sábado, 24 de maio de 2025

Arch Enemy: Em Seu Reinado Mais Maduro

Por Eduardo Okubo Junior 

Com trinta anos de carreira, o Arch Enemy lançou seu 12º álbum, Blood Dynasty, que traz músicas que refletem bem essa longa trajetória: a agressividade e velocidade do baixo (Sharlee D'Angelo), guitarras poderosas (Michael Amott e o estreante Joey Concepcion), uma bateria pesada e rápida, cheia de blast beats (a cargo de Daniel Erlandsson), além da voz cada vez mais madura e forte de Alissa White-Gluz.

O álbum já começa com tudo, na faixa "Dream Stealer", que tem uma introdução sinfônica com órgão gótico, seguida de uma pancada rápida, pesada, com um refrão que gruda nos ouvidos.

Depois vem "Illuminate the Path", uma música que lembra o Power Metal, como se fosse uma faixa do Hammerfall. A voz limpa de Alissa fica maravilhosa aqui (sei que tem quem goste e quem não goste).

"March of the Miscreants" é cheia de mudanças de ritmo e passagens diferentes. Começa no Death Metal, passa pelo sinfônico e termina com solos de Death. É interessante prestar atenção nas várias vozes que Alissa interpreta nessa faixa.

"A Million Suns" mostra como o Arch Enemy evoluiu, incorporando mais melodia e harmonia ao som. Além das guitarras, há arranjos de cordas nesta música. As guitarras no começo são incríveis, trabalhando juntas de forma espetacular.

"Don’t Look Down" é uma das músicas que, se tocada ao vivo, certamente vai fazer o público rodar. Começa bem rápida e agressiva, com destaque para os rugidos de Alissa.

Temos também "Presage", um interlúdio instrumental só com cordas, que serve como uma bela introdução para a faixa-título, "Blood Dynasty". Essa é menos rápida, mas tem riffs contagiantes e solos lindos do Michael Amott.

"Paper Tiger" lembra quase um Heavy Metal clássico, tanto na parte instrumental quanto na interpretação de Alissa, que alterna entre vocal limpo e gutural, trazendo um pouco do estilo da Angela Gossow no passado.

Vem ainda "Vivre Libre", que é algo bem único na discografia da banda: um cover gravado em estúdio, uma balada com a voz limpa de Alissa em destaque, cantada em francês — claro, por ser um clássico (de 1985) da banda francesa de Heavy Metal Blaspheme. Essa é minha música favorita do álbum (me julguem!). Lembro até hoje do meu primo me apresentar a essa faixa antes mesmo de muitos leitores nascerem, e foi com encantamento que ouvi essa música pela primeira vez.

Outra faixa que mostra como o Arch Enemy vai além do Death Metal é "The Pendulum". Aqui há uma pegada mais próxima do Metal Sinfônico, lembrando o Iron Maiden. A bateria tem um toque de Power Metal e os solos do Michael Amott estão incríveis.

Por fim, temos "Liar & Thieves", que fecha o álbum. É uma música rápida e ótima para abrir rodas no show. Depois ela desacelera um pouco com guitarras melódicas. E, por ironia do destino, já tenho visto essa faixa abrindo alguns shows da nova turnê. Ah, sim... a turnê... #ComeToBrasil




Cobertura de Show: Dogma – 24/05/2025 – Manifesto Bar/SP

Dogma encerra turnê brasileira com show explosivo em São Paulo

Após a comentada apresentação no festival Bangers Open Air e a passagem por diversas cidades e estados do país, a banda Dogma chegou a São Paulo para o encerramento da turnê brasileira, que ocorreu no Manifesto Bar no último dia 15. Com um setlist enérgico, o grupo não apenas demonstrou sua habilidade musical, como também conquistou ainda mais fãs com uma performance que mesclou uma sonoridade provocativa a elementos sensuais e transgressores. Foi uma celebração do pecado e da liberdade, em que a banda explorou temas como o desejo e a rebelião, deixando o público em êxtase.

A performance do Dogma constituiu um verdadeiro espetáculo teatral, repleto de momentos instigantes que intensificaram a atmosfera do Manifesto Bar. Formado por Lilith (voz), Lamia (guitarra), Rusalka (guitarra), Nixe (baixo) e Abrahel (bateria), o grupo iniciou a apresentação com as faixas “Forbidden Zone” e “Feel the Zeal”, que conquistaram o público de imediato com riffs pesados e uma energia arrebatadora. A balada “Be Free”, seguida de “My First Peak”, evidenciou a versatilidade da banda ao unir boas melodias a um hard rock cativante.

Canções como “Made Her Mine” e “Banned” foram executadas com tamanha intensidade que fizeram o público vibrar, provando que o Dogma não se destaca apenas pela estética performática, mas também pela inegável qualidade musical. O breve solo de bateria de Abrahel surgiu em momento oportuno, proporcionando um respiro ao público diante da apresentação intensa. Em seguida, a banda executou “Carnal Liberation”, que culminou em um ápice teatral no qual foram incorporados elementos visuais que reforçavam a temática do pecado. O cover de “Like a Prayer”, de Madonna, foi uma grata surpresa, adaptado com arranjos pesados que mantiveram o caráter provocativo da canção original.

