domingo, 30 de agosto de 2020

Devil's Bargain: Heavy Metal Belga em Boa Estreia em Full-Lenght


Apesar de ser o primeiro álbum do Devil’s Bargain, ele apresenta o mesmo número de faixas que seu compacto inaugural lançado há três anos atrás. Este grupo belga mescla inspirações oitentistas de NWOBHM e  power metal repaginado. 

Durante as sete músicas, não economizam esforços na quantidade de riffs, passagens de guitarra e a bateria dentro do simples esbanja criatividade. Seu vocalista é bastante esforçado em proporcionar mudanças constantes no canto. As letras assemelham-se aos contos pulp, narrando guerreiros em campos de batalha, seres maléficos noturnos, rituais macabros, incluindo a história sobre uma vidente queimada como bruxa.
 
“Sign of Times”  possui algum DNA de NWOBHM na essência, apresenta boa sintonia entre os guitarristas Juan Carlos Galdos (Sint-Niklaas) e Jurgen Van Poppel ( Stekene).
 
 "Your Disposal" de caráter sofrido, usa escalas menores, e alguns modos gregos rendendo ar latino. O arpejo inicial reincide na música e lembra muito a passagem calma de Master of Puppets.
 
"Symphony of Silence" se destaca pela carga otimista, tipo um punk de levada pop, ela esbanja ideias, licks, até brincam rapidamente com o contrabaixo. Talvez seja a melhor do disco. A voz de Arthur não exige o seu máximo, porém atende ao que a música pede.
 
"Sewer Rats" parece um tributo ao grupo Metal Church, o cantor atinge bons resultados na voz, seja nos momentos em que se esgoela ou numa pseudo pregação ocorrida numa das passagens da composição.
 
"Visions" talvez nem devesse ser chamado de disco, pois apresenta somente sete faixas, logo quando o ouvinte está no auge do registro ele acaba. Se por um lado foi melhor terem evitado adicionar encheção de linguiça, por outro valeria esperarem mais para incluir outras cinco criativas.

O lado negativo de "Visions" na minha opinião ficou acerca do cantor. Ele tenta forçar sua voz ao nível do André Matos, Michael Kiske,mas falha em diversos momentos. Quando são faixas tipo Symphony of Silence ou Sewer Rats ele dá conta.


O Devil’s Bargain esforça em prestar um álbum criativo, não poupam na mudança de riffs, pulverizam solinhos, usam também essa oscilação nas músicas como moldura para o seu vocalista entoar as histórias fantásticas das suas letras. Um disco de heavy metal honesto para se ouvir nesse ano de 2020.

Texto: Alex Matos (Canal Rock Idol)

Banda: Devil's Bargain

Álbum: "Visions"

País: Bélgica

Estilo: Heavy Metal, Speed/Power Metal

Hard Life Promotion

Devil's Bargain Facebook




Cyhra: Banda de ex-In Flames e ex-Amaranthe Traz Evolução em Segundo Álbum


Formado por Jesper Strömblad (guitarras, ex-In Flames, ex-Hammerfall) e Jake E (vocais, Ex-Amaranthe), o Cyhra estreou em full-lenght em 2017 com "Letters to Myself", mostrando uma sonoridade mais acessível e de melodias de fácil assimilação, muitos teclados e efeitos eletrônicos. 

Se alguém esperava algo próximo do que Jesper fez nos primeiros discos do In Flames ou mesmo nas colaborações com o Hammerfall, certamente pode ter se decepcionado, mas se foi procurando algo na linha que Jake E fazia no Amaranthe, aí acredito que pode ter encontrado uma boa opção.

Em "No Halos in Hell" essa linha semelhante ao Amaranthe continua, mas trazendo uma sonoridade mais definida e uniforme digamos assim, e até trazendo mais guitarras, lembrando alguns momentos a antiga banda de Jesper, mas a tônica continua no Metal Moderno (Pop Metal?) e carregado de melodias e refrãos grudentos, muitos teclados e efeitos eletrônicos. 

E diferente das ex-bandas dos dois integrantes principais, aqui temos somente com vocais limpos. Achei até um ponto positivo aliás, pois esse Metal moderno e mais "pop" alternando vocais guturais estava ficando meio chato, né pessoal! "Ah, vamos fazer algo 'diferente', vamos soar moderninhos e 'originais', vamos colocar uns guturais aqui ou uns screamings"  

Temos por exemplo faixas como "Out of My Life", que mescla efeitos eletrônicos e teclados, com boas melodias de guitarra e até algum peso, por vezes lembrando algo do In Flames já do "Clayman" em diante, refrãos explosivos e grudentos; "No Halos in Hell" onde temos também bons riffs, solos e melodias nas guitarras, doses de peso e muitos teclados e melodias cativantes, sempre com ênfase nos refrãos. 

Posso citar também "I Am the One", com uma batida direcionada para tocar em arenas, mas também com as guitarras aparecendo bem mais; "Battle Within", que tem um tema interessante, tratando sobre a depressão, e na parte instrumental seguindo essa mesma linha recheada de melodias e refrãos de fácil assimilação, muitos teclados e efeitos, por vezes alguns trechos mais limpos e viajantes e batidas "dançantes", como em "Dreams go Wrong".

Basicamente seguem a mesma fórmula durante o álbum todo, mas realmente eles lapidaram melhor a sonoridade, repito, trazendo guitarras mais presentes, soando bem mais coeso, praticamente consolidando o estilo da banda neste segundo álbum.

