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015 vem com muitas expectativas para Zak Stevens e todos os fãs de seu trabalho, pois, além de um novo álbum e outras novidades no Circle II Circle, há a expectativa da "Savatage Reunion", anunciada como uma das grandes atrações para o Wacken deste ano, renovando esperanças de mais shows da banda, e quem sabe um retorno definitivo. (Read the english version HERE)
Conversamos com Zak, que está mixando o novo álbum do Circle II Circle, com a mão de James Murphy, segundo ele, um nome ideal para a sonoridade que pretende, para falar dessas expectativas, da carreira, cenário musical, a relação com o Brasil e muito mais, e segundo Zak, suas expectativas continuam altas, e o melhor momento de sua carreira ainda está por vir!
RtM: Olá Zak, antes
de tudo obrigado pela sua atenção. Você nos disse que estava no estúdio mixando
o novo álbum do Circle II Circle. Aproveitando a oportunidade, poderia nos
contar um pouco sobre esse novo trabalho?
Zak Stevens: Na
verdade, estamos ainda mixando o novo álbum do CIIC. Estamos quase terminando.
Como você verá, este é um álbum muito emocionante e diferente para o Circle II
Circe. Ele representa uma transformação musical para nós de muitas maneiras. O
estilo musical do álbum é algo que sempre tivemos em nós, mas nós esperamos até
agora para realmente mostrar isso. Havia pequenas pistas do que está por vir em
nosso último álbum, "Seasons Will Fall", mas nada como as surpresas
inesperadas que vocês irão ouvir. Vocês irão ver o que quero dizer quando o
novo álbum for lançado na próxima primavera (Outono
no Brasil).
RtM: Quais músicas você acredita que serão destaques no
álbum? Já existe uma data fixa para o lançamento?
Zak: Eu não posso falar sobre os títulos reais das músicas ou
o título do álbum agora porque nós não apresentamos o álbum a nossa gravadora o
suficiente ainda. Ele deve ser lançado em algum dia por volta de Março ou Abril
de 2015.
RtM: Nos deixou curiosos, mais alguma coisa que você pode
falar sobre a sonoridade do novo álbum? Muitos fãs de vocês apontam para os
dois primeiros álbuns, como os melhores da banda. O que você espera deste novo
álbum?
Z: O novo álbum é bastante diferente dos dois primeiros, conforme eu
mencionei, mas há alguns poucos elementos que remetem aos álbuns anteriores e
mantém um vínculo à sonoridade tradicional do CIIC que o pessoal espera. O novo
álbum traz uma sonoridade muito moderna em termos de Metal Progressivo, para a
qual vínhamos migrando nos últimos anos enquanto o escrevíamos.
Ambos, as canções e a mixagem, são muito modernas comparadas ao passado.
Eu realmente quero evoluir bastante com relação à sonoridade passada de certa
forma, porque, com esse álbum, nós queremos mais em todos os aspectos de nossas
carreiras. Se continuássemos a ir pelo caminho que sempre fomos, nós somente
teríamos o que sempre tivemos. Não que os álbuns anteriores não tenham sido
bons para nós, mas era o momento certo pra ir em frente e criar uma grande adição
à nossa arte e um sólido futuro para a
banda com esse novo álbum.
RtM: Existe um convidado especial no álbum? E alguns outra
surpresa ou edição especial para os fãs?
Z: Sim, há convidados no álbum, mas eles são artistas que
você pode nunca ter ouvido falar até agora. Decidimos trazer alguns convidados
nos vocais de apoio e também temos algumas outras surpresas que provavelmente serão
divertidas. Mas, mais uma vez, é um pouco cedo demais para falar sobre isso
agora, em detalhes, mas todo mundo vai descobrir em breve.
RtM: No Savatage, você fez vários álbuns no formato
conceitual. E sobre o Circle II Circle, você pensa em fazer algo no mesmo
estilo, a” Opera Rock”, por exemplo?