É inegável que o Dogma sabe como oferecer um grande espetáculo. Durante a faixa “The Tribute” — um medley instrumental com trechos de “Walk” (Pantera), “The Trooper” (Iron Maiden), “Master of Puppets” (Metallica), “Symphony of Destruction” (Megadeth), “South of Heaven” (Slayer) e “Laid to Rest” (Lamb of God) —, a banda demonstrou habilidade técnica e energia contagiante. Cada nota foi executada com precisão, elevando as músicas a um patamar de excelência que impressionou até os fãs mais exigentes do metal. Na sequência, “Bare to the Bones” manteve a intensidade, enquanto “Make Us Proud” revelou um lado mais sombrio da banda, com influências que remetem ao Black Sabbath.

Durante uma das músicas, a vocalista e a guitarrista se beijaram, criando uma atmosfera carregada de tensão sexual e rebeldia, em consonância com a temática de pecado presente em faixas como “Pleasure from Pain”. Elas dançaram de forma provocativa, com movimentos coreografados e sensuais que transformaram o show em uma experiência quase ritualística. Essa ousadia não se tratava de mera exibição, mas de uma extensão das letras da banda, que exploram a libertação carnal e a transgressão, tornando cada momento do espetáculo uma declaração artística ousada e memorável.

No encerramento da apresentação, tornou-se evidente que o Dogma está consolidando uma base de fãs cada vez mais fiel. O público do Manifesto Bar respondeu com entusiasmo, cantando junto as faixas “Father I Have Sinned” e “The Dark Messiah”, demonstrando verdadeira devoção às suas “santidades”. Esses momentos finais, carregados de emoção e provocação, reforçaram o vínculo entre a banda e seus seguidores, muitos dos quais presenciaram pela primeira vez o fim dessa jornada iniciada no Bangers Open Air. É impressionante observar como o grupo transforma seus shows em experiências pessoais, conquistando novos admiradores a cada parada.

Com uma performance teatral que provoca e instiga, aliada a composições de qualidade, o Dogma não apenas encerrou sua turnê brasileira com excelência, como também solidificou sua presença na cena da música pesada, consolidando-se como um dos nomes mais promissores do gênero. 


Texto: Marcelo Gomes


Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Dogma – setlist:

Forbidden Zone

Feel the Zeal

Be Free

My First Peak

Made Her Mine

Banned

Carnal Liberation

Free Yourself

Like a Prayer (Madonna cover)

Bare to the Bones

Make Us Proud

The Tribute (Metallica, Iron Maiden, Pantera, Slayer, Megadeth, Lamb Of God)

Pleasure From Pain

Bis

Father I Have Sinned

The Dark Messiah

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Cobertura de Show: Fabio Lione – 18/05/2025 – Teatro APCD/SP

Fabio Lione encerra turnê com casa cheia e entrega noite de nostalgia e potência vocal

Encerrando a primeira etapa da turnê Symphony of Enchanted Lands, o vocalista italiano Fabio Lione passou por São Paulo com três apresentações no Teatro APCD, na zona norte da cidade. Foram dois shows no sábado, 17, e o terceiro e último no domingo, 18 de maio. Com ingressos esgotados em todas as sessões, o espetáculo celebrou um dos álbuns mais marcantes do power metal sinfônico, executado na íntegra, além de incluir outros sucessos do Rhapsody of Fire e alguns covers. A realização foi da Estética Torta.


Dogma: visual provocativo, presença morna

Não conhecia a Dogma até o barulho recente nas redes após sua apresentação no Bangers Open Air, no início de maio. Foi justamente esse buzz que despertou a curiosidade para ver o que a banda formada por cinco mulheres que se apresentam com figurinos de freiras e corpse paint tinha a oferecer no palco. A proposta visual é clara: provocar, romper com códigos religiosos, causar estranhamento. Mas ali, no palco do Teatro APCD, no último show da turnê de Fabio Lione em São Paulo, essa estética ousada não encontrou a mesma força na performance.

A Dogma passou a integrar a turnê de Fabio Lione na semana seguinte ao Bangers, acompanhando o vocalista em várias datas pelo Brasil até a reta final, em São Paulo. No show de domingo, a impressão foi de que a banda ainda buscava firmar sua presença ao vivo dentro desse novo contexto. A estética chamou atenção, mas não sustentou sozinha a conexão com a plateia, que parecia mais curiosa do que empolgada.

Num primeiro momento, a apresentação soou morna. A presença de palco era calculada, quase ensaiada demais, o que tirava parte da espontaneidade que esse tipo de show demanda. Musicalmente, a Dogma aposta em um hard rock com elementos góticos e melódicos. Embora tecnicamente bem executadas, as faixas carecem de impacto ao vivo, especialmente diante da promessa visual transgressora.

A produção da banda, que mistura elementos teatrais com simbologias religiosas e provocação sexual, chama mais atenção que o som em si. E isso acaba jogando contra, porque se cria uma expectativa de intensidade que não se cumpre plenamente no repertório nem na performance.

Ainda assim, houve evolução ao longo da apresentação. Aos poucos, o público foi entrando no clima, reagindo melhor às últimas faixas e aplaudindo com mais entusiasmo. Para quem viu a banda pela primeira vez, como eu, ficou a impressão de que ainda há um caminho a ser trilhado entre a proposta imagética e a entrega musical, algo que pode amadurecer nos próximos shows, especialmente se a banda souber usar o interesse que vem crescendo desde o festival.


