Devido às diversas interdições de
casas de shows em Porto Alegre/RS pela prefeitura da cidade, a Abstratti Produtora
anuncia a troca de local do show do Edguy, Hammerfall e Gatthard.
Que inicialmente seria no Bar
Opinião, mas devido a uma interdição por “poluição sonora” (conforme reclamação
de diversos moradores da região), o show agora será no Pepsi On Stage, mantendo
o mesmo cronograma.
E com a mudança um novo lote de
ingressos é liberado, já que o Pepsi tem um capacidade superior ao do Opinião.
Clique no link a seguir e leia o
pronunciamento oficial da Abstratti sobre a troca de local: http://on.fb.me/1pwHVJG
Os fãs de
Hard Rock terão uma grata surpresa no dia 06 de Fevereiro de 2015, a
Abstratti Produtora trará a Porto Alegre dois ícones dos anos 80, se
tratam dos americanos do Mr. Big e Winger, está ultima inédita na capital
gaúcha, já o Mr. Big apareceu outras
vezes por aqui.
Liderada
pelo vocalista Eric Martin com sua voz inconfundível a banda desembarca em
Porto Alegre para divulgar o álbum “...The Stories We Could Tell” lançado em
2014, completam o line up :Pat Torpey - bateria, Billy
Sheehan - baixo , Paul Gilbert - guitarra.
E junto com os mestres do Mr. Big teremos a
lenda Winger, que fará um show completo tocando seus maiores clássicos e também
do seu mais recente álbum “Better Days Comin’”. O Winger conta com: Kip Winger
(baixo, vocal), Reb Beach (guitarra), Rod Morgenstein (bateria) e John Roth
(guitarra).
Já com uma boa
experiência nesta estrada, o Asghard já passou porn todas aqueles dificuldades
típicas que as bandas de Metal, seja aqui na América do Sul, ou na Europa e
demais cantos do globo, mas jamais esmoreceu, e a exemplo de outras bandas paraguaias de qualidade, como o Kuazar, que já é bem conhecido por aqui, o Asghard busca cada vez mais seu espaço na cena. Tendo já um álbum lançado,
"Con Su Gran Despertar" (2012), a banda, revigorada e disposta a
seguir mais algumas décadas erguendo a bandeira do Metal, preparam-se para um
concerto importante no paraguai em Dezembro, onde tocarão ao lado de bandas
como Edguy e Hamerfall, e ainda um novo
álbum já para 2015. Confira um pouco mais sobre a banda na conversa que tivemos
com Enrique López, baterista e membro fundador do Asghard. (Leer la versión en español aquí)
RtM: Primeiro, você poderia começar apresentando a banda aos leitores com uma breve biografia do Asghard.
Enrique López: Asghard é um grupo de Heavy/Rock a partir de Ciudad del Este. Fundada em Outubro de 2004 (completamos nossos 10 anos agora em 2014), e a formação atual é Alexis Figueredo (vocal), Enrique Acosta (bateria), Ricky Acosta (guitarra), Pablo Nieto (guitarra) e Dario Lopez (baixo).
A história da banda remonta a Outubro de 2004, com a dissolução de duas bandas da cena underground emergente em Ciudad del Este. O baixista original do Asghard, Sebastian Arévalos decidiu, em conjunto com Alberto Santacruz (vocalista /guitarrista), juntar-se aos irmãos Acosta.
Em 2005 fomos considerados uma banda revelação, estreando em 28 de maio no palco com três canções próprias. Em 2006, seguimos com mais shows, mas no final desse ano, Sebastian decide deixar o grupo por questões particulares.
Entra então Rodolfo Baez, que tocou em apenas dois concertos, o mais importante foi com a banda Torture Squad, um dos grupos mais importantes do Undergroundda América Latina. Após a sua saída, em 2007, Francisco De los Santos é designado para ser responsável pelas quatro cordas. Com ele, Asghard lança a demo chamada "Hacia Un Mundo Irreal". No entanto, Francisco seria posteriormente substituído por Ortigoza Darius.
Enrique López
RtM: Em 2012 veio seu debut?
Enrique: Certo, em 2012 lançamos o álbum "Con Su Gran Dspertar", com 10 faixas, o que despertou grande admiração por seu grande som e composições criativas. Faixas como "La Muralla de Asghard", "Hijos del Mal" e "Braveheart" soaram fortes após o lançamento do material.
RtM: Depois vocês passaram por mais algumas mudanças?
Enrique: Sim, já em 2013, Ortigoza se retira para se dedicar a seus projetos individuais e, assim, dando lugar para Dario Lopez. A chegada de Alexis e Paul apenas se deu em 2014, depois que o vocalista original, Alberto Santacruz, também deixou a banda, devido a questões profissionais. Então, passaram a fazer parte da banda grandes músicos da cena local, como Tomas Avalos, Johnny Larrea e Elvio Fleitas. Hoje, finalmente, temos uma line-up estável.
RtM: Eu gostei dos temas mais rápidas que me lembraram muito do que alemães dos anos 80 speed metal (primeiros álbuns do Helloween, por exemplo), ao longo vocal me lembrou muitas vezes Adrian Barilari. Gostaria de nos dizer sobre suas principais influências e inspirações.
Enrique: Cabe ressaltar que na gravação do nosso primeiro álbum, "Con su Gran Despertar" (2012), a banda foi formada por Alberto Santacruz (vocal), Enrique Acosta (bateria), Ricky Acosta (guitarra) e Dario Ortigoza (Bass).
Grande parte do trabalho nas guitarras foi mérito de Alberto, que foi grandemente influenciado por Yngwie Malmsteen. Os solos, os riffs são muito mais um produto do mesmo. No entanto, não podemos negar a grande influência que temos bandas como Angra, Stratovarius, Hammerfall, Helloween ou Rata Blanca (principalmente na voz, como você disse).
Também ouvimos muito o álbum solo de Walter Giardino (guitarrista do Rata Blanca), e com a entrada de Ortigoza , as composições recentes têm algo de Avantasia.
RtM: Para o músico, é quase sempre uma escolha difícil, mas que músicas de "Con Su Gran Despertar" você acha que são as mais fortes, e podem ser um bom "cartão de visita" para quem vai ouvir a banda pela primeira vez?
Enrique: Particularmente, acho que os temas que mais se sobressaem são a faixa título "Con Su Gran Despertar" e a única em Inglês, "Braveheart"; ou são as que nos representariam da melhor maneira. O tema "Hacia un Mundo Irreal" é mais "mainstream", uma canção que poderia ser facilmente tocada rádios, sejam ou não especializadas em Rock ou Metal.
Mas, curiosamente, a mais aceita até agora é "La Muralla de Asghard". No Youtube, pelo menos, ela tem a maioria dos views.
RtM: Eu achei curioso o álbum abrir com uma relativamente longa introdução, seguida de uma faixa instrumental. Por que vocês decidiram começar com duas faixas instrumentais? Às vezes, pode se tornar cansativo para o ouvinte, que na maioria dos casos, acaba não ouvindo as faixas.
Enrique: Hahaha! Sim, eu ouvi queixas sobre as introduções e peço desculpas para aqueles que não ficaram satisfeitos (risos). Mais do que tudo, gostamos de introduções, eu acho que cria no ouvinte uma expectativa. O álbum abre com sons raros. Sons que são emitidos pelo planeta Júpiter, captados por um satélite espacial, seguido por uma introdução composta por Ortigoza. Nós gostamos do resultado e resolvemos incluir no disco.
Para o segundo álbum, que está em processo de composição, nós incluímos mais introduções, porém mais curtas. Esperamos que agradem a todos os headbangers.
RtM: Conte para os leitores sobre o álbum produção e conceito do álbum. Percebi que há uma preferência por temas épicos.
Enrique: O álbum foi gravado no estúdio Abato Records (da cidade de Coronel Oviedo - Paraguai) com produção e mixagem de Alberto Santacruz. Com é uma gravadora independente (No Paraguai é difícil conseguir um contrato, por razões óbvias).
No álbum falamos de muitas coisas, como faixas que fazem alusão à política ("Hijos del Mal", "La Puerta Del Sueño"), mas também podem ser encontradas faixas como temas épicos de um Asgard imaginário da mitologia nórdica. Falamos de Thor, Loki, gigantes, etc... porque gostamos de mitologia. Assim nasceu o nome da banda.
RtM: E a cena Heavy Metal no seu país? Quais são as perspectivas de apoio, lugares para tocar e as condições de gravação? Como é manter uma banda de Metal em seu país?
Enrique: Em comparação com 10 anos atrás, a cena aqui está muito mais estabelecida e em constante crescimento. Atualmente existem vários locais onde se pode tocar e se fazer uma boa promoção, principalmente a capital Asunción (300 km de Ciudad del Este).
O público metalhead paraguaio é muito exigente, e a dedicação da banda no que faz é importante. Felizmente, não é por acaso que grandes grupos paraguaios surpreendem a América Latina, por sua excelente postura de palco e boas composições. Já não é novidade no Brasil, por exemplo, bandas do Paraguai. Isso é fruto da dedicação dos músicos paraguaios.
