sábado, 29 de outubro de 2022

Nervosa: “A Nervosa é uma banda de Thrash!”

Entrevista por: Renato Sanson

Fotos: Uillian Vargas




É clichê eu sei, mas sabemos que manter uma banda no Brasil não é fácil ainda mais quando a formação já solidificada com os fãs muda drasticamente. Com a Nervosa esse cenário não foi diferente e Prika Amaral se viu em um momento de reformular e fazer nascer das cinzas uma nova Nervosa.

Mostrando muita resiliência e foco no objetivo, em 2021 a nova Nervosa de Prika nos brinda com “Perpetual Chaos”, mostrando sua força e sendo um dos melhores lançamentos daquele ano (o melhor para esse que vós escreves).


No dia 28/10 a Nervosa deu o ponta pé inicial a sua nova turnê nacional (como o show passou da meia noite, foi possível comemorar o aniversário da Prika também!) e Porto Alegre/RS foi agraciada com o primeiro e trazendo de novo à tona toda a resiliência da guitarrista, pois, a banda passou por mais um momento de trocas em sua formação, mas isso não é um problema para Prika!

Tivemos o privilégio de conversar com a guitarrista antes do show em POA e você confere esse incrível bate-papo nas linhas a seguir! Divirta-se e compartilhe! 


Então Prika, queria que você falasse do “Perpetual Chaos” e as mudanças que tiveram na Nervosa nesse meio tempo.

Bom, eu fui pega de surpresa no meio da pandemia e tive que remontar a banda! Sigo muitas meninas no Instagram sempre admiro todas as meninas na verdade que são musicistas, e aí quando aconteceu a separação fui no meu Instagram para fazer uma lista de meninas que mais se encaixavam na ideia da Nervosa, no que a Nervosa é em todos esses anos. 

Então cheguei nos nomes da Diva, Mia e Eleni. A Nanu estava no topo da minha lista junto com a Eleni, só que a Nanu morava na Argentina e como a banda já estava se formando na Europa eu acabei “descartando” ela por localização, porque ia ser impossível fazer uma banda com alguém que mora em outro continente tão longe e os custos seriam muito altos. 

Não ia funcionar a banda. Mas agora que a Eleni saiu por problemas de saúde a Nanu está se mudando para a Europa, a família dela já mora em Portugal é perfeito! Estou feliz (risos) porque a banda volta a ser um pouco mais latina, mais sul americana e gosto do resultado! Mas foi muito legal trabalhar com a Eleni, infelizmente ela não pode continuar por problemas de saúde mesmo.

Mas foi muito legal trabalhar com as meninas em “Perpetual Chaos” eu tive que estar mais à frente no disco, pois elas eram novas na banda e ainda estavam entendo como as coisas funcionavam e naquela vibe toda de pandemia eu tomei a frente e compus a maior parte das músicas, mas as meninas também participaram e no próximo vai ser mais equilibrado todas vão participar mais e já sabem também como funciona o processo.

Uma coisa que eu gostei em “Perpetual Chaos” é que ele é agressivo, soa mais simples que os lançamentos anteriores, mas mostra uma margem de crescimento muito grande. Tu ouve o álbum e pensa: já estão destruindo agora, imagina os próximos discos! Como foi todo esse processo tu lidando sozinha com tudo isso? Esse era o direcionamento mesmo?

Sim. Muito dos motivos da separação da Nervosa era realmente os gostos que estavam difíceis de combinar. Então assim, eu queria trazer uma Nervosa mais versátil, sabe, e Thrash Metal. A Nervosa é uma banda de Thrash! Eu gosto muito de Death Metal, mas não queria que a Nervosa se transformasse em uma banda de Death Metal. Não foi isso que a gente começou, soa até como uma resistência ali do projeto sabe (risos). 

Acho legal ter mais influências de Death Metal, mas não se tornar totalmente uma banda de Death. Porque eu particularmente não gosto que tudo soe muito igual, então assim, no “Perpetual Chaos” me senti numa liberdade muito grande de fazer aquilo que eu sempre quis dentro da Nervosa. 

Então a gente compôs algumas músicas que tem um pouco mais de Heavy Metal, outra um pouco mais Motörhead, outra totalmente Death Metal, mas a outra é totalmente Thrash, já outra mistura Thrash com Death... Essas variações! Ter variações dentro do disco é uma coisa que eu queira e acho que o resultado final ficou menos linear.