Dogma – setlist:

Forbidden Zone

My First Peak

Made Her Mine

Banned

Carnal Liberation

Like a Prayer (Madonna cover)

Bare to the Bones

Make Us Proud

Pleasure From Pain

Father I Have Sinned

The Dark Messiah


Fabio Lione – Symphony of Enchanted Lands em São Paulo

O espetáculo com lotação esgotada nos dois dias em que tocou em São Paulo — dois shows no sábado, 17, e o terceiro no domingo, 18 — trouxe a turnê do álbum Symphony of Enchanted Lands cantado na íntegra, além de outros sucessos do Rhapsody of Fire e alguns covers.

Em conversas com amigos, comentamos que, embora a voz do Fabio Lione no Angra não fosse ruim, muitas vezes faltava aquele alcance e potência que ele demonstra no Rhapsody of Fire. Nesta turnê, fica claro que a voz de Lione continua impressionante. Eu, fã desde os meus 12 anos, me senti várias vezes transportada para aquelas sessões de RPG e encontros com amigos embalados por músicas de dragões e terras médias.

Fabio Lione, um front man muito simpático e comunicativo, usou todo o seu bom português durante a apresentação que durou quase duas horas. A empolgação do público foi constante do início ao fim, sem queda de ritmo ou desânimo, demonstrando a força do repertório e a conexão entre artista e fãs. Em diversos momentos, Lione interagiu e pediu ajuda do público em refrões e palmas, até desceu ao meio da plateia para cantar e interagir diretamente com os fãs, fortalecendo essa troca que deixou a noite ainda mais especial.

A banda de apoio estava afiada e empolgada, acompanhando com precisão e energia cada música, o que só elevou o nível da apresentação. O entrosamento entre os músicos era evidente, o que garantiu uma performance técnica e cheia de vigor do começo ao fim.

No entanto, uma questão que merece reflexão foi a escolha do teatro como palco para a apresentação e o estímulo, em alguns momentos, do Fabio Lione para que o público se levantasse. Muitos atendiam ao convite, mas logo se sentavam novamente. Na segunda parte do show, ficou evidente que essa empolgação vinha dos fãs, mas que infelizmente não condiz com o formato do espetáculo proposto para um teatro. Quando compramos um ingresso para um show nesse tipo de espaço, há uma expectativa por um formato que permita a todos aproveitar o espetáculo da melhor forma possível. Além disso, muitas pessoas frequentam esses locais por questões de acessibilidade ou mobilidade, o que torna essa situação ainda mais importante para reflexão.

Ainda assim, isso não diminuiu a magnitude do show, que foi magnífico e cumpriu com excelência o que prometia: uma celebração da obra do Rhapsody of Fire em uma apresentação técnica, emocionante e cheia de significado para os fãs que acompanharam o vocalista nessa turnê especial. Foi uma noite para se elogiar.

Fabio Lione encerrou a apresentação com agradecimentos calorosos e a promessa de novas turnês trazendo outros clássicos do Rhapsody of Fire cantados na íntegra. Fica a expectativa para que em breve possamos reviver essas jornadas épicas ao som da banda, em mais uma celebração da música e da fantasia.

Aguardaremos ansiosos por esses próximos encontros e novas oportunidades de mergulhar nesse universo tão particular e cativante criado por Fabio Lione e seus músicos.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Estética Torta



Fabio Lione – setlist:

Epicus Furor (Rhapsody of Fire)

Emerald Sword (Rhapsody of Fire)

Wisdom of the Kings (Rhapsody of Fire)

Heroes of the Lost Valley (Rhapsody of Fire)

Eternal Glory (Rhapsody of Fire)

Beyond the Gates of Infinity (Rhapsody of Fire)

Wings of Destiny (Rhapsody of Fire)

The Dark Tower of Abyss (Rhapsody of Fire)

Riding the Winds of Eternity (Rhapsody of Fire)

Symphony of Enchanted Lands (Rhapsody of Fire)



Set 2
In Tenebris (Rhapsody of Fire)

Knightrider of Doom (Rhapsody of Fire)

Land of Immortals (Rhapsody of Fire)

The Wizard's Last Rhymes (Rhapsody of Fire)

Rain of a Thousand Flames (Rhapsody of Fire)

Lamento Eroico (Rhapsody of Fire)

Holy Thunderforce (Rhapsody of Fire)

We Are the Champions (Queen cover)

Dawn of Victory (Rhapsody of Fire)


Cobertura de Show: Hibria – 09/05/2025 – Bar Opinião/RS

Por: Vinny Vanoni

Fotos: Vinny Vanoni


O Cara do Metal

Ian Garbinato, mais conhecido como O Cara do Metal, começou a criar conteúdos para Instagram, Youtube, TikTok, dentre outras plataformas em 2020, durante a pandemia, conteúdos estes que englobam coberturas de show, entrevistas e criação de músicas. 

Considerado hoje como sendo um dos maiores comunicadores do segmento Rock e Metal na internet ao cobrir diversos shows e festivais do gênero, tais como o Rock In Rio de 2022 ao lado de Supla e a convite do TikTok e o KnotFest, além de ter sido parceiro na divulgação do lineup do Monsters of Rock de 2023, e de já ter entrevistado algumas das maiores feras do Rock e Metal tanto nacionais quanto internacionais.

