Se Chuck Shuldiner (Death) fosse
vivo estaria orgulhoso do que os curitibanos do Jailor apresentam em seu
segundo disco “Stats of Tragedy” (2015), que traz um Thrash Metal violento com
boas doses técnicas criadas pelo saudoso Death na década de 90.
As composições são variadas,
intrincadas e cheias de fúria, com momentos ora rápidos e outros mais
cadenciados de puro peso, não há buracos em sua sonoridade, mas sim uma gama sonora
fortíssima e empolgante.
A produção sonora que ficou aos
cuidados de Thomé Araújo soa cristalina, mas pesada e com a sujeira necessária,
com aquela áurea noventista no ar. Tanto a capa como o layout de arte do
encarte são atrativos e atormentador, uma capa instigante e forte, assim como o
seu encarte que abre em formato pôster, com diversas imagens que retratam as “tragédias”
que o Jailor aborda em suas letras.
Ouça “Throne of Devil” e sinta o
que você terá ao decorrer do álbum (preste atenção na intro de baixo da mesma e
veja qual influencia está ali), onde transborda alma headbanger fazendo você
bangear a cada nota despejada.
Alguns dos grandes ícones do Heavy Metal já tiveram seus momentos de reformulação por parte do Line-Up de uma banda. A saída de um integrante consagrado sempre gera dúvidas, pensando em qual nome pode substituir vocalista, guitarrista, baixista ou baterista a altura do sucessor. E isso, na cabeça dos fãs, é motivo de debate, discussão e até brigas, com cada um defendendo seu lado, surgem as opiniões sobre que fase é a melhor que a outra e etc. No caso do ANGRA, a história é diferente: cada integrante da banda, principalmente os vocalistas, foram recebidos com carinho pelos fiéis fãs da banda, não se importando quem está cantando, não gerando tanta controvérsia como um Sepultura, por exemplo, que até hoje divide muitos fãs.
Com uma nova formação, que já dura 2 anos, com Fabio
Lione (vocal), Marcelo Barbosa (guitarra e cobrindo o lugar do Kiko Loureiro),
Rafael Bittencourt (guitarra e único membro original), Felipe Andreoli (baixo)
e Bruno Valverde (bateria), o Angra deu um aperitivo do que vai ser a breve
turnê de 25 anos da banda (conciliada com a turnê de 20 anos do “Holy
Land”) num show que foi repleto de
novidades no repertório, tocando, praticamente, músicas de todos os discos
(exceto canções do “Fireworks”), encantando o público de Osasco no último
domingo (19/03), no Clube Hortência.
O dia fazia seus preparativos para a chegada do outono,
com pouco frio e sem nenhuma ameaça de chuva, antecipando o fim da estação mais
quente do ano. Chegando ao local do show, aproximadamente às 14h 45,
encontravam-se pouquíssimos fãs, mas conforme foram passando as horas, a fila
aumentava até concluir metade do quarteirão, estendo a abertura dos portões pra
mais uma hora, combinado para abrir às 16h, não comprometendo, de maneira
alguma, o cronograma das apresentações. A única coisa a desejar é o espaço da
casa, que suporta um público muito pequeno. Em questão do som, soava na
devida altura.
Odysseya e as honras da abertura
Transportado de uma introdução marchante, com
Devil’s March, os catarinenses do Odysseya tiveram o privilégio de fazer as honras
da noite, entrando em cena às 18h. Lançando o EP de estreia, “In Media Res”, o quarteto,
formado por Felipe Silva (vocal), Vinicius Mira e Victor Franco (guitarras),
Vitor Vieira (baixo) e Henrique Dias (bateria), contém forte influencia do Heavy
Metal tradicional dos anos 80, principalmente do Iron Maiden e de bandas da
NWOBHM, começando as suas primeiras impressões com “Phoenix”, partindo logo
para “Blind Truth”, mesclando nuances progressivas.
O vocalista deu seus primeiros agradecimentos,
perguntando aos presentes se estavam gostando, dando sequência para a rápida
“Lands Of Man”. Apresentando o baterista Henrique Dias, eis que o mesmo exibe
suas habilidades num ‘mini’ solo que, por ventura, durante o finzinho, acaba
escapando uma baqueta de uma das mãos, mas com todos gostando do que viram,
abrindo caminho para mais uma música do recente EP, “Fight or Fight”. Perguntando
se todos estavam se divertindo, vindo da rápida afirmação, Felipe anunciou
“Edge Of The Blade”, também presente em “In Media Res”, que é tomado por peso,
técnica e backing-vocals meio ‘old-school’.
Dando destaque para mais um integrante, o guitarrista
Victor Franco enfileirou belas melodias, dando início para “Master Of Time”,
portando ótimos solos e Vitor tomando a frente do palco com o saber do seu
baixo. Empolgado, Henrique logo iniciou as primeiras linhas da próxima música.
Pedindo calma, Felipe o interrompeu rapidamente, explicando que a faixa fala de uma viagem, convidando todos a embarcarem nela com “Odysseya”,
música que dá nome a banda, tendo forte participação do público no refrão.
A derradeira todos conhecia bem, finalizando a meia-hora
de show com o cover de “RunTo The Hills”, do Iron Maiden, que, na frente do
palco, uma pessoa acabou roubando a cena cantando verso por verso, e o Felipe
acabou emprestando o microfone ao sujeito por alguns minutos e recebendo uma
palheta de presente pelo Vinicius.