RtM: Vocês terão no final do ano a oportunidade de tocar com o Edguy, Hammerfall e Gothard. Quais são as suas expectativas para esse concerto, e o que esta oportunidade pode trazer para a banda?
Enrique: O que posso dizer-lhe !! É um sonho tornado realidade. Desde que retornamos com nova formação, novas conquistas surgem. Mas tocar com Hammerfall, Edguy e Gothard produz uma sensação indescritível. Somos imensamente gratos a produtora "Diorama", que nos deu a oportunidade de mostrar nosso trabalho. E nós estamos trabalhando duro para não decepcionar o público.
E eu acho que em termos de oportunidades, muito vai depender do nosso desempenho. Depende inteiramente de como nós nos sairemos, para que oportunidades subsequentes venham por si mesmas. Mas estamos muito felizes de fazer parte do cast desse concerto.
RtM: Enrique, Obrigado pela sua atenção, sucesso nessa jornada, deixo o espaço para sua mensagem final aos leitores.
Enrique: Quando vão nos levar para o Brasil? ... hahaha, brincadeira!!(N. do R: hahaha, quem sabe em breve, Enrique! Atenção produtores!) Muito obrigado pelo espaço. Não quero mais nada do que pedir aos leitores apoio para que possamos crescer como banda, como um grupo da região. Agradecemos a todos os públicos, que ao longo dos últimos 10 anos esteve sempre do nosso lado, e quem vier a conhecer a banda que tenha boas impressões, muito obrigado! Até logo!! Saudações!!
Ya con una
buena experiencia en este camino, la Asghard ha pasado por los todas esas
dificultades típicas que las bandas de metal, aquí en América del Sur, o en
Europa y otras partes del mundo, pero nunca vacilo. Después de haber lanzado un
álbum, "Con Su Gran Despertar" (2012), la banda se siente
revigorizada y más dispuestos a seguir por algunas décadas más levantando la bandera del metal,
preparándose para un gran concierto en Paraguay en diciembre, junto a bandas como Edguy y Hamerfall, e
incluso un nuevo álbum ya para 2015. Echa un vistazo a la entrevista seguiente, con el miembro fundador Enrique López:
RtM: En primer lugar, podría presentar a la
banda a los lectores con una breve biografía de Asghard.
Enrique: Asghard es un grupo de heavy/rock proveniente de Ciudad del Este. Fue
fundado em octubre del 2004 (cumplimos 10 años em 2014) La conformación actual
es con Alexis Figueredo (voz), Enrique Acosta (batería), Ricky Acosta
(guitarra), Pablo Nieto (guitarra) y Darío López (bajo).
La historia de la banda se remonta hacia octubre del 2004, con la disolución de dos
bandas de la emergente escena underground de Ciudad del Este. El bajista
original de Asghard, Sebastián Arévalos, decidió conjuntamente con Alberto
Santacruz (primer vocalista/guitarrista del grupo) a unirse a los hermanos
Acosta.
El 2005 fue considerado una banda revelación, debutando el 28 de mayo
en los escenarios con tres canciones compuestas. En el 2006 siguieron con más
conciertos, pero a finales de este año - con más músicas compuestas - Sebastián
decide abandonar el grupo por cuestiones particulares.
Ingresa en su lugar Rodolfo Báez, quien tocó en solo dos conciertos,
siendo el más importante el compartido con la banda Torture Squad, uno de los
grupos más importantes del underground latinoamericano. Tras su salida en el
2007, Francisco De los Santos es designado para estar al mando de las cuatro cuerdas.
Con él, Asghard lanza el demo denominado “Hacia un Mundo Irreal”. Sin embargo,
el mismo sería reemplazado tiempo después por Darío Ortigoza.
RtM: En 2012, el primer album.
Enrique: Sí, En el 2012 es lanzado el álbum “Con su Gran Despertar”, con 10 pistas,
lo que despertó gran admiración por su muy buen sonido y por las creativas
composiciones. Temas como “La Muralla de Asghard”, “Hijos del Mal” y
“Braveheart” sonaron fuerte tras el lanzamiento del material.
Ya en el 2013, Ortigoza se retira para proseguir con sus proyectos
particulares y así dar lugar a la entrada de Darío López a la banda. La llegada
de Alexis y Pablo se dio recién em el 2014, luego de que el vocalista original,
Alberto Santacruz, se retirara por
cuestiones profesionales. También pasaron a probar em la banda grandes músicos
de la escena local como Tomás Ávalos, Johnny Larrea y Elvio Fleitas. Hoy, por
fin, tenemos una formación estable.
RtM: Me gustaron los temas más rápidos que
me recordó mucho de lo Speed Metal alemán de los años 80 (primeros álbumes de
Helloween, por ejemplo), además el vocal
me recordó muchas veces Adrian Barilari. Me gustaría que nos diga acerca
de sus principales influencias e inspiraciones.
Enrique: Cabe resaltar que para la grabación de nuestro primer
disco “Con su Gran Despertar” (2012), la banda estaba conformada por Alberto
Santacruz (voz), Enrique Acosta (batería), Ricky Acosta (guitarra) y Darío
Ortigoza (Bajo).
Gran parte de los trabajos en las guitarras fue obra de
Alberto, quien tenía gran influencia de Yngwie Malmsteen. Los solos, los riffs,
son en gran medida producto de ello. Sin embargo, no podemos negar la gran
influencia que tenemos de bandas como Angra, Stratovarius, Hammerfall,
Helloween o Rata Blanca (principalmente em la voz, como dijiste).
También escuchábamos mucho el disco solo de Walter Giardino
cuando grabamos el material y, com la entrada de Ortigoza, en las últimas
composiciones tenemos algo de Avantasia.
RtM: Para el músico, es casi siempre una
elección difícil, pero cuales pistas de "Con Su Gran Despertar" usted
cree que son los más fuertes y que pueden ser una buena "tarjeta de
visita" para aquellos que van escuchar la banda por primera vez?
Enrique: Particularmente, creo que los temas que más sobresalen em el disco
son “Con su Gran Despertar” y el único tema em inglés “Braveheart”; o son los que
nos representarían de la mejor manera. El tema “Hacia un mundo irreal” es algo
más “mainstream”, una canción que fácilmente puede ser tocada em las radios,
sean o no éstas rockeras/metaleras.
Pero, curiosamente, el tema que es más aceptado hasta ahora es “La
Mueralla de Asghard”. En Youtube al menos, es el que más reproducciones
tiene.
RtM: Me pareció curioso que abren el
disco con una relativamente larga introducción, seguida de una pista
instrumental. ¿Por qué decidió comenzar con dos pistas instrumentales? A veces
puede llegar a cansar al oyente, que termina, en la mayoría de los casos, no
escuchar las pistas (jajaja)
Enrique: Jajaja! Si, ya oímos quejas sobre las intros y pedimos disculpas a
los que no agradó. Más que nada, nos gustan las introducciones, creo que crean
una expectativa em el oyente. El disco lo abrimos com unos sonidos raros (que
son los sonidos emitidos por el planeta Júpiter captados por un satélite
espacial) seguido por una intro compuesta por Ortigoza. Nos gustó como quedó y
decidimos incluir em el disco.
Para el segundo disco, que está em proceso de composición,
pensamos incluir más introducciones pero com menos tiempo. Esperamos que sea
del agrado de los headbangers.
RtM: Hable acerca de la producción y el
concepto del álbum. Me di cuenta que hay preferencia por temas épicos.
Enrique: El disco fue grabado em el estudio Abato Records (de la ciudad de
Coronel Oviedo - Paraguay), com producción y mezcla a cargo de Alberto
Santacruz. Es un disco com sello independiente (em Paraguay es dificil
conseguir uno, por razones obvias).
El disco em sí habla de muchas cosas, pero em general hace alusión
a la política (“Hijos del Mal”, “La Puerta del Sueño”) pero también puede ser
interpretado como escenas épicas de un imaginario Asgard de la mitología
nórdica. Hablamos de Thor, Loki, gigantes, etc.. porque nos gusta essa
mitología. De ahí nació el nombre de la banda.
RtM: Y la escena del Heavy Metal en su país? ¿Cómo son las perspectivas para
el apoyo, lugares para tocar y las condiciones de grabación. Como és mantener una banda de metal en su
país?
Enrique: En comparación a 10 años atrás, la
escena aquí está mucho más consolidada y sigue em constante crecimiento.
Existen vários locales actualmente donde uno puede ir a promocionarse,
principalmente em la capital Asunción (300 km de Ciudad del Este).
El público metalero paraguayo es
bastante exigente; por lo que la dedicación de la banda em lo que hace, es
importante. Afortunadamente, y no es casualidad, que grandes grupos paraguayos
vengan sorprendiendo a toda Latinoamerica por su excelente puesta em escena y
buenas composiciones; ya no es novedad em Brasil – por ejemplo – conocer a
bandas de Paraguay. Eso habla mucho de la dedicación de los músicos paraguayos.