E com a banda O Cara do Metal, não deixa de ser menos bem sucedido... Com um lineup recheado de talentos como Luana Cruz nos vocais femininos e que além de mandar bem nos gritedos é a maior influenciadora de Metal feminino do Brasil, o baixista Gabriel Martens e o baterista Diego Marinho e do próprio Ian nos vocais principais e na guitarra. Porém, não para por ai, devido as temáticas diversas, e atuais, inseridas nas letras das músicas em português, como por exemplo, cancelamento digital, empoderamento das mulheres headbangers, narrativas de contos de religiões, uma música criada junto com fãs no TikTok e um Metal em inglês que contou com a participação do baterista Aquiles Priester (Ex-Angra), O Cara do Metal já foi convidado pelo festival Samsung Best of Blues and Rock para abrir o show de Joe Perry, guitarrista da lendária banda Aerosmith, para mais de 6 mil pessoas e já realizou seu próprio festival. 

Com toda essa qualidade, O Cara do Metal foi uma das duas bandas de abertura, sim meus amigos, DUAS bandas de abertura para o Hibria em sua turnê de aniversário dos 20 anos de lançamento, e nascimento, do álbum “Defying the Rules”! E não fizeram feio não, conseguiram animar o público do Bar Opinião em Porto Alegre a tal ponto, que havia pessoas pulando no ar durante as rodas punk. Sensacional.

Phornax

Seguindo a comemoração em forma de espetáculo sonoro, a banda gaúcha Phornax sobe ao palco para animar ainda mais o público. Saindo de um hiato de 10, 11 anos, logo após o lançamento de seu primeiro EP “Silent War”em 2012, a banda formada em 2009 por Cristiano Poschi (vocal) e Maurício Dariva (bateria), seguidos logo após a entrada de Deivid Moraes (guitarra), a banda de Heavy/Power Metal conta com duas novas adições que além de terem sido muito bem recebidas pelo público, são duas figuras já bem conhecidas no cenário gaúcho.

Sfinge Lima, um dos mais consagrados baixistas do cenário Rock e Metal de Porto Alegre, ex-integrante de uma das bandas que ajudaram a pavimentar e consolidar o Heavy Metal dentro não só no Rio Grande do Sul, mas no Brasil, (a Crossfire), também tendo integrado o projeto Le Bizarro e ter feito parte da banda Metal Warhead, obviamente no baixo elétrico (esperavam o que? Que ele fosse tocar gaita de boca?) e outra figura de igual peso, Eduardo Martinez na guitarra. Martinez que também não é pouco conhecido na cena gaúcha, participou das bandas Panic e Hangar, onde contribuiu ativamente com linhas de guitarra sensacionais, elevando o nível musical das duas bandas.

E como era de se esperar, e superar expectativas, a Phornax arrasou no show, tocando com maestria as músicas do EP que inclusive dá nome à turnê de retorno da banda, “Silent War Tour”, além de outras que estão para serem lançadas, com diversos shows Brasil afora inclusive com agenda para abrir shows para Tim “Ripper” Owens, Kiko Loureiro, Edu Falaschi e MasterPlan!  Sejam muito bem vindos de volta e que seu retorno seja tão espetacular quanto suas músicas!


Hibria:

Ao final do show de retorno da Phornax, o momento que os fãs que ocupavam a totalidade do Opinião estavam esperando, ansiando e desejando com todas as forças de cada fibra de seu ser. O Hibria sobe ao palco para tocar na íntegra as músicas de um de seus álbuns mais consagrados, senão o mais consagrado, tanto pelos fãs, quanto pela mídia especializada. “Defying the Rules”. Contando com uma nova formação, a banda formada em 1996 e completando 30 anos de existência no ano que vem 2026, mostrou o porquê de ainda continuar na ativa e com qualidade e fôlego renovados, a banda conta no seu lineup integrantes de altíssima qualidade e técnica.

Com Abel Camargo, único integrante original a permanecer, na guitarra principal (solo) e Vicente “Velles” Telles na guitarra de apoio/solo, William Schuck (bateria), Ângelo Parisotto (Vocal) e Tiago Assis (baixo) vieram para complementar e elevar o nível da musicalidade, que sempre foi sensacional e agora está ainda mais! Iniciando com a música que os fez alcançar sucesso e reconhecimento nacional e internacional “Steel Lord on Wheels”, o Hibria arrebentou do início ao fim, relembrando aos fãs mais antigos e com dores nas pernas e costas como eu, e mostrando aos novos que ainda não chegaram em sua fase “crocante” a razão fundamental e primordial de ainda serem uma das maiores bandas de Heavy e Power Metal não só do Brasil, mas do mundo.

Tocando “Defying the Rules”em sua totalidade, o público foi a loucura, cantando junto, pulando, bangeando até quebrarem o pescoço (inclusive acho que alguém quebrou mesmo de tanto girar a cabeça como se fosse a hélice de um helicóptero) e perderem a voz ao acompanharem do início ao fim o novo vocalista que simplesmente arrebentou nos vocais, não deixando absolutamente nada a desejar e provando ao vivo que conseguirá tanto honrar o legado que Sanson e Emeka construíram, quanto contribuir ativamente com os futuros projetos da banda. O show ainda contou com mais uma surpresa e um grande presente para os fãs mais antigos, a participação especial durante a penúltima música do baixista original do Hibria, o grande não só em habilidade, técnica e talento, mas também em altura, Marco Panichi!