Z: Até este ponto não fizemos um álbum de "ópera
rock". Provavelmente porque vindo do Savatage, onde eu estive sempre muito
próximos disto em álbuns como "Dead Winter Dead" e "Wake of
Magellan", e claro, a partir de uma
perspectiva de "álbum conceitual" como um todo. O CIIC na verdade
lançou dois álbuns conceituais, "Burden of Truth" e "Consequence
of Power", mas o próximo trabalho não é um álbum "conceitual”. Na
verdade, muitos dos temas do novo álbum refletem um assunto semelhante, o que
tem sido o caso com vários CDs do CIIC que não são "conceituais"
propriamente ditos.
RtM: Você fizeram uma promoção muito legal, chegando as
60.000 visualizações do vídeo "Diamond Blade" no youtube, e eu vejo
que você está sempre interagindo com os fãs nas redes sociais, nos seus shows, e
etc .... Isso me lembrou que não são todos que são assim, e muitas pessoas veem
tudo como uma oportunidade de negócio. Por exemplo, uma controvérsia é o "Meet and Greet” pago, e alguns artistas
cobram valores elevados para que os fãs tenham um contato, possam tirar fotos,
pegar autógrafos. O que você pensa sobre isso?
Z: Sim, nós desfrutamos de toda a interação diária com os
nossos adeptos do CIIC e eu pessoalmente respondendo um monte de fãs e e-mails
todos os dias. Requer um bom tempo, mas é algo que definitivamente vale a pena.
E eu acho que é absolutamente ridículo que as bandas cobrem dinheiro dos fãs
apenas para interagir com eles. Isso é algo que nós vemos mais e mais no
negócio da música hoje. Penso que a razão pela qual vemos esta tendência é
porque quando as bandas começam a ganhar dinheiro, o fator “ganância” rapidamente
começa a crescer, e então as bandas começam a cobrar dinheiro para tudo o que
pode ser possível ganhar um dólar a mais.
Nós não fazemos isso no CIIC. Nós nem sequer cobramos para realizar
“meet and greet” ou para membros de fã-clube. Nós fazemos dinheiro criando
álbuns, fazendo turnês e com a venda de nossos produtos. Eu particularmente
vejo muito isso de bandas que tiveram sucesso no passado, e como eles ainda
estão tentando retornar e ter um ganho melhor nesse “jogo”, mas eles ainda não
estão obtendo, então (provavelmente), estão com raiva porque não estão fazendo
a quantidade de dinheiro que eles faziam antes, e é ai que eles começar a
cobrar os fãs e sobrecarrega-los. Isso não é um bom precedente para se fazer
fãs e simpatizantes, em minha opinião.
RtM: Talvez seja uma pergunta difícil de responder, mas qual
o álbum do Savatage e qual do Circle II Circle que você aponta como o seu
favorito?
Z: Se eu tivesse que fazer uma escolha, eu diria que
"Edge of Thorns" e "Handful of Rain" são os meus álbuns
favoritos do Savatage, e "Burden of Truth" e "Seasons Will
Fall" são meus favoritos do CIIC até agora.
RtM: E na sua opinião, em qual álbum está a sua melhor performance
vocal?
Z: Provavelmente "Wake of Magellan" é o meu
desempenho geral, meu melhor trabalho vocal para um álbum do Savatage, e "Seasons
Will Fall" é o meu melhor desempenho em um álbum CIIC.
RtM: Foi anunciado este ano que Savatage fará um show
especial no Wacken 2015! Qual foi sua reação quando percebeu que esta reunião
vai acontecer? Como foram as negociações? Eu acredito que você está muito feliz
com isso, porque eu me lembro que você sempre demonstrou a vontade do retorno
da banda às atividades. Você pode nos contar um pouco mais sobre isso, como
será este concerto, set list, os convidados? Todo fã do Savatage neste mundo
está sonhando com esse show agora !!
Z: Bem, eu entendo o grande falatório e emoção em torno do
show “Reunion”, e eu absolutamente espero para estar lá cantando, é claro.
Quando eu ouvi pela primeira vez sobre isso fiquei surpreso que demorou tanto
tempo para que ocorresse uma decisão de ter este concerto. Infelizmente, não
temos qualquer informação sobre o que vai acontecer com a “Reunion” até janeiro.
Portanto, não há maiores detalhes sobre qualquer coisa até então. Mas todos os
caras do T.S.O. e Savatage estão falando disso agora, e nós estamos apenas
tentando fazer da “Savatage Reunion” parte do show da Trans-Siberian
Orchestra, e mostrar o melhor que
podemos, para todos os fãs fiéis do Savatage, e que têm apoiado a banda por
todos esses anos.