Vocês lançaram o álbum em meio a uma pandemia, que em minha opinião foi o melhor lançamento de 2021. Como foi lidar com isso?

Cara, eu acho que na verdade tudo isso só ajudou a gente. Eu não senti a pandemia no quesito de estar trancada em casa sem fazer nada, porque na verdade eu trabalhei muito durante esse período. Porque a separação da Nervosa aconteceu bem no começo pandêmico. 

Aconteceu a separação e eu já comecei a trabalhar em seguida, porque se eu demorasse muito tempo as pessoas iriam esquecer que a banda existe e perderia força. Já estava na hora também de lançarmos um material novo. Eu estava correndo contra o tempo e fazendo a distância e tudo pela internet, já que estava todo mundo parado em casa e com tempo. 

Então fomos usando todos os minutos disponíveis e colocamos todo o nosso foco nisso e foi uma experiência completamente diferente, porque em uma situação normal é totalmente o oposto, temos turnês, nossa rotina e dessa vez estávamos sem fazer nada, fazendo apenas isso e por isso também conseguimos terminar o álbum em tão pouco tempo, pois estava todo mundo focado nisso. 


"Muito legal poder voltar as origens, construir tudo de novo...ter a oportunidade de escrever a jornada da Nervosa do zero...como se fosse 'resetando' "

Então eu não senti muito a ociosidade da pandemia. Porque muita gente ficou depressiva, pois não se podia fazer nada. Claro que eu fiquei mal por tudo que estava acontecendo, uma situação horrível. Quem não ficou mal é psicopata e não tem sentimentos. 

Eu digo que não senti nada referente a ociosidade, a depressão por estar ocioso, por não poder encontrar as pessoas e na verdade a gente encontra todo mundo o tempo todo por estar na estrada... Acabou sendo um momento para descansar ao mesmo tempo e de trabalhar de uma outra forma. 

Foi bastante desafiador! Eu procurei não pensar muito em outras coisas e me focar no que eu tinha para fazer, era um desafio muito grande. Estávamos totalmente concentradas. Lançar o “Perpetual...” durante a pandemia também nos ajudou muito, porque estava todo mundo em casa e na internet. 

A divulgação foi muito boa, lançamos em janeiro, mês que as bandas não lançam muitas coisas tivemos uma atenção muito boa, a galera escutou, foi muito bem aceito e a banda cresceu muito por causa de tudo isso, desde a mudança de formação, da volta as raízes do começo da Nervosa e o “Perpetual Chaos” expressa muito bem essa volta. 

Claro que lá no começo tínhamos menos habilidades profissionais, mas fomos pegando mais experiência e faz parte da história e é muito legal poder voltar as origens, construir tudo de novo e ter a oportunidade de escrever a jornada da Nervosa do zero. Não digo do zero, você entendeu né, como se fosse resetando.

E essa pequena mudança de formação que ocorreu agora para dar continuidade a turnê? Como foram os ensaios? Porque foi muito em cima né. Como ficou essa questão de ensaiar todo um set novo com duas novas integrantes em cima da hora?

Na verdade, a gente não ensaiou porque não teve como ensaiar. São meninas muito profissionais e tocam muito bem! Elas treinaram muito na casa delas e a gente chegou a fazer um, dois ensaios no máximo. 

De resto não teve ensaio, foi cada uma fazendo a sua parte e chegamos e tocamos. O bom é que eu e a Diva já estávamos num ritmo. A Nanu antes dessa tour fez uma tour na Europa com a Nervosa, foi uma turnê curta de 10 shows, mas já foi uma experiência para ela se ajustar e chegar na América Latina 100% e ela é uma baterista incrível! Ela já chegou para fazer o primeiro show com a gente já sabendo tocar tudo perfeitamente. Tudo que a Eleni tocava ela tocava. 

A Eleni tem a técnica nos bumbos de girar os pés para deixá-los mais rápido e a Nanu também tem essa técnica, elas tocam o blast beats com facilidade e super bem. Ela tocou todos os detalhes que a Eleni tocava, porque a Eleni é muito criativa, coloca muitos detalhes, groove e não é só uma coisa reta.... A Nanu tem tudo isso também e gosta muito de música brasileira então ela já tem um groove no sangue dela. 


