quinta-feira, 30 de julho de 2015

Kamboja: Contagiante, Agradável e Raçudo!



Chega a ser um paradigma as pessoas definirem que o Rock brasileiro é simbolizado pelo Barão Vermelho, Cazuza, Raul Seixas, Capital Inicial e entre outros, uma injustiça e até um equívoco brutais, mostrando total desinteresse e falta de informação da história do Rock em terras tupiniquins. Primeiramente, há que dar destaque a Os Mutantes, Made In Brazil, Patrulha do Espaço, O Terço, O Som Nosso de Cada Dia, Casa das Máquinas e etc. Desses grandes nomes partiu também a influência às bandas de Heavy Metal e Hard Rock que estavam surgindo, seguindo a mesma linhagem sonora e significando a evolução, além de priorizar as composições em português. O exemplo e influências são seguidos até hoje, e o Kamboja, banda com integrantes que veio dessa leva e bebeu nessa fonte, mostra em “Viúva Negra”, seu primeiro trabalho, o verdadeiro significado e cara do real Rock nacional.

Mirar gênero ou um estilo que especifica a predominação e a atitude sonora feita pelo Fabio Makarrão (vocal, ex-proprietário do Black Jack Rock Bar e criador do programa Sleevers), Edu Moita (guitarra), Frank Gasparotto (baixo) e a lenda Paulo Thomaz (bateria, ex-Centúrias, Harppia, Firebox e atualmente no Baranga), pois o quarteto faz um Rock acessível, para aqueles que têm bom gosto e sem qualquer tipo de incógnita, ignorando qualquer frescura, fazendo jus ao contagiante e nobre Hard Rock clássico praticado em meados nos anos 70 e 80, vindo da escola, principalmente, do Motörhead, AC/DC, Lynyrd Skynyrd e de outros dinossauros das respectivas décadas citadas, feita de forma atual, suja e instigante. 


Comparado ao EP, lançado em 2012, “Viúva Negra” mantém o mesmo nível apresentado no curto trabalho anterior (letras que fala sobre diversos assuntos do cotidiano), mas que ganhou dosagens mais pesadas e secas com a chegada do guitarrista Edu Moita (ocupando o lugar que foi deixado pro André Curci), que tem como foco priorizar harmonia através de riffs abrasivos, fazendo-se união às pegadas ‘Bluesing’; Fábio Makkarão(responsável por ter composto todas as letras) mostra sempre sua vontade e empolgação por trás dos microfones, com vocais que transitam do mais suave, grave e agudo; já Frank Gasparotto e Paulão Thomaz mantém uma base rítmica de baixo e bateria na sua devida altura, sem perder controle nenhum.
A produção bem limpa, masterização e mixagem de ótima qualidade, ficaram a cargo de Eric Cavalcante e Rogério Wecko, gravado no estúdio CdAudio/Hell’s Cage em São Paulo; a parte gráfica, que mostra um clima bem soturno (de acordo com a nomenclatura do disco) foi ilustrada e direcionada pelo artista José Proença.


Nas primeiras cinco faixas de “Viúva Negra”, são apresentadas músicas totalmente novas e quentes, começando pela faixa que dá o nome ao álbum, iniciando com um tema bem sarcástico para, logo em seguida, a banda entrar em ação de maneira simples e reta, apresentando ótimos riffs e refrãos bem postados, preenchida de solos bem elaborados de puro feeling; “Virtual” impõem um andamento mais rápido e acelerado, flertado com o Hard Rock e apresentando guitarras bem ganchudas, acordes de baixo martelados, abrangendo um pouco de humor na letra, que retrata a inocência que existe no mundo das redes sociais e da internet; 

“Contagem Regressiva” prossegue de maneira mais cadenciada, conduzida por arpejos que transitam a melodias mais limpas, com timbre de voz bem variado e a bateria segurando perfeitamente a base; a lenta “Sangrando” vem arrastada e azeda, com um inicio bem exótico de slide-guitar, mas que não poupa energia e peso no instrumental, sendo o ponto mais alto do disco; “Batendo de Frente” mostra toda pureza e a vibração do Rock, com inicio a la Motörhead, onde baixo e bateria unem forças, e riffs explosivos no estilo AC/DC, tendo arranjos muito bem sacados pra serem executados ao vivo, perfeita para o público entrar no clima da música.



Pra quem tem curiosidade de saber como o Kamboja se comporta ao vivo, a banda registrou mais três faixas inéditas, gravadas nos estúdios da rádio Brasil 2000. “Mentira”, que tem um comportamento mais radical e "bravo" em todos os aspectos, e a letra abordando um assunto bastante relevante à humanidade, principalmente aqui no Brasil. Só ouvindo a pessoa vai saber do que se trata; “Não Vá em Vão” prioriza riffs abafados e pulsantes de forma bem efêmera e coesa no aspecto "bateristico"; “Alien Nação”, no geral, segue a mesma linha da anterior, só que de forma mais introspectiva e serena.
A parte final do disco segue com as faixas do EP “Kamboja”, de 2012, como um extra-bônus, destacando “Se Deus Pudesse Me Ouvir” (retratando os problemas políticos do Brasil), “Acelerando” (perfeita para correr na estrada) e “Dona da Madruga”, minhas favoritas, mas que num contexto geral, todas soam ótimas, até sendo injusto destacar alguma em especial.