Uma fórmula interessante para quem simpatiza com essa linha mais acessível, com esse lado mais pop, e sendo competente em criar arranjos, melodias e refrãos grudentos. Indicado a fãs de Amaranthe e afins. Pode ser digerido também por mentes mais abertas, na hora que estiver simplesmente a fim de ouvir algo mais leve, sem compromisso, e até sem assustar aqueles amigos não muitos afeitos ao Metal mais pesado ha ha ha!

 Texto: Carlos Garcia

Banda: Cyhra

Álbum: "No Halos in Hell"

Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

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Tracklist

1. Out of My Life

2. No Halos in Hell

3. Battle from Within

4. I Am the One

5. Bye Bye Forever

6. Dreams Gone Wrong

7. Lost in Time

8. Kings Tonight

9. I Had Your Back

10. Blood Brothers

11. Hit Me

12. Man of Eternal Rain

Lineup

Jake E – Vocals

Euge Valovirta – Lead Guitar

Alex Landenburg – Drums

Jesper Strömblad – Guitar

 




quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Blues Pills: "Holy Moly!" é Irrepreensível e Pulsante

 

Após uma edição ao vivo do seu segundo disco, sai finalmente "Holy Moly!". O Blues Pills como sempre não decepciona. Fazem uma revisitação decente apropriando-se de algumas tendências do r&b contemporâneo num psycho blues ocultista anos 70. Acresceram peso e  ampliaram as possibilidades harmônicas. "Holy Moly!" continua seguindo a risca o que apresentaram desde o início, sem perder o capricho. 

Elin Larsson ostenta versatilidade, canta com bastante garra músicas roqueiras, noutras situações assemelha-se a cantoras de soul e blues. Os instrumentistas também aparentam maior experiência, estão um passo à frente dos grupos stoner padrões. Não hesitam em mesclar o hard psicodélico a direções soul e mais pop sem diluir a força da sua música. 

As escolhas de timbres e arranjos são outro destaque de Holy Moly. Essa liberdade em cruzar certas barreiras impostas no rock psicodélico da atualidade, se assemelha muito mais ao pensamento dos grupos originais. 

Em "Proud Woman", Larsson puxa algo de Aretha Franklin e desdobra isso numa linha de spiritual. "Low Road", outra arrasa quarteirão, soa similar a uma versão metalizada de "Dignitaries of Hell" do Coven. "Dreaming My Life Away", mantém a força do disco, com Larson trazendo seu lado Jinx Dawson. 

"California" é uma balada blues cravada de power chords robustos e vibratos lacrimejantes na guitarra do novo dono das 6 cordas do BP,  Zack Anderson, enquanto Elin  puxa seu lado bluesy até soltar agudos potentes na voz. 

"Rhythm in the Blood", realça a qualidade do baterista André Kvarnström iniciando a música num ritmo marchado, depois aplica boas viradas e síncopes dentro da ideia básica. Lembra muito o Ram Jam e também entraria com facilidade no set dos seus contemporâneos Rival Sons. 

"Dust" soa um jazz blues estilo Ella Fitzgerald caso fosse coverizado pelo Black Sabbath no começo de carreira. A cantora continua a contrariar o clima lúgubre ao aplicar fúria na hora de cantar. O solinho sinistro e backing vocals sampleados dão um toque extra.   

Vale citar a balada soul "Wish I’d Known" de nuances gospel; "Bye Bye Birdie", presenteando o ouvinte com um solo muito legal e bateria potente e "Song From A Mourning Dove" um slow blues extremamente passional. 

"Holy Moly!" é um disco irrepreensível, as faixas apesar de apresentarem proximidade, valorizam algum ponto, mudam a ênfase e a vocalista mantém as faixas pulsando todo o momento com sua voz cheia de rompantes.

Texto: Alex Matos (Canal Rock Idol)

Edição\Revisão: Carlos Garcia

Selo: Nuclear Blast Records  (Lançamento no Brasil via Shinigami Records)

Tracklist:

01. Proud Woman

02. Low Road

03. Dreaming My Life Away

04. California

05. Rhythm In The Blood

06. Dust

07. Kiss My Past Goodbye

08. Wish I’d Known

09. Bye Bye Birdy

10. Song From A Mourning Dove

11. Longest Lasting Friend


 Blues Pills é:

Elin Larsson – vocals, backing vocals

Zack Anderson – guitar

André Kvarnström – drums

Kristoffer Schander – bass

 

 Blues Pills Youtube

      

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Requiem’s Sathana: “[...]para um disco com músicas tão longas e experimentais, está sendo até agora tudo muito bom e caloroso”


Entrevista por: Renato Sanson


Músico entrevistado: Rex Mendax (baixo) – Projeto: Requiem’s Sathana de Novo Hamburgo/RS

O Requiem’s Sathana tem como base o Black Metal, porém os experimentos musicais são latentes nas composições. Como surgiu esta ideia?

Da própria ideia do projeto. Ele foi concebido para ser experimental. Quando convidei Rex Inferii e Rex Gutture para este projeto, a única condição que coloquei foi justamente essa: de que não ficaríamos presos a uma fórmula, nem seriamos reféns a uma forma de tocar. Claro que houve certa desconfiança no início. Mas eu sempre soube que isso não impediria de que criássemos uma identidade própria agindo assim. E acredito que tem funcionado.

Conte-nos sobre o processo criativo da banda.