RtM: E Jon, certamente ele deve ter falado com você quando
as negociações começaram a surgir? Você sentiu que ele está animado?
Recentemente, Chris Caffery também comentou que há uma possibilidade de algo
mais do que o concerto Wacken? Mais shows? Novo álbum? Queria falar sobre algo?
Z: Sim Jon e todos os caras falaram comigo sobre o show no
Wacken. Tudo ainda está em negociação neste momento. Estou ciente dos
comentários de Chris Caffery sobre a "reunião", e Chris e eu sempre
concordamos com os sentimentos sobre o Savatage e um eventual retorno às
atividade. Então, isso que ele falou não me surpreendeu em nada. Mas, novamente,
Chris e eu temos estado de acordo nos mesmos pontos de vista há anos, por isso
vamos ter que ver como Jon e Paul O'Neill irão se sentir sobre a possibilidade
de continuar o Savatage no futuro. Afinal, eles serão os únicos que tomarão as
decisões sobre a "reunião" e os negócios do Savatage e TSO.
RtM: Jon disse várias vezes que Savatage acabou por não ter
tido um retorno em termos financeiros, e foi uma das razões que a banda estava encerrando
atividades. Você acredita que um retorno da banda pode agora trazer um cenário
diferente para vocês? Além disso, eu acho que o trabalho do Savatage, e o
legado que a banda está atualmente mais reconhecido, e há muitos novos fãs
também.
Z: É claro que concordo que a visibilidade do Savatage aumentou
muito por causa do público reconhecer que o Trans-Siberian Orchestra é, na
verdade, basicamente, um “Savatage re-configurado". Quando eu estava no
Savatage, era uma empresa muito lucrativa na maior parte do tempo e todos da
banda foram bem pagos. Então, claramente a banda poderia ser ainda
mais bem sucedida, ainda mais agora que o TSO chegou em um nível muito mais
elevado nos últimos anos. Durante este período o T.S.O. também elevou o patamar
do Circle II Circle para níveis inéditos. Então, do ponto de vista de negócios,
por que não fazer a mesma coisa para a banda que iniciou tudo, o Savatage?
RtM: Olhando para trás, alguns anos, poderia relembrar um
pouco sobre a sua entrada no Savatage, como foi o início, as suas expectativas,
o que esperava conseguir com a banda?
Z: Bem, você está falando de olhar para trás cerca de 20
anos. Quando eu entrei no Savatage, eu era um novo vocalista, inexperiente no
negócio da música como um todo. Eu aprendi muito do que sei nos negócios
durante o tempo na banda, e também pude assistir ao processo de transformação dela,
no que veio a se tornar o TSO. É claro que eu continuo aprimorando minhas
habilidades de composição e de produção no CIIC, mas eu devo isso a todos as
pessoas que apostaram em mim no Savatage, por me trazer para o negócio e dar-me
uma carreira que já dura mais de 20 anos. As minhas expectativas desde o início,
eram muito altas, e elas continuam a ser de altas. As altas expectativas
chegaram também a um nível pessoal, e sou determinado a fazer a minha carreira
durar muito tempo, e eu acredito que os melhores momentos ainda estão por vir.
RtM: E quando você saiu da banda, inclusive não participando
do último álbum, "Poets and Madmen"? Hoje em dia, ao olhar para trás,
sente-se arrependido de não ter participado desse álbum? E as principais razões
para a sua saída?
Z: Não, eu não sinto arrependimento algum. Como você sabe, esses tipo de coisa acontece todos os dias no
mundo da música. Eu não trocaria o tempo que tive fora do Savatage, onde pude
passar o tempo com a minha família, e naquele moment,o com a minha filha que
era recém-nascida (e mais tarde, com as minhas duas filhas). Foi
definitivamente uma saída necessária no momento. Também na mesma época todos
nós sabíamos que "Poets" seria o último álbum do Savatage antes do
lançamento do TSO. Assim, num
retrospecto, foi tudo feito em bons termos e a separação foi muito amigável.