"A banda cresceu muito por causa de tudo isso, desde a mudança de formação, da volta às raízes."

Trocas são coisas que acontecem na vida, nada é para sempre. A gente se apoia muito! A Mia não pode vir por problemas familiares, a gente apoia ela e são coisas que acontecem e não tem o que fazer. A Eleni por exemplo tem um problema de saúde sério e ela realmente não pode acompanhar a Nervosa, porque a Nervosa é uma banda muito ativa fazemos em média 120, 130 shows por ano. 

Passamos mais da metade do ano tocando e as vezes emendamos turnês e se a pessoa tem algum problema de saúde não aguenta, a gente que está com a saúde em dia já é difícil. Então agora a Eleni está numa banda que tem menos atividades, ela é musicista e ama o que faz, então é uma banda que não sai em turnê o ano inteiro fazem no máximo uma turnê de duas semanas.

Já é completamente diferente, pois a Nervosa fez 33 shows na Europa e depois fizemos mais 23 shows nos EUA. Só aí foram 50, 60 shows em sequência. Ela quis sair, a gente apoia, desejamos sorte, continuamos em contato, mas é o que acontece não temos como obrigar alguém a ficar e são coisas que passam.

Para 2023 a Nervosa já está pensando em algum novo lançamento? O que vocês estão planejando com essa nova formação?

Sim, estamos trabalhando em um disco novo desde o ano passado, mas mais devagar já que não tivemos muito tempo, porque tocamos muito esse ano! Fizemos cinco turnês em 2022 contando com essa tour nacional. 

Então tivemos poucos espaços para compor, mas estamos com muitas ideias na estrada e já vamos anotando e se inspirando. 2023 podem esperar o novo álbum da Nervosa!

 

Links:

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https://www.instagram.com/nervosathrash/

https://www.youtube.com/channel/UCiw4u85PXdgzmJ27awOo5Tg

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Cobertura de show – Helloween & Hammerfall (09/10/2022 – Espaço Unimed – SP)



Fim de ano batendo na porta e as expectativas para 2023 só aumentam nos próximos 2 meses que restam pra acabar o ano. Isso significa que 2022 já deu o que tinha que dar? Nem pensar! Após uma terrível pandemia, dificuldades econômicas e logísticas para trabalhar com entretenimento aqui no Brasil, os shows voltaram com força total, e até o fim do ano teremos muitas atrações imperdíveis para apreciarmos. 

Pra começar o mês de outubro com os dois pês no peito, a Mercury Concerts trouxe a São Paulo dois gigantes do Power Metal mundial. Sim, estou falando dos alemães do Helloween e dos suecos do Hammerfall com a United Forces Tour pra duas datas (08/10 e 09/10) no acessível Espaço Unimed (antigo Espaço das Américas), que teve a perna brasileira iniciada no dia 06/10 (quinta feira) em Ribeirão Preto, cidade que se tornou o novo ‘point’ de shows internacionais. 

Segundo amigos e colegas que estiveram presentes no show de sábado, a casa estava abarrotada de gente que mal dava pra se mexer. E isso era de se esperar, pois nesse dia, especificamente, o show estava totalmente ‘sold out’, sobrando poucos ingressos pra quem quisesse ir no domingo.

Quem foi no sábado não precisou se preocupar em levar guarda-chuva devido ao tempo ensolarado, porém os que foram no domingo (e para este que vos escreve) teve que enfrentar a forte chuva para chegar até o local. Muitos chegaram quase em cima da hora da primeira atração e alguns, que queriam repetir a dose do dia anterior, desistiram por conta do tempo. 


Hammerfall, We Will Prevail!


Deixando de lado a parte ruim do dia, vamos focar nos shows. Previsto pra começar às 18hrs, o Hammerfall teve um atraso de meia hora pra subir no palco, o que também aconteceu no show passado.

Confesso a todos que não era um fã exímio deles, apesar de gostar de uma coisa aqui e outra ali. Mas há vésperas do show, fui escutando alguns trabalhos pra criar vergonha na cara. A casa logo foi bombardeada ao som das guitarristas bem na linha Judas Priest – e de outros grandes nomes do Heavy Tradicional – quando Joacim Cans (vocal), Oscar Dronjak e Pontus Norgren (guitarras), Fredrik Larsson (baixo) e David Wallin (bateria) entraram com “Brotherhood”, faixa do mais recente disco, “Hammer Of Dawn”. 