Eu componho as músicas e as letras. Quando tenho a parte instrumental pronta, passo para Rex Inferii que faz uma primeira pré-básica bem simples com pelo menos duas linhas de guitarras, baixo e bateria. Assim já podemos ter uma ideia de como será a forma da música. Ele me devolve e vejo se está tudo certo, já fazendo um pré-encaixe das letras. Na sequência, a música retorna para ele que daí começa a trabalhar nos arranjos. Essa é parte mais demorada, pois a partir desse momento começamos a dar a forma final à música. Como ele tem autonomia total no processo criativo, além de criar todas as bases melódicas, às vezes sugere algum corte ou acréscimo, uma mudança de andamento, palhetada, onde eu não havia planejado assim. Ficando legal, seguimos adiante até a finalização. Por último, nos reunimos com Rex Gutture para fazer os ajustes dos vocais. Depois é só se reunir com o produtor do estúdio, definir os timbres e as datas e iniciar as gravações. Pode-se perceber que somos meio maníacos em planejamento, mas isso é bom, pois entramos em estúdio sabendo exatamente o que queremos. Rex Inferii também contribui com música dele. No primeiro disco tivemos somente uma, mas no futuro haverá mais. Apenas as letras que são monopólio meu (risos).



O Debut autointitulado apresenta apenas cinco faixas, mas com composições longas e cheias de variações, pegando de surpresa o ouvinte. Essa era a intenção desde o início?

No início não era. Apenas aconteceu de as mesmas saírem assim. Mas depois achei que se fizéssemos desta forma, teríamos mais liberdade de trabalhar. Óbvio que não significa que temos que sempre fazer assim. Mas se acontecer, pelo menos não precisamos ficar preocupados!  “Perfect Silence”, por exemplo, na minha primeira versão era bem mais longa. Rex Inferii sugeriu mudanças que acabaram encurtando ela um pouco. Das quatro novas composições que já tenho prontas, pelo menos três possuem duração “normal”. Então, basicamente, dependerá também muito da inspiração.

Em relação às críticas do material como tem sido a recepção mediante público e imprensa?

Olha, para um disco com músicas tão longas e experimentais, está sendo até agora tudo muito bom e caloroso. Só posso dizer que estamos muito orgulhosos do que fizemos. Na verdade, até nos preparamos para eventuais críticas, mas os elogios tanto de imprensa como do público em geral estão provando que estamos no caminho certo. E quando digo que estamos orgulhosos, não me refiro somente a nós músicos do projeto, mas todo o time de caras excepcionais que trabalharam conosco como o Daniel Villanova que tocou a bateria, a Doomed Art que fez o logo e capa, o Douglas da Zabauros que cuidou de toda a parte gráfica e nos auxiliou nas mídias de streaming, o Maurício Cappel na parte fotográfica, o Mozart Leon que cuidou das filmagens na gravação, o mestre dos magos Henrique Fioravanti da From Hellcords que nos gravou, o Gil Dessoy da Cianeto Discos que nos deu todo apoio, e mais o Aires e o Tiago da Caos Extremo que tem cuidado de nossa assessoria. A todos vocês, meu profundo respeito e agradecimento.

O projeto Requiem’s Sathana será apenas de estúdio ou apresentações ao vivo fazem parte dos planos?

Apenas de estúdio. Entretanto, estou planejando fazer algumas apresentações esporádicas, bem promocionais. Como também promovo de vez em quando alguns festivais como o Old School Festival, quem sabe toquemos nele. Até para as pessoas verem que somos capazes de tocar aquelas músicas ao vivo também (risos).


A ideia é sempre lançar materiais com poucas faixas?

A ideia é essa, mas é a mesma questão como em relação às músicas longas, ou seja, depende muito de como as músicas saírem. Mas sendo sincero, de minha parte eu prefiro com poucas faixas. Até mesmo os discos de outras bandas eu prefiro aqueles não muito longos. Não tenho muita paciência para discos de uma hora de duração!

De onde nascem as influências para os temas líricos das músicas?

Depende muito o que estou lendo ou estou vivenciando no momento das composições. Sou colecionador de livros antigos e professor de história, então se não estou com meu baixo na mão estou com um livro. Tudo que é oculto me atrai. Os antigos ensinamentos são fascinantes, mas requerem estudo profundo. Geralmente gosto também de xingar as religiões kkkkkkkk, mas os xingamentos podem se aplicar tranquilamente para todas as esferas de nossa sociedade. Na verdade, a sociedade me cansa, e sinto que quanto mais velho vou ficando, mais vou me afastando dela. Trato disso em “Mordgier” e em “Perfect Silence”. Quero apenas ficar no meu silêncio perfeito!

Estamos sendo amassados pelo Covid-19. 2020 praticamente poderia ser riscado do calendário. Como vocês enxergam está situação caótica? E para 2021 – se tudo amenizar – o que Requiem’s Sathana vai preparar?

Eu prefiro não me manifestar sobre o que eu acho sobre isso tudo que está acontecendo. Simplesmente não estou a fim de comprar briga simplesmente por divergências de opinião. Por favor, apenas me deixem no meu “silêncio perfeito”. Em relação aos planos para 2021 (se porventura normalizar), tentar realizar pelo menos uma edição do Old School Festival e continuar promovendo o disco. Tentaremos fazer um clipe já este ano e quem sabe ano que vem mais um. O próximo disco ainda vai levar um tempo para ser lançado, então também vamos aproveitar para já ir trabalhando nas novas músicas.