Esse foi um dos ápices para mim, que estava fotografando e ainda fazendo anotações para escrever esta matéria. Ao invés de sair do palco para dar lugar à Panichi, Assis continuou no palco e os dois tocaram JUNTOS, ao mesmo tempo as linhas da música. GURIZADINHA DO MAL! Imagino que eu e grande parte do público quase tivemos um ataque cardíaco. JURO! Se o público estava quase colocando o Opinião abaixo antes, nessa hora eu tenho certeza, fecharam para reformas estruturais! Esse foi um dos acontecimentos mais sensacionais que já presenciei em um show! Tocando juntos, ao mesmo tempo sem errar uma nota e com um toque a mais, Panichi simplesmente não parava no palco! Jogava o baixo para cima, dava voltas no corpo, girava, pulava, interagia com o público.

MEUS SENHORES, SENHORAS, JOVENS, RAPAZES E SENHORITAS!

Chegou um momento em que eu estava alucinado na frente do palco fotografando. Eu estava assistindo ao vivo o filho baixista de Axl Rose com Bruce Dickinson indo de um lado para o outro no palco, sem parar nem para respirar, enquanto destruía as linhas de baixo de uma música que nem lembro o nome, de tão vidrado que eu estava. Foi simplesmente... Não há palavras para descrever o que eu e todos que estavam no local estávamos presenciando. Se alguém tinha alguma dúvida de que o Hibria iria conseguir manter a qualidade de sempre, ela foi obliterada com esse show. O Hibria com a nova formação está melhor do que nunca e provou que irá continuar “desafiando as regras” por mais 30 anos!

 

terça-feira, 20 de maio de 2025

Cobertura de Show: Saxon – 06/05/2025 – Bar Opinião/RS

Cobertura por: Renato Sanson

Fotos: Giovanni Maglia

O Saxon retornava a capital gaúcha após seis anos e desta vez trouxe a tour comemorativa do clássico “Wheels of Steel” de 1980, que seria executado na íntegra! As vezes que passou por POA não consegui assisti-los, mas no final de semana anterior pude conferir o show dos britânicos no Bangers Open Air e já estava ansioso por está apresentação, já que, no festival não foi possível tocar “Wheels of Steel” na íntegra. Em um set mais compacto, mas não menos poderoso.

Uma verdadeira instituição do Heavy Metal mundial ali diante dos nossos olhos!

Mas antes de iniciarmos dois pontos precisam ser salientados: a questão acessibilidade do Bar Opinião que de fato parou no tempo e segue péssima. O local escolhido pela casa para os PCD’s poderem assistir o show beira o ridículo (já mencionei isso em coberturas anteriores e seguirei insistindo). Péssimo localizado e horrível para se enxergar o palco se a casa já está com certo número de presentes e no caso de um show que lotou como o desta noite, piora e muito.

Pois ficamos encobertos pelos os demais fãs e só enxergamos camisetas pretas à frente. Isso tudo por quê? Porque o local não tem a estrutura necessária e nem a padronização de altura para que se possa ver o palco. No meu caso, sou da velha escola e consigo dar o meu jeito de assistir o show, mas neste dia notei que as pessoas ao meu redor que estavam neste péssimo local, mal enxergavam o palco. Um desrespeito total, pois essas pessoas pagaram para estar ali e sabemos que o valor dos ingressos são elevados e você pagar para não ver nada é sacanagem.

Outro ponto em questão que beira o ridículo é a tal da “pista vip” em um local como o Bar Opinião, que, não tem uma estrutura para ter essa manobra de lucrar mais. O local em si já é uma grande pista com mezanino. Mas mesmo assim trazem a tal “vip” e os fãs vão lá e pagam por uma estrutura que deixa a desejar.

Voltando a noite metálica, além do Saxon tivemos as suíças do Burning Witches e a abertura da banda paulista URDZA de São Paulo.

Por volta das 19h30min os paulistas iniciam seu show e apresentam aquele típico Heavy Metal tradicional, guiado por melodias e bons riffs. Porém, as bandas de abertura sofrem sempre do mesmo mal, o som que não é satisfatório e isso prejudicou o URDZA que sofreu bastante, principalmente as guitarras que em muitos casos não se ouvia e também os vocais, que transitavam entre estar presente ou não. Uma pena, pois talento e personalidade mostraram que tem e muito jogo de cintura, pois mesmo com o mundo desabando não perderam a postura e entregaram um bom show dentre as possibilidades apresentadas.

Com o palco já montado e usando a estrutura do URDZA a Burning Witches chega a capital com seu Heavy mais melodioso e épico, com as meninas esbanjando simpatia e entrosamento. O som também não estava bom, parecia que tudo estava em mono, sem força, sem pressão, sem peso. Inclusive a abertura com “Unleash the Beast” não tínhamos as guitarras da dupla Courtney Cox e Simone Van Straten, que eram inexistentes e isso se refletia no palco, pois a bela frontwoman Laura Guldemond berrava para poder se ouvir.

Sem muitas melhoras sonoras o show seguiu e mostrou uma banda já polida ao vivo, trazendo muita energia e com ótimas musicistas. Mas de fato, a péssima qualidade de som tirou o brilho da apresentação das meninas que poderia ser muito mais impactante.