Apesar de ser uma banda veterana já quase beirando 30 anos de carreira, para alguns o Hammerfall era uma novidade, por incrível que pareça. E a impressão que dava é que pessoal curtiu mais eles do que a atração principal, mas isso vai do gosto de cada um.



A oportunidade de eles estarem ao lado de um grande expoente do estilo (que é o Helloween) deu a chance de ganhar mais fãs no Brasil e na América Latina, além, claro, te entregar o melhor show de Heavy Metal possível tanto na questão musical e carisma em que cada membro transmitia, que vamos abordar um pouco sobre logo abaixo. 



Joacim era um dos que mais chamava atenção pelo seu forte poder de se comunicar com o público. A empatia era tanta que ele perguntava e pedia pra que todos levantassem as mãos quem estava assistindo o Hammerfall pela primeira vez (a maioria, obvio!), e como era o segundo e último show em solo brasileiro, ele também fez questão de querer saber quem estava presente de novo, já que na noite passada também teve várias pessoas que estavam vendo a banda pela primeira vez.



Norgren sempre mostrava uma feição bem-humorada e risonha, já o outro guitarrista e fundador Oscar Dronjak não parava um minuto, principalmente quando era vez de tocar com a sua invejável guitarra em forma de martelo. 

No rápido set de 11 faixas, destaco a pesadíssima “Any Means Necessary”, “The Metal Age”, “Hammer Of Dawn” (outra do novo álbum) “Last Man Standing” e o medley matador de “Hero’s Return / On the Edge of Honour / Riders of the Storm / Crimson Thunder”, com Joacim manado da bandeira do Brasil amarrada no seu pedestal de microfone.

Outro momento épico ficou por conta de “Let the Hammer Fall”, onde Joacim anunciou falando só as três primeiras palavras, deixando o público terminar respondendo “Fall”; “(We Make) Sweden Rock” teve toda iluminação em azul e amarelo em homenagem ao país natal, encerrando com a clássica “Hearts on Fire”.



A única mudança do show de sábado para o domingo foi a substituição de “Renegade” para “Blood Bound”, mas que não fez diferença nenhuma. O show superou as expectativas de quem esperava um simples show de Heavy Metal. Depois dessa última vinda dos suecos, a moral com nós, brasileiros, só aumentou com tudo o que entregaram nas duas noites em SP. 



It's Helloween!!


Logo que o Hammerfall saiu do palco, a enorme cortina – com o logo do Helloween – cobriu toda a parte frontal do palco para que septeto pudessem entrar no horário combinado. Dito e feito! Às 20hrs, as cortinas se abriram mostrando a arte que está caracterizada no último e homônimo disco no telão gigante. Não precisou nem de muito e nem de pouco para que a emoção do público fosse assaltada quando Michael Kiske e Andi Deris (vocais), Kai Hansen, Michael Weikath e Sascha Gerstner (guitarras), Markus Grosskopf (baixo) e Dani Löble (bateria) iniciarem o show com a épica “Skyfall”. 


A música, que está caminhando a passos largos a se tornar um clássico, transpareceu toda grandiosidade desta nova história que esses gigantes do Power Metal (ou Metal Melódico) estão vivendo desde que Deris (atualmente o detentor da marca Helloween) teve a brilhante ideia, em 2016, de unir forças com Kiske e Hansen para o que seria somente uma turnê, mas que agora voltaram a ser membros efetivos depois do grande ‘boom’ que teve a Pumpkins United. 

Dali por diante, o set foi alternando entre clássicos que marcaram a carreira da banda e músicas novas. O público não se conteve a loucura quando os riffs iniciais de “Eagle Fly Free” saiu da guitarra de Weikath, que teve direito a explosão de serpentinas quando Kiske entrou em ação nessa que é uma das músicas que exige muito do seu vocal, principalmente no refrão. Podem passar anos e anos que ele não vai precisar de esforço nenhum, pois no auge dos seus 54 anos, o timbre vocal continua o mesmo dos álbuns que lhe colocaram como um dos grandes vocais do Metal, como “Keeper of the Seven Keys”.

