O Farpado é um daqueles tantos novos nomes que surgem na cena e merecem ser "descobertos". O faz um Thrash/Death Metal e foi fundado em Campos Gerais (MG), em fevereiro de 2023. Contando com a dupla Eduardo Oliveira no vocal e Clayton Ferreira nos demais instrumentos, eles contam que o Farpado surgiu da vontade de compor e gravar material autor
E sem contar com capital para investir a dupla conta em seu release: "Nós mesmos demos nosso sangue pra aprender o que era necessário para gravar e produzir o álbum, além de criar a arte da capa."
A banda foi criada e já iniciou trabalhando firme, lançou inicialmente os singles “Autofagia” e “Invasão” com videoclipes criados pelo coletivo Motim Underground, e em dezembro de 2023 foi lançado o primeiro álbum: “Devorador de Sí”.
O álbum contém nove faixas e o grupo enfatiza que seu foco é o peso e crítica social. Com letras todas em português, eles contam que elas tratam "da destruição causada por nós ao meio ambiente e as nossas escolhas egoístas e cruéis que mantém tantos em miséria."
E o que ouvimos é exatamente isso, peso e crítica social com letras bem elaboradas, sonoridade Thrash, às vezes com nuances mais contemporâneas e passagens com riffs bem Death, além de Flertes com o Crossover, destacando a criatividade do trabalho de Clayton, criando bases e riffs que empolgam e convidam ao headbanging. Além claro, de ser responsável por gravar os demais instrumentos.
Falando um pouco sobre algumas das faixas desta muito boa surpresa vinda de Minas, destaco já a "Lamaçal", que alterna momentos mais velozes a outros com mais "Groove" e andamentos mais lentos. O vocal alterna o gutural com trechos mais berrados e "discursados" e limpos.
"Autofagia" alterna trechos mais compassados com outros mais diretos e mais rápidos, inclusive trechos com riffs e cozinha Death Metal, além do solo áspero e cortante; "Invasão", cuja letra fala sobre a subjugação histórica de povos sobre outros, tentando inclusive impor seus costumes e não respeitando as culturas diversas. Thrash porrada, que termina flertando com o Punk/Hardcore.
"Estrutura Biológica" é Thrash/Death, alternando trechos meio tempo com outros mais arrastados, numa levada Doom Metal de riffs soturnos e pesadíssimos. Tem também participação de Francieli Oliveira nos vocais, médica e musicista mineira, que mandou muito bem, alternando vocais agressivos e mais limpos.
"Discriminação", o título já fala por si só, então você já sabe que a letra trata de um assunto que infelizmente ainda a humanidade precisa muito evoluir. Com seu andamento arrastado e peso esmagador, nos incita a bangear de punhos cerrados contra todos os tipos de discriminação.
"Acrobata da Dor" , poema de Cruz e Sousa aqui recebendo uma musicalidade Metal, mais um dos pontos altos, com suas variações e peso, unindo o Thrash e Death. Lembrando de destacar as variações vocais de Eduardo Oliveira no álbum, alternando vocais guturais, limpos e mais "berrados", bem Thrash tradicional.
Resumindo, uma boa surpresa, Thrash/Death pesado e direto, mas ainda assim com variações que mantém o interesse do ouvinte e convidam a bater cabeça. Em pouco mais de meia hora apresenta credenciais de assumir o posto de uma das boas revelações do cenário Metal nacional. Confira!!
Maestro Mistheria iniciou cedo na música, sendo pianista, tecladista, tecladista e organista, produtor e compositor, envolvido tanto nos gêneros clássico quanto no rock/metal. (Read The english version here)
Após a formatura - com partitura integral - no Conservatório de Música no curso "Órgão e Composição", Mistheria iniciou sua carreira como artista solo, músico de sessão e produtor.
Possui inúmeras e prestigiadas colaborações, tanto em estúdio como ao vivo, com muitos artistas e grupos internacionais, entre eles sensações como Bruce Dickinson (Iron Maiden), Roy Z (Rob Halford), Rob Rock (Chris Impellitteri), Mike Portnoy, Steve Di Giorgio (Testamento), Jeff Scott Soto, Mike Terrana, Joel Hoekstra (Whitesnake), Mark Boals (Ring of Fire), Edu Falaschi (Angra, Almah).
Mistheria vem ao Brasil na turnê do novo álbum de Bruce Dickinson, e aproveitamos a ocasião para conversar a respeito do seu trabalho com o lendário vocalista do Iron Maiden, e claro, um pouco sobre sua carreira solo, o fantástico Vivaldi Metal Project e muito mais.
RtM: Olá Maestro, obrigado por reservar um tempo para esta entrevista. E em breve você estará aqui no Brasil junto com Bruce Dickinson na turnê do álbum "The Mandrake Project". Acredito que suas expectativas devem ser altas com a turnê e a visita à América do Sul.
Mistheria: Olá e obrigado por me convidar para a entrevista. Teremos 7 shows no Brasil. Eu sei que Bruce tem uma base de fãs enorme, muito leal e entusiasmada. Estou realmente ansioso para compartilhar alguns momentos emocionantes com o público brasileiro. Não vejo a hora!
RtM: Acredito que também ajudará mais pessoas a conhecerem o seu trabalho aqui. Haverá algum espaço no show para um solo de teclado, talvez? Você planeja algo especial para as apresentações?
Mistheria: Sim, também há alguns espaços para meus solos de teclado, o show é cheio de momentos interessantes.
RtM: Você tocou em outros dois trabalhos de Bruce, "Tyranny of Souls" e "Scream for me Sarajevo", conte-nos um pouco sobre como surgiram essas oportunidades, e como você se sente fazendo parte do trabalho solo de Bruce novamente tantos anos depois?
Mistheria: Em 2003 fui contactado por Roy Z com quem já tive o grande prazer de trabalhar no álbum “Eyes of Eternity” de Rob Rock. Roy estava trabalhando em “Tyranny of Souls” de Bruce e me pediu para gravar os teclados daquele álbum. Continuamos a colaborar nos álbuns “Holy Hell” e “Garden of Chaos” de Rob Rock.
Começamos a trabalhar no “The Mandrake Project” de Bruce em 2012 e finalmente o temos em mãos agora. O processo de gravação foi intenso, criativo e emocionante. Estou muito feliz que esta nova obra-prima esteja agora disponível para todos ouvirem.
RtM: E como é trabalhar com uma lenda como Bruce? Você teve espaço para colaborar nas composições? Vejo que nesse novo álbum o teclado tem muito mais participação.
Mistheria: No “The Mandrake Project” tive a oportunidade de gravar muitos teclados e trabalhar em algumas orquestrações, além de dar vazão a muitas ideias. Me inspirei em músicas tão lindas, e quando as demos incluíram os vocais de Bruce, finalizei todas as minhas partes.
Roy Z e Bruce me pediram para gravar o máximo possível, então eles trabalhariam nisso durante o processo de mixagem. Gosto muito deste processo de trabalho, é profundamente estimulante para mim. Eles também me deram algumas dicas e orientações a seguir. Foi fabuloso trabalhar com eles no álbum.
RtM: E sobre esse álbum, que tem uma atmosfera mais sombria, o que você poderia dizer sobre ele e quais músicas dele você mais gostou e gostaria de tocar ao vivo?
Mistheria: Difícil de responder :) Adoro todas as faixas! Gosto de adicionar um pouco de “cor” às músicas, ambientes sombrios, sons espaciais, órgãos e coros góticos, etc. Na verdade, tive a oportunidade de gravar muitos deles neste álbum, então estou muito satisfeito e feliz com o resultado. Eu adoraria tocar uma das minhas músicas favoritas ao vivo, “Afterglow of Ragnarok”, e de fato vamos tocar!
RtM: Agora falando sobre sua carreira em geral. Você começou na música muito jovem, segundo sua biografia, graças ao seu pai e a um amigo da família. Conte-nos um pouco sobre esse início e como era sua rotina.
Mistheria: Correto. Meus pais adoram música e meu pai me apresentou o acordeão que foi meu primeiro instrumento. Tive 7 anos de aulas particulares antes de ingressar no Conservatório de Música, e dez anos depois me formei em “Órgão e Composição”.