A
Vez do Angra
A ansiedade já tomava conta quando, aos poucos, o palco
se caracterizava com a simbologia e o perfil da banda. Depois de toda auditoria
e checagem de tudo, diante do popular “Ole, Ole, Ole”, a intro, que abre o
disco “Secret Garden” (2015), começou a ecoar às 19h 15. Apostos, completando o
time com o Lione, encetaram o set-list com a irada “Newborn Me”. Voltando no
tempo, mais precisamente no álbum “Rebirth” (2001), “Acid Rain” contou com a
energia do público, avistando o Rafael enfocando energias positivas, que só
engrandeceu para a terceira faixa, “Nothing To Say”, do “Holy Land” (1996). O
único tropeço foram os elementos de música clássica, na ponte final, não terem
surgido, mas nada que estragasse, o importante mesmo era sentir a
vibração da música.
Após a rápida trinca, Lione tomou a frente do palco
dizendo que estava feliz em tocar com a banda em Osasco, irrogando que o
set-list da noite estava renovado e um pouco diferente. A contígua faixa seria
do álbum “Temple Of Shadows”, e o Lione queria ouvir todos cantando a
“Waiting Silence”, com os fãs correspondendo exatamente com o que foi pedido
pelo vocalista italiano. Do disco mais antigo, “Angels Cry” (1993), o
‘front-man’ pediu pra todos levantarem as mãos pra abarcar os primeiros versos
da “Time”, havendo um pequeno probleminha no baixo do Felipe, mas que foi
solucionado de maneira rápida.
Se o set-list fosse precisamente cingido na ordem, o
momento era do solo de bateria do Bruno Valverde. “Querem mais?”,
perguntou Lione, o mesmo pediu a ajuda de Felipe Andreoli pra estabelecer as
primeiras linhas de “Eggo Painted Grey”, do “Aurora Consurgens” (2006), que se
encaixou celestialmente na sua voz, sendo que, há muito tempo, não a tocam ao
vivo. Regressando novamente ao “Secret Garden”, “Upper Levels” foi executada
pela primeira vez ao vivo, não perdendo a textura composta em estúdio.
Pronto! Agora sim é a hora do Bruno Valverde destruir seu
kit de bateria, apresentando um solo matador e carregado de malabarismo,
revelando o por que de ser o baterista do Angra hoje, que vem surpreendendo a
cada apresentação.
Chegando a parte intimista da noite, Rafael tomou o palco
para dar suas saudações, transmitindo o clima amoroso e confortável com a
balada do último disco, “Silent Call”. Aproveitando a conexão com os fãs, Rafael
emitiu uma forte declaração de sentimento pela banda: “A minha alegria, naquele
momento, recomeçando, mais uma vez, pelo disco que a gente fez com o Bruno
Valverde e o Fabio Lione, o “Secret Garden”. Então, mais uma vez, a banda se
renovou e precisou se desafiar, mostrando pras pessoas que continua vivo o
nosso amor pela música, pelo Rock e pelo Metal. Essa banda já tem 25 anos, e é
com a maior honra e orgulho que a história da minha vida está conectada com a
história dessa banda, pois não consigo pensar na minha vida fora dela”. Sob a
iluminação dos celulares que “Lullaby For Lucifer”, do “Holy Land”, terminou a
parte profunda do show.
O sistema de som ressoava ao som do berimbau, percebendo
que a próxima seria a nada menos que “Holy Land”, que foi bem recepcionada, com
todos entrando na roda através das palmas. Reservando mais surpresas, a banda
desenterrou mais uma que, há anos, não tocam ao vivo, dessa vez é a
“Running Alone”, do “Rebirth” (2001). Via-se que alguns tinham a letra na ponta
língua, e o Lione já logo apontou o microfone na boca de quem estava ali na
frente.
Enquanto os restantes tomavam folego, o Lione aproveitou
pra brincar com os fãs e testar a voz de cada um. A cada nota vocal, ele pedia
pra que todos tentassem fazer igual, e chegando a hora do tenor italiano
(principal característica dele), a risada era estampada no rosto do vocalista,
dizendo que é um pouco mais complicado, mas que não fizeram feio. E pelo jeito,
ele não vai sair nem tão cedo do Angra, pois o domínio e a simpatia que ele tem
com o público é algo indescritível.
Com mais uma do “Secret Garden”, o show deu continuidade
com “Final Light”, contando que o clip foi gravado no museu da Tam, em São
Carlos (SP). “The Rage Of Waters”, do “Aqua” (2010), teve as vozes preenchidas
pelo Rafael, não dando pra ouvir cantando pelo baixo volume do seu headset.
“Silence And Distance” (outra que arrancou suspiros) e “Angels and Demons”
(retomado pela adrenalina), completaram a primeira parte do set antes de partir
para a etapa final.
O bis, de costume, é ocupado por “Rebirth” e, claro, a
indispensável “Carry On”, ingressando, após a virada de bateria, com “Nova Era”,
trancando a apresentação que durou quase 2h30.
2017 para o Angra será recheado de surpresas. Além da tour
de comemoração de 25 anos, o novo álbum está sendo preparado, com previsão
máxima de lançamento para o começo do ano que vem.
O concerto do então reformulado Deep Purple na primeira edição do festival California Jam(Ontário, Canadá), em 06 de abril de 74, o qual foi transmitido pela rede ABC TV, já teve outras versões no mercado, inclusive em DVD de boa qualidade em 2005, mas esta nova versão traz como novidade a restauração se utilizando do que há de mais atual em tecnologia, podendo ser apreciado com uma definição de imagem e som muito superiores às versões anteriores.