Quem estava assistindo ao show no lado esquerdo da pista, deu pra ver um dos membros da equipe da banda curtindo o som que até o Kiske entrou na onda dele.



O intenso som de baixo de Grosskopf indicou que a próxima da noite seria a contagiante “Mass Pollution”, trazendo novamente Deris ao palco, e que ficou ainda melhor ao vivo graças ao refrão latejante. Kiske voltou a dar as caras em “Future World”, que deixou o público a vontade pra cantar os primeiros versos da música, tanto que um dos membros da equipe da banda levantou um enorme pedestal pra poder captar bem o ambiente sonoro da pista premium. Incrível né? 

Ainda sob o deleite de clássicos, “Power” elevou a euforia dos presentes, fazendo bonito com o tradicional ‘Oh, Oh, Oh’ durante as harmonias de guitarra do Sascha, Hansen e do Weikath, encerrando a primeira metade do set com a melódica “Angels” (mais uma do último álbum), que entrou no lugar de “Save Us”, executada no show de sábado. 



Deris fez as honras de chamar o cara que desenhou o início da vida do Helloween, ninguém menos que Kai Hansen pra comandar um bárbaro medley de “Metal Invaders”, “Victim of Fate”, “Gorgar” e “Ride the Sky”. As duas primeiras ele focou somente em cantar, mas o restante encarregou-se de pegar a sua ilustre guitarra vermelha.

Esse cara merece todo respeito do mundo não só por ser um dos membros fundadores, mas por ter criado um dos sub-gêneros mais populares dentro do Metal que é o Power Metal, por isso faz jus ao status de lenda. E o que dizer da disposição e vigor que ele teve nesse medley, que logo foi emendada com “Heavy Metal (Is the Law)”? Não é pra qualquer um. 

Com uma hora de show concluída, Kiske e Deris tomaram o centro do corredor para relembrar que, naquele local, em 2017, foi gravado cenas do último DVD/Blu-Ray, “United Alive”. Tendo a presença somente dos dois, Sascha ao fundo e a galera com os flashs de seus celulares acesos, indicava que a balada “Forever and One (Neverland)” seria a próxima música, que deve ter tirado lagrimas de muita gente. Essa música ganhou muito mais pompa e alma em forma de dueto, sendo outro grande feito após o retorno do Kiske a banda. 



Após os solos de guitarra do Sascha, a banda aproveitou pra executar mais uma do último disco, a dançante “Best Time”, pra logo voltar no formato que iniciou o show (tendo todos os integrantes todos reunidos novamente) com a icônica “Dr. Stein” e da equina “How Many Tears” – essa Dani Löble despojou toda a sua raiva tocando que nem um cavalo, assim como foi o show inteiro. 

Sob os gritos de “Happy, Happy, Helloween”, o BIS abriu com a elegante “Perfect Gentleman”, destacando o trajado de mágico do Deris e a performance do mesmo, que sempre caminhava ao ritmo da música. Chegando perto do final, “Keeper Of The Seven Keys” que, pra mim, é a melhor música da história do Helloween e a que melhor define o que conhecemos hoje de Power Metal.



Com certeza o coração de todos foi purificado do primeiro até o último minuto deste grande clássico. Em seus momentos derradeiros, teve aquela tradicional apresentação dos membros. Mas foi uma apresentação diferente das que estamos acostumados a ver de outras bandas: Deris iniciou apresentando Kiske e o Kiske apresentando Deris, passando a bola pra Hansen apresentar Dani Löblen, Weikath e Sascha Gerstner após terem ido ao backstage.

Nessa saída de cada membro e troca de figurinhas que Sascha apresentou e dispensou (no bom sentido) Hansen e Markus Grosskopf para poder curtir a vibe do publico tocando as melodias iniciais que antecede a canção. 



Por fim, o ‘grand finale’ ficou com a emblemática “I Want Out”, com direito a explosão de papel picado nos momentos finais. 

A notoriedade do Helloween sempre esteve no alto, independente de quem estivesse na banda. Mas quando a união faz a força, como sugere o nome da turnê, o sarrafo sobe lá no alto. E isso não só deixou os fãs mais antigos felizes, mas também abriu o caminho para lograr fãs novos e faze-los com que eles queiram comparecer nos shows sem pensar duas vezes. Se essa formação continuar até o fim da vida, todos os shows será ‘sold out’, porque o prazer de ver o Kiske e o Deris cantando juntos, a energia do Hansen e a coesão dos demais integrantes é incomensurável. 