Links:


domingo, 9 de agosto de 2020

Bandas Gaúchas participam de tributo ao Slayer

 Matéria por: Cláudia Kunst 

BRAZIL PAINTED BLOOD...THE BRAZILIAN TRIBUTE TO SLAYER será lançado no final de 2020

Que o Brasil tem uma porrada de bandas emergentes de qualidade é inquestionável; disto ninguém duvida. Mas ninguém pode negar também, que as bandas clássicas sempre serão lembradas e, sempre que possível, serão homenageadas. Exemplo disto são os inúmeros tributos que vimos pelo mundo afora. Uma sacada bem interessante passou a ser uma das alavancas do selo Armadillo Records, da extinta gravadora Secret Service do brasileiro, hoje radicado na Inglaterra, Luiz Rizzi. O produtor já homenageou pelo menos, seis grandes bandas do rock e heavy metal mundial: Motorhead, AC/DC, Iron Maiden, Black Sabbath, Kiss e o mais recente lançamento que é tributo ao Deep Purple interpretado somente com vocais femininos, o Woman from Brazil... The Brazilian Tribute to Deep Purple

E parece que a Armadillo está com mais um trabalho no forno, pois o mais recente anúncio de tributo já está causando muito fervor entre os fãs de ninguém menos que Slayer com o tributo intitulado BRAZIL PAINTED BLOOD...THE BRAZILIAN TRIBUTE TO SLAYER. Para homenagear uma das maiores bandas do cenário heavy metal de todos os tempos, Rizzi convidou 30 bandas brasileiras. Destas, cinco delas são gaúchas e, destas ainda, quatro estiveram nos palcos das duas edições do Metal Sul Festival: Carniça, Losna, Burn the Mankind e Leviaethan. Em recente postagem em suas redes sociais, Rizzi anunciou surpresas neste tributo.

Brazil Painted Blood...The Brazilian Tribute to Slayer, terá uma surpresa, terá uma bônus, e terá a participação de dois guitarristas de renome mundial. Em breve divulgarei qual banda e quais os músicos que farão participação pra la de especial, posso adiantar a versão, será The Antichrist, do álbum Show no Mercy. O tributo terá 31 versões”.

O festival que teve sua primeira edição em 2017 e depois em 2019 reuniu cerca de 30 bandas, além de apresentações da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo com repertório para heavy metal mundial, incluindo no setlist, boa parte das bandas já homenageadas pela Armadillo, como o próprio Slayer.

A produção do Metal Sul Festival quis compartilhar deste entusiasmo (e orgulho) e entrevistou as bandas gaúchas que participarão do tributo: Carniça, Losna, Burn the Mankind, Leviaethan e Patria – única das bandas gaúchas que ainda não se apresentou no Metal Sul Festival. Conversamos com as cinco bandas e também com o produtor Luiz Rizzi sobre todo este processo do tributo. A produtora do Metal Sul Festival, Cláudia Kunst, destaca o orgulho em ter, pelo menos quatro bandas que se apresentaram no festival neste lançamento. “Ter quatro bandas neste tributo tão importante só endossa a qualidade artística que o Metal Sul Festival possui. Ficamos muito orgulhosos com este anúncio e também por ter outra baita banda nesta produção que é a banda Patria. Ela ainda não esteve no festival, mas quem sabe no futuro, né?”, anima-se a produtora.

Segundo Luiz Rizzi, a escolha das bandas para os tributos é sempre muito difícil, pois considera o Brasil um pólo de grandes nomes. “O Rio Grande do Sul sempre produziu grandes bandas e no tributo ao Slayer entrou a Leviaethan, que é uma das bandas mais antigas do Brasil em atividade, um verdadeiro patrimônio do metal gaúcho”, destaca Rizzi. Ele salienta a participação da banda Patria, que tem entre seus componentes o guitarrista e artista visual Marcelo Vasco que é responsável pela arte visual do álbum que será duplo. “A Patria já participou de dois tributos; a Carniça participará pela segunda vez; a Leviaethan já participou de quatro. E teremos duas bandas novatas, a Losna e a Burn the Mankind”, acrescenta o empresário.

A veterana Leviaethan, com mais de 35 anos e que tem em sua formação, Flávio Soares, Denis Blackstone e Ricardo Ratão de estrada, esteve nas duas edições do Metal Sul Festival, sendo que na última se apresentou com a Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo, com repertório para cinco composições da banda. Para Flávio, vocalista e baixista da Leviaethan, participar de quase todos os tributos às bandas que receberam homenagens da Armadillo, mostra a confiança e também o potencial de contribuir com a divulgação destes trabalhos. “Para nós, como banda é interessante participar, pois a marca Leviaethan vai girar por todo o Brasil e por onde esses tributos passarem”, destaca Flávio.

Tendo se apresentado na primeira edição do Metal Sul Festival, a Carniça completa seus 30 anos de carreira. De acordo com o vocalista Mauriano Lustosa, que tem ao seu lado os músicos Marlo Lustosa, Parahim Lustosa e Dedé Moth's, em todos os seus lançamentos autorais, a banda costuma colocar, pelo menos uma releitura de um grande nome do metal mundial. “Começamos com Venom em nosso álbum debut, Rotten Flesh

Em 2000 participamos do Tributo Oficial ao Running Wild - Rough Diamonds com a música Mordor. Depois em 2011 homenageamos Slayer com Hell Awaits no álbum Temple's.... Em 2012 foi a vez do WASP com I Wanna Be Somebody no Nations. Em 2017 foi Sarcófago com Midnight Queen no álbum Carniça.  Em 2018 fomos convidados para participar do Brazil Rock City Tributo ao Kiss do selo Armadillo Recs com a música Love Gun. Em 2019 fomos convidados para South Americans Irons da Rotten Flesh Recs tributo ao Iron Maiden com a música Powerslave e agora novamente pela Armadillo com este Tributo ao Slayer com a música Blood Red”, contabiliza Mauriano.