Qualidade e experiência não falta para os músicos que integram o Kamboja, que mostram como fazer Rock contagiante, agradável e raçudo, sem precisar de muita frescura, e que não deixarão a peteca cair tão cedo.


Texto: Gabriel Arruda
Revião/Edição: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação


Ficha Técnica
Banda: Kamboja
Álbum: Viúva Negra
Ano: 2015
Estilo: Hard Rock/Rock ‘n’ Roll
País: Brasil
Gravadora: Independente

Formação
Fábio Makkarão (vocal)
Edu Moitta (guitarra)
Frank Gasparotto (baixo)
Paulo Thomaz (bateria)





Track-List
01. Viúva Negra
02. Virtual
03. Contagem Final
04. Sangrando
05. Batendo de Frente
06. Mentira (Brasil 2000)
07. Não Vá em Vão (Brasil 2000)
08. Alien Nação (Brasil 2000)
09. Se Deus Pudesse Me Ouvir
10. Acelerando
11. Tarde No Bar
12. Bomba Relógio
13. Dona da Madrugada


terça-feira, 28 de julho de 2015

Hagbard: Entre os grandes nomes do folk metal nacional


O folk metal é um estilo que, muitos dizem, pouco tem a ver com a cultura brasileira. Alguns dizem até que não tem nada haver. Mas isso não impede que bandas de talento surjam e mostrem que isso não serve de impedimento e comprovem que, quando se trata do “país do heavy metal”, todo estilo tem força e pode se manter.

Dito isso, não causa surpresa o trabalho de estréia da banda mineira HAGBARD. Composto por Igor Rhein (vocal), Tiago Gonçalves (guitarra), Danilo Marreta (guitarra), Gabriel Soares (teclados e flautas), Rômulo “Sancho” (baixo) e Everton Moreira (bateria), o grupo apresenta em RISE OF THE SEA KING (2013) qualidades suficientes para figurar entre os grandes nomes do Folk Metal nacional.


Gravado entre setembro de 2012 e maio de 2013 em Juiz de Fora (MG) e Mixado e masterizado por Jerry Torstensson no Dead Dog Farm Studio, na Suécia, o cd nos traz uma banda que sabe o que está fazendo. Após a intro Eulogy of Ancient Times, vem uma das faixas de destaque no trabalho. Warrior’s Legacy tem belos riffs e possui belos solos alternados entre Tiago, Gabriel e Danilo. Essa variação entre as guitarras e o teclado ficou perfeita na proposta do grupo. Outro ponto a se destacar no trabalho são os vocais. Por vezes guturais, por hora limpos, além de backing muito bem estruturados nas composições, Berserker’s Requiem, com um belo trabalho de baixo e bateria, tem foco na melodia e peso ao mesmo tempo (em se tratando de folk metal). Mystical Land, totalmente acústica, é uma bela canção. Não há como escutar essa música e não imaginar bardos á beira de uma fogueira entoando sua bela melodia. Let Us Bring Something For Bards To Sing, se tivesse vocais limpos, poderia estar nos primeiros trabalhos do Rhapsody of Fire.


Sail to War possui um andamento mais cadenciado e tem destaque novamente, o trabalho de baixo e bateria. March to Glory, a faixa mais rápida do trabalho mantém as características presentes. Melodia e belo trabalho vocal. Hidden Tears contou com os vocais de Vitória Vasconcelos. Bem introspectiva, mostra o talento do grupo nas composições. Tendo de fundo um belo acompanhamento de teclado e violino, a bela voz de Vitória ganha destaque. Dethroned Tyrant começa pesada e já emenda um refrão pra logo em seguida mostrar a versatilidade da banda, pois a velocidade da bateria em contraste a melodia da flauta ficou muito boa! Until the End of Day encerra o trabalho, com destaque para o baixo. Cabe ressaltar aqui mais dois pontos. O grupo contou com a participação do violinista Vinicius Faza em várias faixas. E o baixo, em todas as faixas, foi gravado por Daniel “Guma” Saab.


Um bom trabalho de um grupo que pode crescer mais, visto que esse é seu trabalho de estréia (full lenght, pois já haviam lançado anteriormente o EP Lost in the Highlands). Capacidade e talento tem de sobra.