Falei tanto que até esqueci de evidenciar outro detalhe importante, que é a produção de palco. A abobora gigante, que contornou e elevou a bateria de Dani Löblen, foi a novidade desta terceira vinda da atual formação, além do enorme telão (como destacado no começo deste texto) em alta definição mostrando imagens relacionadas a cada música do setlist. 

São Pedro pode não ter dado trégua no dia, mas por um lado fomos brindados com dois shows memoráveis de Heavy Metal.  

Texto: Gabriel Arruda 

Edição/Revisão: Carlos Garcia

Fotos: André Tedim | Instagram: @andretedimphotography


Produção: Mercury Concerts 

Assessoria de imprensa: Catto Comunição 


Hammerfall

Brotherhood

Any Means Necessary

The Metal Age

Hammer of Dawn

Blood Bound

Last Man Standing 

Hero’s Return / On the Edge of Honour / Riders od the Storm / Crimson Thunder

Let the Hammer Fall

(We Make) Sweden Rock

Hammer High

Hearts on Fire



Helloween


Skyfall

Eagle Fly Free

Mass Pollution

Future World

Power

Angels

Metal Invaders / Victim of Fate / Gorgar / Ride the Sky

Heavy Metal (Is The Law)

Forever and One (Neverland)

Best Time

Dr. Stein

How Many Tears

***Encore***

Perfect Gentleman

Keeper of the Seven Keys

***Encore 2***

I Want Out 


quarta-feira, 12 de outubro de 2022

H.E.A.T: Hard Rockers Suécos Chegam ao Sétimo Álbum e Reestreiam Vocalista


Se nos anos 80 as bandas Norte Americanas de Hard Rock e Melodic Rock eram a grande força, levando o estilo ao mainstream, quando inclusive dominavam as rádios e programas de TV, nos tempos atuais o cenário é diferente, os holofotes da grande mídia já são passado, mas o Hard Rock segue muito vivo e chutando, com muitas boas novas bandas e vários remanescentes dos anos 80 ativos e produzindo.


O celeiro principal hoje está na Europa, e a Suécia está entre os maiores exportadores de Hard Rock e Melodic Rock, com algumas dezenas de ótimos nomes, e um dos destaques sem dúvidas é o H.E.A.T, que desde sua estreia foi caindo nas graças dos fãs do estilo e aos poucos espalhando sua música à outras partes do mundo.




A banda, formada em 2007, acaba de lançar seu sétimo álbum, "Force Majeure", pela gravadora earMusic, que possui em seu catálogo bandas como Deep Purple, Alice Cooper e Skid Row. Inclusive falando nessa última, o vocalista Erik Grönwall, que gravou os quatro álbuns anteriores do H.E.A.T, saiu do grupo para se juntar justamente ao Skid Row.


Com a saída de Erik, a solução foi familiar, o vocalista original, e que gravou os dois primeiros álbuns, Kenny Leckremo, retornou aos vocais.


Erik devolvendo o microfone para Kenny(foto by Fifth Music)

E essa mudança então foi algo que praticamente não mexeu com as estruturas do que a banda vinha fazendo nos mais recentes trabalhos, e trazendo algo da sonoridade dos dois primeiros, que são mais calçados nas inspirações oitentistas e do Melodic Rock.


O H.E.A.T apresentou aos fãs seu Hard com aquelas doses altas de  energia e grandes melodias em músicas como "Hollywood", "Not For Sale", "Nationwide" e a balada "One of Us", onde destilam pitadas das influências dos anos 80, como Whitesnake, Mötley Crüe e Van Halen e estruturas mais atuais desse prolífico cenário europeu. 


A abertura com "Back to the Rhythm" traz a energia já tradicional, sendo que já possível reconhecer de cara a sonoridade dos suécos, com seus riffs e refrãos marcantes, teclado fazendo o fundo e intervindo com alguns efeitos mais modernos de forma precisa e sem exageros.



"Tainted Blood" traz uma levada mais cadenciada, com riffs vigorosos, me remetendo ao Mötley do "Dr Feelgood"; a citada "Hollywood", une as influências 80's , aquela dose de malícia e sonoridades do Hard moderno, refrão com jeitão de hino.


