Por: Renato Sanson
Músicos
entrevistados: Fernanda (vocal/baixo) / Débora (guitarra) – Banda Losna de
POA/RS
2020/2021 marcou o
lançamento do novo álbum “Absinthic Wrangles” (4° da carreira) e também a
primeira mudança de formação na banda desde 2004, onde agora o dono dos
tambores é o baterista Mateus Michelon. Como foi esta mudança e a adaptação do
novo integrante?
Fernanda - Felizmente
conhecemos o Mateus há muito tempo e sempre acompanhamos a carreira dele tanto
como super batera da Inheritours quanto como atleta. Sempre cultivamos a
amizade e parceria nos palcos, com vários shows memoráveis. Além disso tudo, o
Mateus tem muito bom gosto musical, nós curtimos as mesmas bandas! Um
entrosamento muito fácil e facilitado belo bom humor desse cara fantástico!
“Absinthic
Wrangles” traz a Losna na melhor forma possível. Esse seria o trabalho mais
consistente da banda até o momento?
Débora - Complicado
afirmar que é o mais consistente, até porquê isso soa muito subjetivo. O “Absinthic
Wrangles” é um álbum feito com muito ódio amargo, feito num período difícil de
nossas vidas, por isso ele é conceitual, sobre lutas... porque a vida é uma
constante e infinita batalha!
Fernanda - Estamos
preparando novas composições e mais uma vez com temática conceitual. Nossa
formação está super bem integrada e estamos fluindo o processo com facilidade.
Estamos discutindo se iremos primeiramente lançar um single pra comemorar essa
formação ou se iremos juntar tudo no próximo álbum. Precisamos fazer um
videoclipe também!
Como foi o processo
de composição do mesmo?
Fernanda - Nós costumamos
reservar um tempinho no final dos ensaios para ir lançando as ideias e
contribuindo para a evolução da melodia. Geralmente nós iniciamos com um riff
de guitarra que a Débora ia apresentando. Depois de irmos incorporando a
bateria e o baixo trecho a trecho, finalizamos a parte instrumental e só depois
eu preparo as letras e daí as linhas vocais. Mas é todo mundo envolvido e
divertido, a gente deixa que a emoção da agressividade, violência e amargura vá
sendo destilada às novas composições com naturalidade.
Débora - O processo de
composição dos sons da Losna sempre é de forma democrática e neste álbum não
foi diferente. Geralmente lanço os riffs, a Nanda acompanha com frases
diabólicas tanto nas quatro cordas quanto nas letras e a bateria encaixa tudo
daí.
Apesar de contarem com uma mudança de formação bem significativa, vocês caíram na estrada logo em seguida. Musicalmente falando, o que Mateus agrega a Losna?
Débora - Mateus é
conhecido pelo codinome de “Extremo” e realmente condiz com isso. Dono de uma
técnica impecável e velocidade absurda nos bumbos, ele, com certeza, vai somar
ainda mais peso e amargura ao som da Losna. Além do que tem um humor formidável
e tudo flui melhor, tanto nos ensaios quanto nos shows.
Falando em retorno
aos palcos ainda mais de uma banda tão atuante e presente na cena. Como foi
lidar com o período pandêmico?
Débora - Realmente foi um
período bem complicado ficar sem tocar ao vivo, foi terrível, ainda mais que recém
tínhamos lançado o “Absinthic Wrangles” bem na época do “Lock Down” do
Coronavírus. Mas não ficamos parados, produzimos vários vídeos ao vivo para
participar de Fests Online. Foi a saída, e espalhamos o nosso som amargo por
Fests de vários Estados brasileiros e, inclusive, no exterior também. Focamos
em divulgar os sons do “Absinthic Wrangles”. Claro que não é a mesma coisa que
tocar ao vivo, mas foi uma saída muito produtiva com feedback excelente neste
período tão obscuro da vida.
Qual foi a sensação
de tocarem ao vivo após dois anos sem shows?
Débora - Foi formidável!
Ainda mais que era a estreia do Mateus! Estávamos bem empolgados e com muita
energia amarga acumulada para dissipar. E foi um show memorável, público
compareceu e curtiu! Foi em São Leopoldo na nova Embaixada do Rock que
infelizmente já fechou.
Foto: Uillian Vargas |
Em termos de
recepção e alcance “Absinthic Wrangles” está atingindo o que vocês esperavam?
Débora - Com certeza,
ainda mais como uma banda underground como nós. Já divulgamos o “Absinthic
Wrangles” até no Paraná e Paraguai, locais que nunca tínhamos tocado e foram
experiências excelentes. Público compareceu e comprou o merchan. Mas todas
essas experiências incríveis só foram possíveis com o ótimo trabalhado
desempenhado pelo grande Flávio Soares da True Metal Records que lançou nosso
álbum e faz nossa assessoria de forma exemplar, nos divulgando por aí. Em breve
estaremos em São Paulo e até no Chile.
Fernanda - Sim, apesar de
termos lançado em plena pandemia, conseguimos obter bastantes frutos com ele.
Pudemos participar de várias lives, inclusive ao lado de bandas estrangeiras,
ou seja, com um alcance bem generoso. Logo que que permitiram o retorno aos
shows presenciais, pudemos, justamente contando com o grande Mateus, fazer
shows empolgantes! Grande satisfação poder vivenciar isso tudo novamente, essa
energia de encarar a plateia olho no olho. Isso não tem preço. Já poderemos
agora fazer aqueles shows que teriam acontecido bem no período que veio a
maldita pandemia. Agora sim estamos tendo a recepção que tanto esperávamos.
Muita coisa mudou
desde a pandemia até o presente momento. Qual o pensamento de vocês sobre as
lives e collabs é algo que devesse manter ou tiraria o alcance dos shows
presenciais?
Débora - Acho que agora o
momento é outro. Fests online não terão mais impacto como na época sem shows
presenciais. A maioria das criaturas ainda curtem ver e ouvir a banda no modo
ao vivo. Mas as lives e collabs são interessantes, já que as lives são mais na
proposta de entrevistas e isso deu muito certo na época da pandemia, até hoje.
Muito embora a audiência tenha baixado por conta da vida ter retornado ao
normal. As pessoas já não ficam tanto tempo na frente de computadores como
costumavam com o Coronavírus. As collabs são super interessantes, há várias
uniões de músicos inusitadas que dão muito certo. Eu mesma participei de duas e
minha irmã de outra. É bem interessante trocar figurinhas e percepções com
outros músicos. Em breve faremos uma collab com as irmãs Losna e mais uma
batera... hehehe.
Algo que chamou muito a atenção foi que inicialmente “Absinthic Wrangles” não foi lançado nas plataformas digitais logo de cara, mas sim a preferência foi o lançamento físico. Vemos cada vez menos os lançamentos físicos onde a maioria das bandas lançam seu material apenas no digital. É entendível, pois sabemos dos gastos e do pouco retorno também. Mas entendo que a consolidação do lançamento é ter o material em mãos! Como vocês enxergam está questão?
Débora - Ah... somos uma
banda old school e não abrimos mão de lançar o material físico ainda. Para nós
é essencial tocar no CD, sentir, ver o encarte com fotos e letras, sentir o
aroma do CD, é algo insubstituível! Ainda bem que existem selos como o True
Metal Records que prezam por isso. Ainda temos que tornar real o sonho de
lançar um álbum da Losna no formato de vinil, será lindo! Mas, fazemos questão
de estar em todos os meios possíveis de divulgação, como nas plataformas
digitais. O importante é destilar muito som amargo por aí!
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