Este tributo, conta com a participação da Losna, banda das irmãs Fernanda e Débora Gomes e Marcelo Pedroso, que se apresentou no Metal Sul Festival em sua primeira edição, em Caxias do Sul. Para a guitarrista Débora Gomes, é uma honra participar deste projeto com a Losna, pois Slayer é uma de suas influências. “Estaremos ao lado de grandes nomes da cena metal brasileira e também será uma forma de visibilidade. 

E, de repente, vá que o Kerry King ouça e curta”, brinca a guitarrista. Já Rafael, da banda Burn the Mankind que se apresentou no Metal Sul Festival na última edição, em 2019, Slayer é uma das inspirações do grupo formado ainda por Marcelo Nekard, Marcos Moura e Sandro Moreira. “Tô com sorrisão há dias por conta disso. Poder prestar tributo a um grupo que nos inspirou a tocar e a montar banda é fantástico. Realmente amamos Slayer e vamos tentar honrar este sentimento”, descreve Rafael.

Patria, formada por T.Sword, Mantus (Marcelo Vasco), Ristow, Vulkan r Abyssius - única banda que não se apresentou ainda no Metal Sul Festival, é mais uma das bandas gaúchas que irá participar do tributo. Além disso, o guitarrista da banda, Marcelo Vasco está incumbido de fazer a arte do álbum. Perguntado para Marcelo, sobre passar um filme de quando eram garotos e sonhavam em tocar sons pesados como Slayer ele é exatamente isto. “Com certeza. Isso é legal demais! 

O trabalho da Armadillo Records é muito bom e super profissional. A gente tem certeza que será um Tributo com muita garra e respeito ao Slayer. De fãs para fãs, sabe?! Enfim, é um registro que vai ficar guardado pra gente no lado esquerdo do peito (risos). Slayer é a minha banda favorita de todos os tempos!”, enfatiza Marcelo.

O empresário Luiz Rizzi ainda destaca as bandas gaúchas e diz se surpreender com os lançamentos de tantos grupos de qualidade. “Desde os anos 80 produzindo muitas bandas boas, e me surpreendo sempre que ouço material de bandas do Rio Grande do Sul. O Estado é o berço de uma das maiores bandas nacionais de todos os tempos, o grande Krisiun, mas destaco também, os veteranos do Leviaethan, o Rebaelliun, Rage in my Eyes, Exterminate. Meu disco preferido de banda gaucha, e o Best Before End, da Panic”, destaca Rizzi. Ele ainda descreve os elogios do baterista do Motorhead à época do tributo à banda. “Mickkey Dee, baterista do Motorhead ficou surpreso quando recebeu sua cópia do Going to Brazil...The Brazilian Tributo to Motorhead. Ficou surpreso com a qualidade do tributo”, orgulha-se.

Arte visual de BRAZIL PAINTED BLOOD...THE BRAZILIAN TRIBUTE TO SLAYER

Marcelo Vasco tem um currículo incrível, com diversos trabalhos de peso em seu portfólio. Com o próprio Slayer, Marcelo se destaca com a arte da capa do álbum Repentless. Questionado sobre como será a capa do tributo, ele comenta que ainda está em estudo. “Trabalhar em algo relacionado ao Slayer é sempre muito legal. Na realidade a capa do tributo ainda não está pronta. Estou conversando com o Luiz da Armadillo Records e desenvolvendo uma temática artística pra eu começar a criar ela em breve. 

O nome do tributo será “Brazil Painted Blood”, uma referência direta ao disco “World Painted Blood”, do Slayer, mas não acho que seguir algo tão a risca do título seja o melhor caminho, então ainda estamos tentando achar uma boa resolução pra fugir do clichê”, conta o artista. Em algumas entrevistas, Marcelo diz que poderia ter zerado a vida após desenhar a capa de Repentless. Mas parece que este zerar iniciou uma nova contagem. Perguntado se ainda tem este sentimento de ter zerado a vida, ele comenta que até hoje não acredita que tenha realizado tal trabalho. “Eu ter trabalhado pro Slayer foi um sonho que eu tinha desde muito cedo e sinceramente já achava que seria algo inalcançável. Até hoje eu meio que não acredito (risos). Acho que a ficha não caiu completamente! Agora com o Tributo vai ser bem legal por eu estar assumindo esses meus dois lados, musical e visual. A experiência vai ser bem interessante”, salienta Marcelo.

Para finalizar, Marcelo fala sobre o Metal Sul Festival e sobre um convite antecipado para que a banda possa, quem sabe, em alguma edição, participar do festival. “Seria muito bom se a gente pudesse participar da próxima edição do festival. Ouvi falar muito bem da produção inclusive. De antemão já te agradeço pelo convite”, finaliza o músico.