RtM: Usted tendrá al final del año la
oportunidad de tocar junto a Edguy, Hammerfall y el Gothard. ¿Cuáles son sus
expectativas para este concierto, y lo que esperan que esta oportunidad puede
traer a la banda?
Enrique: ¡Qué puedo decirte!! es un sueño cumplido. Desde que volvimos com
nueva formación los logros no pararon de surgir. Pero, tocar com Hammerfall, Gothard y
Edguy produce una emoción indescriptible. Estamos inmensamente agradecidos com
la productora “Diorama” que nos da la oportunidad de mostrarnos como banda. Y
estamos trabajando árduamente para no defraudar al público.
Y creo que em términos de oportunidades, va a depender mucho de
nuestra performance. Depende exclusivamente de cómo impactemos para que las
oportunidades posteriores vengan por sí mismas. Pero estamos muy felices de
poder formar parte de essa cartelera.
RtM: Gracias por su atención, el éxito en
este viaje, nos contiene, y dejar espacio para su mensaje final para los
lectores.
Enrique: A ver cuando nos llevan a Brasil...
jajajaja, broma!! Muchas gracias al medio por brindarnos este espacio. Nos
queda nada más que pedir a los lectores apoyo para que podamos crecer como
banda, como grupo de la región. Agradecemos a todo esse público que a lo largo
de estos 10 años siempre estuvo de nuestro lado, y a los que van conociendo a
la banda y que dejan sus buenas impresiones, igualmente un ¡muchas gracias! Nos
vemos!! Saludos!!
Complementando a longa e aberta conversa que tivemos com Thiago Bianchi, segue aqui a segunda parte (leia a primeira parta AQUI), onde o vocalista fala sobre a produção do DVD, as locações do clipe nos EUA, a participação e a amizade com Russel Allen, suas opiniões, quase sempre gerando algumas polêmicas e controvérsias sobre a cena musical e do Metal, a escolha da música "Woman in Chains", que também virou clipe, e inclusive a luta que o vocalista teve contra o câncer anos atrás, e muito...muito mais! (Access the English Version Here)
RtM: Quase impossível alguém discordar que vocês são
excelentes músicos, bastante técnicos, e apontei a diversificação e o peso como
os dois motivos de querer ouvir o disco várias vezes, acredito que deve ter
sido muito legal trabalhar e experimentar coisas novas com a banda toda reunida
em estúdio, momentos esses que servem para mostrar as influências de cada um, na
minha percepção, vejo que você e o Thiago seguem a linha do Power Metal, o Léo
Mancini pro lado mais Hard Rock e o Aquiles e o Juninho puxando para Prog
Metal. Conte um pouco como foram as
gravações e composição do álbum. A união dessas influências trouxe uma
identidade própria para o Noturnall?
TB: Eu sempre ouço os repórteres que nos entrevistam falarem sobre
exatamente o que você disse agora, arriscar quem mais gosta do que e etc.
Sinceramente, você não acertou nenhuma (risos). Não que seja um erro ou uma
coisa mal vista da sua parte, porque realmente a gente é uma bagunça e uma
salada musical, mesmo. A única pessoa que realmente, que é evidente e fica
fácil de entender, é o caso do Juninho. Ele realmente é o cara que está atrás
da pitada do Prog Metal moderno, que é meio difícil um tecladista trazer
modernidade para o som, ou que o cara é realmente naquela pegada Deep Purple ou
ele realmente não sabe o que está fazendo com o instrumento dele. No caso do
Juninho, ele traz sim muita atualização, tanto nas partes de timbres e etc.
Você quer saber
a verdade do Juninho? Ele é um cara que é voltado pro lance digital e
atualizado, do ponto de vista tecnológico. É um cara que gosta de tecnologia,
inova tecnologicamente e está sempre atualizado e de orelha em pé do que o
mundo tem feito. E quando você acha alguma coisa que está saindo naqueles Boys
Toys e History da vida, você vai comentar com ele, e que ele já vai ter visto
aquilo há cinco anos atrás, e é meio chato conversar com ele sobre música do
ponto de vista tecnológico.
Mas, na
verdade, o espirito da banda não tem como não falar que não é o Fernando e eu,
porque realmente começamos a Noturnall no momento em que, até os próprios
membros, já não acreditavam mais em música desse estilo. Tivemos que até
convencer um pouco o Léo e o Juninho de que ainda dava pra fazer Heavy Metal
neste país e que ainda dava pra fazer uma carreira em cima disso. Isso não é
ruim pra eles no meu ponto de vista, muito pelo contrário, pois é mais um
motivo de vocês verem como tem pessoas que, mesmo querendo desistir, não
desistem por amor, por confiar no estilo e nas pessoas que você está junto.
RtM: Isso é muito legal!
TB: É uma coisa
legal, de você poder olhar no olho do seu brother e falar: “Porra, que bom que
você veio comigo nessa”. Eu não falo
isso pro Léo e nem pro Juninho, porque eu nunca precisei pedir pra eles virem
juntos, só perguntamos se eles topariam e mostramos algumas ideias. E por mais
que o fumacinha (chamo ele de fumaça por causa da voz), que é o caso do
Fernando, ele tem sido um cara do Power
Metal, mas ele é um cara de tudo. Eu já vi o fumaça ser um cara do Power, do
Prog, do Thrash, do Heavy, do Pop, do MPB e de tudo. Tudo que a gente propõe a
fazer juntos, ele sempre vem com um ponto de vista diferente do que estava
rolando e sempre com uma atualização.
RtM: E o Léo?
TB: O Léo, eu
concordo com você, em partes, que é um cara do Hard Rock. Puro e simples: o
estilo dele de solar, o bom gosto, vibrato, as notas e o jeito dele fazer o
instrumental. Ele é um cara que vem totalmente com um pouco daquilo que as
pessoas, às vezes, querem que as pessoas erradas comecem o Hard Rock. Quando a
gente vê o Hard Rock já pensamos logo no Billy Sheehan, Slash, Twisted
Sister... O Hard Rock é uma rosa dos ventos bem extensa de norte, sul, leste e
oeste. Mas o caso do Léo é um cara do Hard Rock que sola e toca, que vem
totalmente do Van Halen e daquela explosão nuclear que foi pelas mãos da banda.
E teve tantas vertentes do quanto o próprio estilo poderia ser, e é isso que o
Léo é.
O Léo é um cara
que é o que você quiser que ele seja, pois ele é um barro molhado, mas sempre
com aquele epicentro do Hard Rock. No caso do fuma e eu, somos uma dupla, tanto
que até brincamos, e que foi um dos motivos pelo qual nasceu a história da
“Woman In Chains”, do Tears For Fears. Brincamos um pouco que somos um pouco de
Curt Smithe
Roland Orzabal, que é uma dupla que não consegue se separar pra fazer música.
Quando eu ouço às músicas dele sozinho, eu acho uma bosta. E ele quando ouve as
minhas ideias, ele também acha uma bosta, mas quando nos juntamos pra fazer
música, nascem as músicas do Shaman, da Noturnall e de até outros trabalhos que
vocês vão ver e ouvir no futuro.
RtM: A velha
química!
TB: Mas é
assim que o casamento acontece e você acaba achando a sua parceria. No meu
caso, eu sinto que eu sou o Jon Bon Jovi dele e ele o meu Ritchie Sambora, ou
até mesmo o Lars Ulrich e o James Hetfield (risos). Mas o casamento nasce dai, sempre começando
com as músicas do zero. E eu tenho no meu pulso tatuado o Metallica,o Megadeth,
Sepultura e Pantera, que são as bandas que me movem desde que eu me lembro de o
que é ser uma pessoa que respira.
Então, do lado
dele, sempre vem alguma coisa que me completa e vice versa. Se eu estou
querendo ir pro Heavy ele vem pro Thrash, se eu vou pro Thrash ele vem pro
Hard, pro Pop e assim por diante. E quando você ouvir as nossas músicas tem um
pouco de tudo, que você acha desde Tears For Fears, Bon Jovi, Pantera,
Sepultura e até Cannibal Corpse, pois no disco tem muita influência de Death Metal.
E não que a gente teve que ouvir isso, mas a gente simplesmente sentiu a coisa
acontecendo e deixamos isso acontecer. E ai você vem com o Léo, trazendo aquele
virtuosismo Hard emocionante, de solos de topo da montanha e carros voando a lá
Slash, e ai sim você tem um pouco daquilo, mas que com um solo técnico. É
difícil você tirar um solo do Léo do jeito que ele toca, com o vibrato no lugar
certo e respiração no lugar certo. E, finalmente, o Juninho cobrindo tudo
aquilo e trazendo você pra que século você esteja, que com certeza é aquele
século que você está naquele momento.
RtM: E à essas
parcerias que já existiam, foi adiconado o Aquiles.
TB: Não tem
como não falar da cereja do bolo, ou pode ser das bolas de sorvete do fundo do
Sunday (risos), que é o Aquiles. O Aquiles foi o casamento perfeito de uma
turma que já tinha uma boa singularidade mesclada, que se juntou a um cara que,
a meu ver, sempre foi um grande gênio da bateria do Heavy Metal mundial.
