power-ballad’, que começa de forma amigável e maciça. Ela vai se construindo aos poucos até chegar no refrão explosivo e titânico, que ganha um bônus com o ótimo trabalho vocal do Rafael e do Lione cantando muito, como sempre.

E falando do fundador-membro, no “Secret Garden” o guitarrista Rafael Bittencourt aproveitou a oportunidade de apresentar os seus dotes como vocalista em um disco do Angra. “Bittencourt Project” foi o seu primeiro trabalho como músico solista onde há linhas vocais do próprio, e na faixa “Violet Sky” mostra um timbre de voz bem mais maduro e aperfeiçoado, que vai desde o mais grave e até alcançando notas mais altas. Em suma, a faixa tem riffs bem distorcidos e grooveados, mas que ganha melodia conforme o andamento; “Upper Levels” da uma economizada no peso para aprimorar a parte técnica dos músicos, englobando mais equilíbrio e feeling, com o Felipe dando um show nas seis cordas de seu baixo, não esquecendo, claro, do talentoso baterista Bruno Alverde, que além de tocar Thrash, Power e Death Metal, consegui imprimir as suas influências de Jazz e Fusion dentro do Heavy Metal. E uma coincidência legal: o baterista reside na mesma cidade deste que vos escreve.


As participações especiais femininas são um dos momentos mais engomados no álbum, começando pela ditame participação da rainha do Heavy Metal, Doro Pesch, em “Crushing Room”. Quando a voz da alemã está presente em qualquer trabalho, ou em algum show, não há erros pra serem apontados. O dueto bem caprichado com o Rafael, a mescla de música Pop com Heavy Metal e solos marcantes, são os pontos mais soberbos na canção; a outra participação é a da bela cantora Simone Simons (Epica), que canta inteiramente a faixa título, enfocando passagens mais épicas e sinfônicas.
Demais destaques ficam por conta de “Black Hearted Soul” (rápida e certeira, com solos bem trincados do Kiko) e “Perfect Symmetry” (tendo belas orquestrações), segue um pouco dos padrões que o público estava acostumado a ver da banda; e o disco fecha a tampa com a bela balada acústica, “Silent Call”, onde o Rafael volta ao vocal principal. Pra mim, ela já virou clássica e é indispensável na lista de melhores músicas do Angra.

Se o “Secret Garden” poderá vir a  ser considerado uma obra-prima eu não sei, mas que o disco vai ser lembrando por muitos não só pelo renascimento do grupo, mas também pelas mudanças que trouxe, sejam na formação ou na sonoridade.
O convite está feito pra você entrar nesse jardim secreto! 

Texto: Gabriel Arruda
Edição/revisão: Carlos Garcia
Fotos: Henrique Grandi

Ficha Técnica
Banda: Angra
Álbum: Secret Garden
Produção: Jens Bogren
Pré-produção: Roy-Z
Ano: 2015
Estilo: Power e Progessive Metal
País: Brasil
Selo: E-ar Music

Formação:
Fabio Lione (vocal)
Kiko Loureiro (guitarra)
Rafael Bittencourt (guitarra/vocal)
Felipe Andreoli (baixo)
Bruno Valverde (bateria)

Track-List
01. Newborn Me
02. Black Hearted Soul
03. Final Light
04. Storm Of Emotions
05. Violent Sky
06. Secret Garden (feat. Simone Simons)
07. Upper Levels
08. Crushing Room (feat. Doro Pesch)
09. Perfect Symmetry
10. Silent Call