Resenha por: Sergiomar Menezes
Revisão/edição: Renato Sanson

Track List:
01 - Eulogy of Ancient Times
02 – Warrior’s Legacy
03 – Berserker’s Requiem
04 – Mystical Land
05 – Let Us Bring Something For Bards To Sing
06 – Sail to War
07 – March to Glory
08 – Hidden Tears
09 – Dethroned Tyrant
10 – Until The End of Day


Acesse e conheça mais a banda:



segunda-feira, 27 de julho de 2015

Necromesis: Extreme Metal Caótico, Denso e Criativo




O NECROMESIS é mais uma banda que chega demonstrando um elevado potencial de crescimento numa cena saturada de bandas de Death Metal. Mayara Puertas (Vocals), Daniel Curtolo (Guitar), Gustavo Marabiza (Bass) e Gil Oliveira (Drums), preocuparam-se em criar uma sonoridade que reunisse a pedreira do estilo, com riffs que ora beiram o Thrash Metal, com pitadas de progressividade às músicas, muito em função das variações que apresentam, como também pela duração dos sons. No entanto, isto em nada descaracteriza ou deixa a audição chata. Todos são músicos de extrema técnica, e souberam forjar temas que prendem a atenção do ouvinte nos detalhes, seja em passagens caóticas, seja em partes mais densas. 


As vociferações que Mayara impõe por vezes são extremamente guturais, por vezes são rasgadas, ambas carregadas de ódio. E esta alternância veio muito bem a calhar, denotando às músicas uma ambiguidade peculiar. De outra banda, os riffs de Daniel são dotados de peso, velocidade e técnica, pensados milimetricamente para cada parte da música. Muitas vezes, estes riffs ficam martelando na cabeça, tamanha a sua efetividade, bem como há, ainda, solos bem encaixados. Outrossim, Daniel ainda contribui com excelentes backing vocals. Já o baixo de Gustavo se faz devida e altamente presente, servindo de pilar mestre na construção da base das músicas, não se restringindo somente às marcações, mas sim ‘riffando’ quando necessário, imprimindo levadas insanas e cortantes. Um belo trabalho nas quatro cordas, também; por fim, o trabalho da bateria de Gil não é menos que exemplar, a despeito do cara sentar a mão no kit, o faz com maestria, com viradas precisas e uma boa coleção de variações, nunca deixando o pique cair. 


O álbum conta, com participações especiais de Fernanda Lira (Nervosa) na música Self Condemnation; de Paolo Bruno (Desdominus/Thy Light) em The Omission Of Living; Vitor Rodrigues (Voodoopriest) na música The Last Stage Of A Mind; e, Marcel Briani (In Solitary) em  The Last Stage Of A Mind, Awake e Final Truth. Enfim, é bastante animadora a estreia do Necromesis. É fato que se trata de uma banda pronta, que ainda crescerá muito e certamente continuará produzindo música de qualidade. A produção de The Poet’s... foi feita pelo próprio Daniel Curtolo no estúdio Stage Dive. Já a arte da capa foi feita pelo grande Mark Riddick (Grave, Coffins, outros) e a concepção pela própria Mayara. Um grande trampo.

Texto: Marcello Camargo
Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Necromesis
Álbum: The Poet’s Paradox (2014)
País: Brasil
Estilo: Death Metal
Contato: necromesis.br@gmail.com



 Line-up
Mayara Puertas (Vocals)
Daniel Curtolo (Guitars)
Gustavo Marabiza (Bass)
Gil Oliveira (Drums)

Tracklist
1-End of the cloistered
2-Desocial Inclusion
3-Self Condemnation
4-Evolving a Paradox
5-The Life is Dead
6-Awake
7-Condemned by Themselves
8-The Omission of Living
9-Indifferent Echoes of Sensitivity
10-Final Truth
11-The Last Stage of a Mind



sábado, 25 de julho de 2015

Maidens of Metal - O que Elas Pensam a Respeito do Papel da Mulher na Cena Rock/Metal nos Dias de Hoje?


A ideia desta matéria (devidamente batizada "Maidens of Metal", também aproveitando o trocadilho com "Made of Metal)  surgiu em março, no clima do mês da Mulher e do Dia Internacional das Mulheres, pensamos em realizar um artigo especial, então nossa equipe colheu depoimentos de algumas mulheres atuantes na cena Metal e Rock Pesado, para saber a opinião delas quanto ao papel hoje da mulher nessa cena, antes dominada pelo sexo masculino.

Antes, as raras pioneiras penavam com a discriminação e falta de apoio, mas buscaram seu lugar e conquistaram respeito, mesmo que seguindo mais a linha do que era feito pelos representantes masculinos, como as Runaways, Girlschool, Wendy O. Williams, Doro Pesch, Jo Bench, London Wilde e Leather Leone, e aqui no Brasil Volkana, Flammea, Valhalla e Placenta, para citar algumas. 