Minha rotina era praticar todos os dias, inclusive feriados e feriados, valeu a pena. Quando decidi me tornar músico profissional, abençoei todas as milhares de horas gastas no instrumento e nos livros.
RtM: E quais compositores mais te inspiraram naqueles primeiros anos?
Mistheria: Bach, Chopin, Vivaldi, Beethoven, Mozart, Liszt, para citar alguns.
RtM: E o interesse pelo Heavy Metal? Quando você começou e quais foram as principais influências que te inspiraram a se aprofundar no estilo?
Mistheria: Durante meus estudos acadêmicos comecei a ouvir Jon Lord e Keith Emerson, e claro suas bandas. Posteriormente Pink Floyd, Genesis, King Crimson, Yes e muitas outras bandas de rock progressivo dos anos 70 e 80.
RtM: Conte-nos um pouco sobre suas primeiras experiências no palco e quais foram suas primeiras aventuras com uma banda.
Mistheria: Minha primeira banda foi o Mirage, seguindo as influências da época, escrevemos rock progressivo também seguindo os passos de grupos da cena italiana como Il Banco e Le Orme.
Com o Mirage tive as minhas primeiras experiências em palco tocando em concertos de verão e competições para grupos emergentes. Uma primeira experiência de turnê, porém, foi com uma orquestra de entretenimento com a qual geralmente tocávamos música pop italiana e internacional. Eu tinha cerca de 18 anos.
RtM: Algumas pessoas mais puristas não gostam da mistura de música clássica e Heavy Metal, eu pessoalmente adoro e acho que os estilos têm muito em comum. Qual é a sua opinião sobre isso? E quais artistas ou bandas, além de você - que é mentor do maravilhoso projeto "Vivaldi Metal Project" - uniram melhor esses dois mundos?
Mistheria: Sou um músico clássico, mas sempre vi a música como uma expressão de 360 graus de sentimentos e emoções. A música não é um fim em si mesma, mas é o objetivo final da nossa expressão e das nossas emoções. Minha filosofia musical e minha criação, o Vivaldi Metal Project, são baseadas nisso.
Existem grandes bandas que combinam muito as duas esferas de um mesmo mundo musical, bandas que gosto muito como Epica, Rhapsody of Fire, Delain, Nightwish, Xandria, Yngwie Malmsteen, Beyond The Black, Adagio, e outros grupos da sinfônica -cena metálica.
RtM: Aproveitando a oportunidade, conte-nos um pouco como surgiu a ideia do “Vivaldi Metal Project”.
Mistheria: Já ouvia "As Quatro Estações" de Vivaldi quando frequentava a escola obrigatória. Coloquei esta maravilhosa obra-prima em loop durante meu dever de casa da escola.
Durante os meus estudos no Conservatório, nos momentos de descanso, gostava de fazer arranjos rock/metal das peças que estudava e trazia para as aulas, como os Prelúdios de Bach, as Danças Húngaras de Liszt, os Nocturnos de Chopin, etc.
Depois comecei a criar peças deste tipo a pedido, até que, numa noite de inverno, enquanto tocava piano no meu quarto, disse para mim mesmo: porque não arranjar toda a ópera “As Quatro Estações” de Vivaldi? Dito e feito...
RtM: Em 1998 você lançou sua primeira Rock Opera, "Imperator", gostaria que você nos contasse um pouco sobre ele, o seu conceito e processo criativo. Um álbum difícil de encontrar para ouvir, inclusive músicas deste álbum você rearranjou e gravou em álbuns posteriores. Quais foram os principais motivos que o levou a regravá-las?
Mistheria: "Imperator" foi uma coleção de músicas que eu escrevi, concebi e colecionei para um show meu chamado "Metamorphosis", no qual combinei vários artistas e diferentes formas de arte: música, dança, teatro, gráficos e vídeo .
A maioria eram músicas que estavam, portanto, ligadas a partes visuais, como vídeos e dança, ou que funcionavam como trilha sonora de partes narrativas. Por isso ouvir é um pouco “difícil”, porque falta uma parte fundamental, que é a visual. De qualquer forma, queria reunir estas músicas num álbum para relembrar este meu trabalho, quase um precursor do que seria o Vivaldi Metal Project cerca de 13-14 anos depois.
RtM: E sobre o álbum “Messenger of the Gods” (2004), que reuniu um time de estrelas e foi gravado em vários lugares diferentes. Conte-nos um pouco sobre como foi fazer esta produção e, claro, sobre o seu conceito.
Mistheria: Eu poderia dizer que “Messenger of the Gods” foi a sequência natural, depois de 3-4 anos, do show e álbum “Imperator”. A diferença foi que mudei meu caminho musical para caminhos mais difíceis, portanto Rock e Metal, e assim comecei oficialmente minha carreira como artista solo nos gêneros Neoclássico, Prog-Metal e Symphonic-Metal.
Para "Messenger of the Gods" tive cerca de 30 grandes músicos (Rob Rock, Mark Boals, Anders Johansson, Barry Sparks, Jeff Kollman, Matt Bissonette, Tommy Denander, George Bellas, só para citar alguns). Minha ideia de música é baseada na colaboração entre músicos e na troca de ideias para fazer vibrar as cordas da emoção.
RtM: Em 2010 temos "Dragon Fire", que eu pessoalmente gosto muito, e acho que é um álbum maravilhoso para quem gosta dessa mistura de Metal e música clássica com muita pompa e arranjos bombásticos! Conte-nos um pouco sobre esse álbum e como foi o impacto dele na época.
Mistheria: “Dragon Fire” é um álbum que solidificou minha presença no mundo do Metal, teve um grande impacto quando foi lançado e me deu a oportunidade de ser chamado para trabalhar com outros artistas e grupos que queriam meu tipo de som e arranjo , especialmente no teclado e no nível orquestral
Um trabalho com o qual tive o grande prazer e honra de ampliar minhas colaborações e escrever músicas com cantores fantásticos como John West, Rob Rock, Mark Boals, Lance King e Titta Tani. As músicas têm aquela combinação e equilíbrio ideal para mim entre Metal, Prog e Sinfônico. Eu estou muito satisfeito com isso. Fico feliz em saber que você também gostou.
RtM: Em relação aos seus projetos instrumentais destaco “Gemini” (2017), onde você traz composições próprias e versões de obras de Beethoven e Vivaldi, onde novamente você traz essa união da música clássica e do Metal; e os álbuns "Dreams" (2020) e "Solo Piano" (2021) têm foco mais clássico. Gostaria que você fizesse um breve comentário sobre cada uma dessas obras.
Mistheria: “Gemini” é um álbum instrumental, então pude dar rédea solta às minhas intenções como pianista, tecladista e instrumentista. As formas das músicas permanecem, para mim, quase as mesmas de uma música cantada, gosto de estruturas claras e compreensíveis até para obras instrumentais. Este álbum também reúne músicas de diferentes anos, algumas gravadas novamente (por exemplo "My Dear Chopin") e outras finalizadas após muitos anos em que apenas as toquei ao vivo.
Reúne meu repertório instrumental de Metal de 1992 a 2017. "Solo Piano" e "Dreams" fazem parte da minha esfera "Clássica", na qual gosto de me deixar levar pelo suave, intimista, new age, ambiente, clássico atmosferas e sons. Há também um terceiro álbum nesta categoria, "Keys of Eternity". Eu executo essas três obras frequentemente ao vivo em meus concertos solo.
RtM: E citando experiências diversas, como você é um músico que está sempre em busca de desafios e criando coisas novas, um trabalho muito interessante foi a homenagem a Whitney Houston. Gostaria que você falasse um pouco sobre isso e se já pensou em fazer outros na mesma linha, talvez abordando vários ícones Pop. Elton John, por exemplo, acho que por ele ser pianista também seria muito interessante.
Mistheria: Muitos trabalhos que publiquei são pedidos de algumas produtoras e gravadoras, foi o caso também da homenagem a Whitney Houston (uma artista que adoro). Pediram-me especificamente para arranjar cerca de dez músicas e tocá-las principalmente com o Keytar (um instrumento que adoro igualmente :) Também fiz arranjos e gravei outras compilações de músicas pop internacionais, principalmente no piano, então, em parte, já realizei a ideia que você sugere.