Sobre os novos projetos da Armadillo, Luiz comenta que este, possivelmente será o último trabalho do selo. “Infelizmente este do Slayer é o último. Eu estava organizando o tributo ao Led Zeppelin, mas desisti; fui literalmente coagido, colocado na parede, para organizar o tributo ao Judas Priest e ao Metallica, mas infelizmente não acontecerá, o tributo ao Slayer, é definitivamente o último”, justifica Luiz.

Conheça as bandas e suas respectivas homenagens participantes desse tributo:

CD1

KORZUS - War Ensemble

Vodu - Criminally Insane

Apple Sin - South of Heaven

Endrah - Repentless

Hell's Punch - Stain of Mind

Thunderspell - Tormentor

Hylidae - Chemical Warfare

Tailgunners - Dead Skin Mask

Venomous - Killing Fields

Tosco - Piece by Piece

Patria - At Dawn They Sleep

Carniça - Blood Red

Vulture - Show No Mercy

Burn the Mankind - Dittohead

Obskure - Seasons in the Abyss

CD 2

Leviaethan - Raining Blood

Armum - Postmorten

Siegrid Ingrid - Skeletons of Society

Pagan Throne - Divine Intervention

Uganga - Mandatory Suicide

Genocídio - Kill Again

Aneurose - You Against You

Macumbazilla - Expendable Youth

Andralls - Bloodline

Losna - Hell Awaits

Malefactor - Angel of Death

Bulletback - World Painted Blood

Chaosfear - Love to Hate

Matricidium - Spirit In Black

 


sábado, 8 de agosto de 2020

Entrevista: Affront - Thrash Metal em Alerta Contra o Colapso Mundial


Formado em 2016 pelo baixista e vocalista M. Mictian, o Affront é um power trio de Thrash/Death Metal que traz agressividade e riffs fortes, mas também apresenta linhas melodiosas na guitarra. Tem também como característica marcante, as letras que buscam fazer refletir, principalmente quanto ao pacote de mazelas, ganância, consumismo e outros males da humanidade.

A banda já está com seu segundo full-lenght lançado, "World in Collapse", o qual vem recebendo muitos elogios da imprensa especializada. Mesmo com alguns planos tendo de ser adiados, o Affront segue divulgando o trabalho, que também está disponível nas plataformas de streaming, e inclusive recentemente lançou novo vídeo, que vem tendo excelente repercussão.

Conversamos com M. Mictian para falar um pouco mais a respeito de "World in Collapse", o qual traz um título e muitas músicas bem adequadas ao momento atual no mundo, além de vários outros assuntos! Confira agora:


RtM: O título mundo em colapso se mostrou bem adequado ao momento que a humanidade vinha passando, e agora podemos dizer que foi quase profético para este momento atual. Comente um pouco sobre o título e a mensagem que você quis transmitir.
M.Mictian: Quando comecei a escrever esse disco eu tinha observado que pelo mundo muitos países (Austria, Polônia, Itália, Hungria, Brasil...etc) tinham candidatos políticos de Extrema Direita e que essa praga crescia no mundo inteiro, então a única coisa que veio a minha cabeça foi um colapso global, e muitos deles acabaram eleitos, foi algo que se concretizou. Claro que o mundo sempre teve enormes problemas, e políticos gananciosos como de praxe, mas essa crescente me chamou a atenção naquele momento e me assustou muito confesso, e o título surgiu assim nesse medo permeado por dúvidas quanto ao futuro do mundo, e a concepção da capa também seguiu essa ideia.


RtM: Títulos e letras em português são utilizados já costumeiramente pela banda, além de alguns elementos que aparecem nas músicas. Gostaria que você comentasse a respeito, e acredito que isso também contribua para a identidade da banda, e possivelmente alguém de outro país ouvir, pode fazer a conexão de onde a banda vem.
M.Mictian: Olha eu tenho uma identificação muito forte, com minhas raízes e tradições do nosso país, e muitas das vezes gosto sim de pôr isso em práticas nas músicas que componho, eu gosto disso e se isso se transformar em um ponto de identificação da banda eu fico feliz, mas eu deixo acontecer bem naturalmente é assim que componho minhas músicas.

"Eu sempre vou me posicionar, se eu ver injustiças, racismo, preconceito e discurso de ódio, pode ter certeza que sempre irei contra."

RtM: Em comparação ao Debut, “World In Collapse” apresenta uma evolução natural, mas mais voltada ao Thrash Metal em si deixando em segundo plano as raízes do Death Metal. Isto foi proposital?
M.Mictian: Desde o começo a ideia pro Affront era que seria uma banda de Thrash Metal, mas fomos compondo e as coisas foram saindo uma miscelânea de Thrash/Death Metal, talvez por estar a anos em uma outra banda a qual fazíamos Black/Death Metal isso tenha ainda influenciado nas composições do primeiro álbum, mas já no segundo as ideias foram indo mais na direção a qual eu queria, e de forma fácil e tranquila sem forçar nada, não procurei nenhuma fórmula apenas deixei fluir.


RtM: Chamou-nos atenção o acréscimo de mais melodias, principalmente no trabalho das guitarras, mas mantendo a agressividade característica do Thrash. Foi um equilíbrio que vocês buscavam, trazendo um diferencial, ou algo que foi fluindo naturalmente?
M.Mictian: R.Rassan o nosso ex-guitarrista, e que gravou o álbum, é um excelente músico e um grande amigo, eu fui criando os riffs e em cima ele foi criando melodias e frases de guitarras, eu fui deixando e foi bem natural, e como a ideia era fazer um Thrash Metal assim mesmo, com melodias, mas com força nos riffs. Nós deixamos fluir e aconteceu.