Além disso, vem com o show completo, trazendo também "Lay Down, Stay Down", que ficou de fora da versão original. Foram feitas também novas edições de imagem, e pela primeira vez o concerto foi disponibilizado em Blu-Ray (que traz como bônus a versão com as edições originais).
Ah, você pode ter alguma outra versão, mas não tem como não adquirir esta, porque, além de ter o show completo e novos cortes de câmera incluídos, simplesmente vale a pena apreciar a apresentação histórica da MK III em uma qualidade superior, pois as anteriormente lançadas possuem uma imagem mais apagada.
O grupo apresentava ao público o recém lançado "Burn", iniciando o show com 4 músicas desse álbum, frente a cerca de 400 mil pessoas, que estavam lá para ver o Purple e mais ELP, Black Sabbath, Eagles, Black Oak Arkansas e outras.
Bom, somente por todos esses elementos, de estar apresentando um novo álbum, novo line-up (o show foi tido como a "prova de fogo" dos novos integrantes), um festival que então foi o recordista de público, ainda teve várias outras histórias, começando que Blackmore teve que ser meio que forçado a subir ao palco, porque não queria começar a tocar antes do sol se por, justificando que havia essa condição no contrato, e que tocar com o dia ainda claro atrapalharia o impacto do show de luzes do grupo (detalhe curioso é que há um arco-íris no palco do festival, lembra o que?). Blackmore ainda deu uma apresentação bem explosiva, destruindo guitarras e amplis, sobrando até para uma câmera da rede de TV.
Fora as peripécias de Ritchie, a performance dos demais é incrível, carregada de energia, técnica e segurança, destacando Glenn Hughes, que se mostrava já uma personalidade forte e dominante, com muita segurança, dividindo os vocais com Coverdale, que apesar de ainda parecer um pouco preso em alguns momentos, já era um cantor diferenciado.
Com o "quatrilho" inicial que era parte do álbum "Burn", começando já com a hoje clássica faixa título, seguida por "Might Just Take Your Life", "Lay Down, Stay Down" e "Mistreated", que já trazia um show de interpretação de Hughes, além de nelas todas já termos as características que marcaram o MK III, trazendo mais doses da ´Black e Soul Music. Completam o set-list "Smoke on the Water", "You Fool no One", incluindo trechos de "The Mule" e "Lazy", e fechando com "Space Truckin", onde podemos ouvir incursões de "Mandrake Root". Inclusive nas músicas da fase MK II já podemos sentir o toque da, então, nova formação.
O final com "Space Truckin" é qualquer coisa de incendiário e apoteótico. Lord começa a brincar com seus teclados, enquanto Paice Massacrava seu kit, acompanhado por Hughes, sem camisa e enfurecido, pra em seguida as atenções voltarem todas a Blackmore, que começa a improvisar e destruir algumas de suas guitarras, e é até engraçado o pessoal da equipe de filmagem meio se escondendo com medo que voasse algum pedaço neles. Sobra pra uma das câmeras que se aproxima pra fazer um close, mas o câmera-man não recua. Blackmore destroçando a guitarra em meio a fumaça e banda tocando ao fundo, traz o trocadilho inevitável de que a banda estava "em chamas". Cláaassicooo!!
E "California Jam 74" é isso mesmo, um clássico, um concerto histórico e um Deep Purple literalmente em chamas, onde os novos integrantes passaram com louvor na dita "prova de fogo", com a MK III saindo ovacionada pelas milhares de pessoas presentes. O DVD está disponível em versão nacional pela Shinigami Records, e traz como bônus imagens em super 8 feitas pela equipe da banda.
1. Burn
2. Might Just Take Your Life
3. Lay Down, Stay Down
4. Mistreated
5. Smoke on the Water
6. You Fool No One / The Mule
7. Space Truckin’
Bonus
1. Super 8 Crew Recordings
O Prog Metal não é um estilo que pode ser chamado de fácil, seja para quem toca ou para quem gosta de ouvir, enfim, para todos que querem mergulhar no estilo, pois além de exigir competência e técnica musical, a
inventividade e o intelecto são alguns desses princípios para que uma música do
gênero soe excelente, apesar de haver certas ideologias que consideram a complexidade um estorvos para os ouvidos dos mais bruscos. Vindo como uma grata revelação, o Mindcrafter
aposta na sortida variedade sonora no seu ‘debut’ álbum , “Singns Revealed”
(2015).
Cercado de experimentação e tipicidade, o disco gira em
torno de performances hábeis, perscrutando melodias bem feitas e pontos de pura
viagem, mapeado pelo peso e do expor de músicas brasileiras, sobrepondo mais
soberania e essencialidade ao trabalho, deixando bem clara as influências de
principais nomes da tribo Progressiva, tendo o guitarrista e
vocalista Phelipe Henriques a frente das ideias, e completando o time, Kim Karvalho (guitarra), Lucas Amaya (baixo) e Felipe
Bonomo (bateria).
A produção tange tempos mais cheios e orgânicos, assinada pelo próprio Phelipe Henriques, com a masterização e mixagem feita por Daniel
Escobar, gravado no HR Estudio (RJ), não deixando apetecer a qualidade sonora,
que ficou boníssima e clara. A arte gráfica foi distinguida pelo Rodolfo
Ferreira, da Obsidian Design, que arreganha a moção sonora do disco nos mínimos
detalhes.
Phelipe Henriques, o mentor da banda.
“Singns Revealed” mantem o âmago do Prog Metal no seu
devido recinto, não deixando prevalecer nuances que não são tão recorrentes,
ressarcido por um trabalho natural e aberto, com cada faixa sendo diferente uma
da outra, retratando-se sobre variados conceitos, sendo um álbum distinto dos
outros que estamos acostumados a ouvir do gênero.