Não que isso
que vou comentar agora soe como uma critica, mas sim do ponto de vista puro e
simples, eu sempre vi o Aquiles como um cara sozinho em todas as bandas que ele
aparecia. Às vezes eu reparo que, o que você ouve ele tocando, poucas vezes
você vê que os músicos estão no mesmo mundo que ele, e isso é uma coisa que eu
sempre quis tentar mudar no Aquiles, porque é um cara que eu nunca tinha feito
música junto, além de ser um dos bateristas que eu mais admiro.
E eu pensava
que, se um dia eu tocasse com o Aquiles, eu ia tentar trazer ele um pouco mais
pro meu mundo e tentar adentrar um pouco mais no mundo dele, e não tanto
deixá-lo guiar o mundo que ele tinha em mente, do que era o correto acontecer
na batera e a galera querer segui-lo, como no Angra também, de você não sentir
que algumas coisas não faziam parte de um todo. E sinceramente, eu acho que o
Aquiles é um cara que nasceu pra tocar na Noturnall, por mais que seja uma
coisa banal de se falar ou até arrogante, mas é como eu me sinto. Eu espero que
as pessoas entendam isso de uma forma mais pura possível, porque estou sendo
extramente honesto sob o ponto de vista musical.
RtM: E os
resultados dessa parceria com o Aquiles chegaram aonde você queria?
TB: Fazer um
som com o Aquiles hoje em dia, e ouvir o que ele entrega na Noturnall, pra mim
é o ápice dele quanto baterista. Você ouvir o cara tocando e tudo aquilo que
ele está fazendo faz sentindo, mas que ao mesmo tempo ele não rouba a cena, não
destrói a música, não faz a música ficar uma coisa bateristica e você consegue
ouvir a música como um todo, porque o mais importante da música é você ouvir e ela entrar no seu coração, e não
entrar na sua caneta pra você fazer uma critica sobre ela, que é uma coisa
também até um pouco chata para o metaleiros.
E a Noturnall
também conseguiu mudar, pois o nosso público é um público que eu tenho a maior
admiração, que não é aquele público de Heavy Metal básico que faz aquelas
criticas malas pra caralho que você lê por ai. O público da Noturnall é um
público que tenho orgulho, porque é um pessoal que eu fico admirado com o que
eles falam, mesmo quando é uma critica. E eu tento enxergar e mudar, como
várias vezes aconteceu, inclusive, até no nosso DVD, mudamos algumas coisas nas
músicas por coisas que eu li e ouvi de pessoas e falei: “Quer saber, isso é uma
critica legal e que poderiamos sim, ter melhorado isso”. E melhoramos! E as
pessoas que falaram aquilo, tiveram a chance de chegar lá frente e falar:
“Caralho, eu não gostava disso e vocês melhoraram, pois agora eu gosto da banda
100% e não só 80%”. Então eu estou bem feliz quanto a isso.
RtM: A
respeito ainda da formação da banda, continua sendo quase todo o Shaman, exceto
o baterista Ricardo Confessori, que estava novamente no Angra. Acredito que
devido aos novos projetos do Confessori a saída foi buscar um novo baterista,
que foi nada menos que o grande Aquiles Priester. Que motivos os levaram a
fazer o convite ao Aquiles? Vocês chegaram a pensar e algum outro nome?
TB: O Aquiles
foi o primeiro nome sim. Voltando a lembrar de uma das primeiras frases na
entrevista, que além da minha mãe ser cantora, eu também sou filho de
baterista. Eu sempre fui um cara ligado em bateria! É meu instrumento número 1.
A primeira coisa que eu fico vendo na internet e no Youtube são os meus heróis,
dentre eles o Phil Anselmo, Dimebag Darrell, Lars Ulrich, James Hetfield, Dave
Mustaine, Andreas Kisser... Os meus grandes heróis também são bateristas que
são: Dave Weckl, Terry Bozzio, Vinnie Colaiuta, Mike Portnoy e até os mais
falados e celebrados, como Neil Peart, Steve Gads, Steve Smith... Bem, a lista
é longa. E nas minhas bandas, eu sempre fui ligado aos bateristas.
Você pode
reparar que baterista nunca é um cara perdido. Eu já toquei com o Marcell
Cardoso, do Karma, que em minha opinião, é um dos melhores bateristas de Heavy
Metal e Prog Metal do mundo e que não é à toa que ele foi o primeiro e o único
baterista a gravar disco do guitarrista
Edu Ardanuy; não é à toa que ele tocou tanto tempo com o Kiko Loureiro, não é a
toa que ele toca com o Rafael Bittencourt. no Karma ele fez trabalhos
primordiais. O Ricardo Confessori, em minha opinião, é o grande ícone do
Metal Melódico brasileiro. Por mais que ele tenha vindo na sequência, o Ricardo
é o grande nome, porque o Aquiles acabou indo mais pro Prog Metal.
RTM: Como um cara ligado a bateria, você acabou
buscando sempre grandes bateristas.
TB: Haviam dois
bateristas que eu queria muito de poder tocar junto, um ainda não tive a
oportunidade, que é o Iggor Cavalera, e o outro era o Aquiles Priester. Um é o maior
baterista de Thrash Metal brasileiro perante o mundo. E o outro é o melhor
baterista de Prog Metal perante o mundo. Então a primeira pessoa que veio nas
nossas cabeças, claro, que seguisse o Heavy e o Prog, foi o Aquiles. Tivemos
uma chance de compor uma amizade, porque eu já tinha trabalhado com ele
produzindo o disco ao vivo do Paul Di’ Anno, quando ele era o baterista, e
completavam a banda o Felipe Andreoli, Chico Dehira e o Silvio Golfetti. E
nessa panela, eu acabei conhecendo o Aquiles, e por fim acabou ficando aquele
gostinho de querer fazer uma banda juntos. Sempre cruzávamos pelas baladas
mundo afora e falávamos: “Vamos fazer um som? Tem umas músicas ai? Vamos
fazer?”, bem típico de conversa de bar, mas que não acabava se
concretizando.
Quando
aconteceu a questão do Noturnall, o primeiro nome que me veio à cabeça foi o
Aquiles. Tentamos uma vez antes, até com outro time que tínhamos em mente, mas
que não deu certo por conta de agenda e das pessoas que pensávamos. E o Aquiles
foi uma das pessoas a barrar nossa agenda, porque ele foi o principal nome que
tínhamos em mente. Depois, logo em seguida, eu liguei pra ele novamente e
falei: “Cara, lembra daquele papo? Voltou!
Quer tentar? Estão aqui as músicas, só falta gravar a bateria.” Mandamos
tudo, ele gostou do projeto e chamamos ele pra bater um papo. Naquele dia
chegamos ali amigos e saímos de lá casados, com contrato assinado e o cacete
(risos). Em uma tarde, resolvemos tudo, com uma coisa que estava emperrada há
dois anos, e que acabou se resolvendo em uma semana. E esse foi um dos motivos
que a Noturnall acabou se tornando uma banda tão predestinada, porque as coisas
parecem que vão acontecendo sozinhas.
E o Aquiles
saiu de lá com data pra gravar, ele queria um tempo pra estudar e pediu pra
fazer algumas mudanças nas músicas. Mudamos tudo o que ele pediu: mudei algumas
linhas de voz, mudamos algumas partes de instrumental e algumas partes de
canto. Adaptamo-nos também à loucura dele, porque era uma coisa que ele estava
interessadíssimo em fazer. Como eu disse antes, eu gosto pra caralho do jeito
que e o Aquiles toca, e gostaria de deixá-lo à vontade pra ele poder dizer que
a banda também é dele e que ele não chegou lá e gravou uma música que já
existia.
RtM: Vocês queriam que tudo funcionasse como uma
unidade, uma banda realmente, com todos participando.
TB: Então, eu
posso disser que o Aquiles fez parte sim da Noturnall, porque a banda não
soaria do jeito que ela soa hoje em dia se não fosse por ele, pois ele mudou
tudo junto com a gente. E mudamos todos juntos e não sozinhos, que é o que não
queria que acontecesse. Foi o que eu falei lá atrás, de não deixar que qualquer
membro da banda mudasse as coisas mais do que a música pedisse. Era sempre
ouvir o que a música queria e nos adequar ao que a gente gostaria de fazer, e
foi exatamente isso que aconteceu.
A Noturnall,
quando o Aquiles entrou, passou a soar de um jeito que era longe do que a gente
tinha antes, mas que ao mesmo tempo era tudo o que a gente gostaria que ela
fosse. Eu não sei explicar, porque simplesmente soa bem. É difícil você ficar
tentando verbalizar coisas musicais, a verdade é que a Noturnall é uma coisa
diferente e uma banda que você tem que ouvir pra entender.
RtM: E no conteúdo das letras? Também pudemos perceber
mudanças.
TB: Nas letras,
eu falei sobre coisas que não falava há muitos anos. Deixei bem explicito o meu
“saco-cheismo” com várias coisas e várias situações (risos). Pisei em calos,
porque eu falei sobre coisas que as pessoas não queriam que a gente falasse.