RtM: São dezenas de trabalhos que você já gravou entre álbuns solo e participações pois não poderemos cobrir todos aqui, então gostaria que você destacasse os mais recentes como os álbuns com Chaos Magic, Kattah e Nova Luna, por exemplo. Quais você mais gostou de participar e se teve algum que foi mais desafiador para você.
Mistheria: Gosto de todas as colaborações que faço, caso contrário não as faria. É claro que existem colaborações que têm mais sucesso do que outras, por diversas razões, e eu pessoalmente prefiro algumas a outras, novamente por diversas razões.
Em todo caso, também porque você mencionou, certamente a colaboração, tanto em estúdio quanto ao vivo, com a fantástica cantora chilena e amiga Caterina Nix e seu projeto “Chaos Magic” é um dos mais queridos para mim. Excluo da lista, porque estamos falando de uma lenda viva, a colaboração com Bruce Dickinson e Roy Z que, tanto a nível artístico como humano, é parte integrante e inseparável da minha carreira e vida.
RTM: Claro! O trabalho com Bruce e Roy é hors concours. Bom, para finalizar, gostaria que você definisse o que a música significa para você e o que você acha importante para um artista, para que você não perca a paixão por criar coisas novas e se torne obsoleto.
Mistheria: Acredito que já respondi amplamente esta última pergunta nas anteriores :)
Em qualquer caso, e resumindo o que foi dito antes, para mim a Música é uma finalização e forma última dos sentimentos e emoções do ser humano, e só a interação entre diferentes músicos (portanto diferentes personagens, personalidades e mentes) pode ser expressa na melhor forma e integridade possíveis.
Esta abordagem torna a criação musical sempre viva, emocionante, nova, excitante, projetada no futuro.
Maestro Mistheria started early in music, being a pianist, keyboardist, keyboardist and organist, producer and composer, involved in both classical and rock/metal genres.
After graduating - with full score - from the Conservatory of Music on the "Organ and Composition" course, Mistheria began his career as a solo artist, session musician and producer.
He has numerous and prestigious collaborations, both in the studio and live, with many international artists and groups, including sensations such as Bruce Dickinson (Iron Maiden), Roy Z (Rob Halford), Rob Rock (Chris Impellitteri), Mike Portnoy, Steve Di Giorgio (Testament), Jeff Scott Soto, Mike Terrana, Joel Hoekstra (Whitesnake), Mark Boals (Ring of Fire), Edu Falaschi (Angra, Almah).
Mistheria comes to Brazil on tour for Bruce Dickinson's new album, and we took the opportunity to talk about his work with the legendary Iron Maiden singer, and of course, a little about his solo career, the fantastic Vivaldi Metal Project and much more .
RtM: Hello Maestro, thank you for taking the time for this interview. And soon you will be here in Brazil together with Bruce Dickinson on the tour for the album "The Mandrake Project". I believe your expectations must be high with the tour and visiting South America.
Mistheria: Hello and thank you for inviting me to the interview. We will have 7 shows in Brazil. I know Bruce has a huge, very loyal and enthusiastic fan base there. I'm really looking forward to sharing some exciting moments with the Brazilian audience. Thrilled!
RtM: I believe it will also help more people get to know your work here. Will there be any space in the show for a keyboard solo perhaps? Do you plan something special for the presentations?
Mistheria: Yes, there are also some spots for my keyboard solos, the show is full of many interesting moments.
RtM: You played on two other works by Bruce, "Tyranny of Souls" and "Scream for me Sarajevo", tell us a little about how these opportunities came about, and how do you feel being part of Bruce's solo work again so many years later?
Mistheria: In 2003, I was contacted by Roy Z with whom I had already had the great pleasure of working on Rob Rock's album “Eyes of Eternity”. Roy was working on Bruce's “Tyranny of Souls” and asked me to record keyboards on that album. We continued to collaborate on Rob Rock's albums “Holy Hell” and “Garden of Chaos”.
We started working on Bruce's “The Mandrake Project” in 2012 and we finally have it in our hands now. The recording process was intense, creative, and exciting. I'm really happy that this new masterpiece is now available for anyone to listen to.
RtM: And what's it like working with a legend like Bruce? Did you have space to collaborate on the compositions? I see that on this new album the keyboard has much more participation.
Mistheria: On “The Mandrake Project” I had the opportunity to record a lot of keyboards and work on some orchestrations, and give vent to a lot of ideas. I was inspired by such beautiful songs, and when the demos included Bruce's vocals, I finalized all my parts.
Roy Z and Bruce asked me to record as much as possible, then they would work on it during the mixing process. I really enjoy this working process, it is deeply stimulating for me. They also gave me some tips and directions to follow. It was fabulous working with them on the album.
RtM: And about this album, which has a darker atmosphere, what could you say about it and which songs from it did you like the most and would like to play live?
Mistheria: Hard to answer :) I love all the tracks! I like adding some “color” to songs, dark atmospheres, spacey sounds, gothic organ and choirs, etc. I actually had the chance to record a lot of them on this album, so I'm really satisfied and happy with the result. . I would love to play one of my favorite songs live, “Afterglow of Ragnarok”, and in fact we will!
RtM: Now talking about your career in general. You started playing music at a very young age, according to your bio thanks to your father and a family friend. Tell us a little about the beginning and what your routine was like.
Mistheria: Correct. My parents love music and my father introduced me to the accordion which was my first instrument. I followed 7 years of private lessons before entering the Conservatory of Music, and ten years later I graduated in "Organ and Composition".
My routine was to practice every day, including holidays and holidays, it was worth it. When I decided to become a professional musician, I blessed all the thousands of hours spent on the instrument and books.
RtM: And which composers inspired you most in those early years?
Mistheria: Bach, Chopin, Vivaldi, Beethoven, Mozart, Liszt, to name a few.
RtM: And the interest in Heavy Metal? When did you start and what were the main influences that inspired you to delve deeper into the style?
Mistheria: During my academic studies I started listening to Jon Lord and Keith Emerson, and of course their bands. Subsequently Pink Floyd, Genesis, King Crimson, Yes and many other prog-rock bands of the 70s and 80s.
RtM: Tell us a little about your first experiences on stage and what your first adventures were with a band.
Mistheria: My first band was Mirage, following the influences of the time, we wrote prog-rock also following in the footsteps of groups from the Italian scene such as Il Banco and Le Orme.
With Mirage I had my first experiences on stage playing in summer concerts and competitions for emerging groups. A first touring experience, however, was with an entertainment orchestra with which we generally performed Italian and international Pop music. I was about 18 years old.
RtM: Some more purist people don't like the mix of classical music and Heavy Metal, I personally love it and I think the styles have a lot in common. What is your opinion about it? And which artists or bands, besides you - who are the mentor of the wonderful project "Vivaldi Metal Project" - best united these two worlds?
Mistheria: I am a classical musician, but I have always seen music as a 360-degree expression of feelings and emotions. Music is not an end in itself, but it is the ultimate goal of our expression and our emotions. My musical philosophy and my creation, the Vivaldi Metal Project, are based on this.
There are great bands that greatly combine the two spheres of the same musical world, bands that I really like such as Epica, Rhapsody of Fire, Delain, Nightwish, Xandria, Yngwie Malmsteen, Beyond The Black, Adagio, and other groups from the symphonic-metal scene.
RtM: Taking advantage of the opportunity, tell us a little about how the idea for the "Vivaldi Metal Project" came about.
Mistheria: I listened to Vivaldi's "The Four Seasons" already when I attended compulsory school. I put this wonderful masterpiece on loop during my school homework.
During my studies at the Conservatory, in my moments of rest, I enjoyed making rock/metal arrangements of the pieces I studied and brought to class, such as Bach's Preludes, Liszt's Hungarian Dances, Chopin's Nocturnes, etc.
Then I started creating pieces of this type on request, until, one Winter night, while playing the piano in my room, I said to myself: why not arrange Vivaldi's entire opera “The Four Seasons”? No sooner said than done...