De prima, “The Night Wizard” é vestida de boa técnica,
moldada por feeling e melodias requintadas, transcorrendo mudanças de ritmos,
detidos pelos ótimos arranjos de guitarra; a longa “A Warrior’s Blaze”
transpõem linhas mais limpas e morosas, não deixando prevalecer a carga vindo
das guitarras, ficando obvio, de inicio, as influências de ritmos brasileiros.
A instrumental “Against The Ravens In The Sky” traz aspectos cristalinos, ora momentos mais cheios, destacando o labor rítmico do
baixo e da bateria.
Mincrafter: Line-Up atual
“The Grasping Hand” intervê a união do Heavy Metal
tradicional com o Rock Progressivo, que fica perceptível nos vocais do Phelipe,
lembrando o Ian Anderson, do Jethro Tull, além do peso exalar vindo das
guitarras; “Challenge Of The Gods” é coagida de agressividade, guiada por riffs
abrasivos e de momentos mais intricados; “Endless Hope” é escorada pelo peso,
caracterizado por melodias limpas e traços de música latina.
Aos afeiçoados por Prog Metal, “Singns Revealed” é uma
ótima recomendação.
Uma das bandas mais eletrizantes e acessíveis do Brasil
acaba de retornar, após 12 anos de inatividade e de incertezas, com um disco
novo de inéditas, até então, apenas o segundo disco da discografia. Com certeza
você já deve ter visto essa banda em algum programa de TV, rádio e nas casas
mais populares do underground de São Paulo nos anos 80, e que também teve seu
reconhecimento no exterior. Se você pensou no Toyshop, a resposta está certa!
É sobre o novo disco e a volta que fomos procurar o líder
da banda, o baterista Guilherme Martin, para falar de tudo o que está
acontecendo nessa nova fase.
RtM: Como
sou um pouquinho leigo sobre o Toyshop, já que a minha praia sempre foi mais o Heavy
Metal e suas vertentes, e , até onde eu sei, foi a sua principal banda. Gostaria
que você comentasse, resumidamente, sobre a trajetória com a banda? GM: Na
verdade, ela não é minha principal banda. Todas as bandas que eu toco, dou o
mesmo gás, não importa que seja o Viper ou Toyshop. Estou
trabalhando em bandas diferentes, mas é o mesmo amor e faço com o maior tesão
em qualquer uma das duas bandas. RtM: O
inicio foi meio que paralelo com suas atividades no Viper, certo?
GM: O
inicio do Toyshop tem tudo a ver com a história do Viper, vamos dizer assim. Eu
me juntei com o Val Santos, que na época estava trabalhando de roadie do Viper.
E eu já tinha sido o baterista do Viper na época do “Theatre Of Fate”,
seguindo, mais ou menos, até a época do inicio do “Evolution”. E o Val tinha
umas músicas muito legais! E ele vinha tocando com o Gabriel, que também era
roadie do Viper nessa época, fazendo as músicas meio que na estrada. Ai eles me
chamaram pra fazer um som com eles. E eu achava que tinha tudo a ver, porque
tinha a pegada meio Ramones e um pouco mais Punk, que tinha tudo a ver com que
estava escutando na época. E a gente não tinha vocalista. E queríamos
colocar um vocal feminino, e eu acabei conhecendo a Natacha e comecei a
namorá-la. E por acaso, nessas brincadeiras de churrasco, o Val não parava de
tocar violão e de tocar pra tudo quanto é lado. E ela começou acompanhar, mostrando
uma voz perfeita. E ela era a pessoa que se encaixava, porque ela é bonita e
tinha tudo a ver com o que a gente queria.
"O inicio do Toyshop tem tudo a ver com a história do Viper, vamos dizer assim. Eu me juntei com o Val Santos, que na época estava trabalhando de roadie para a banda."
RtM: E foi
ai que surgiu o Party Up!, que permaneceu com esse nome até lançar o primeiro
disco, assinando logo com uma gravadora importante, que foi a Banguela.
GM: Isso!
A banda começou a se chamar Party Up!, fazendo uma demo já com ela cantando. E
foi uma demo que tomou uma proporção muito grande na época, por causa dessa
demo conseguimos contrato com a gravadora independente Banguela, que pra quem não sabe, é a
gravadora que lançou o Raimundos e que tinha os Titãs como donos. Eles tinham
um sub-selo da Warner que se chamava Banguela Records, e contrataram a gente.
Em princípio, o primeiro produto que eles lançaram da gente foi uma demo tape,
que era legal e cultuado na época. E a gente tocava muito aqui em São Paulo
nessa época dos anos 80, porque tinha muito lugar pra tocar: tinha muita casa
underground, tinha bandas e muita coisa acontecendo. Valia muito a pena! RtM: As
coisas que vocês estavam fazendo era um som enérgico e contagiante, agradando a muitas pessoas de gostos distintos, uma música i se tornando acessível pra todos.
GM: E foi
ai que a gente se revelou como uma banda de Punk Rock, Bublegum, com uma mina
cantando e alguma coisa assim. Seguimos com a Banguela por um tempo e, logo
em seguida, fomos gravar um disco. Esse disco também tem uma história curiosa,
porque nos tivemos vários produtores que queriam trabalhar com a Party Up! na
época. E um dos que topou fazer o trabalho foi o Igor Cavalera, que na época
estava entre o Chaos A.D e começando o Roots. E nós fomos pra Phoenix pra
gravar no estúdio que ele estava podendo fazer a produção e muito mais. Então,
de dia, gravávamos o Party Up!, com a produção do Igor. E a noite ele ia fazer
o Roots, que, às vezes, nos íamos ver as gravações de estúdio, que era algo
monstruoso, sendo uma coisa que a gente nunca tinha visto. Foi um negócio bem
histórico! RtM: Graças
a ele, o disco do Toyshop saiu pela Roadrunner, gravadora do Sepultura na
época. Mas, na verdade, o disco ia ser lançado pela Banguela, certo?