RtM: Gostaria que você comentasse um pouco mais a respeito da "Theres's no Tomorrow", que inclusive foi escolhida para o novo vídeo.
M.Mictian: Parece que a humanidade caminha para isso mesmo, e desta forma não haverá amanhã, é a mensagem que a música passa, um consumismo desenfreado, destruição do meio ambiente e destruição do próprio ser humano, violência gratuita, adoração de mitos... é um pacote de mazelas, desgraças e horror a qual o ser humano está impondo ao mundo e a sua própria existência, caminhando a passos largos para sua destruição.

"A ideia era fazer um Thrash Metal com melodias, mas com força nos riffs...deixamos fluir e aconteceu."

RtM: "Your Lies, Your Fall" também é um tema forte e um destaque do álbum, nos fale um pouco mais sobre ela, título também muito atual.
M.Mictian: Meu filho mais velho disse que isso seria uma indireta para o fascista presidente do Brasil, talvez seja, mas também é uma “direta” ao ser humano falho, ganancioso, egoísta, invejoso, autoritário, às pessoas que mentem e fazem de tudo para vencer e não importam as consequências desses atos, e isso se enquadra em uma quantidade enorme de pessoas que conheço e convivi, mas que sempre, mais a frente a queda é inevitável, porque tudo que se consegue dessa forma as bases são feitas em areia e irão ruir.

RtM: Ainda sobre “World In Collapse”, como se deu o processo criativo do mesmo? Como está sendo o retorno do público referente ao trabalho?

M.Mictian: Basicamente eu começo a compor sozinho, músicas, letras e título do álbum, depois vou desenvolvendo cada tema, quando tenho um esqueleto e uma base geral para o álbum. Então entra o guitarrista para criar melodias e frases junto comigo, e assim terminando as músicas, as letras eu faço sempre sozinho para manter uma integridade e basicamente abordar assuntos que versam entre si, eu gosto de manter as músicas minimamente como uma tema só, conversando entre si.


RtM: Além do lançamento físico dos trabalhos que também foram lançados fora do país por gravadoras europeias, temos a intensificação do Streaming. Como é para vocês trabalharem com está realidade atualmente?
M.Mictian: Temos que nos adaptar ao que a realidade nos impõe, hoje se vende pouco material físico, isso é sabido por todos, então a gravadora propôs trabalhar muito em cima das plataformas digitais e não tem como fugir disso, então embarcamos juntos com eles para que o álbum, além de físico, pudesse também estar no streaming com bastante divulgação, essa é a realidade.


RtM: Em uma época de caos pandêmico e sem previsão de retorno à normalidade ou até mesmo de uma cura, como está sendo a rotina da banda e dos músicos atualmente?
M.Mictian: Eu me mantenho em isolamento, tenho um filho pequeno e não quero que nenhum um mal chegue a ele, infelizmente cancelamos algumas datas pelo Brasil, shows de divulgação do álbum, também atrapalhou e atrasou o lançamento do videoclipe, os ensaios estão parados, e mantemos contato via internet, a única maneira que temos no momento, vamos esperar todo esse caos passar e voltar com tudo e tentar recuperar o tempo perdido.


RtM: Apesar de vermos algumas opiniões contrárias, você acredita ser importante o posicionamento dos músicos quanto a situações políticas e sociais?
M.Mictian: Olha eu sou democrático, mas eu me posiciono sempre, não tenho medo não tenho vergonha, quem quiser que o faça também. Eu nasci numa favela, num barraco de madeira em cima de valão e não devo nada a ninguém, eu sempre vou me posicionar, se eu ver injustiças, racismo, preconceito e discurso de ódio, pode ter certeza que sempre irei contra. Agora tem pessoas que se sentem acuadas e outras que apoiam tais atitudes dos atuais governantes, eu acho errado não se posicionar contra o autoritarismo eu não irei abaixar a cabeça, haja o que houver.


RtM: Referente as lives que estão sendo feitas por diversos artistas e bandas, qual a sua opinião sobre está nova prática?
M.Mictian: Eu acho super válido tem que fazer sim, entretenimento bom é sempre bem vindo, as pessoas estão presas em casa (uma boa maioria que tem bom senso) e essas lives ajudam um pouco a tirar o tédio, eu acho super legal e válido sim.


Entrevista: Carlos Garcia e Renato Sanson

Affront é:
Marcelo Mictian: Baixo e Vocal
Marcel Barros: Guitarra
Lobato: Bateria

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sábado, 1 de agosto de 2020

Três clássicos que mudaram a história do Heavy Metal


Matéria por: Renato Sanson


Segundo os cientistas a idade entre 30 – 39 anos é considerado o auge de um ser humano, pois nesta etapa muitos já conseguiram sua estabilidade financeira e profissional, galgando passos maiores para demais conquistas e sucesso.

Chegando nesta faixa de idade temos três clássicos atemporais do Heavy Metal mundial, são eles: “Kill ‘Em All” (37 anos), “Ride the Lightning” (36 anos) e “Cowboys From Hell” (30 anos).

Venho aqui expressar a minha opinião de o porquê esses grandes discos do Metallica e Pantera mudaram o rumo do som pesado, trazendo novas perspectivas e esperanças a esse estilo que tanto amamos.  Mas não só isso, mas a minha visão como fã e o quanto me impactou musicalmente ao ouvi-los com os meus saudosos 15/16 anos (já me sinto o velho hehehehe).