Mais tarde, uma outra geração mostrou que as mulheres não precisavam deixar a serem femininas e até delicadas, ou usarem um figurino mais estilizado, e citamos aí Liv Kristine, Anneke, Kari e logo em seguida Tarja, Cristina Scabbia, Vibeke Stene... e partir daí, bandas com integrantes femininas, não só nos vocais, e até formadas somente por mulheres só cresceu, tendo até alguns rótulos específicos, e inclusive festivais exclusivos, surgindo novos ano a ano, como Metal Female Voices, que acontece desde 2003 na Bélgica, e o She Shakes the Earth, aqui no Brasil, em Brasília.


Charge de Márcio Baraldi, ilustrando isso, de que elas são capazes de tudo

Mas, e afinal? Ainda há muita dificuldade, discriminação? É justo explorar a imagem das musicistas femininas, utilizando rótulos como "Female Fronted Metal" ou "Female Fronted Band"? 

E usar esse rótulo é justo ou é tirar proveito, às vezes até para suprir uma possível falta de outras qualidades? Vencer num território predominantemente masculino sem perder a feminilidade também é um desafio. O que elas pensam sobre isso tudo? E também perguntamos a opinião dos "caras".


Sabemos que são poucos depoimentos face a quantidade de bandas, a diversidade dentro dessa cena, além da individualidade de pensamento de cada pessoa, mas acompanhe conosco, porque com certeza, muita coisa conseguimos abranger, conversando com pessoas de diversos países e de diversos sub-estilos dentro do Metal,  e, claro, também dê a sua opinião. Vamos lá conferir o que elas têm a dizer?


A experiente London Wilde, que vem de uma época que era bem mais complicada a cena, principalmente para as mulheres, tem restrições quanto à rótulos como "Female Fronted Metal" e também expressa sua opinião às mais jovens:

A experiente London Wilde, que iniciou a carreira em uma época que ainda eram raras as mulheres no Metal


"Eu acho que o termo "Female Fronted "pode ​​ser negativo se evoca noções preconcebidas sobre como a música vai soar. Eu acho que é importante para as mulheres no Metal não se preocuparem com os estereótipos, ou em encaixar em determinado papel ou movimento, e se concentrar apenas em realizar sua visão pessoal como artista. "
 London Wilde (Vocalista/Produtora - WildeStarr - EUA)




A mexicana Marcela Bovio optou por mudar-se para a Holanda, em busca de mais oportunidades

"Acho que as mulheres são muito mais aceitas no mundo do Metal hoje em dia. Você vê um monte de mulheres que fazem música pesada, e já não é mais uma surpresa, e isto é ótimo! Mas uma coisa que eu acho que realmente é preciso,  é se livrar do rótulo de "Female Fronted Metal", ele não diz nada sobre a música que uma banda realiza!"

 Sobre a questão de mudar-se para a Holanda, em busca de melhores oportunidades, Marcela explica:
"Há uma série de fatores que mostram que manter uma banda na Europa é mais fácil do que no México, mas um dos principais é que há , pelo menos na Holanda, muito mais apoio do governo para as artes do que no México, por exemplo."
Marcela Bovio (Natural do México, Marcela é Vocalista/Violinista e compositora do Stream Of Passion - Holanda)



Marcela mudou-se do México para a Holanda, mas no outro lado do Oceano também há países em que o apoio é precário, tanto para homens como para mulheres. Veja o que Daria Piankova (Concordea-Rússia) e Nelly Hanael (Majesty of Revival - Ucrânia) têm a dizer. Daria vê como uma questão ainda difícil de opinar quanto a participação feminina, e a busca de manter o equilíbrio entre mostrar força sem perder feminilidade, enquanto Nelly tem uma visão mais "poética".


Daria Piankova, do Concordea, oriunda da região Ural na Rússia

"É uma pergunta difícil, principalmente porque essa música era originalmente desempenhada por homens e não por mulheres. Comumente este tipo de música está associada com o protesto, revolta, agressividade, poder, o que é - eu digo outra vez esta palavra - principalmente prerrogativa dos homens, mesmo dentro de nossa cultura moderna ... Então, quando você fala sobre o papel das mulheres nesta música, você tem que enfrentar muitos estereótipos no ar, na mente dos homens e das mulheres. Hoje as mulheres tentam contribuir com sua parcela a sério neste negócio ... e seu objetivo é combinar sua ternura natural e o poder que eu mencionei acima. Criar beleza e ser firme. E continuar sendo mulheres apesar de tudo. Não é uma tarefa das mais simples, acredite em mim!"
(Daria "Domovik" Piankova, Guitarra - banda Concordea - Rússia).



"Para mim, uma combinação da suavidade feminina e o poder da música Heavy Metal sempre foi (e ainda é) a coisa mais maravilhosa e mágica no estranho mundo de vários instrumentos musicais e vozes. Quando uma mulher começa a cantar em uma música poderosa, e ela traz uma pequena (ou nem tanto) linha melódica você precisa seguir e apreciar de qualquer jeito, principalmente quando a cantora é uma profissional!
Todas essas mulheres me lembram uma donzela guerreira - uma combinação de força, beleza e profunda ternura em suas raízes. É uma espécie de conto de fadas da cena Rock/Metal, que deve existir e continuar a progredir!...