Criticamos religiões, falsos idealistas, fãs que se dizem fãs, que na verdade
busca na música aquilo que eles não podem ser na vida, mas que criticam pra se
sentirem melhores quanto a si mesmos. É um disco cheio de críticas, mas não
negativas e sim construtivas do tipo: “Saca essa letra! Analisa essa letra, que
você vai sair dessa letra um cara melhor do que quando você a conheceu” E é
exatamente isso que o ser humano tem de missão nessa terra, que é você deixar o
mundo melhor do que quando você o encontrou.
Bem antes de o disco ser lançado, o Noturnall
logo de cara ganhou a atenção de muitos quando foi posto no ar o clip da faixa
"Nocturnall Human Side", que tem a participação do vocalista Russell
Allen (Symphony X/Adrenaline Mob), tem também Aquiles, um investimento em qualidade do material, etc.... Gostaria que você comentasse como está
sendo o retorno até agora, se vocês estão tendo a repercussão esperada pelo
investimento feito, inclusive tendo já um DVD lançado?
TB: Não estamos tendo tudo o que a gente esperava, porque estamos recebendo
muito mais. A Noturnall no começo, e eu disse isso aqui algumas vezes, nasceu
de uma forma diferente do que a gente imaginava. A Noturnall nasceu como um
grito de liberdade de uma coisa que não aguentávamos mais, que era ser escravo
dum sistema que não pertencia à nossa agenda musical. E isso, e mais uma vez eu
digo, foi o grande fator pra que a banda obtivesse o êxito que obteve. A gente
vê que os nossos fãs são felizes e se identificaram com Noturnall de uma forma
que nunca haviam se identificado antes. Foi a música que nos encontrou, e eles nos
encontraram por conta da música.
RtM: O público se identificou, o que é algo que
acontece quando algo é feito com honestidade, e acredito, também, porque existe
aqueles que sempre buscam algo diferente, atual...
TB: Então,
basicamente, é uma música que moveu uma galera que estava querendo uma música
que o movesse. É aquela história do ovo e a galinha, de saber quem vem
primeiro. Não da pra saber que a gente quis mais isso do que os nossos fãs queriam
que isso existisse. Só sei que o rio encontrou o mar e o fluxo aconteceu. E o
Aquiles, mais uma vez eu digo, é um grande baterista e um dos melhores do mundo!
O Shaman é uma das melhores bandas de Heavy Metal e Power Metal do mundo! Os
músicos, sem sombra de dúvidas, são grandes profissionais. Mas nada disso
explica o êxito, o que explica o êxito da Noturnall é a música. A música que a
gente fez moveu uma galera. E é isso que importa!
Você ter fãs de
verdade vale muito mais do que ter milhares de “likes” no Facebook. Você ter um
fã que te encontra na rua e chora que, por exemplo, hoje (10 de outubro) de
manhã, eu fui ao banco, o meu gerente me reconheceu e chorou. E isso não é o
nome do Shaman e do Aquiles que faz, o cara ouviu a minha música e falou: “Caralho,
era isso que eu queria falar e alguém falou por mim”. Eu faria a mesma coisa se
eu encontrasse o Seth MacFarlane, que é o cara que escreve o Family Guy. Tem certas
coisas que você acaba encontrando alguém que fala o que você sempre quis falar,
e isso sempre te move e te toca.
RtM: O álbum foi um recorde na pré-venda, e
também de vendas nas primeiras semanas.
TB: Falando em números, sim, foi o maior recorde de pré-vendas na
Die Hard, que é a maior loja de Heavy Metal do Brasil. Foi recorde de vendas em
um dia! O disco da Noturnall foi o disco que mais vendeu na loja em um dia de
todos os títulos e houve uma fila pra pegar o disco, que é uma coisa parecida
com o “Black Album”, visto no documentário “A Year and a Half in the Life of Metallica”,
cenas que só aconteciam nos anos 90 e nos primórdios. E isso aconteceu em pleno
ano de 2014, de gente pegando o CD na mão, comemorando e ter uma fila na porta.
Eu não sei explicar por que isso aconteceu, porque não era assim com o Shaman,
com o Hangar e com o Angra na época que o Aquiles estava na banda.
É claro que
eles tiveram e tem os seus momentos de glória, mas aqui no Brasil eu posso
comemorar com você de que, na Die Hard, que é a maior loja do segmento, aquilo
aconteceu uma vez só e foi justamente com a Noturnall. Essa explicação eu não tenho pra te dar, eu
só sei que aconteceu e estou muito feliz que eu esteja presente e de ser uns
dos envolvidos nisso, porque foi uma coisa animal. E mais uma vez está
acontecendo com o DVD, que mais uma vez é o recorde de vendas deles. Parece que
o disco ficou 7 semanas entre os mais vendidos, e se não me engano, não vou
buscar esse recorde porque eu não tenho certeza se foi, mas eu falei com o
Fausto algumas vezes e parece que também foi o recorde de mais semanas entre os
mais vendidos
RtM: Conforme comentamos, também o primeiro show da banda foi
registrado em DVD, recém lançado.
TB: Continuando sobre o DVD, até
agora, está mais uma vez batendo o recorde, sendo o mais vendido da loja. E
isso sem ter tido, e que não falei nas perguntas anteriores, mas quero dizer
que não foi investimento financeiro, e sim de trabalho. Eu tenho e sou produtor
do estúdio Fusão – VM&T, onde fizemos vários discos pro Heavy Metal,
Rock e pro Pop. Eu produzi discos importantes pro Heavy Metal mundial e
nacional, por exemplo, o único disco solo do Edu Ardanuy; o “Universo Inverso”
do Kiko Loureiro, que é o único disco dele que não é de Heavy Metal, mas que é
um dos discos de guitarra mais celebrados do mundo e nesse mundo do fusion,
pois ele é totalmente diferente, tem Latin Metal com MPB; trabalhei no disco
“My Winter Storm”, da Tarja Turunen; no Angra eu trabalhei no “Aurora
Consurgens”; produzi Timmo Tolki, Paul Di’ Anno, Shaman... Eu tenho mais de 170
discos produzidos, junto com pessoas que até trabalham comigo.
O Quesada também tem milhares de
discos produzidos; o Léo Mancini também tem; o próprio Ricardo Confessori fez
algumas coisas no meu estúdio. Também tenho disco de ouro aqui no Brasil e em
países latinos e europeus, algumas indicações ao Grammy... Isso tudo sem ter
uma gravadora forte por trás, porque eu nunca fui afiliado a Sony, Universal e
que você acaba ganhando os grandes prêmios por estar trabalhando em gravadoras
ou em estúdios que são filiados à gravadoras que colocam investimentos
milionários no seu colo e que te dão aqueles mesmos prêmios, não menosprezando
certas pessoas que recebem, porque alguns são grandes amigos meus. Por isso que
os admiro, porque são grandes produtores e até bem melhores do que eu. Mas eu
me orgulho muito de ser um cara do underground, que acabou chegando aonde
chegou por conta do trabalho e não por dinheiro ou por influência.
RtM: Várias pessoas
talentosas, não ligadas a grandes gravadoras, em diversos segmentos da música,
e que realmente mereciam maior reconhecimento. TB:E isso acontece com as pessoas
que estão associadas a mim, que é o caso do Fernando, Fabrizio e o Juninho, que
tem uma produtora chamada Foggy, que trabalha em parceria com o “Fusão”, que é
a responsável pelos nossos vídeos; o Fusão é responsável pelos nosso aúdios.
Nós também temos a FxRender, que é do grande Alex Batista. Ele é um cara que é
responável pelos maiores clips de melhores qualidades que você tem no Brasil,
que infelizmente trabalha com artistas do calibre de Luan Santana, NxZero e
entre tantas bandas, mas são as bandas que tem mais dinheiro pra gastar em
vídeo e aúdio. E quando eles têm que escolher o melhor, eles escolhem o Alex,
que no fim das contas é um puta metaleiro, fã e amigo, que inclusive até sou
padrinho de casamento dele. Um cara que tenho o maior respeito, que também é
responsável pelo nosso trabalho.
RtM: E são contatos
que ajudam na hora de produzir um trabalho de qualidade, e aí as pessoas até
acham que houve muita grana envolvida.
TB:Tudo isso que eu falei até agora
não teve um investimento financeiro! A gente nunca teve que colocar dinheiro
nisso, o que a gente colocou foi trabalho. Todos os vídeos foram dirigidos por mim,
pelo Juninho e pelo Alex. Todos os discos e audios foram produzidos por mim com
a parceria do Quesada, tanto de audio e também na questão de bolar o estilo da
banda. E também temos o executive producer, o Franz Bedacht, que foi o cara que
sentou comigo e com o fuma e bolou a Noturnall. Ele é um cara que faz falta na
sua vida e que você sabe que precisa daquilo, mas que falta aquele brother que
fala: "Meu, cala a boca! Vamos fazer, meu! Faz assim que esse é o
caminho".O cara é um gringo,
alemão, que trabalha engravatado e pessoas da Globo, como "Bonners"
da vida, batem continência pra ele. E o cara, na verdade, é um puta metaleiro
maluco.