Todos os caras do Savatage sabiam da minha situação no momento, e que eu tinha
que ter esse tempo. É por isso que eu tenho hoje um bom relacionamento, tanto com
o Savatage, como com o TSO e seus gestores
hoje em dia.
RtM: Você tem um ótimo relacionamento com o Brasil e com os
fãs brasileiros, vindo várias vezes para cá, e incluindo também participar no
álbum e shows com o Metal Opera Soulspell. Poderia falar sobre essa relação
especial com o Brasil e também a sua participação no Soulspell, onde cantou
junto com Jon em uma faixa, inclusive (Obs: “Into the Arc of Time)?
Z: Bem, eu definitivamente tenho um caso de amor todo especial
com nossos seguidores, fãs e adeptos no Brasil. Eu falo com os nossos fãs brasileiros
em nossos meios de comunicação e redes sociais todo dia, e eles vão te dizer o
mesmo. Eu também tive brasileiros no CIIC, o que inclui o guitarrista Bill
Hudson, e mais nosso artista e web designer João Duarte. Eu amo o Brasil e as
pessoas de seu país, eles trazem vibrações muito boas para o que fazemos. É
muito óbvio para quem vê as nossas páginas e canais oficiais que realmente
gostamos disso. E essa relação aumentará ainda mais, aguardem uma banda ainda
mais “brasileira”.
Quanto ao Soulspell, um grande projeto, sendo mais uma das bandas brasileiras e
artistas que colaborei em anos anteriores. E, neste momento, tem similaridades com o que
será a nossa primeira turnê de divulgação do novo álbum do CIIC no Brasil. As
coisas têm sido muito bonitas neste relacionamento do CIIC com o Brasil, e eu
vejo isso só melhorar à medida que avançamos para os próximos anos.
RtM: E seus ídolos, influências e referências como cantor?
Quem você citaria como principais influências?
Z: Minhas principais influências foram aumentando... The
Eagles, Ronnie James Dio (RIP), Geoff Tate, David Coverdale, Rob Halford. Hoje
eu também posso citar nomes mais modernos, como os caras do Godsmack, A7X,
Chris Daughtry, e Disturbed.
RtM: Quem te encorajou a entrar na música o início, ser um
músico profissional? Você sempre quis ser cantor desde o início?
Z: A primeira pessoa a me inspirar na música, eu tinha 8
anos de idade, foi o irmão mais velho do meu melhor amigo na quinta série do
ensino fundamental, que me disse um dia que ele ia me tornar um cantor e um
baterista. Eu estava um pouco surpreso com isso, mas soou como sinônimo de
muita diversão. Então eu comecei a tocar bateria quando eu tinha 9 anos, e fui
um baterista profissional por cerca de 35 anos. Eu fiz a transição para
frontman, me tornando vocalista quando eu tinha 22 anos, e me tornei um artista
da Atlantic Records ao gravar com o Savatage, quando eu tinha 26. Eu sempre
quis ser um frontman, mas eu esperei para fazer essa transição, da bateria para
o vocal, após terminar a faculdade.
RtM: E a turnê do novo álbum do Circle II Circle? Há
contatos para vir para o Brasil?
Z: Sim, nossa primeira turnê do novo álbum do CIIC , deverá
ser no Brasil por isso estamos muito ansiosos para que, como sempre retornamos
ao seu país e termos momentos excelentes.
RtM: Zak, obrigado por disponibilizar tempo para esta entrevista,
foi uma honra, eu, e a maioria dos membros do Road, somos fãs do seu trabalho! Deixo
o espaço final para sua mensagem aos fãs brasileiros!
Z: É claro que eu quero dizer obrigado a todos os nossos
apoiadores no Brasil, por toda a energia fantástica, todo apoio que nos deram
nos últimos sete anos em que estivemos em tour por aí. Nossa pretensão é que
tudo fique maior e maior a cada vez que uma turnê brasileira for realizada, e
nós ganharemos muitos amigos e grandes companheiros no Brasil. “WE LOVE YOU ALL
!!!” Nos vemos em breve !!! Obrigado por tudo Brasil !!...
Entrevista/Tradução: Carlos Garcia, com colaboração de Renato Samson e Nanda Vidotto
Edição: Carlos Garcia