Nelly Hanael (Ucrânia)
...E sobre o rótulo de "Female Fronted Band”, acho ótimo esse rótulo existir porque essas pessoas, que gostam de ouvir vozes femininas no Metal e no Rock facilmente podem encontrar muitas boas bandas. E também mais fácil para as bandas encontrarem a gravadora certa, as quais conhecerão o seu trabalho dessa forma! He he he.”
(Nelly Hanael - Vocalista - Majesty of Revival - Ucrânia)




E aqui no Brasil? Um pouco do que nossas "Mulheres de Metal" aqui pensam:


"Cada vez maior e em ascensão. As coisas mudaram bastante numa média de 10 anos pra cá, hoje em dia, as mulheres estão cada vez mais presentes na cena rock/metal, tanto comparecendo aos shows e comprando material quanto como integrantes das bandas e produtoras e organizadoras dos eventos! Autênticas, vestindo , ouvindo e agindo da forma que lhes agrada sem ter que provar nada a ninguém pra fazer parte de um grupo.

Vejo muitas meninas mais jovens querendo ter uma banda, por exemplo,  não são apenas os garotos, eu fico muito feliz por isso e me sinto muito realizada em ver que isso é reflexo dessa mudança de comportamento, hoje mulheres e homens são tratados da mesma forma e recebem o mesmo respeito, pelo menos da maioria, o que demonstra como conseguimos efetivamente conquistar nosso espaço dentro dessa coletividade."


Jana lembra também que, se algumas seguiram firmes, outras foram desencorajadas pelo machismo de outrora e preconceitos:

"É claro que sempre estivemos por ai, desde o inicio,  mas as cobranças e o clima machista de outrora desencorajou muita gente . Mulheres não curtem som, mulheres só curtem caras, mulheres só causam discórdia entre os caras das bandas, mulher no role tá caçando um cabeludo, mulher é poser  (pelo simples fato de ser mulher), mulher no Metal que não pega os caras é “machinho”, mulher que pega os caras é vagabunda...  pois bem, o que posso dizer é que se esse pensamento ainda existe, ele agora tem que ficar bem guardadinho pois não será tolerado! O Metal e o Rock são movimentos de transgressão. 

Não existe espaço pro machismo, o indivíduo que pensa assim, definitivamente não vive o Metal, é só um curtidor, não entendeu nada! Participamos da cena como headbangers que somos,  estamos de olho e unidas para proteger e impedir qualquer tipo de preconceito e injustiça. A mulher da cena hoje é consciente do seu direito e seu espaço, sente-se a vontade para falar, tocar, curtir, ir onde ela quiser, dizer suas opiniões , encarar quem quer que a afronte, de igual pra igual. E o cenário só tem a ganhar com isso!"
Jana Lemos (Sakhet - Brasil)



"Mulheres são atuantes em todas as vertentes do rock-metal, temos ótimas representantes em todos os gêneros e desempenham seus papéis admiravelmente, sem deixar a desejar em nada ao sexo masculino.. como sou mais do extremo Death e  Grind vou citar alguns nomes de respeito e atitude: Marly (No Sense), Ana (Haemorrhage), Gabi (Nuclear Frost), Larissa (High School Massacre e Retaliaçao Infernal), Fernando (Obitto), as gurias do Valhalla de Brasília e muitas outras que não lembro agora.. Mas todas dignas de respeito e admiração!!!!"
Angela Crotch ( Crotchrot e Necrose)

"As mulheres sempre representaram o rock, desde o seu início, mas tendo destaque apenas como meras fãs. Depois de um tempo as mulheres ganharam mais espaço para serem as protagonistas do rock, vindo atualmente ocuparem papel de grande destaque junto aos homens."
          "No palco não há distinção de sexo e sim a música."
      (Adriane) Adrismith Panndora, baterista da banda Panndora



O Metal é um só, e somos todos iguais, então, seguimos nossa viagem, com opiniões que vêm da Itália, Holanda, e mais Brasil!

Duas emergentes e talentosas cantoras da sempre prolífica cena Italiana, Nicoleta Rosellini (Kalidia) e Chiara Tricarico (Temperance) também nos concederam sua opinião sobre a questão da mulher no meio Metal e os rótulos:

Nicoleta Rosellini
"Quando comecei a cantar em bandas (em torno de 2008), as mulheres ainda eram raras na cena underground do Rock e Metal,  e as poucas bandas lideradas por mulheres eram ainda algo estranho! Hoje em dia, o movimento “Female Fronted” cresceu muito e parece que cada banda precisa ter uma “frontwoman”!