Embora inferior aos antecessores, que possuiam mais momentos marcantes, o H.E.A.T entrega mais um álbum com elementos suficientes para agradar seus fãs e os amantes do Hard Rock e Melodic Rock em geral, simples assim.


"Force Majeure" está disponível nas principais plataformas de streaming e também lançado em CD por aqui pela Shinigami Records.


Texto: Carlos Garcia

Fotos: Divulgação


Banda: H.E.A.T

Álbum: "Force Majeure" 2022

Estilo: Hard Rock, Melodic Rock

País: Suécia

Selo: earMusic/Shinigami Records


Site Oficial


Tracklist


1. Back To The Rhythm 2. Nationwide 3. Tainted Blood 4. Hollywood 5. Harder To Breathe 6. Not For Sale 7. One Of Us 8. Hold Your Fire 9. Paramount 10. Demon Eyes 11. Wings Of An Aeroplane







domingo, 9 de outubro de 2022

Losna: “...somos uma banda old school e não abrimos mão de lançar o material físico”

Por: Renato Sanson


Músicos entrevistados: Fernanda (vocal/baixo) / Débora (guitarra) – Banda Losna de POA/RS

 

2020/2021 marcou o lançamento do novo álbum “Absinthic Wrangles” (4° da carreira) e também a primeira mudança de formação na banda desde 2004, onde agora o dono dos tambores é o baterista Mateus Michelon. Como foi esta mudança e a adaptação do novo integrante?

Fernanda - Felizmente conhecemos o Mateus há muito tempo e sempre acompanhamos a carreira dele tanto como super batera da Inheritours quanto como atleta. Sempre cultivamos a amizade e parceria nos palcos, com vários shows memoráveis. Além disso tudo, o Mateus tem muito bom gosto musical, nós curtimos as mesmas bandas! Um entrosamento muito fácil e facilitado belo bom humor desse cara fantástico!


“Absinthic Wrangles” traz a Losna na melhor forma possível. Esse seria o trabalho mais consistente da banda até o momento?

Débora - Complicado afirmar que é o mais consistente, até porquê isso soa muito subjetivo. O “Absinthic Wrangles” é um álbum feito com muito ódio amargo, feito num período difícil de nossas vidas, por isso ele é conceitual, sobre lutas... porque a vida é uma constante e infinita batalha!

Fernanda - Estamos preparando novas composições e mais uma vez com temática conceitual. Nossa formação está super bem integrada e estamos fluindo o processo com facilidade. Estamos discutindo se iremos primeiramente lançar um single pra comemorar essa formação ou se iremos juntar tudo no próximo álbum. Precisamos fazer um videoclipe também!


Como foi o processo de composição do mesmo?

Fernanda - Nós costumamos reservar um tempinho no final dos ensaios para ir lançando as ideias e contribuindo para a evolução da melodia. Geralmente nós iniciamos com um riff de guitarra que a Débora ia apresentando. Depois de irmos incorporando a bateria e o baixo trecho a trecho, finalizamos a parte instrumental e só depois eu preparo as letras e daí as linhas vocais. Mas é todo mundo envolvido e divertido, a gente deixa que a emoção da agressividade, violência e amargura vá sendo destilada às novas composições com naturalidade.

Débora - O processo de composição dos sons da Losna sempre é de forma democrática e neste álbum não foi diferente. Geralmente lanço os riffs, a Nanda acompanha com frases diabólicas tanto nas quatro cordas quanto nas letras e a bateria encaixa tudo daí.

Apesar de contarem com uma mudança de formação bem significativa, vocês caíram na estrada logo em seguida. Musicalmente falando, o que Mateus agrega a Losna?

Débora - Mateus é conhecido pelo codinome de “Extremo” e realmente condiz com isso. Dono de uma técnica impecável e velocidade absurda nos bumbos, ele, com certeza, vai somar ainda mais peso e amargura ao som da Losna. Além do que tem um humor formidável e tudo flui melhor, tanto nos ensaios quanto nos shows.


Falando em retorno aos palcos ainda mais de uma banda tão atuante e presente na cena. Como foi lidar com o período pandêmico?