RtM: Still on the "Vivaldi Metal Project", “The Four Seasons” featured more than 130 Metal/Classical artists, orchestra, string quartet and choir. The project was acclaimed as the greatest Symphonic-Metal Opera ever created! Tell us a little about what it was like working with so many artists, and what the composition and recording process was like, which must have been a lot of work!! How long did it take to complete this project?
Mistheria: The first album “The Four Seasons” has around 130 artists, the second "EpiClassica" almost 200, plus orchestra and choir in both works. The process was certainly long and tiring, it required a lot of my time and energy but when you work with great musicians and rely on very good and talented collaborators, the work gives great satisfaction and you are happy to have undertaken such a path.
The ever-smooth recording process took place primarily online as the participating musicians are spread across the globe. Work on the first album lasted about two and a half years, on the second about three years. I consider the Vivaldi Metal Project a dream that I was able to realize and that will always remain glued to my career and my life.
RtM: And regarding the Vivaldi Metal Project's second album, "Epiclassica", in addition to compositions by other classical musicians and not just Vivaldi, as in "The Four Seasons", what are the other differences between the two works? Such as the lyrical concept and the greater number of artists involved in the latter.
Mistheria: The new Vivaldi Metal Project album “EpiClassica” does not only feature classical masterworks by Antonio Vivaldi, but the works of other great composers such as Tomaso Albinoni, Johann S. Bach, Ludwig van Beethoven, Johannes Brahms, Antonín Dvořák, Gabriel Fauré, Franz Liszt, Wolfgang A. Mozart, Camille Saint-Saëns, and Franz Schubert.
While based on classical themes, these songs are largely composed of original material, representative of Vivaldi Metal Project’s symphonic-metal style.
The Vivaldi Metal Project’s first record revolved around the concept of the various "seasons" of human life - from birth to death. As a continuation of the last, this new album explores the "seasons" of our emotional experience as human beings - from joys to sorrows and from frailty to deep strength. Each song creates a rich musical tapestry expressing the “colors” of raw human emotion, while weaving a common thread throughout the album.
RtM: And if you are planning a new album in the future? And in a New album, what artists do you like to have on It?
Mistheria: The third studio album is in the works, there are already concepts, ideas, and some demos ready. As for the line-up, for this new album I decided to change the direction a bit, in fact it will be recorded by the musicians who are part of the live band, and some (few) amazing special guests from the world Metal scene .
RtM: In 1998 you released your first Opera Rock, "Imperator", I would like you to tell us a little about it, concept and creative process. An album that is difficult to find to listen to, including songs from this album that you re-arranged and recorded on later albums. What were the main reasons that led you to re-record them?
Mistheria: "Imperator" was a collection of songs that I had written, conceived, and collected for a live show of mine called "Metamorphosis", in which I combined various artists and different art forms: music, dance, theater, graphics and video.
Most were songs that were therefore linked to visual parts, such as videos and dance, or which acted as soundtracks to narrative parts. For this reason, listening is a little "difficult", because a fundamental part is missing, which is the visual one. In any case, I wanted to collect these songs in an album to remember this work of mine, almost a precursor of what would be the Vivaldi Metal Project about 13-14 years later.
RtM: And about the album "Messenger of the Gods" (2004), which brought together a team of stars and was recorded in several different places. Tell us a little about what it was like to make this production and, of course, about its concept.
Mistheria: I could say that "Messenger of the Gods" was the natural sequel, after 3-4 years, to the show and album "Imperator". The difference was that I moved my musical path to harder roads, therefore Rock and Metal, and therefore officially began my career as a solo artist in the Neoclassical, Prog-Metal, and Symphonic-Metal genres.
For "Messenger of the Gods" I had about 30 great musicians (Rob Rock, Mark Boals, Anders Johansson, Barry Sparks, Jeff Kollman, Matt Bissonette,Tommy Denander, George Bellas, just to name a few). My idea of music is based on collaboration between musicians and the exchange of ideas to make the strings of emotion vibrate.
RtM: In 2010 we have "Dragon Fire", which I personally really like, and I think it's a wonderful album for those who like this mix of Metal and classical music with lots of pomp and bombastic arrangements! Tell us a little about it and what the impact was like at the time.
Mistheria: "Dragon Fire" is an album that solidified my presence in the Metal world, it had a great impact when it was released and gave me the opportunity to be called to work with other artists and groups who wanted my type of sound and arrangement, especially on the keyboard and orchestral level.
A job with which I had the great pleasure and honor of expanding my collaborations and writing songs with fantastic singers such as John West, Rob Rock, Mark Boals, Lance King, and Titta Tani. The songs have that ideal combination and balance for me between Metal, Prog, and Symphonic. I am very satisfied with it. I'm glad to know that you like it too.
RtM: Regarding your instrumental projects, I highlight "Gemini" (2017), where you bring your own compositions and versions of works by Beethoven and Vivaldi, where again you bring this union of classical music and Metal; and the albums "Dreams" (2020) and "Solo Piano" (2021) are more classically focused. I would like you to make a brief comment on each of these works.
Mistheria: "Gemini" is an instrumental album, so I was able to give free rein to my intentions as a pianist, keyboardist, and instrumentalist. The forms of the songs remain, for me, almost the same as those of a sung song, I like clear and understandable structures even for instrumental works. This album also collects songs from different years, some recorded again (for example "My Dear Chopin") and others finalized after many years in which I only performed them live.
It collects my instrumental Metal repertoire from 1992 to 2017. "Solo Piano" and "Dreams" are part of my "Classical" sphere, in which I like to let myself be carried away by soft, intimate, new-age, ambient, classical atmospheres and sounds. There is also a third album in this category, "Keys of Eternity". I perform these three works very often live in my solo concerts.
RtM: And citing different experiences, as you are a musician who is always looking for challenges and creating new things, a very interesting work was the tribute to Whitney Houston. I would like you to talk a little about it and if you have thought about doing others in the same vein, perhaps approaching various Pop icons. Elton John, for example, I think that because he is a pianist too, it would be very interesting.
Mistheria: Many works that I have published are requests from some productions and record companies, this was also the case for the tribute to Whitney Houston (an artist I adore). I was specifically asked to arrange about ten songs and perform them mainly with the Keytar (an instrument that I adore equally:) I have also arranged and recorded other compilations of international Pop songs, mostly on the piano, so in part, I have already realized the idea you suggest.
RtM: There are dozens of works that you have already recorded, including solo works and participations, as we will not be able to cover them all here, I would like you to highlight the most recent ones, such as the albums with Chaos Magic, Kattah and Nova Luna, which ones did you most enjoy participating in and If there was one that was more challenging for you.
Mistheria: I like all the collaborations I do, otherwise I wouldn't do them. Of course, there are collaborations that succeed better than others, for various reasons, and I personally prefer some to others, again for various reasons.
In any case, also because you mentioned it, certainly the collaboration, both in the studio and live, with the Chilean singer and fantastic friend Caterina Nix and her project "Chaos Magic" is one of those dearest to me. I exclude from the list, because we are talking about a living legend, the collaboration with Bruce Dickinson and Roy Z who, both on an artistic and human level, is an integral and inseparable part of my career and life.
RtM: Sure! The Work with Bruce and Roy is hors concours. Well, finally, I would like you to define what music means to you and what you think is important for an artist so that you don't lose your passion for creating new things and become obsolete.
Mistheria: I believe that I have already largely answered this last question in the previous ones :)
In any case, and summarizing what was said before, for me Music is a finalization and ultimate form of the feelings and emotions of the human being, and only the interaction between different musicians (therefore different characters, personalities, and minds) can be expressed in the best possible form and completeness.
This approach makes musical creation always alive, exciting, new, exciting, projected into the future.
Finalmente, o Brasil vem recebendo nomes
importantes da história do Hard Rock mundial. No ano passado, os vocalistas
Johnny Gioeli (Hardline, Axel Rudi Pell) e Danny Vaughn (Waysted, Tyketto)
fizeram shows excelentes para os apreciadores do estilo que se quer, ou jamais,
imaginavam que um dia eles pudessem estar por aqui. Neste mês de março, a
capital de São Paulo recebeu Crazzy Lixx, Pretty Boy Floy e Stevie Rachelle (vocalista
do Tüff) no GlamMetal Fest. E para ficar ainda melhor, os paulistanos também
tiveram a honra de receber os ingleses do FM.