GM: Esse
disco, era pra sair com a Banguela quando chegamos aqui, a gravadora estava no seu finzinho e não indo muito bem na época. Então o que aconteceu: pegamos a
master e levamos ela, e ficou engavetada por um tempo. E o Igor tinha levado,
por acaso, a master desse disco pra Roadrunner, que era a gravadora do
Sepultura. Ficou na gaveta, até que um dia o dono da gravadora pegou a fita pra
escutar, e gostou demais dela, contratando a Party Up! pra fazer parte da
Roadrunner, ou seja, nos mudamos pros Estados Unidos outra vez. Tivemos
que regravar praticamente tudo do disco, porque eles queriam com uma roupagem
nova e mais moderna, pois já tinha se passado um tempo da gravação original.
" O primeiro disco tem uma história curiosa, porque nos tivemos vários produtores que queriam trabalhar com a banda na época. E um dos que topou fazer o trabalho foi o Igor Cavalera."
RtM: Em 1998, o primeiro disco, o "Party Up!". E uma coisa gratificante também foram vocês terem assinado com uma gravadora super cultuada, como foi a sensação de ter assinado com a Roadrunner? GM: Às vezes, a gente se perdia, porque a coisa aconteceu de um jeito meio estranho, até porque éramos uma banda underground e, de repente, estava lá no ‘main-stream,’ com a gravadora do Sepultura. E a gente tinha um suporte legal pra gente fazer nosso trabalho lá, sabe? Foi um negócio meio surreal, de um dia a gente morar lá, assinar com uma gravadora... Eu sei o trabalho que a gravadora faz, porque eu fiz tudo sozinho nesse novo disco. E é um puta trabalho, que poderia ser mais simples a relação entre o artista e a gravadora, mas eu não sei se optaria, hoje em dia, por assinar com uma, a não ser que eles me dessem um suporte bem legal, uma distribuição legal e uma divulgação legal, pra isso funcionar bem. Agora, a manufatura do CD em si, dá pra fazer sozinho. RtM: Vocês também conseguiram reconhecimento na Europa com a música ‘Daydream’, que ficou
bastante tempo em primeiro lugar nas paradas na Europa, chegando superar muito
artista que estava bombando na época.
GM: E a
gente conseguiu fazer o primeiro disco, "Party Up!", e mudamos de
nome para Toyshop. É um disco de Bublegum e Punk Rock, que foi produzido pela
Silvia Mazzi, produtora super cultuada nos Estados Unidos. Ela já tinha feito
Red Hot Chili Peppers, Prince, Tool e algumas bandas dessas assim. Ela é super
top nos Estados Unidos. E a gente nem sabia o que estava fazendo, e o local
onde fomos gravar esse disco foi nada menos que no Soul City, em Los Angeles.
E a gente nem sabia que o estúdio ia virar isso que virou hoje, uma lenda.
Fizemos todo o trabalho lá, lançamos um single de uma
música chamada “Daydream”, uma balada. E a gente conseguiu
chegar nas paradas da Europa e da Holanda. E era curioso, porque andávamos na
rua e víamos o clip passando nas televisões de Amsterdã, falando: ‘Caramba... O
que está acontecendo?’ Chegou a atingir, nas paradas, um lugar legal, tipo
segundo e primeiro lugar, tipo... Britney Spears e Toyshop. Mudamos de volta
pro Estados Unidos, continuamos fazendo turnês e fizemos uma turnê grande pela Califórnia. E nessa época, achamos melhor voltar pro Brasil pra mostrar nosso
som. Tocamos muito, na época, nas rádios grandes daqui do Brasil (não vou citar
nomes).
"Gravamos pela Roadrunner em Los Angeles, lançamos um single de uma música chamada “Daydream”, uma balada. E a gente conseguiu chegar nas paradas da Europa e da Holanda."
RtM: E o
rompimento da banda ocorreu em 2001, com cada um fazendo as suas coisas e
seguindo outros caminhos. GM: Sim.
Chegou uma hora que cada um foi seguindo outro caminho. A Natacha,
vocalista, foi ser veterinária. Ela já tinha desistido uma vez pra ser
vocalista da banda. Apoiei ela, que ela deveria terminar o curso
de veterinária, que era uma coisa que ela queria muito. O Gabriel teve um
estúdio, saiu pra estrada com o Sepultura, ficou uns 15 anos trabalhando com o
Igor Cavalera e com outras bandas. O Val compondo... Entrou um baixista novo,
que é o Nando Machado, irmão do Felipe Machado, do Viper. E a gente seguiu
fazendo mais alguns shows e algumas coisas, mas cada um foi cuidar da sua vida.