Após a curta apresentação da BW estávamos com um Bar Opinião lotado e meio apreensivos no quesito qualidade sonora, mas que foi embora logo de cara com a abertura de “Hell, Fire and Damnation” um som limpo, pesado e muito bem equalizado saiam dos PA’s e mostrava que os velhinhos que estão na “terceira idade” continuam tendo muita lenha para queimar.

É impressionante pensar que: Biff Byford (vocal - 74 anos), Doug Scarrat (guitarra - 65 anos), Brian Tatler (guitarra, (Diamond Head) - 65 anos), Nibbs Carter (baixo - 58 anos) e Nigel Glockler (bateria - 72 anos) entregam mais que um show, mas sim um épico! Seja em desempenho, seja em não usando partes pré-gravadas (como muitas bandas por aí que nem veteranas são), não usando a famosa telinha para o vocalista ler as letras...

É simplesmente o bom e velho Saxon destilando veneno sem artifícios. Cru, pesado e rico em melodias. Faltam elogios!

Então imagina para um show de 22 músicas! Isso mesmo, 22 músicas foram executadas nesta noite inesquecível em Porto Alegre e fez muito marmanjo chorar.

Dentre elas “Power and Glory”, “Backs to the Wall”, “Heavy Metal Thunder”, “The Eagle Has Landed”...

Isso somente para citar algumas da primeira parte, já que, a segunda parte do show tivemos o clássico “Wheels of Steel” em sua totalidade e falar o que de um álbum que só tem pedrada? “Motorcycle Man”, “Stand Up and Be Counted”, “Freeway Mad”, a faixa titulo e por ai vai...

Um show único e que fez a alegria dos headbangers mais antigos e fez muitos reviverem suas adolescências estando ali diante de seus ídolos.

Uma banda entrosada, sem espaço para falhas e muito comunicativos com os fãs. Biff é um dos maiores frontmans do mundo e uma das melhores vozes do Rock, interage, agita e leva emoção a plateia com suas interpretações únicas. A dupla Doug e Brian parecem que já tocam a séculos juntos e fazem tudo com precisão em uma chuva de riffs e solos memoráveis. O peso da cozinha cuidada por Nibbs e Nigel traz a agressividade e a diversificação necessária.

Os velhinhos voltam para o ato final de seu show, mas sem antes com mais um momento marcante, onde dois fãs atiram seus coletes em palco e Biff e Doug os veste para encerrar essa noite única em que tivemos a honra de presenciar.

Um encerramento digno de soluçar com: “Crusader”, “Denim and Leather”, “And the Bands Played On” e “Princess of the Night”. Alma lavada e penso ser difícil nos próximos vinte anos ter um show que supere esse do Saxon em terras gaúchas!

 

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Arde Rock: Hard Rock e Rock & Roll Inclusivo

 


“Seja com limitações, até onde você pode chegar?”

Com essa chamada a Arde Rock lançou seu o vídeo para a música “Encontrar as Respostas” - que está no seu mais recente álbum, “Seguir em Frente” - e não por acaso o clipe foi disponibilizado no dia 02/04, dia nacional de conscientização sobre o autismo.

Seguindo a característica marcante da banda em construir letras com mensagens positivas e de superação, usando experiências pessoais e da vivência do dia a dia, “Encontrar as Respostas” em seu enredo conta uma história em que o personagem, mesmo com suas dificuldades e limitações, vai perseguindo o seu sonho, buscando se encaixar. 


Todos temos algum tipo de dificuldade ou limitação, alguns mais que os outros, temos nossas lutas internas, e creio que cada um verá algo de si na história que se passa no vídeo,ou pelo menos lembrará de alguém próximo. 

A metáfora da máscara que o personagem usa, ficou bem interessante, e deixa a abertura para interpretações. Pode ser uma proteção que ele criou ao seu redor, e a busca ainda da sua identidade e onde se encaixa no mundo. 

Ele está procurando respostas, e chegamos então ao que diz a letra da música, e destaco aqui o refrão “Atos são fatos e falam à alma, para encontrar as respostas é preciso ter calma.” 


De comunicação simples, fala a todos, e sem ultrapassar aquela barreira que leva a “positividade tóxica” que muitos incorrem, a Arde Rock procura levar mensagens e energia positiva e renovadora através da música, que é uma das melhores terapias que existem. 

A banda também já é conhecida pelo trabalho que faz nas escolas, levando a música e profissionais da saúde para falar sobre questões importantes de bem estar mental e inclusão social.

Música é remédio para a alma, e na bula não tem contra indicações. Use Rock & Roll e Arde Rock sem moderação! (Bom, de volume talvez, dependendo da ocasião hahahaha).

Confira o vídeo no canal do YouTube da Arde Rock, lembrando também que os três álbuns da banda estão nas principais plataformas.



“Arde Rock desde 2008 levando o VELHO ROCK, criando motivos para que todos tenham ALGO A ZELAR e inspirando pessoas a SEGUIR EM FRENTE.”

Texto: Caco Garcia 
Fotos: Divulgação e Arquivo da banda 

domingo, 18 de maio de 2025

Cobertura de Show: Foreigner – 10/05/2025 – Espaço Unimed/SP

O tempo frio, nublado e chuvoso de sábado, dia 10 de maio, não deixou as pessoas sossegadas em casa. Muito pelo contrário: as ruas e os comércios estavam tomados por gente comprando, de última hora, o presente das mães para o dia seguinte. Mas, além disso, muitos rumaram ao bairro da Barra Funda para assistir a dois shows. Não, não fui ver o System of a Down, que foi a escolha da maioria. Sendo diferente de todos, optei, é claro, pelo show do Foreigner.