Renato Sanson com as três perólas que revolucionaram o Heavy Metal

O ano era 2003 e a estava na reta final do Ensino Médio, nessa época já me debandava para o mundo do Heavy Metal, o Rock em si pouca coisa me atraia, mas o som mais extremo me caia muito bem aos ouvidos. Não sei se era por questão da idade e toda aquela vibe de “true”, que todos passam, mas neste período o som mais melodioso que eu escutava era Iron Maiden e Rush.

Já conhecia o Metallica e tinha em minha coleção – pasmem – o “ReLoad” (presente da minha querida Vó em um dos meus aniversários) que por mais que eu goste muito desse álbum, eu o escutava e ficava aquele gosto de “esses caras podem fazer melhor que isso”, e obviamente o deixava de lado, até o momento em que escutei diretamente de uma fita k-7 o grandioso “Kill “Em All” e ali tive aquele misto de sentimento, onde a agressividade se entrelaçava com boas melodias e vocais extremamente esganiçados, além da bateria (que acabou transformando o Lars em meu baterista preferido, hahaha, hoje nem anto), tínhamos as linhas de baixo monstruosas de Cliff Burton fazendo minha cabeça explodir com tanta informação em um único disco.

Acabou não sendo diferente com “Ride The Lightning”, pois após aquele choque de realidade eu fui atrás de todo o passado do Metallica, e ao escutar o disco da “cadeira elétrica” – como eu e meus amigos o batizamos – tive o primeiro contato com a evolução de um estilo e banda, o Thrash continuava ali, mas as melodias mais sofisticadas e acessíveis se faziam presentes, com uma maturidade musical estupenda.

O início de uma nova era

Os anos 70/80 estavam tomados pelo Hard Rock, Heavy Metal Tradicional e a onda Punk continuava crescendo, porém em San Francisco viria a tomar conta do mundo com a chamada Bay Area, e o primeiro nome a se destacar foi o Metallica que de fato junto ao Exodus (sim, vocês gostem ou não) criavam um novo estilo, mais agressivo e rápido que o Metal Tradicional, letras acidas e um estilo visual simples, mas que causava impacto.

25 de julho de 1983 nascia o primeiro álbum de Thrash Metal da história – isso tudo porque o Exodus não tinha grana e nem apoiadores para lançar o “Bonded By Blood” que estava pronto bem antes – mudando para sempre os caminhos do Heavy Metal e consolidando um novo movimento que mexeu eternamente nas estruturas musicais.

A evolução musical que já mostrava que seriam um dos maiores nomes do Metal

Mas lembra aquela vibe “true” que muitos bangers ficam? O Metallica mostrou que não ficariam nessa e evoluir seria necessário, então no dia 27 de julho de 1984 o mundo recebia “Ride the Lightning” e a consolidação que os americanos se tornariam um dos maiores nomes da história do estilo, pois a maturidade musical foi latente e o equilíbrio entre agressividade e melodia se encontraram de forma sublime, o resto é história...

Se com 15 anos me impressionava com o Metallica, com 16 tive uma nova perspectiva ao pegar em mãos o disco “Cowboys From Hell”, em uma época de muitas descobertas e entendimentos sobre evolução e estagnação de estilos. Por si só, o nome da banda já me atraia e me remetia a um som violento sem ao menos ter escutado.


Se entendi a evolução de uma banda com os dois primeiros álbuns do Metallica, com o Pantera entendi o que seria revitalização de um estilo, é verdade que nos anos 90 o Thrash Metal estava sucumbido pelo o Grunge e as muitas das bandas de Thrash estavam “suavizandoa sua musicalidade em busca do mainstream e de grandes contratos financeiros com gravadoras.

Mas aí o Pantera resolveu reescrever essa história, até então não pensada lá nos idos dos anos 80, pois nessa época a sonoridade do grupo era voltada ao Glam Metal, mas uma mudança brusca foi iniciada após a entrada do vocalista Phil Anselmo, para no dia 24 de julho de 1990 nascer o animalesco “Cowboys From Hell” e ganhar o mundo de todas as formas possíveis.

Revitalizando um estilo e mostrando novas alternativas para o mesmo

Se minha cabeça quase explodiu com as diversas informações contidas em “Kill “Em All”, em “Cowboys From Hell” fiquei meses pensando naquelas linhas de bateria, riffs, solos enigmáticos, vocais insanos e melodiosos e um som de baixo que se cruzava enquanto Darrel solava sem pensar que algum adolescente estivesse querendo tocar guitarra e desistindo no mesmo momento ao escutar suas linhas (risos).

Três álbuns que mudaram a história de formas diferentes, o Metallica criando um estilo e evoluindo em cima do mesmo, já o Pantera, revitalizando o Thrash Metal e mostrando que é possível agregar outras vertentes a sonoridade sem perder peso, agressividade e melodia.


Ambos ganharam o mundo com suas ousadias musicais, e quem saiu ganhando com tudo isso foram os fãs, pois penso, se o Metallica não tivesse lançado o “Kill ‘Em All” certamente eu não estaria aqui escrevendo essas linhas, assim como o Pantera não existiria e não teria a chance de mostrar as novas alternativas para o Thrash Metal sem se vender e continuar agressivo, inquieto e crítico.


Só tenho a dizer muito obrigado Metallica e Pantera.