Comemorando 40 anos de carreira, a banda teve uma
rápida ascensão na década de 80 com os discos “Indiscreet” (1986) e “Tough It
Out” (1989), trabalhos que até hoje são reverenciados pelos fãs de Melodic Rock
e AOR. Fora o ótimo resultado que obtiveram neles, também deram suporte aos
shows de grandes lendas como Bon Jovi, Foreigner, Status Quo, Gary Moore e
entre outros. Na década seguinte, lançaram “Takin’ It to the Streets” (1991) e “Aphrodisiac”
(1992), que não teve o mesmo alcance dos dois primeiros, fazendo com que as
atividades fossem encerradas em 1995.
Mas eis que, em 2007, o quinteto recebe um convite
para um único show, em Nottingham (ING). E o que era para ficar só nisso,
acabou resultando na volta definitiva da banda, que até hoje continua fazendo
shows e lançando ótimos trabalhos através da Frontiers Records.
Da formação original,
só estão o vocalista (e também guitarrista) Steve Overland, o baixista Merv
Goldsworthy e o baterista Pete Jupp (antigos membros do Samson) – o guitarrista
Jim Kirkpatrick (assumindo o posto que já foi de Chris Overland e Andy Barnett)
e o tecladista Jem Davis completam o atual time.
A turnê também passou por outras cidades da América
Latina (Buenos Aires, Lima e Bogotá), com pontapé em São Paulo, que não só
recebeu o público local, como também de outros estados (Curitiba,
especificamente) numa quarta-feira para lá de quente e com uma rápida chuva
antes da abertura das portas, aberta antes do horário previsto. Mas a
maioria só foi comparecer mesmo em peso no Manifesto Bar (local da
apresentação) faltando uma hora para o início, o que era de se esperar pela
quantidade de ingressos que foram vendidos.
Depois de um breve atraso de dois minutos e uma pontualidade que faz referência a nacionalidade do grupo, os membros desceram para o palco para
ocupar os seus postos. A trinca com “Synchronized", “Tough it Out” (primeiro clássico da noite) e a melódica “Killed By Love”, intervinda da clássica introdução da 20th
Century Fox Theme e de uma voz mecânica apresentando a banda, levou todo mundo ao delírio. Muito antes, Pete registrou toda reação da galera na
câmera do seu celular para guardar de lembrança.
Todos que estavam presentes tinham as músicas na
ponta da língua, chegando até ser emocionante ver a vibração e a alegria da
maioria que estava vendo a banda pela primeira vez ao vivo num espaço
intimista que é o Manifesto, deixando o público bem próximo da banda. A energia motivou Steve – principalmente – e seus demais companheiros a terem
mais vontade de entregar um excelente show. Merv, por exemplo, deu um show a parte com uma baita presença de palco.
O setlist conteve oito músicas do “Tough it Out”
(1989), o que é mais do que justo, pois se trata do melhor trabalho da carreira
e que soou ainda melhor ao vivo. Antes de executar “Someday
(You’ll Come Running)”, Steve prestou as suas primeiras palavras, dizendo que esperou 40 anos para tocar no Brasil e agradeceu os presentes por nunca terem abandonado a banda. Dando continuidade, “Let Love be the Leader” (primeira do “Indiscreet”) foi antecipada
por ‘Oh, Oh, Oh’ vindo da plateia antes de anunciá-la. “Everytime I Think Of
You” teve como destaque as ondas de fumaça para ajudar no clima durante performance da banda.
O repertório também teve espaço para uma música
nova, “Out of The Blue”, que estará no novo álbum, “Old Habits Die Hard”, a ser
lançado em maio. Steve fez questão de perguntar quem já ouviu, e poucos
acabaram levantando a mão. “The Dream that Died” e "Don’t Stop" (com Steve
executando o solo com extrema segurança) equilibrou bem o nível de
tranquilidade com uma balada e um Hard Rock com refrão chicletoso.
Após perguntar se todos estavam se divertindo,
Steve revelou que a próxima música, "American Girl", é bem antiga e que foi composta em parceria
com o seu irmão. O videoclipe é uma homenagem a saudosa
atriz do cinema Marilyn Monroe.
A rápida levada de bateria de Pete (chimbal,
caixa e bumbo) deu início a “Frozen Heart”, outra que foi bastante
celebrada e com a maioria da plateia cantando uma parte dela à vontade. “Does It Fell Like
Love?”, outra do “Tough It Out” (1989), teve seu final estendido com um solo
vocal maravilhoso e Jim e Merv em cima das caixas que ficam na lateral
do palco para despojar as últimas notas.
Os clássicos foram reservados faltando pouco para o
final. “That Girl”, “Bad Luck” e “I Belong to the Night”, essa encerrada com um solo
bem ala John Boham do Pete não só teve a sua merecida recepção, mas aclamada sob berros e gritos FM. A primeira citada foi regravada pelo Iron Maiden –
presente na coletânea "Best of the ‘B’ Sides” – já a segunda foi composta por
ninguém menos que Desmond Child, que tem uma certa semelhança de “Give Love a Bad Name”,
do Bon Jovi e também de autoria do Desmond. “Turn This Car
Around”, do mais recente álbum, “Thirteen”, completou a primeira parte do set
antes do breve bis.
Enquanto Steve, Jim e Merv tomavam fôlego no
camarim, Jim ficou no palco mandando lindas melodias e preparando terreno para
o momento mais calmo da noite (só com teclado e voz) em “Story Of My Life”, que
teve como destaque a brilhante performance vocal de Steve Overland, que no auge
dos seus 63 anos, continua com a voz impecável e ovacionado pelos seus apreciadores fãs no final. A dobradinha de “Face to Face” e “Other
Side of Midnight” encerram o show de forma apoteótica.
Muitos elogios e aplausos foram atribuídos depois
do encerramento por tudo que entregaram. Em
todos os quesitos, mereciam agradecimento de joelhos, mas os gestos prestados
estão de ótimo tamanho para um dos melhores de Hard Rock em terra brasilis neste ano.
Para quem ficou com um gosto de “quero mais”, a banda prometeu,
durante o show, que voltam num futuro breve. Assim esperamos!
Como eu tive minha adolescência na década de noventa, poder ouvir este álbum da banda GRIMM me acionou vários gatilhos positivos. Bandas como Nirvana e Alice in Chains fizeram parte da minha escola musical e, apesar do Grunge ter sido uma tendência passageira, confesso que eu sempre gostei daquela crueza, composições simples e estilo de vida bem despojado. Verdade, eu estava sentindo falta de ouvir algo assim!
Como já mencionado, aqui não temos surpresas e as músicas são bem simples, mesmo. Talvez, alguns não gostem tanto das pitadas de Stoner que algumas faixas possuem, mas eu adorei a ideia desta mescla, até para fugir do que seria o cem por cento do convencional a ser feito. Então, o trabalho acabou ganhando um peso extra, deixando músicas como “Please Stand By” e “Still I Curse” mais atrativas para o fã que gosta de música que desce a mão, sem dó!
Eu gostei da produção, mas acredito que dê para melhorar muito em próximos trabalhos. Talvez enviando para a pós produção ser assinada por um produtor que entenda do Grunge. Se for desta forma, eu sinceramente vejo um futuro muito promissor para a GRIMM, pois com este primeiro passo, soube ser inventiva dentro de um estilo que, já é mais tão popular assim nos dias de hoje. Veremos o que o futuro reserva para estes caras.
Agora com uma grande distribuidora ao seu lado, a GRIMM está conseguindo ter a visibilidade que era necessária. Eu mesmo não tinha ouvido falar destes caras, antes da sua parceria com o pessoal da MS Metal. Que ótimo que o caminho de profissionalização está garantido para estes rapazes e, quem sabe, para um próximo álbum, a distribuição chegue no mercado internacional! Eu acho que a GRIMM está pronta para despontar, e você?!
Fundada em 2019, a HEADSPAWN, power-trio de João
Pessoa (PB), vem colhendo os frutos que plantaram durante a pandemia através do
seu álbum de estreia, “Parasites”, que vem recebendo boas críticas e elogios.