Ser parte do movimento permite que você use alguns recursos exclusivos, como fanpages ou zines dedicadas a ele.

Mas eu ainda prefiro a descrever a minha banda como “Melodic Power Metal” em vez de “Female-Fronted Band”, porque há muitos ouvintes que realmente não estão interessadas no “movimento”.

Eu acho que todas essas bandas tem que dar um passo atrás e parar de descrever a si mesmos apenas como "Female-Fronted band"; na verdade, eu prefiro ler seu gênero musical, em vez dessa marca."

(Nicoletta Rosellini – Vocalista do Kalídia – Itália)



Chiara Tricarico


"Estou feliz que as meninas tomaram o seu lugar na cena do Metal nos últimos anos. Eu acho que é um fato muito positivo que o público finalmente abriu sua mente para os inúmeros bons músicos femininos da cena."

E independente de estilos, elas estão prontas para quaisquer desafios:

"Eu gosto de me expressar de muitas maneiras diferentes, e é por isso que eu não me limito em apenas um estilo vocal. Eu gosto tanto de ópera, Rock, pop e os estilos mais agressivos, e, geralmente, eu também faço os “growls”  e “screams”  no palco ahaha."


(Chiara Tricarico, vocalista - Temperance - Itália)





Aline Happ (Rio de Janeiro-Brasil) e Deisi Wolff (Viamão-RS), jovens ainda, mas já com experiência na difícil tarefa de fazer Metal no Brasil, mostram opiniões firmes:






"Vejo as mulheres com o mesmo papel que o homem. Várias bandas com mulheres têm aparecido e tido destaque, principalmente os grupos com vocalistas femininos. "

(Aline Happ, Vocal e teclados – Lyria- Rio de Janeiro)



"Vejo o papel das mulheres no Rock/Metal de extrema importância, ano após ano estamos conquistando espaço em meio a essa “cena” onde a maioria dos músicos e público ainda é masculina. O importante é que não estejamos nos destacando apenas por ser mulher, mas sim por ter capacidade e atitude tanto quanto os homens. Hoje em dia ainda representamos uma minoria, mas esse número vem crescendo a cada dia e deve ser apoiado, pois se há uma coisa que falta entre a galera Rock/Metal, independente do sexo, é união. E quando a mulherada que faz um som, ou simplesmente apoia as bandas da forma que consegue, ao invés de ir a shows pra fazer intrigas e desfilar roupas, é de mulheres assim que o Metal precisa!”
(Deisi Wolff, vocalista da Soul Torment/ Correspondente/redatora site Road to Metal.)





Carla Van Huizen, da emergente banda Holandesa La-Ventura, vê as mulheres cada vez mais tomando a frente, e entende como positivo o rótulo "Female Fronted Metal", mas também entende que não importa o sexo do artista, e sim a qualidade:



"Eu, pessoalmente, levo a sério o meu papel como “frontlady” de uma banda de Rock/Metal. Para mim, é um gênero perfeito para expressar minhas emoções. É poderoso, melódico, pesado e groovy, ao mesmo tempo. Talvez a cena Metal e Rock foi originalmente dominada por homens, mas hoje em dia as mulheres têm provado ser capazes de ser líder da matilha. Uma voz feminina pode facilmente equilibrar e complementar o peso da música neste gênero. Para mim, essa cena é toda sobre as mulheres no seu melhor: mostrando beleza e poder, ao mesmo tempo. Eu acho que nós vamos sobreviver neste mundo "masculino".


E a tag "Female Fronted Band" Eu acredito que é uma coisa boa, porque hoje em dia é popular e está em evidência em muitas partes do mundo. Embora eu acredite que devemos ser abertos para toda a boa música, não importando o sexo de quem está à frente de uma banda. Você não concorda?"

Carla Van Huizen (Vocal - La-Ventura - Holanda)

Carla Van Huizen

Évora Morgana, experiente musicista da cena Underground do Rio Grande do Sul, viu as mulheres ocuparem cada vez mais espaço em todas as áreas dentro do Rock e Metal:




"Bem, este é um espaço que foi conquistado com muita dificuldade visto que tanto o Rock como o Metal em geral é um reduto bem machista. Se no exterior foi um espaço conquistado com dificuldade, imagina no Brasil, onde infelizmente temos essa cultura de futebol e carnaval....
Quando comecei eram muito poucas mulheres na cena ,tinha que ser firme e muito determinada, sem se expor muito!  o respeito é o essencial!!
Atualmente vejo cada vez mais mulheres guerreiras na cena, desde o Rock até o Metal extremo e bandas só de integrantes femininas também, e não se restringe ao som, temos mulheres empresárias , que fazem camisetas pintadas a mão ou serigrafia, zines e muito mais!!"
Évora Morgana (Guitarrista,  Imortal Perséfone e Psycophobia)




E a Rainha Doro Pesch, uma das pioneiras, começando muito jovem em uma cena quase que totalmente dominada pelos homens, o que ela tem a dizer?