Nunca deixei de desistir da banda, eu e o Val sempre sentávamos em estúdio e
fazíamos músicas. O Val é um compositor de mão cheia! Eu sento com ele e boto a
minha influência, que é um pouco mais Punk, nas músicas dele. E sempre sai
coisa boa! Eu sou fã assumido das músicas do Val. RtM: E
depois de muito tempo, após 12 anos de espera, vocês pegaram todos de surpresa
com a volta banda, anunciando um novo disco de inéditas, que foi lançado há
pouco tempo. GM: Resolvemos
voltar pra, pelo menos, fazer um novo CD e alguns shows, não deixar morrer com apenas um trabalho algo tão legal que a gente fez lá atrás. Então eu resolvi pegar
firme até o CD ficar pronto. E o CD, “Candy”, ficou pronto depois de uns 3 anos
de trabalho, tudo bem produzido e gravado pelo Mauricio Cersosimo. Ele
já produziu desde Emicida, Titãs e Lobão aqui no Brasil, morou lá fora e
trabalhou com a Avril Lavigne. Então é um cara bem update com tudo o que está
acontecendo. E ele é perfeito, porque ele é meu irmão mais novo e sabe tudo do
que eu gosto de som. Ele foi um dos grandes parceiros e uma das pessoas que fez
esse disco acontecer também.
RtM: A arte
do disco também esté muito legal, está bem caprichada! GM: Hoje
em dia, ninguém liga muito pra fazer uma boa arte no CD, mas eu fiz questão de
ter uma arte legal, retratando as coisas que eu gosto, que é Punk Rock. Eu
queria que fizesse uma coisa que flertasse ao Punk Rock e a New Wave, que é a
tendência meio Rock N’ Roll, Punk Rock e Bublegum. Eu queria bastante cor, tendo a estrela da banda que, no caso, não é a Natacha, e sim a Matilda.
Como a Natacha é veterinária, ela quis expor a cachorrinha dela pra ser a
grande estrela da banda.
RtM: O
estilo do Toyshop é basicamente essa junção do Punk Rock com o Bublegum,
adicionando algumas coisas melódicas. E por você já ter passado por diversas
bandas, como o Viper mais pro lado do Heavy Metal, tendo passagem também pelo
Luxúria, em 2007, como é que você concilia o estilo do Viper ao lado do Toyshop
diante do seu ambiente musical? GM: Se
minha cabeça fechar, eu consigo separar os dois muito bem. Hoje em dia, eu
também faço o projeto solo do Felipe Machado, que também é outro estilo, com
alguma coisa de melódico e pesado, que gosto muito de fazer. E são desafios
como músico, por exemplo, a configuração da batera do Viper que eu uso é
totalmente diferente da que eu uso no Toyshop ou no FM Solo, onde uso uma coisa mais
simples. A música pede menos esse tipo de configuração, mas pra mim é normal. Como
música e como músico, o que vier dá pra separar. O legal é que eu me considero
um batera que tem um estilo meio próprio, então eu imprimo o meu estilo nessas bandas todas que citei. RtM: Quando
você está tocando, você sente mais confortável com qual estilo?
GM: Eu sou
meio esporrento na bateria, gosto de sentar o braço! RtM: E
percebemos isso, porque você é um baterista que prioriza ritmos fortes.
GM: Sim.
E tem barulho de tudo quanto é lado vindo ali, então eu sempre consigo do bumbo
e a caixa estar perfeitos, porque dai a música vai e os guitarristas e o vocal
podem viajar e harmonizar. Se eu ficar ali que nem uma máquina, sempre vai sair
bom. RtM: O
Toyshop ficou bastante tempo parado, como eu falei, aproximadamente 12 anos de
inatividade. Quando vocês voltaram, fazendo os primeiros ensaios e tudo mais,
deu pra sentir alguma mudança ou a mesma coisa de sempre?
GM: O
Toyshop nunca chegou a acabar. Continuamos amigos, mas só que a banda deu um
tempo, porque todo mundo só fez isso na vida. Então cada um deu um tempo pra
cuidar da sua história, mas quando a gente voltou, a fórmula da banda estava
pronta, só demos uma aperfeiçoada sonora. A gente queria muito que soasse como se fosse uma evolução do primeiro disco. As músicas estão até
mais enxutas hoje em dia, mais para um Punk Rock simples estruturalmente.
RtM: Vocês
tiveram um inicio dentro do underground, como todas as bandas passam no começo.
E logo de cara, quando lançaram a primeira demo, a banda chamou a atenção de
várias TVs, rádios e exterior. Essa rápida ascensão do underground pro
‘main-stream’ te assustaram de alguma forma? GM: Essa é
uma pergunta legal que você fez. O Toyshop sempre esteve nesse limbo, entre o
underground e o ‘main-stream’, fazíamos alguns programas
bem ‘main-stream’ e, às vezes, underground, como na MTV, por exemplo. RtM: Até na
TV Globo vocês apareceram também, certo?
GM: Sim.
De repente, em seguida, estávamos na TV Globo. Depois fomos fazer Carla Perez,
tudo porque a nossa música estava tocando nas rádios, que era uma música mais
acessível pra todos os estilos, funcionando pro Rock e para o pessoal mais
eclético de música. Eu não acho isso ruim. Se você consegue por a sua música no
estilo que você faz pra todo mundo ouvir, isso é um grande desafio, você não
concorda? RtM: Claro!
E outra coisa que vocês conquistaram, o que até então era só o Sepultura que havia tido a oportunidade, se eu não me engano, foram de terem se mudado pra fora do país.
Essa acessibilidade, de estarem num país diferente, que é os Estados Unidos,
acrescentou mais experiência?