Para falar sobre esse momento, o baixista João
Paulo Cordeiro e o vocalista e guitarrista Alf Cantalice contam como surgiu a
ideia de montar a banda, os trabalhos durante o período pandêmico, influências
e entre outras coisas envolvendo o mais recente trabalho.
Muito antes da criação da HEADSPAWN, vocês já
compunham música própria e tiveram a experiência de ter tocado em bandas de som
próprio e covers. Conte-nos um pouco como foi esse processo.
JP: Como já tivemos experiência com bandas autorais em
outras épocas, mesmo estando em bandas covers, a gente tinha essa necessidade
de estar voltando a compor e voltar a trabalhar com as músicas que nós mesmo
fizemos. E antes da HEADSPAWN, eu tocava numa banda cover junto com o Alfredo,
a gente conversava muito sobre isso, e decidimos: ‘Cara, o momento de fazer
isso é agora! Quanto antes fizer melhor’. E a partir daí nos juntamos para
começar a compor.
Alfredo: Foi preciso utilizar uma dinâmica massa de criar
depois que conversamos sobre fazer música própria, e acabou que, por inúmeros
motivos, que JP e eu continuamos com essa ideia. Eu acho que o maior norte que
temos para fazer (e criar) música é exatamente com o intuito de deixar um
legado, de deixar a ideia da gente registrada, de deixar a nossa visão de música
registrada e de deixar tudo legal. É tudo aprendizado, não perdemos nada! E
quando chegou a HEDSPAWN, trouxemos uma bagagem muito interessante, e isso faz
parte da sonoridade da banda.
A banda surgiu um ano antes da pandemia, que
impediram não só vocês como muitos artistas e bandas a estarem tocando ao vivo
durante esse período. Mas também foi a chance de ter trabalhado melhor nas
músicas que estavam compondo. Qual foi o aprendizado que tiveram nesse tempo?
JP: Eu acho que a pandemia trouxe um outro tipo de
experiência para gente, sabe? Primeiro começamos a gravar o nosso EP, “Pretty
Ugly People”, e tivemos que pausar por motivos óbvios. E como ficamos um tempo
parado em casa, usamos a pandemia ao nosso favor para compor o primeiro álbum.
Não só nós usamos a pandemia para gravar, compor álbum, trabalhar em músicas
novas e material novo, como também muitos artistas e bandas. E não foi
diferente com nós. Também usamos a pandemia (o final dela) para se preparar bem
para os primeiros shows, passamos meses ensaiando praticamente.
Eu acredito
que, se não fosse a pandemia, provavelmente estaríamos correndo e não ensaiando
o suficiente. E quando voltamos dela, voltamos fazendo show com um repertório
só de músicas novas. O tempo que a pandemia nos deu para fazer isso foi de
aprendizado, porque aprendemos que, para fazer qualquer tipo de trabalho dessa
magnitude, precisa de um tempo de preparação, então a pandemia nos forjou a
entender isso.
Alfredo: O JP falou meses, mas parando para pensar, foram
dois anos de ensaio (risos). O fato de se apresentar para o público pela
primeira vez tocando uma porrada de música inédita foi uma experiência muito
massa, porque era o público da nossa cidade que nos conhecia, conhecia nosso
trabalho e que já tinha ouvido o nosso EP. E eles não sabiam o que iam ouvir na
nossa primeira apresentação, então foi muito especial a reação da galera.
Eu
falo por mim que, naquele momento, tinha uma coisa muito especial entre o nosso
público e a gente. Tudo o que aconteceu com a gente tem sido a primeira vez
para mim, rompendo barreiras até no âmbito particular. Eu me sinto muito
desafiado em fazer essas coisas, mas eu me sinto muito feliz com o resultado
que a gente vê, sem dúvida.
Antes do “Parasite”, vocês lançaram o EP de
estreia, “Pretty Ungly People”, e tanto nele quanto o primeiro álbum percebemos
a identidade que a banda busca, que é agressividade, melodia e versatilidade,
além de influências como Slipknot, Machine Head e Alice In Chains. Essas
referências acabam vindo naturalmente ou de forma intencional na hora de
compor?
Alfredo: Nada intencional. Não fazemos nada com premeditação
do tipo: ‘Ah, isso tem que soar como tal coisa’, mas é inevitável que o ponto
de partida seja alguma coisa que você conheça. Eu acho que não tem como reinventar
a roda, de você pegar uma coisa que já existe na sua mente, você já pensou
muito sobre ela e ela acaba sendo o seu ponto de partida.
Mas tudo é muito
natural. Eu, por exemplo, não sou fã assíduo do System Of a Down, mas já ouvi
várias vezes (várias vezes mesmo) comparações do tipo: ‘Cara, vocês me lembram
muito o System Of a Down’. Eu não consigo ouvir System Of a Down e entender o
que o pessoal vê tanto de System Of a Down no nosso som, mas é só para algumas
pessoas.
Outras pessoas veem Machine Head e digo: ‘Caralho, você vê Machine
Head no som?’. Eu consigo entender bastante quando um cara diz que tem
Sepultura, Slipknot, Korn, Pantera; eu consigo perceber o Alice In Chains e
alguma coisa do Soundgarden aqui e ali... Essas coisas passaram pela minha
cabeça em determinado momento da produção das músicas, então quando alguém vem
e repete essas bandas que citei eu digo: ‘Sim, eu entendo e saco isso’.
A música me lembra muito a comida, a comida tem um
sabor para uma pessoa e para outra tem um sabor completamente diferente. Por
exemplo, o cara come uma coisa e diz: ‘Pô, isso parece amendoim’, o outro
experimenta e fala: ‘Que amendoim, isso aqui parece manteiga’ (risos). Manteiga
e amendoim são coisas completamente diferentes, mas para cada pessoa causa uma
sensação diferente.
JP: Muita coisa que você falou de influências ouvíamos
a vida inteira, escutamos essas bandas desde de criança, adolescência e
crescemos ouvindo elas e mais algumas derivadas. E é impossível começar a
compor e não sair algo ou outro não é porque a gente quer, é porque é o que
gostamos de ouvir, então é normal acabar vindo uma coisa ou outra das bandas
que foram mencionadas. Se a gente fosse fazer algo proposital e que saísse de
alguma banda, ia ficar muito mecânico e não natural. Resumindo, ia ficar uma
merda! Não ia funcionar muito bem (risos).
Falando sobre a questão do estilo, a banda navega
por um som calcado no Groove Metal. Nos dias atuais, vemos poucas bandas que
buscam essa roupagem no som. O que os motivaram a estar apostando num estilo
que vem sendo pouco lembrado?
JP: É praticamente a mesma resposta que eu vou dar
referente às composições. Quando eu e o Alfredo se juntamos para compor não
sabíamos bem o que íamos fazer, só queríamos compor e ver o que ia sair entre
eu e ele, e o que saiu foi esse som. O que você ouviu no “Pretty Ugly People”
foi o que começou a sair. Não pensamos tipo: ‘Vamos fazer isso aqui? Vamos
aumentar o volume de tal coisa? Vamos colocar a bateria de tal jeito?’.
Tivemos
total liberdade para deixar em aberto o que pode vir enquanto estamos compondo,
e isso aconteceu no “Parasites” e está acontecendo, neste momento, nas músicas
novas que estão por vir. Não estamos seguindo um tipo de roteiro como: ‘Ah, o
“Pretty Ungly People” foi desse estilo, então todo trabalho que vier a seguir
será dessa forma’. Não foi uma aposta nossa, mas acabou que vimos que esse tipo
de som realmente está em falta hoje em dia e mais fora da curva do que estão
fazendo.
Tem muita banda apostando em um Metalcore mais eletrônico como o Sleep
Token – que é grande pra caramba nos Estados Unidos –, e o Slang The Previours,
que é uma banda que segue a mesma linha. Tem outras bandas dessa forma que
estão surgindo e que estão conquistando a galera mais adolescente, mas a gente
não quis apostar nisso, porque vimos que tinha muita coisa igual. E muita gente
acaba chegando em nós e fala: ‘Isso está em falta, isso não se vê mais, isso só
tinha mais nos anos 90’. E acabou que isso veio muito a nosso favor, porque
quando vamos mostrar nosso som para as pessoas, gravadoras e produtores, já vê
uma coisa diferente. Então acabou que, o que conseguimos fazer naturalmente,
acabou trazendo muito benefício.