Estamos
muito felizes no momento que a gente está vivendo agora, porque é uma banda
que, sem dinheiro, conseguiu tudo o que conseguiu por intermédio da boa música
e das pessoas que perceberam essa música.
RtM: De certa forma então, grande parte do retorno já foi realizado.
TB: Finalizando essa resposta, o
nosso maior trunfo é o nosso público! É o que fez a gente chegar até aqui do
jeito que a gente chegou, de tantos views de vídeos, tantos discos vendidos...
Isso nada vale conforme quando você vê o nosso DVD, vê aquela receptividade e
de ver as pessoas cantando as nossas músicas. E vale dizer que, no DVD, você vê
as pessoas cantando a plenos pulmões que, até em momentos, não conseguia ouvir
minha voz e a voz da galera encobrir totalmente o meu microfone, e um disco que
tinha sido lançado há, pasme, cerca de um mês e meio. E as pessoas sabiam todas
as letras de todas as músicas, batiam palma nas partes que deviam bater palma.
Foi uma coisa meio que Iron Maiden, de um disco que tinha saído há menos de 2
meses. E pra mim aquilo foi um dos momentos mais importantes da minha carreira,
e que graças aos cosmos está devidamente documentado no DVD. Espero que vocês
assistam e curtam.
RtM: Para fechar esse ciclo de conversa sobre o álbum
de estreia do Noturnall, queria você falasse sobre a participação do vocalista
Russell Allen na faixa "Nocturnall Human Side", e da aproximação que
vocês tem com ele.
TB: Em algum momento, durante as nossas tours pelo mundo com o Shaman, nós
nos encontramos algumas vezes tocando junto com o Symphony X. E algumas vezes
nos pegamos horas assistindo o show deles e eles assistindo o nosso show. E no
último show, que se não me engano foi no Masters Of Rock, eu sai e estava o
Russell Allen assistindo o nosso show sentado na cadeirinha. E depois venho
aquela rasgação de seda e chupação de rola do tipo: "Porra, você é o cara!"; "É
mesmo, então vamos fazer um som juntos?"; "Claro! É só me chamar!" Ai depois
ele fez o show dele, ficamos assistindo como sempre, pois o cara é um dragão
que veio do centro da terra, com aquela voz que parece um vulcão. Depois do
show, tomamos um porre e marcamos um monte de coisa, com uma conversa bem de
bar. Só que eu, geminiano e mala que sou, não deixei isso morrer perdido em
meio a minha dor de cabeça, pois já tinha anotado no papel tudo o que eu tinha
dito com ele e que gostaria de fazer. E depois de alguns dias eu entrei em
contato com ele e falei: ‘E ai viado, vamos fazer aquela parada que a gente
falou?’ E ele realmente foi um cara do bem e estendeu a mão pra gente, pois ele
é um cara maior, não só de estatura, mas sim de um dos nomes mais importantes
do Heavy Metal do mundo. Ele estendeu a mão pra gente e falou: "Vocês merecem
toda a força do mundo e eu vou ajudar para o que precisar". Compomos a
“Noturnall Human Side” juntos, ele topou, achou animal e ele fez as partes
dele. E depois falamos:"Cara, vamos gravar um vídeo dessa música?"; "Vamos!
Vem pra cá que vamos gravar."
RtM: Que legal! E aí você partiram para a produção do vídeo, que foi parte filmado em Nova York?
TB: Fomos pra Nova York, gravamos num topo de um
prédio, que foi uma das coisas mais legais que fiz na minha vida, que se você
prestar atenção da pra ver que a vista é incrível, ainda mais em Nova York, que
é uma cidade icônica, e que resolvemos até dar uma de Woody Allen. Fizemos o
clip com que a cidade fosse o personagem tão forte quanto os personagens
envolvidos no vídeo. Contamos com a participação da Renata Diffley, que é uma
atriz brasileira, poucos sabem disso, mas ela já contracenou com varias atrizes
do mundo, como Angelina Jolie, Penélope Cruz e tudo mais. E depois entramos em
contato com o Antoine Verglas, que também é fotografo da Renata, da Angelina e
da Penélope, que inclusive participa no vídeo, também. Foi um momento de muita
descontração. Eu dirigi o vídeo nas partes de Estados Unidos e Nova York com o
Juninho.
RtM: E quem bolou o script da história que rola no vídeo?
TB: O script é meu também, junto com o Juninho. E a gente fez o clip de
uma forma que as pessoas entendessem que, tudo o que tem a ver com música,
sentisse o seu lado mais sombrio. E se, às vezes, você da uma chance pro seu
lado sombrio, você vai vê que na verdade é, de fato, um monstro. Só que às vezes
os monstros são feitos não só pra serem violentos, feios e agressivos, mas às
vezes você precisa ser um pouco monstro pra viver em meio a essa monstruosidade
que é o mundo. E isso faz de você uma pessoa mais forte e não, necessariamente,
você lutar contra a monstruosidade do mundo e que vai te proteger de tudo o que
tem de ruim ai fora. Pelo contrario, às vezes, se você deixar de ser monstro vai
fazer você perder no mundo.
Então isso tem muito a ver com que a gente fala na
música, a história que é contada, da menina que está em Nova York e passa por
tudo o que ela passou. E, talvez, a falta de agressividade te faz perder uma
coisa que você poderia ter ganhado se você tivesse um pouco mais de bola, por
assim dizer. E o Russell se identificou muito com isso, que acabamos
escrevendo a letra juntos. E a gente falou muito sobre essa questão que acabei de
dizer. E dentre isso nasceu, na verdade, a amizade que a gente tem até hoje e
que, às vezes, falamos isso pras pessoas e a pessoas não entendem que tipo: "Cala a boca! As coisas não são como você imagina! Se vocês entregarem a
monstruosidade do mundo você acaba virando um monstro".
RtM: Russel acabou entrando mesmo de cabeça no trabalho, além de se tornar um amigo!
TB: E a coisa só cresceu! Fizemos
o vídeo, ele tinha muitas criticas do ponto de vista do que a gente poderia
mudar nas músicas, que até eu falei: "Meu, produz essa porra! Para de encher
meu saco! Põem essa merda pra correr, então". Na parte dele, ele disse: ‘Quer
saber, cola ai que vou produzir, mesmo’. E produzimos o disco. Ele produziu junto com a gente as vozes, que
foi uma das coisas mais legais que já passei na minha vida, de poder trabalhar
com um gigante como ele e que fez muita diferença na minha voz. E de lá pra cá
começamos a trabalhar em tudo juntos! Depois fizemos, além do disco, algumas
turnês aqui no Brasil de 18 ou 19 datas de workshops, passando de Norte a Sul,
graças ao também Marcelo Moreira, baterista do Almah, que é um amigo meu de
longa data, e que também é um puta produtor, que fez milagre em trazer ele, e colocou a gente pra tocar em tudo quanto lugar. Ele me chamou pra abrir o show
até por conta da amizade, pro Russell se sentir mais a vontade, porque tratar com um
cara que você nunca viu na vida precisa de uma vaselina (risos). E foi assim que eu me senti no começo, mas
logo eu senti que realmente foi fundamental eu estar junto, porque fez as
pessoas entenderem que o talento e o trabalho brasileiro não estão, com certeza, tão longe do talento gringo, e isso também funcionou pra nos colocar mais
juntos enquanto pessoas.
RtM: E essa amizade seguiu rendendo frutos, inclusive com ele participando do DVD, não é?
TB: Passamos um mês juntos e todos os dias
tomando café, que de café passou pra porre da madrugada falando sobre tudo. E
ai degringolou e simplesmente nos tornamos irmãos! Falamo-nos praticamente
semanalmente, até que venho a ideia do DVD e falei: "Cara, vamos fazer um DVD.
Vamos aproveitar que você está aqui em São Paulo e fazer uma participação?" E
ele topou! E que em tom de brincadeira, ficaria muito puto se eu não o
chamasse. E no DVD ele simplesmente está em êxtase!
Ele simplesmente colocou o
coração dele na ponta do microfone e que não só fez participação em uma música,
ele fez mais duas participações espetaculares em duas músicas surpresas, que
tomara que as pessoas comprem o DVD pras pessoas poderem sacar o que estou falando.
E ele (Russel Allen) foi um show a parte! Foi um dos maiores momentos do show! E se ele não
tivesse feito o DVD naquela noite, eu nunca mais iria dormir em paz, porque
aquilo foi o ápice da minha carreira. E hoje em dia estamos falando de fazer outras
coisas juntos, que ainda não posso falar, porque não depende de mim, depende de
muitas pessoas. Mas já temos coisas muito importantes pra serem feitas em 2015.
No álbum também há uma releitura pra faixa
"Woman In Chains", do Tears For Fears. Vocês já haviam definido que
incluiriam uma versão ou cover no álbum? Como surgiu a ideia de fazer uma
versão dessa música especificamente?