GM: A
gente aprendeu bastante coisa, a banda nunca tinha ficado bastante tempo na
estrada até então. A gente sempre fazia os shows underground aqui em São Paulo
e, de repente, quando mudamos pra lá, tivemos que se adequar como realmente
funcionava o negocio, assim como todas as bandas funcionam: a gente entrava numa
van, a gente dirigia, íamos como toda aparelhagem atrás, chegava no lugar,
entrava, montava, tocava e já ia pra outro lugar. Fizemos isso várias vezes na Califórnia
toda, abrindo pra uma banda chamada Zebrahead, que era bem renomada na época,
nessas de Punk Rock. E a gente ia tocando, fomos pra San Francisco, San Diego e
rodamos a Califórnia inteira. Tocávamos em Los Angeles, que era onde a gente
morava. E depois disso, por acaso, entramos numa trilha sonora de uma
propaganda de cosméticos lá na Itália. RtM: Teve música de vocês em alguns filmes americanos, que não vou
lembrar o nome agora.
GM: Em
dois filmes. Um filme estrangeiro, que era das irmãs Olsen (Olsen Twins). Entraram três
músicas nossas nessa trilha sonora (o filme era Holiday In The Sun/Férias Ao
Sol, traduzido pro português), que eram super bombadas na época, sendo o filme
mais teenager da época. Com esse disco atual, estamos com sorte em trilha
sonora. A música “Running Out” entrou no filme do Mauricio Eça, "Apneia", que é
um filme com artistas globais e tudo. É demais esse filme, bem pesadão. E uma
coisa curiosa agora é que a gente entrou numa trilha sonora do carro Hyunday –
HB20, com um cara que pula de paraquedas, passa debaixo do cristo redentor,
aterrissa e entra dentro do HB20. A música do Toyshop funciona pra essas
coisas, por isso que eu falo que é uma música acessível. Não é que nem o Heavy
Metal, que é segmentado pra aquelas pessoas que gostam do estilo. Talvez, com o
Toyshop, estamos provando que a gente tem um leque de oportunidades legais
fazendo esse tipo de som, apesar de cantar em inglês também.
"Entrávamos numa van, nós mesmos dirigíamos, íamos com toda aparelhagem atrás, chegávamos no local, era montar, tocar e já íamos pra outro lugar. Fizemos isso várias vezes na Califórnia."
RtM: Ainda
fazendo esse link da passagem de vocês pelos Estados Unidos, como você compara
o público estrangeiro (americano) com o daqui do Brasil? GM: Nesse
patamar que a gente estava, principalmente, a gente era banda de abertura que
estava bombada. Então, toda a noite, a gente tinha que sair ganhando a galera.
E a gente conseguia. Nas primeiras músicas, era meio morno, ia esquentando,
daqui a pouco a galera estava dançando, pulando e, às vezes, não sabiam nem a
letra e estava cantando junto com a gente. O resultado sempre era esse, não
importava onde a gente tivesse fazendo, pois saíamos do palco sempre satisfeitos.
Era sempre um desafio. RtM: E como
ocorreu a transição do nome Party Up! para Toyshop?
GM: O
Party Up! era um termo velho que não se usava mais, era como se tivessem convidando você pra uma festa de arromba. ‘Ah meu... Vamos lá que vai ter uma
festa de arromba’. Era meio que convidar pra uma balada, falando: ‘Puta... Vai ter uma
balada do caralho! Vai ser uma festa de arromba’. Mas a gente não sabia, achávamos
que funcionava. Digamos que era meio fora de moda, fizemos até um quadro lá no
estúdio que gravamos, fazendo um brainstorm com várias coisas escritas no
quadro, com metade de nome e coisa que fomos descobrindo. E durante as
gravações, alguém tinha uma ideia e ia juntando as palavras, e Toyshop foi a que agradou todo mundo, combinava com a cor da música. Basicamente isso. RtM: Sobre
essa questão de selos, em sua opinião, você acha importante, pra uma banda que
está começando, lançar um trabalho independente ou mesmo optar por um auxilio
de gravadora?
GM: É uma
pergunta difícil... Depende do que estão te oferecendo. Hoje em dia, tudo mudou
muito, até o enfoque de como você vai divulgar seu trabalho é diferente. Apesar
da maioria da divulgação ser tudo por meio da plataforma digital e rede social,
precisa da parte física, de pegar o seu CD e levar num programa pra apresentar.
Você precisa estar presente! Eu sou dessa opinião, mas eu também já estou há um
tempo nisso dai, tendo que aprender bastante coisa ainda.
RtM: E como
está sendo esse recomeço do Toyshop, um novo trabalho já rodando? GM: Está
todo mundo animado e a fim de trabalhar. Vamos tocar bastante! O Toyshop é uma
banda boa de palco, animada e tem uma pegada legal. Às vezes, a gente vai a
alguns shows e vê umas bandas muito ruins e fala: ‘Puta... Que negócio
fraquinho’. Dai entra uma banda que dá um susto em todo mundo, toca uma
porradaria e vai embora, deu conta do recado. Uma banda que me impressionou ultimamente,
e que a gente até tocou junto, foi o Far From Alaska, que é muito boa, com uma mulher
cantando em inglês também. É uma pegada totalmente diferente do Toyshop, claro,
mas é uma puta banda boa. Eles merecem aqui a minha aprovação. RtM: E os planos pra divulgar o disco?