Alfredo: O que é muito massa também é ver a galera fazendo
um som ‘vintage’, querendo fazer um resgate que vai além da música. Eu acho que
a naturalidade do nosso som faz com que não fiquemos presos a nenhum tipo de
etiqueta, a nenhum tipo de rótulo, a nenhum tipo de mapa mental e a nenhum tipo
de estratégia musical. E isso, primeiramente, é motivo de muito orgulho. E
segundo é que isso enche os olhos e nos dá muito terreno para fazer muita
coisa. Então você pode definir assim: ‘O HEADSPAWN é Groove Metal’. Ok, você
pode definir como Groove Metal, mas o que é Groove Metal? Quais são os
elementos que definem o Groove Metal? A presença do Groove? Se for isso, samba
tem groove, forró tem groove, axé tem groove.
Muita coisa tem groove! A boa
música tem groove! O fato de ser um groove pesado, você consegue fazer de
várias formas diferentes. Eu acho que será momentâneo esse rótulo, creio que é
algo que não vai perdurar por muitos anos. Eu acredito que daqui um tempo,
conforme formos lançando as coisas, as pessoas vão apontar para direções
diferentes. Eu acho que essa pluralidade de sons só nos engrandece, e isso me
deixa muito ansioso do que está por vir.
O “Parasites” tem uma progressão significativa
comparado ao EP, com a adição de elementos de música regional e da música
nordestina em geral. Gostaria que vocês falassem um pouco sobre esses
componentes e dos convidados que se incumbiram de executá-las.
Alfredo: A ideia de colocar esses elementos nordestinos
surgiu de improviso durante os ensaios, testamos timbres de algumas coisas,
começamos a puxar um som (forró, batuque, maracatu) e acaba saindo algo inusitado.
E de tanto fazer isso, a gente percebeu que gostamos desse tipo de coisa. A
primeira composição regional, por assim dizer, foi “Terra Solis”, que logo que
bateu a ideia, todo mundo se olhou e disse: ‘É, vamos gravar isso’. Aquele
triangulo, na verdade, é a cúpula da percussão da bateria.
Convidamos o Pablo
Ramires, que é baterista de uma banda paraibana – conhecida internacionalmente
– chamada Cabruêra. Ele é um baterista histórico! Só no nosso disco, ele toca
triângulo, alfaia, cuíca, zabumba e um sampler de percussão de madeira,
chinesa, em “Everybody Hates Somebody”. A participação dele foi excepcional,
temos muito orgulho de ter trabalhado com ele.
E também teve outra participação, do Fabrízio
Colga.
Alfredo: Ele é guitarrista do Incessante, banda de hardcore
daqui de João Pessoa, e tocou berimbau e pandeiro em “Fili Catinga”. Ele também
tocava numa banda muito antiga, chamada Mobiê, que era uma banda que misturava
Metal com música regional, principalmente o maracatu.
As ideias para absolutamente tudo não foi nada que
ficasse cozinhando demais, são coisas que estão sempre presentes e flutuando na
nossa cabeça. Esse é o nosso processo criativo, de consolidação de ideias e de
tirar coisas da filosofia para o mundo material. Tudo o que a gente faz tem a
cara da gente, e eu acho que isso é uma vantagem muito grande. Eu estou aqui só
contando vantagem, mas é porque eu sinto isso (risos).
O disco, por enquanto, só está disponível nas
plataformas digitais, e outra coisa que notei é que, mesmo ouvindo pelo streaming,
a sensação que dá é que estamos ouvindo o Lado A e o Lado B de um vinil devido
ele ter duas introduções. Isso também veio de forma natural?
JP: Pensamos nessa sequência justamente para caber em todo
tipo de mídia, vamos dizer assim: ele dá certo em CD, dá certo como K7 e dá
certo, obviamente, como LP. E isso acabou prevalecendo, porque o primeiro
álbum, querendo ou não, já nasce clássico e com total nostalgia por ser o
primeiro. E o primeiro álbum deve ter tudo! Quando fechamos o álbum, falamos:
‘Velho, isso cabe direitinho com o LP’. As introduções que saíram casaram muito
bem com essa ideia. Tudo nesse álbum foi muito bem pensado, desde das mídias
que iam sair até a sequência das músicas para quem está ouvindo a progressão.
Falando sobre as músicas, “Failure, Death and
Decay” se encaixaria perfeitamente no “Roots”, do Sepultura; “Ghost of Myself”
e “You Are” também tem seus destaques, principalmente as linhas de baixo que
remete a pegada do Flea, do RHCP, e do Robert Trujillo nos tempos de Infectious
Grooves. Gostaria que falassem um pouco sobre elas e se tem alguma música em
especial que vocês recomendariam para as pessoas que não conhecem a HEADSPAWN?
JP: Realmente foram músicas que tiveram bastante
dedicação, a gente pensou muito como seriam as partes instrumentais. E quando
chegou o resultado final, a gente viu que foram colocadas muito bem as ideias,
tanto de composição quanto de técnica. Eu não vou dizer que teve influência
desses baixistas que você citou, mas acaba que está ali enraizado. Eu sempre
gosto de usar várias técnicas no baixo, nunca quis ficar só no básico
acompanhando a guitarra ou fazendo um acompanhamento só para deixar a música
mais pesada. Eu gosto de usar as técnicas que eu estudei, e acabou que houve
espaço nessas músicas para usar isso. E casou muito bem, eu fiquei muito
contente que deu certo.
E para quem não conhece a HEADSPAWN, do “Parasites”
– dependendo da região e do gosto –, eu indicaria a “You Are”, que é uma música
que passa por várias nuances, desde da parte mais comercial até a parte pesada;
e também indicaria a “Everybody Hates Somebody”, que é uma música que entrega
muito da gente; e a “Ghost of Myself” também, que tem uma pegada mais pesada.
São essas três músicas que eu projetaria a banda.
Alfredo: O cara que gosta de porrada, pode ouvir “Sinking
Jetsam” tranquilo. É um som que, geralmente, pega a galera mais ‘old school’. É
a música que a galera começa a ouvir e falar: ‘Ah, eu não gosto muito desse
Metal pula, pula’, os comentários começam assim (risos). Mas quando a música
começa a se desenvolver (N.T.: Alfredo começa a banguear nesse momento) e
depois que ela termina o pessoal fala: ‘Porra, essa música é do caralho!’;
“Butchers” também é muito legal.... E só para ser diferente, eu vou de “Brought
into this World”. É uma música que acaba jogando várias imagens, várias coisas
diferentes e com uma probabilidade maior de agarrar o ouvinte.
O disco foi produzido por Victor Hugo Targino, que
também produziu o EP. Como iniciou essa parceria? Ela tende a continuar nos
próximos trabalhos?
JP: O Victor é nosso parceiro, ele que me ensinou a
tocar baixo (risos). E falando de mim, especialmente, vai completar vinte anos
que eu o conheço. Estamos trabalhando com ele não só por causa disso, mas
porque ele conseguiu entregar uma qualidade de música que eu achava que só
tinha em outros estados ou, até mesmo, em outros países. Quisemos fazer uma coisa
de qualidade e um produto que fosse apresentável, porque realmente estamos
tentando fazer alguma coisa com isso, e desde o início queríamos a melhor
qualidade de gravação e captação.
E com ele foi muito bom ter encontrado isso,
porque é daqui da nossa cidade, perto da nossa casa, qualquer problema que
tenha vamos lá, a comunicação é muito mais fácil, as reuniões são mais fáceis e
as gravações também. Então tudo isso contou para que repetíssemos com ele nesse
álbum o que foi feito no EP. E não só a gente, como outras bandas – com anos de
estrada –, estão trabalhando com ele.