TB: Há 13 anos atrás, eu tive um câncer no mediastino, que é a cavidade do
coração. Fui pego de surpresa, porque com 23 ou 24 anos de idade, a última coisa
que você descobre é que você é mortal. E foi exatamente o que aconteceu comigo. E
uma das coisas mais difíceis de passar por tudo aquilo foi a minha mãe. Eu, que
hoje em dia sou pai, não sei descrever o que minha mãe sentiu, porque se eu
tiver que passar alguma coisa dessas com o meu filho, obviamente eu vou passar
porque eu sou forte, mas a dificuldade daquilo eu não sei explicar como ela
conseguiu. E ela conseguiu! E isso é uma das coisas que me fez ter propósitos
porque, hoje em dia, eu percebi que pra você estar vivo e ser um cara feliz com
o que você faz, significa um propósito. Se você realmente quer estar vivo todos
os dias, de levantar da sua cama, seja com doença ou sem doença, você tem que
ter propósito, que é o que faz você seguir em frente, respirar e querer.
RtM: Verdade, sem objetivos não somos nada.
TB: E querer
respirar, precisa de propósito. Então, naquele momento, o meu proposito era que
eu sobrevivesse pra não matar minha mãe do coração, porque ela não sobreviveria
se eu morresse, que ela até deixou isso claro pra mim. Então eu prometi pra ela
que, depois de 13 anos, que é um número importante pra mim (não que eu seja o
parente do Zagallo, mas várias coisas da minha vida acontecem com o número 13),
ia fazer uma homenagem com alguma coisa que fizesse sentido pra mim. E também
prometi, naquela mesma época, que eu ia fazer algo por quem passou pelo que passei,
principalmente crianças que não tem nada a ver ou que não tiveram chance, ter o
que fazer nesse mundo que, às vezes, já chegam aqui enfrentando uma doença ou
um tipo de câncer. E uma terceira que seria sobreviver fazendo um disco que me
fizesse ter certeza de que, ai sim, eu pudesse morrer depois. A minha primeira
promessa eu tinha cumprido, que era gravar o “Leave Now”, com o Karma. É
um disco que eu fiz achando que fosse morrer, que se você ouvi-lo, vai perceber
que é totalmente sentimental, mas sem ser clichê. Mas é um disco que as pessoas
celebram hoje em dia, que até fico feliz das pessoas entenderem que acabou sendo
um disco meio ‘cult’, porque é um disco cultuado e porque as pessoas entenderam
o que elas queriam entender, mesmo. E
foi um disco que me ajudou a sobreviver, porque aquele disco me fez querer
viver. Então é um disco com uma sensação muito diferente quando você ouve.
RtM: Com a experiência que você teve, da doença, de se recuperar, você saiu mais forte, e, como você disse, aí você entende que é preciso ter propósitos, objetivos, realizar o máximo possível não é?
TB: Exato...e continuando...a segunda coisa, que infelizmente não havia achado um jeito de fazer, é fazer
alguma coisa pelas crianças que realmente ajudasse. E isso foi no DVD. Mas eu não quis cobrar a entrada do DVD, gostaria
que desse um jeito que o DVD se pagasse sozinho e que desse todos os ingressos,
das pessoas que apareceram no show, para as casas Holp, que é a casa das
crianças com câncer, retribuindo com alimentos, fraldas, brinquedos e que ia
fazer um bem tremendo. E para essas crianças a gente conseguiu sim fazer duas
toneladas de alimentos! Às vezes, você tem aquela mentalidade maldosa do ser
humano, que não vou dizer que nós mesmos não temos isso um pouco em mente do tipo: "Ah, mas é pra ajudar pra que o negócio lotasse.." Não vou dizer pra você que
isso não tinha a ver, mas tinha a ver também pra que as coisas ficasse mais
bonitas. Mas eu podia muito bem ter feito isso de graça, mas fazendo de forma
que fosse alimento, fralda e brinquedo. As pessoas acha que isso não existe,
mas quando você põe qualquer tipo de intervenção em uma coisa que é de graça e
uma coisa que você tem que fazer, o povo pensa duas vezes antes de fazer. E ai
já era um motivo que já não estava nem ai, eu queria realmente ajudar as
crianças e unir o útil e agradável, que é no caso da situação do show, que é
poder fazer alguma coisa pelas crianças com câncer. Fizemos até uma ação de
vídeo, que ainda não foi devidamente documentado, porque a gente ainda não
conseguiu achar uma data ideal. E também eles tem medo que a gente pegue isso e
use, porque tem muito artista que usa isso depois e fala: "Nossa, olha como a
gente é bonzinho". Então está rolando um papo ainda pra gente fazer isso sem
ter câmeras. RtM: E finalizando? Chegando ao porquê da escolha da "Woman in Chains"? TB: E o último é a questão da minha mãe, que era fazer alguma coisa em
homenagem a ela. Então essa homenagem acabou ficando para o dia das mães,com a música “Woman In Chains”, que é uma música muito importante pra mim e pra ela,
porque é uma banda que a gente gosta muito. E também da questão que é uma
música feita pra mulher, que até ouvi criticas na época do tipo: "Olha que
idiotas! Eles mal sabem que essa música é feita pro cara que batia na mulher".
Eu acho que, realmente, as pessoas são meio ingênuas achando que a gente não
faz nenhum tipo de pesquisa quando vamos fazer alguma coisa. E com certeza a
gente não só sabia e é um dos motivos pelo qual escolhemos essa música,
porque, como uma pessoa faz mal a uma criatura tão pura quanto uma mulher? E a
mulher, na sua situação mais pura, é na condição de mãe. Então a gente resolveu
fazer um clip em homenagem às mães, onde eu pudesse homenagear a minha mãe e que
desse esse presente pra ela e do pessoal da banda dar esse presente pra mães
deles. E quem assistir o clip (de "Woman in Chains"), raramente ficar indiferente, porque é um momento de puro amor e
emoção, que está totalmente evidente no vídeo. Fizemos tanta gente chorar, que até chamamos o clip de cebolão, porque todo mundo
quer sair chorando no clip (risos). E a gente se orgulha muito, porque a gente
conseguiu mostrar que as nossas mães são, realmente, as coisas mais puras que
existem nas nossas vidas na condição humana. Nada mais puro que as nossas mães!
O amor de mãe é incondicional, divino e puro. E esse foi mais um dos golaços da
banda, onde foi um dos momentos que a gente fez história não só com vendas,
porrada na orelha das pessoas, releituras e acho que esse é um dos momentos mais puros e
exclusivos que a banda apresentou pro público, que aumentou ainda mais o
carinho que eles tem com a gente, porque a gente não sabe só gritar e dar
porrada na orelha das pessoas, mas a gente tem humanidade por baixo
da pele..
RtM: Muitos músicos e pessoas do
meio são da opinião de que a música hoje é mais tratada como uma mercadoria do
que arte, e todo momento são lançados milhares de produtos descartáveis. Como
você vê o cenário da música hoje e o que dá para esperar do futuro? É difícil
trabalhar, estudar, investir e não conseguir viver da sua arte enquanto muitos
“sucessos” fabricados e estilos musicais duvidosos infestam o mercado. Temos
saudade dos anos 70 e 80 nesse aspecto (risos).
TB: Isso lembra um pouco do que a
gente falou no começo da entrevista, sobre a questão do cenário do Heavy Metal.
Eu realmente, e até mais uma vez eu falo, que quem me alertou pra isso foi o
Quesada. Foi a primeira pessoa que falou e que me abriu os olhos pra isso e que
concordo com ele até hoje. Eu nunca mais vou reclamar sobre isso, porque as pessoas
querem o que elas querem ter. Se você acha que está faltando alguma coisa, você
que levante a sua bunda da cadeira e faça alguma coisa pra que isso melhore. A
música atual, sim, é a pior fase desde que eu nasci. Eu não me lembro de uma
fase musical tão pífia, pobre e ridícula quanto esta que a gente está vivendo
agora. E isso, pra mim, é fato. Quando você liga o rádio não dá pra ouvir uma
música. Você começa a ficar meio preocupado, porque só os anos 80 é que
vão te salvar. Nem os anos 70 estão salvando mais, porque não é só de Led
Zeppelin que um roqueiro vive. As coisas estão complexas pra música, então eu
não sou um cara que fica ouvindo tudo por ai e fica falando: ‘Caralho, ainda
bem que apareceu essa banda’.
A última grande banda de Rock que
existiu foi o Audioslave, por volta de 2001, se não engano. E nós, que estamos
em 2014, o que apareceu depois dali que deu alegrias um pouco maiores? Ninguém
mais sabe os nomes dos guitarristas, baixistas, bateristas e vocalistas das
bandas, porque se eles não estão mascarados, eles realmente nem sabem em que
bandas eles estão, porque tem tantas bandas que não conseguem ficar unidos e de
chamar aquilo de sua própria casa. E não estou falando do Slipknot, eu estou
falando de muita gente mascarada mesmo, de bandas que usam máscara e não
conseguem identificar a sua própria música, que fazem aquilo por dinheiro e não
por marketing. Então eu poderia ficar muito bem nessa amarga de reclamar que
tudo é uma bosta, são tudo uns filhos da puta e não fazer nada a respeito. Mas,
hoje em dia, e foi a tônica dessa entrevista, eu me posiciono junto com aquelas
pessoas que realmente querem a mudança e que querem fazer alguma coisa pra que
elas mudem e pras que achem coisas novas porque, de repente, se até hoje não
apareceram coisas que prestem de uns tempos pra cá, quem sabe eu não fosse à
pessoa que levantasse o traseiro da cadeira pra que isso acontecesse.