Formada em 1976, com nove álbuns de estúdio e cerca de 80 milhões de discos vendidos, a banda é uma das mais bem-sucedidas da história do rock. Além disso, ajudou a definir o estilo AOR ao lado de nomes como Journey e Toto. Quer mais? Eles também são responsáveis por uma das músicas mais famosas do mundo, “I Want to Know What Love Is”, que, tenho certeza, você já ouviu em algum lugar – numa festa, na rádio ou até no ambiente de uma loja.

A última vez que o Foreigner veio ao Brasil foi em 2013, ou seja, quase 12 anos sem a presença deles por aqui. O Espaço Unimed, local escolhido para essa tão esperada volta, não atingiu sua lotação máxima, mas recebeu um público bem expressivo. Como se trata de uma banda de outra época, arrisco dizer que a maioria das pessoas ali tinha entre 50 e 60 anos. Poucos eram menores de 30 ou estavam por volta dessa idade. Ainda assim, havia gente de todas as gerações na plateia, mostrando que o grupo conseguiu conquistar novos fãs ao longo do tempo. E a grande surpresa da noite foi a participação de Lou Gramm, vocalista original da banda, que se afastou dos palcos por motivos de saúde.

Os vocalistas Eric Martin e Jeff Scott Soto, muito queridos pelos brasileiros, trouxeram o melhor de suas carreiras como uma forma rápida de recarregar as energias antes do grande momento da noite.

Acompanhados por BJ (que fez backing vocal, guitarra e teclado), Leo Mancini (guitarra), Henrique Canale (baixo) e Edu Cominato (bateria) – integrantes do Spektra –, Eric foi o primeiro a reviver alguns dos momentos mais marcantes ao lado do Mr. Big. Começou com a animada “Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)”, seguida por “Take Cover”, uma faixa mais calma. Esse clima mais introspectivo permaneceu até o final do show, com baladas como “Wild World”, “Shine” e “Green-Tinted Sixties Mind”.

Comparando com a última vez em que vi Eric com o Mr. Big – no último show da banda no Brasil durante o Summer Breeze – ele se saiu melhor desta vez. Naquele momento, achei sua voz abaixo do esperado. Agora, com o apoio do Spektra (como mencionado), ele conseguiu dar um gás extra às músicas. Para Edu Cominato, foi como estar em casa: ele teve a oportunidade de tocar com o Mr. Big nos últimos shows da banda. No geral, foi uma participação agradável e bastante proveitosa.


Se Eric trouxe uma atmosfera mais calma, Jeff Scott Soto foi o oposto. Sua entrada com “This House Is on Fire”, faixa do novo álbum do W.E.T., APEX – lançado em março –  deixou todo mundo empolgado. Depois veio “I’ll Be Waiting”, do Talisman, um dos maiores hits dele, que fez todo mundo cantar junto na hora do refrão. Ainda rolou um medley incrível com “Warrior” e “Fool, Fool”, relembrando os tempos em que Jeff fazia parte da banda do guitarrista Axel Rudi Pell.

É impressionante pensar que, quase chegando aos 60 anos, Jeff ainda mantém uma voz impecável. Prova disso foi a clássica “Crazy”, cover de Seal, que mostrou toda sua versatilidade e como consegue encaixar seu talento em diferentes estilos musicais. Depois veio “Alive”, do Sons of Apollo; no entanto, por algum motivo – talvez uma brincadeira – Jeff e seus parceiros do Spektra não conseguiram executá-la após três tentativas frustradas. No lugar dela entrou “Separate Ways”, do Journey.

O encerramento ficou por conta de dois duetos entre Jeff e Eric, cada um cantando uma música marcante de suas carreiras. “Livin' the Life”, que fez parte da trilha sonora do filme Rock Star, chegou a levantar suspeitas de uma participação de Jeff Pilson no palco antes de finalizar com “To Be with You”, sucesso nas rádios e um verdadeiro clássico.

Exatamente às 22h em ponto, sob uma iluminação pulsante, o Foreigner entrou no palco com força total. Começaram com hits dos anos 70: “Double Vision” e “Head Games”, que receberam uma recepção calorosa graças à performance impecável dos músicos, dando para perceber como seria a noite.

Atualmente, ninguém na banda faz parte da formação original. A dupla de guitarristas, contendo Bruce Watson e mais um que não consegui identificar o nome, está entre os pontos altos dessa fase atual, entregando riffs e solos incríveis – até mais pesados e impactantes do que nas versões originais.

E o baixista Jeff Pilson? Conhecido pelos trabalhos com Dokken e Dio, ele foi praticamente o maestro da noite: circulava pelo palco interagindo com os colegas e mostrou ser muito mais do que um excelente baixista, mas também um ótimo pianista. Sua participação em “Cold as Ice”, um dos maiores sucessos da banda nessa noite, foi um bom exemplo disso, fazendo que muitas vozes começassem a se levantar.

Mas quem realmente roubou a cena foi Luis Maldonado, responsável pelos vocais principais nesta turnê devido à impossibilidade de Kelly Hansen sair dos EUA por problemas com visto. E esse cara cantou demais! Foi algo fora do comum.