"A participação feminina hoje é fantástica, e há uma série de grandes músicos do sexo feminino na cena. Em nenhum momento eu cheguei a sofrer discriminação. Todo mundo sempre foi muito bom para mim e me tratou com respeito e me senti muito apoiada por todas as outras bandas e músicos, e eu sempre, sempre senti uma conexão profunda e sólida com os fãs. Acho que sempre senti que eu amava os fãs e a música, mais que qualquer outra coisa neste mundo."

A jovem Doro, beleza, força e pioneirismo




Mas e os "caras", o que eles pensam a respeito da mulherada cada vez mais tomando frente? Confira a opinião de alguns representantes do sexo masculino:


"As mulheres tiveram representatividade no rock/metal desde sempre, e, apesar de a maioria das meninas preferirem seguir outros caminhos, as que partiram para esse deixaram a sua marca...não vejo distinção entre as pessoas, o que acontece é que muitos não levam a sério e não fazem acontecer...mas isso faz parte da humanidade a milênios, e as que conseguem superar isso estão por aí destilando o sangue rock/metal por suas veias.....é isso."
 (Adriano Ribeiro Khrophus, guitarrista da banda Khrophus - SC)
  
Adriano Krophus

"Vejo que hoje a mulher está ganhando mais espaço tanto no Rock como no Metal, um meio praticamente dominado por homens, e isso é extremamente benéfico e importante. Ainda há muito a ser conquistado, mas com tantos talentos surgindo, não duvido que alcancem esse objetivo."
(Vitor Rodrigues, vocalista - VOODOOPRIEST, ex-Torture Squad - SP)

Vitor Rodrigues


Dave Starr, uma lenda do Metal, acompanhou a evolução da participação feminina, juntamente com sua esposa London Wilde, mas também não concorda com rótulos que separam gênero, assim, como são da mesma opinião Baronvon Causatan, editor da Satanic Militia, e o redator e coordenador do Road, Carlos Garcia, os quais também enfatizam as pioneiras:

"Eu acho ótimo que há mais mulheres no Rock/Metal nos dias de hoje. As coisas são muito diferentes hoje do que eram 20 ou 30 anos atrás, e isso é uma coisa boa. Naquela época, haviam realmente apenas algumas poucas bandas com mulheres, agora há um número maior. Pode não ajudar, mas capacita as mulheres a verem quantas chegaram lá nos dias de hoje. Dito isto, acho que a classificação "Female Fronted Band" está desgastada e ultrapassada.

Nós mesmos (WildeStarr) usamos em nosso site, mas a removemos há alguns anos. O rótulo apenas parece datado e chato para mim. Acho que todo músico ... e cada banda deve ser julgada pelos seus méritos, e não pelo seu gênero. Se realmente queremos viver em uma sociedade sem discriminação, não importando a cor da pele , também devemos viver em uma sociedade que não se importa com o gênero. A boa música é boa música, não deve realmente importar quem a faz. "
(Dave Starr - Guitarrista - WildeStarr, e ex-baixista e membro fundador do Vicious Rumors)

Dave Starr

"Uma pena que as mulheres demoraram para tomar o seu lugar entre as bandas, deixando de lado apenas aquela babação de ovo com os músicos, o que ao meu ver estragou e atrasou demais a conquista de espaços nos palcos. Claro que ainda temos as mulheres que infelizmente agem assim, mas pelo menos temos agora exemplos que valem muito mais a pena em cima do palco (não atrás em algum sofá). Poucas bandas tinham uma mulher a frente, talvez uma ou outra tocando algum instrumento, mas tomando a frente foram poucas. Exemplos como Jynx Dawnson da Coven, Wendy Williams da Plasmatics, passando por Doro Pesch na Warlock e não podemos deixar de lembrar de Runaways, Suzy Quatro, mesmo não gostando do trabalho vale destacar Janis Joplin também.

Atualmente vemos em todos os estilos, bandas com algum membro feminino na formação ou mesmo bandas completas de mulheres, e quando digo em todos os estilos, são todos mesmos. Desde tradicional Heavy Metal chegando até as podreiras Splatter/Gore.
Eu até acho que chegamos ao exagero de ficar separando por gênero algo que não precisa, mas seja por questões sociais ou por cabeças pequenas dos dois lados (homem/mulher) essa competição e diferenciação surge.