RTM: Sim, e vocês buscaram essa mudança, sem medo, sem acomodação.
TB: Então, acho que você tem que
levantar e fazer a diferença! E eu sou desse tipo de turma. Se a resposta que
você estava procurando era essa, está uma merda mesmo, porque são poucas bandas
que me atraem e são poucas bandas que a gente ouve junto pra fazer música e
fala: "O que está rolando no mundo?" Pouquíssimas bandas respiram! O
Brasil está na pior fase de bandas que, realmente, não fazem coisas novas.
Existem sim aquelas bandas que conseguem respirar e que, até mesmo, os
dinossauros conseguem revigorar.Mas o
cenário é critico! Então o meu conselho pras pessoas que estão fazendo música,
e que querem fazer algo melhor pra si mesmo e para o mundo, é que continuem
buscando a diferença e não buscando serem mais parecidos com fulano ou ciclano.
Chega de banda cover, chega de gente querendo parecer com outra pessoa, porque
é uma coisa que não faz bem pro Brasil, falando enquanto brasileiro.
As pessoas tem que fazer música,
fazer uma química, juntar X com Y, ver o que acontece e que, de repente, você
aparece com uma novidade. Pode ser que,
de cara, você não faça todo mundo ir atrás de você, mas se você faz música pra
ter seguidor no Facebook, você também tem que parar de fazer música. Você tem que fazer música porque o seu
coração manda, porque você tem tesão em fazer, você fica de pau duro e gozar na
cara de todo mundo. Essa é a história de fazer música! Acho que tudo está muito
complexo, o computador se misturou muito ao ser humano, a Skynet está meio que
batendo a porta e daqui a pouco vai ter um monte de Exterminador do Futuro
saindo de dentro dos quartos. Neguinho quer que o Facebook, Instagram, Whatsapp
tomem conta da vida deles como se fossem tapar o buraco da vida delas. E não é
meu! O buraco está ai e você que tem que fazer esse buraco se transformar em
ouro, e não a porra da sua critica e do seu computador.
Então está foda sim, mas eu
gostaria que as pessoas se levantassem e fizessem coisas novas, e eu seria uma
das primeiras pessoas que estariam na frente, batendo palmas, agradecendo e
chamando pra fazer um som junto comigo. E é isso, eu sou essa pessoa bem
boazinha e cheia de ideias que vocês estão vendo (risos).
RtM: Você acredita que é possível
chegar a um patamar que poucas bandas brasileiras conseguiram, Angra e
Sepultura são os grandes expoentes, e ter um reconhecimento e oportunidade de
tours no exterior, participação em grandes festivais e contratos de
distribuição mundial?
TB: Isso é uma questão de
caminho, acho que isso não tem que ser o que você quer, porque isso tem que
acontecer. Eu acho que isso é uma coisa que está na sua agenda. Se você está
fazendo um negócio e está dando certo, e se a fonte é o seu coração e sua
vontade de fazer música é porque você gosta e se você está feliz fazendo
aquilo, o resto é um puro e simples rio correndo para o mar, que mais uma vez
eu te digo isso. Você vai fazendo as coisas e as coisas vão acontecendo pra
você, por exemplo: fãs, shows, contratos, você vai fortificando a sua banda e
você vai tendo ideias. O que você não pode é parar, porque, por exemplo, a
Noturnall, em um ano fez disco, DVD, LP, 5 clips, turnê extensa, turnê
europeia, bateu recordes, deu entrevista para grandes meios como a Globo, Uol e
pra tudo quanto é lugar.
Mas e o ano que vem? Está bom
isso? Não! Não está bom, porque o próprio jogo vai te corrompendo um pouco e
você vai ficando com mais vontade de ser beneficiado no jogo. E isso é bom que,
se não for uma coisa que roupe a sua vida e que te ajude a mover, é uma coisa
boa e você vai indo pra frente. Eu até uso as palavras no filme do ator Michael
Douglas, Wall Street, onde ele diz que ganância é uma coisa boa, desde que ela
não te corrompe. Ganância de crescer nessa carreira tem que existir, porque
você tem que botar comida no prato do seu filho, da sua esposa, você tem que
ter uma vida descente e conseguir ser feliz. E dinheiro, sim, traz felicidade.
Podem dizer que não e o que for, mas dinheiro te ajuda a ter uma vida doce e
com mais sorriso.
RtM: Entendo. Ganância no sentido
de ter gana de crescer e evoluir, sem ser uma coisa nociva aos outros!
TB: Mas nada disso importa se
você, por dentro, é preto e branco e vazio, que você ganha dinheiro em algo que
não faz bem pras pessoas e também pra si mesmo. Então o importante buscar na
sua carreira é ser feliz, o resto vem naturalmente. E, claro, planeje, faça!
Neste momento, estamos aqui em BH. Eu e o Quesada saímos do nosso conforto de
São Paulo pra vir aqui escolher o nosso Motor Home, que vai nos levar durante
essa tour brasileira. É claro que adoramos BH, mas não estamos aqui pra passar
um final de semana, mas sim porque foi o preço de acharmos um Motor Home pra
que a coisa acontecesse de uma forma que todo mundo conseguisse sair feliz, com
sorriso na cara e dinheiro no bolso, porque a gente faz isso por trabalho e não
só por diversão. Não temos mamãe e papai pra colocar comida no prato, mas a
gente tem público que põe comida no nosso prato. E é esse público que merece o
nosso melhor.
Sem o Carlos Fides, nosso
artista, não teríamos o êxito que a gente conseguiu, de colocar a mascote, que
é o Zumbi, na capa do disco e nas camisetas que a gente vendeu tanto esse ano.
E a gente colocou comida na boca de muitas famílias, porque a gente gerou renda
pra muitas fabricas de CD, DVD, camisetas e sei lá o que a gente gerou. Então
movimentamos uma economia fazendo o que a gente gosta. Ou seja, todo mundo sai
ganhando quando você realmente quer uma coisa que vai te deixar feliz, mas que
faça com que as pessoas trabalhem e estamos aqui, trazendo o nosso trabalho,
gerando trabalho.
RtM: Concluindo, que mensagem você daria a quem está iniciando e também lutando nesse meio?
TB: Minha mensagem pra esse
pessoal que quer fazer música, que quer ser alguém melhor e quer figurar no
nosso lado num festival, é que eles mereçam esse espaço. Esse é um espaço
concorrido, suado, fudido e sangrento se você quer figurar ali. E se você quer
estar ali, você tem que fazer por merecer que nem um gladiador. Você vai ter
que pegar a espada e matar um monte de cara pelo amor dos cosmos, no sentido da
palavra, porque às vezes você nem sabe com quem está falando, de tanto
psicopata que tem no mundo. E você está buscando o seu espaço, fazendo com que
o sangue escorra através do seu trabalho, do seu suor e sem passar por cima de
ninguém, mas fazendo com que pessoas consigam fazer dinheiro daquilo que gosta
e que consigam viver daquilo também.
Então o importante é que você
seja feliz, mas fazendo com que a roda gire. Se mais pessoas tivessem esse ponto
de vista e pensassem menos no seu inimigo e no que elas gostariam do que as
pessoas achassem delas, com certeza teria bandas bem importantes, com mais
expoentes e gente fazendo coisas mais importantes.
Se as pessoas
pensassem um pouco no coletivo, e um pouco menos em si próprias somente pra
poderem figurar nas grandes e falsas elites no Heavy Metal e no Rock,
estaríamos em uma condição bem melhor. Essa é a mensagem pra quem está a fim de
fazer música, mas pra quem também já faz música. E tira um pouquinho o pé no
acelerador financeiro e põe um pouquinho a mão na consciência pensando no
próximo porque, quem sabe, você vai fazer com que esse meio musical brasileiro
e mundial funcione melhor.
RtM: E pra terminar, quais são os
planos da Noturnall?
TB: A gente vai continuar o que
estamos fazendo, que é levar a boa música para o público. E que as pessoas
pensem mais no coletivo e menos em si própria pra fazer música nesse país.
RtM: Bom, muito obrigado pela
entrevista, desejamos que o Noturnall tenha muitas conquistas e represente
muito bem o Metal brasileiro! Fica o espaço para sua mensagem aos fãs, não só
do Brasil, pois esta entrevista estará disponível também em inglês!
TB: A minha mensagem eu já deixei
durante toda a entrevista! Então o mais importante é finalizar dizendo o
seguinte: por favor, prestem bem atenção antes de atravessar a rua, porque
mesmo que a rua seja mão única, pode estar vindo uma bicicleta do outro lado e
você ser atropelado do mesmo jeito (risos).
Entrevista: Gabriel Arruda/
colaborou: Carlos Garcia