Teve uma época que saímos numa rádio
americana, através de um produtor brasileiro que mora nos Estados Unidos, e ele
falou que a qualidade não tem diferença nenhuma comparado ao deles, então por
isso que pensamos em não trocar de produção do EP para o álbum. Eu acredito que
os próximos trabalhos – estando aqui em João Pessoa ou em algum canto no Brasil
– vamos estar contando com ele com certeza.
Alfredo: Muitas vezes negligenciamos as pessoas que estão
perto da gente, acaba não prestando muita atenção e busca as coisas muito
longe. E eu vou dizer para você que, pessoas de diversos lugares do país, me
procuraram para perguntar: ‘Cara, quem foi que produziu vocês? Quem foi que fez
esse trampo de gravações com vocês?’. O nosso processo de gravação é um mix de
compadres, um bocado de gente que se conhece, se gosta e se encontra para
trabalhar junto e esmiuçar as coisas. É tudo muito rápido, muito mais rápido do
que eu poderia sugerir. É impressionante mesmo.
Além da ótima receptividade que tiveram com o EP e
estão tendo com o “Parasites”, vocês receberam elogios de grandes nomes do
Heavy Metal nacional como o baterista Amilcar Christófaro (Torture Squad,
Matanza Ritual), os vocalistas Marcello Pompeu (Korzus) e o Leandro Caçoilo
(Viper) e o guitarrista Jairo Guedz (ex-Sepultura, The Troops Of Doom). Como é
esse networking com essas pessoas que são muito mais do que músicos, e sim
lendas?
JP: O networking foi uma das coisas que a pandemia também
nos fez pensar no que poderíamos fazer além de estar gravando ou compondo. E
quando todo mundo estava em casa ouvindo música durante esse período,
aproveitamos para lançar a nossa primeira música, “Voices”, que teve uma
receptividade muito massa. Mas queríamos fazer algo mais, e aí que começamos a
fazer lives no nosso Instagram e também no nosso canal do Youtube com essas
pessoas, conseguimos contato com eles através de assessorias.
O Johnny Z, nosso
assessor, conseguiu fechar algumas entrevistas, ele trouxe para gente várias
pessoas para conversar. E além dessas lives que fizemos no Instagram,
aproveitamos (nos bastidores) de trocar uma ideia com os caras: trocamos ideia
sobre música, muitos nos ajudaram em várias coisas.... O Raphael Dafras,
baixista do Edu Falaschi, me ajudou em várias coisas. Ele foi o meu professor
durante alguns meses; o Amilcar nos recebeu muito bem! A entrevista com o Jairo
Guedz foi sensacional!
O papo com todos eles deve ter rendido muita coisa,
então...
JP: Foi uma troca de ideias, não digo que nem foi
entrevista ou algo assim. E foi mais fácil chegar até eles quando lançamos o
nosso álbum, e foi muito massa a receptividade deles com o nosso primeiro
trabalho. É o nosso primeiro álbum ainda, estamos no início, mas estamos recebendo
grandes feedbacks dessa galera que são lendas, como você mesmo disse. E não
mostramos nem 5% do que temos ambição de mostrar, e eu tenho certeza que vamos
ver essas pessoas futuramente e vão ver muito material nosso. Mas, desde o
início, foi muito foda ter o abraço desses caras.
Alfredo: Esses feedbacks aconteceram, só para esclarecer, na
época do EP, ainda não tínhamos lançado o “Parasites”. Na verdade, esses
feedbacks ainda são referências ao “Pretty Ugly People”, eles conheceram a
banda naquela fase e as coisas que eles falaram foram referentes a ele. Eu
estou doido para chegar neles novamente e dizer: ‘E aí cara, o que você achou
do trabalho novo? Como é que você está vendo a gente agora?’ (risos).
Eu ainda
não tive essa oportunidade, espero fazer isso em breve. O feedback deles não
vai inflar meu ego ou vai me deixar intrigado se for negativo, é porque quando
você faz uma parada que você se orgulha, você sabe que vai ser relevante para
você e para a pessoa que você tem um carinho especial. E você fica feliz quando
uma pessoa gosta do seu trabalho, é diferente de uma pessoa que você não
conhece diz: ‘Eu gosto do seu trabalho’.
O sentimento é diferente mesmo quando uma pessoa
renomada, e respeitada por muita gente, reconhece o trabalho das bandas e
artistas que estão batalhando por um espaço na cena.
Alfredo: Existe essa coisa especial de quando é alguém que
você gosta e percebe que você é fã demais. O Amilcar, Pompeu e o Jairo são
lendas! Tem uma galera daqui de João Pessoa – eles não devem lembrar disso –
que colava nos rolês do Sepultura em Caruaru (PE). E a galera lembra do Jairo,
porque tem memória de momentos dos shows. É muito doido isso. E hoje em dia
estamos conversando com o cara e opinando sobre a nossa música. Isso é muito
relevante para gente, mas não quer dizer que isso vai nos colocar em outro
patamar.
E como está sendo a sensação de ser mais um
representante do Heavy Metal paraibano e de todo o Nordeste, que tem muita boa?
JP: Está sendo muito foda! Quando a gente iniciou,
fizemos bem o trabalho de casa em questão de ir atrás, apresentar o material e
de chegar e mostrar que é uma banda nova, mas mostrando também que o que
estamos fazendo está sendo com uma produção legal, está sendo com cuidado e
mantendo carinho com esse trabalho. Então quando chegamos, as bandas mais
antigas viram o nosso empenho e abraçaram a gente. Estamos sempre tocando com
bandas não só de João Pessoa, mas também da Paraíba, bandas aí que tem anos de
carreira que estão junto conosco organizando os shows.
E fomos muito bem
aceitos, tanto que teve muita coisa que mostramos para essas bandas e elas
pensaram: ‘Pó, com a HEADSPAWN vai dar certo!’, porque viemos de outras bandas,
então já chegamos querendo pegar um pouco do nosso espaço, mas também
entendendo que já tem que respeitar, entendendo o que tem que fazer, sabendo o
que pode melhorar, botar a cara à frente da coisas.... Enfim, com essa postura,
aceitaram bem a nossa chegada.
Alfredo: E tem aquela questão também de se comunicar com
muitas vertentes e sons diferentes, e a gente acaba que comunicamos e fazemos
shows com eles. Como o JP falou, a gente preza muito por determinadas coisas.
Tem que fazer parte do evento, tem que fazer parte da parada. E quando a galera
vê isso, ela já indica e fala: ‘Irmão, chama os caras para tocar, vamos fazer
um negócio’.
João Pessoa não é uma cidade muito grande, você consegue conhecer
muita gente do mesmo grupo social e dos mesmos interesses de música, de Rock,
de Metal, de arte e tal. Por mais que não tenha amizade, você acaba conhecendo
essa galera. E aí, de repente, todo mundo se vê trabalhando junto no mesmo
rolê. E isso é uma alegria! Eu acredito que, muito em breve, vai dar um ‘boom’
fodastico aqui no Paraíba e que você vai dizer: ‘Puxa, bem que ele falou
naquela época que ia estourar um movimento lá na Paraíba’. Eu estou sentindo
isso.
E quais são os planos da HEADSPWAN para o futuro?
JP: Lançar o “Parasites” no formato físico. Sabemos que
uma banda independente, como a nossa, tem muitos gastos que sai aí do nosso
bolso, porque teve a questão da produção do álbum e entre outras coisas. Porém
tem, sim, o plano de lançar o “Parasites” na versão física, já temos todo
trabalho de encarte e toda arte desenvolvida para que isso aconteça.
Os outros
planos que estão para acontecer é lançar os clips do “Parasites”, que não
lançamos ainda. Logo após lançar os clips, queremos lançar um EP no final desse
ano ou início de 2025, mas os planos é que seja lançado no final deste ano. E,
no final do ano que vem, lançaremos o segundo álbum da banda de músicas que já
estamos trabalhando e compondo.
Estamos aí bem ansiosos para ficar nessa
sequência de estar lançando álbum e ep, álbum e ep, porque temos muita coisa,
muita ideia e muita coisa em construção que vai dar para trabalhar em muita coisa
ainda. Quem estiver ansioso por trabalho novo e que já ouviu muito o
“Parasites”, saiba que vai vir muita coisa nova.