Débora - Realmente foi um período bem complicado ficar sem tocar ao vivo, foi terrível, ainda mais que recém tínhamos lançado o “Absinthic Wrangles” bem na época do “Lock Down” do Coronavírus. Mas não ficamos parados, produzimos vários vídeos ao vivo para participar de Fests Online. Foi a saída, e espalhamos o nosso som amargo por Fests de vários Estados brasileiros e, inclusive, no exterior também. Focamos em divulgar os sons do “Absinthic Wrangles”. Claro que não é a mesma coisa que tocar ao vivo, mas foi uma saída muito produtiva com feedback excelente neste período tão obscuro da vida.


Qual foi a sensação de tocarem ao vivo após dois anos sem shows?

Débora - Foi formidável! Ainda mais que era a estreia do Mateus! Estávamos bem empolgados e com muita energia amarga acumulada para dissipar. E foi um show memorável, público compareceu e curtiu! Foi em São Leopoldo na nova Embaixada do Rock que infelizmente já fechou.

Foto: Uillian Vargas

Em termos de recepção e alcance “Absinthic Wrangles” está atingindo o que vocês esperavam?

Débora - Com certeza, ainda mais como uma banda underground como nós. Já divulgamos o “Absinthic Wrangles” até no Paraná e Paraguai, locais que nunca tínhamos tocado e foram experiências excelentes. Público compareceu e comprou o merchan. Mas todas essas experiências incríveis só foram possíveis com o ótimo trabalhado desempenhado pelo grande Flávio Soares da True Metal Records que lançou nosso álbum e faz nossa assessoria de forma exemplar, nos divulgando por aí. Em breve estaremos em São Paulo e até no Chile.

Fernanda - Sim, apesar de termos lançado em plena pandemia, conseguimos obter bastantes frutos com ele. Pudemos participar de várias lives, inclusive ao lado de bandas estrangeiras, ou seja, com um alcance bem generoso. Logo que que permitiram o retorno aos shows presenciais, pudemos, justamente contando com o grande Mateus, fazer shows empolgantes! Grande satisfação poder vivenciar isso tudo novamente, essa energia de encarar a plateia olho no olho. Isso não tem preço. Já poderemos agora fazer aqueles shows que teriam acontecido bem no período que veio a maldita pandemia. Agora sim estamos tendo a recepção que tanto esperávamos.


Muita coisa mudou desde a pandemia até o presente momento. Qual o pensamento de vocês sobre as lives e collabs é algo que devesse manter ou tiraria o alcance dos shows presenciais?

Débora - Acho que agora o momento é outro. Fests online não terão mais impacto como na época sem shows presenciais. A maioria das criaturas ainda curtem ver e ouvir a banda no modo ao vivo. Mas as lives e collabs são interessantes, já que as lives são mais na proposta de entrevistas e isso deu muito certo na época da pandemia, até hoje. Muito embora a audiência tenha baixado por conta da vida ter retornado ao normal. As pessoas já não ficam tanto tempo na frente de computadores como costumavam com o Coronavírus. As collabs são super interessantes, há várias uniões de músicos inusitadas que dão muito certo. Eu mesma participei de duas e minha irmã de outra. É bem interessante trocar figurinhas e percepções com outros músicos. Em breve faremos uma collab com as irmãs Losna e mais uma batera... hehehe.

Algo que chamou muito a atenção foi que inicialmente “Absinthic Wrangles” não foi lançado nas plataformas digitais logo de cara, mas sim a preferência foi o lançamento físico. Vemos cada vez menos os lançamentos físicos onde a maioria das bandas lançam seu material apenas no digital. É entendível, pois sabemos dos gastos e do pouco retorno também. Mas entendo que a consolidação do lançamento é ter o material em mãos! Como vocês enxergam está questão?

Débora - Ah... somos uma banda old school e não abrimos mão de lançar o material físico ainda. Para nós é essencial tocar no CD, sentir, ver o encarte com fotos e letras, sentir o aroma do CD, é algo insubstituível! Ainda bem que existem selos como o True Metal Records que prezam por isso. Ainda temos que tornar real o sonho de lançar um álbum da Losna no formato de vinil, será lindo! Mas, fazemos questão de estar em todos os meios possíveis de divulgação, como nas plataformas digitais. O importante é destilar muito som amargo por aí!

 

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