GM: os planos do Toyshop agora são fazer turnê, rolar bastante esse CD por aqui e mostrar no nosso som, que é totalmente diferente do trabalho que eu faço com o Viper ou com o Heavy Metal. É uma música um pouco mais Pop, cantado em inglês também, mas que é um ritmo mais acessível. Tem balada também nesse disco, queria que vocês escutassem, se tiverem a oportunidade, de baixar no Spotify pra poder ilustrar o que nos estamos falando e saber como soa o novo disco do Toyshop. É mais ou menos isso... Os planos agora são divulgar e tocar o máximo possível, fazendo com que esse CD seja bastante conhecido, seja aqui no Brasil ou lá fora, porque pode atingir o exterior por ser cantado em inglês também. É basicamente essa mensagem que eu quero passar. RtM: Voltando
no passado novamente, você chegou a ser roadie do Igor Cavalera na época que
ele estava no Sepultura, que em paralelo, produziu o primeiro disco do Toyshop.
Como foi esse período de convivência com ele?
GM: O Igor
foi o seguinte: ele topou fazer, nesse tempo entre a final da turnê do “Chaos
A.D” e do “Roots”, o Toyshop. E foi um monte de moleque pra lá. E rolou uma
amizade que existe até hoje. Ele é um dos meus melhores amigos e conversamos
todo dia, apesar dele não estar morando aqui no Brasil. Eu parei um pouco de
trabalhar como técnico, mas ainda faço se for pra ele. Tenho orgulho de
trabalhar pra ele e de tudo que eu fiz com o Sepultura. A primeira vez que eu
vi o Igor tocando batera foi uma coisa que mudou totalmente na minha cabeça,
porque eu tocava batera de um jeito e, quando vi ele tocando, eu falei:
‘Puta... Mas se dá pra tocar daquele jeito, por que eu toco do jeito que toco?’
Mudou tudo na minha cabeça! O jeito de tocar e a energia que coloco na bateria
tem tudo a ver com o Igor tocando. Eu considero ele o meu grande professor de
bateria até hoje. RtM: Chegando
ao final da entrevista, muitas bandas brasileiras hoje estão optando por cantar
em português e ter destaque aqui. E como o Toyshop é uma banda que canta em
inglês, o tão desejado reconhecimento mundial ainda perdura para muitas bandas.
Ainda ajuda, mesmo com o advento da internet, a conseguir destaque cantando na
língua universal?
GM: Eu
acho que ajuda. Eu não sei por que existe essa barreira... Pra você entrar no ‘main-stream’
do Brasil, você tem que cantar Rock em português. Eu não acho nenhum problema
nisso, mas também não acho que cantar Rock em inglês é um problema. O problema
é se alguém cantasse MPB em inglês, coisa que não tem a ver, porque é a Música
Popular Brasileira, mas o Rock foi criado em inglês. É música, de qualquer
jeito que soe, soa legal, mas as bandas que cantam em inglês e uns sons mais
alternativos tem que expandir trabalho e sair daqui, seja aqui no Brasil ou
fora daqui, onde da oportunidade fazer isso daí. RtM: Dá pra
notar que você é um cara que ouve praticamente bandas na pegada Punk Rock. Mas
fora esse gênero, o que tem te agradado ultimamente que você destacaria?
GM: Eu sou
um cara não muito eclético. Eu gosto muito de Punk Rock e de tudo o que é Punk. Só
escuto Punk Rock hoje em dia. Sou fã do Ramones, inclusive, tenho a banda na
minha pele. Eu gosto de The Misfits pra caralho! Tenho escutado muito essa
trinca do The Clash, The Jam e Cock Sparrer. A maioria, que eu escuto, são
bandas de Punk, como Circle Jerks e Black Flag, que gosto pra caramba e que
mostram atitude. Eu gosto de Heavy Metal pra caramba! Fui curtido no Heavy
Metal, mas eu sou forte nos medalhões. Eu gosto dos primeiros discos do Iron
Maiden e do AC/DC. Eu gosto de Black Sabbath pra caramba, que talvez, seja uma
das minhas bandas preferidas de todos os tempos também. E o Spotify me ajuda a
conhecer bandas parecidas com as que eu gosto, porque gosto de procurar coisas
que tem a ver e tal. E tem sido um ótimo exercício procurar coisas novas.
RtM: Pra
finalizar, onde você acredita que o Toyshop pode chegar com esse novo trabalho,
já com uma formação consolidada, sendo que a única novidade é o Nando Machado
no baixo, e o que as pessoas podem esperar dessa nova fase da banda? GM: Shows
com energia! Foi um trabalho que demorou pra ficar pronto, mas a gente colocou
muita energia. Quem gosta desse estilo, vai agradar quem gosta de Heavy Metal.
Quem gosta de Viper, vai gostar de Toyshop. Quem gosta de Ramones, vai gostar
de Toyshop. Vai agradar bastante coisa, tendo música pra todos os gostos de
Rock. RtM: Muito
obrigado pela disponibilidade Guilherme. Fica o espaço para deixar a mensagem
final aos leitores.
GM: Quero
deixar aqui um agradecimento a você, Gabriel, e a quem está acessando o Road To
Metal. Gostaria que vocês seguissem e soubessem como soa o Toyshop. É uma coisa
diferente pra quem está acostumado a ouvir somente Heavy Metal, mas tenho certeza que
vai agradar muito. Lembrando também que tem os lançamentos do Viper, que é o
DVD/CD da reunião da banda, que continua sendo muito legal. Isso é um breve resumo da
minha carreira, tenho outros trabalhos menores aqui, mas o recado é um
agradecimento. E vamos continuar apoiando! Quem está fazendo um trabalho como
esse do Toyshop, por exemplo, vamos dar chance e botar as bandas legais e
originais do Brasil tocando. Se não dá de um jeito, vamos atrás de outro que
vamos chegar lá.
Entrevista:
Gabriel
Arruda Edição/Revisão:
Carlos
Garcia Fotos:
Divulgação/Cedidas pela banda