O setlist seguiu com a famosa “Waiting for a Girl Like You”, trazendo um clima mais romântico e aconchegante naquela noite fria. Depois veio “That Was Yesterday”, com seus teclados marcantes que deixaram todo mundo em transe, preparando o terreno para as divertidas “Dirty White Boy” e “Feels Like the First Time”, que fizeram muita gente dançar.

Em “Urgent”, o palco foi tomado por um espetáculo de luzes vibrantes e explosões de fumaça. Logo em seguida, o tecladista Michael Bluestein e o baterista Chris Frazier assumiram o centro das atenções com seus respectivos solos.

Com a banda completa novamente no palco, “Juke Box Hero” foi a deixa não só para os momentos finais do show, mas também para a entrada do grande convidado da noite. Bastou Lucas pegar mais um microfone e posicionar um pedestal ao seu lado para que o público começasse a chamar por Lou Gramm, e ele apareceu para cantar os versos finais da música.

Ao adentrar no palco, já deu para notar sua dificuldade de locomoção. Sua voz até soou bem, embora distante dos tempos áureos, o que já era de se esperar. Mas só o fato de vê-lo ali, mesmo que por alguns instantes, já fez tudo valer a pena.

“Long, Long Way From Home” foi o pedágio para o grande momento da noite, com a nada menos que “I Want to Know What Love Is”. Vê-la cantada ao vivo pela voz original arrancou prantos da maioria dos presentes. “Hot Blooded” encerrou a apresentação de forma animada.

O show foi uma parte importante da turnê de despedida da banda. É uma decisão compreensível, embora também cause uma certa tristeza, já que foi a última oportunidade de assistir ao vivo aos clássicos que fizeram parte desse espetáculo e que marcaram época. Daqui por diante, só nos resta guardar com carinho essa noite inesquecível na memória e continuar celebrando o legado deles através das músicas que nos conquistaram ao longo do tempo.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Mercury Concerts



Eric Martin – setlist:

Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)

Take Cover

Wild World

Shine

Green-Tinted Sixties Mind


Jeff Scott Soto – setlist:

This House Is on Fire / I'll Be Waiting

Warrior / Fool Fool

Crazy (Seal cover)

Separate Ways (Worlds Apart) (Journey cover)


Jeff Scott Soto / Eric Martin – setlist:

Livin' the Life

To Be With You


Foreigner – setlist:

Double Vision

Head Games

Cold as Ice

Waiting for a Girl Like You

That Was Yesterday

Dirty White Boy

Feels Like the First Time

Urgent

Juke Box Hero (com Lou Gramm)

Long, Long Way From Home (com Lou Gramm)

I Want to Know What Love Is (com Lou Gramm)

Hot Blooded (com Lou Gramm)

Cobertura de Show: BEAT – 09/05/2025 – Espaço Unimed/SP

Fui ao show da BEAT sem saber exatamente o que esperar, e saí com a certeza de ter testemunhado algo raro, poderoso e memorável.

A formação do grupo já impressiona por si só: Adrian Belew (guitarra) e Tony Levin (baixo), pilares da icônica fase oitentista do King Crimson, se unem a dois gigantes da música – Steve Vai (guitarra, ex-Alcatrazz, ex-David Lee Roth e ex-Whitesnake) e Danny Carey (bateria, Tool) – para reinterpretar, com brilho e respeito, uma das fases mais ousadas do rock progressivo.

Mais do que um tributo, o BEAT é uma celebração viva do legado do King Crimson dos anos 80. Belew e Levin trouxeram autenticidade e alma, enquanto Vai e Carey assumiram – com maestria e personalidade – os desafiadores papéis de Robert Fripp e Bill Bruford. O resultado foi uma performance tecnicamente impecável, carregada de energia, emoção e uma fidelidade impressionante ao som original sem soar engessada ou nostálgica demais.

O repertório percorreu a trilogia Discipline, Beat e Three of a Perfect Pair, alternando momentos densos e experimentais com canções mais acessíveis e cativantes. A construção do setlist foi cirúrgica, com os grandes destaques reservados para a segunda metade, como um lado B que explode de intensidade e recompensa.

O clima da apresentação era hipnótico – uma atmosfera psicodélica envolvente do começo ao fim. Mesmo com sua sonoridade nada convencional, a banda conseguiu prender a atenção do público com facilidade. Cada música parecia crescer em camadas, revelando a complexidade das composições e o entrosamento absurdo entre os músicos.

Aplaudidos de pé, o BEAT entregou mais que um show: foi uma experiência única, um encontro de mestres que transformaram nostalgia em vanguarda. Saí de lá com a sensação de ter participado de algo histórico – e, sinceramente, já torcendo para que essa turnê ganhe vida longa


Texto: Leticia Spizirri

Fotos: Reinaldo Canato / Ricardo Matsukawa

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Mercury Concerts

Press: Catto Comunicação


BEAT – setlist 1:

Neurotica

Neal and Jack and Me

Heartbeat

Sartori in Tangier

Model Man

Dig Me

Man With an Open Heart

Industry

Larks' Tongues in Aspic (Part III)


BEAT – setlist 2:

Waiting Man

The Sheltering Sky

Sleepless

Frame by Frame

Matte Kudasai

Elephant Talk

Three of a Perfect Pair

Indiscipline

Bis

Red

Thela Hun Ginjeet