Baronvon Causatan
Eu sempre disse que tem mulher fazendo som melhor que muita gente por aí, tem vocalista aí que tá dando pau em muito barbado quando abre a boca para fazer um gutural.
Acho que o lado feminino não tem mais que lutar por um espaço e sim fazer o mesmo por manter, dar continuidade e sair da posição de simplesmente refletir aquela coisa de ficar correndo atrás de cabeludo porque toca em banda ou porque tem um cabelo grande, porque são essas que estragam a imagem da mulher dentro do Metal, felizmente é um pequeno grupo (ou groupies kkk) que só perdem espaço ao meu ver. Enquanto tivermos bandas e mulheres representando o seu espaço, podem estar certos de que as mulheres estão indo muito bem no cenário!!!!"
(Baronvon Causatan, webmaster da Satanic Militia Magazine)


Carlos Garcia (Road to Metal)
 "O que importa mesmo é a música, não o sexo, cor, credo....o que for. A qualidade do artista é que vai conquistar o reconhecimento e o respeito. Hoje as mulheres conquistaram seu espaço numa cena antes dominada pelos homens, mostrando isso, que é estupidez achar que algum indivíduo não possa realizar essa ou aquela tarefa porque é homem ou mulher. O papel delas na Cena Metal e Rock é fantástico, temos vocalistas, tecladistas, guitarristas, bateristas, produtoras...elas estão em toda parte, mostrando força, mas sem perder a graça, e é perfeitamente normal hoje, e, embora algumas bandas ainda se utilizam do fato para tentar chamar atenção, na grande maioria vejo que não se importam, como falei antes, o que importa é a qualidade do artista."
(Carlos Garcia, Editor e Coordenador Site Road to Metal)




A matéria é relativamente pequena para o tamanho do assunto e a proporção que hoje as mulheres ocupam na cena Rock e Metal, mas esperamos com este artigo, além de uma homenagem, também mostrar que as opiniões, dificuldades e conquistas possuem pontos muito parecidos, não importando a idade, país ou continente, e esperamos retomar ainda o tema em mais algumas matérias especiais em breve.

A colaboradora do Road to Metal Fernanda Vidotto, ficou com a tarefa de ajudar a concluir a matéria, e também enfatiza as dificuldades que as mulheres encontravam, e ainda encontram certo preconceito, principalmente no interior e lugares mais conservadores, parecendo precisar sempre ter algo a provar, mas que a mulher conquistou muito e ainda busca mais:



As mulheres estão muito presentes em um espaço musical, que não tão antigamente era associado à masculinidade e ao coletivo masculino.
E através de suor, sangue e lágrimas a mulher vai à luta e quer rock. E quer pogar, moshar e mostrar que também pode e deve ser vista como um ser humano normal e não como um cristal que se quebra. SOMOS FORTES. SOMOS de METAL, me ouso à dizer.
A representatividade é visivelmente maior que a de antigamente, porém ainda nos deparamos com muitos casos de preconceito; violência e toda forma de abusos contra as mulheres dentro do “cenário underground”. Como se isso fosse uma falácia, um absurdo para alguns conservadores rudimentares aceitarem.


Se você toca, ou trabalha, ou mesmo prestigia apenas como uma fã, existe SIM uma cobrança, como se fosse necessário mostrar ao mundo três vezes mais o motivo do porquê se está no meio.
Assim como vejo encarcerado na comunidade banger feminina um teor de competição nada saudável. As mulheres são encaradas com um ar de afronta por outras, e isso, não adiciona em nada na vida de ninguém.
Creio que em aspectos gerais sim, conquistamos muito espaço mas em aspectos interpessoais ainda temos que nos “organizar” de forma mais coesa visto que a música é uma excelente forma (assim como demais formas de expressão artística) de se passar ideias e ideologias e criar vínculos, fomentar opiniões e etc. "
(Fernanda Vidotto – Amazon Press e Colaboradora site Road to Metal)




CONCLUSÃO FINAL

Pudemos observar que todos os entrevistados concordam que hoje a mulher ocupou naturalmente seu espaço na cena, estando presente em vários setores da "indústria musical", mesmo que ainda possa ser encontrado algum preconceito e resistências mais conservadoras (sabemos que existem preconceitos contra religiões, preferências sexuais, e até absurdos como discriminar por diferenças da cor da pele, e ainda, mesmo sendo difícil conceber, lugares do mundo a mulher é tratada como ser inferior), mas em um mundo civilizado e globalizado, não se pode admitir certos absurdos, seja o ambiente que for, então, muito menos na música e menos ainda no Rock e Metal, onde sempre pregou-se a liberdade em todas as formas.

Especificamente sobre o assunto aqui tratado, a mulher tomou seu espaço, está ativa, presente, criativa, bela e independente de tudo, outro aspecto em que a maioria concorda, mesmo que alguns são da opinião que tags como "Female Fronted Band" também tenham papel positivo, o que importa é a qualidade da música, não os rótulos, gênero, credos ou o que for.



Matéria: Carlos GarciaFernanda Vidotto e Deisi Wolff
Edição, textos adicionais e Revisão: Carlos Garcia
Charge: Márcio Baraldi
Agradecimentos: Agradecemos à todos que colaboraram respondendo à esta matéria, ao Márcio Baraldi e à todas a mulheres no Rock e Metal.