A rotina de ficar dentro do estúdio gravando um disco e fazer uma turnê como parte do trabalho lançado gera diferentes ações e reações. partindo desde o trabalho de composição, gravação e promoção e longas viagens, o fatídico cansaço pela longa estadia na estrada. É claro que o descanso para repor esses gastos é de total necessidade, mas quando o prazo é largamente estendido, surgem muitas especulações. Ms, finalmente, depois de 8 anos em hiato, o Dimmu Borgir estabelece sua volta com o tão aguardado novo disco, “Eonian”.
Tratando-se de um álbum inédito após longo tempo, a expectativa por “Eonian” é quase obsessiva, pois à distância dele entre o “Abrahadabra” é bastante assombrosa, e sondando todo contorno das músicas, percebemos que no novo álbum predominam dimensões mais diretas, e não tão técnico e polido quanto o antecessor, apresentando mais peso, agressividade e outros cursores – bases que fundem seu poder sinfônico com a crueza do Black Metal no mais perfeito equilíbrio.
Na parte de produção, o grupo demonstra uma sonoridade mais contemporânea, trabalhando ao lado do respeitado Jens Bogren pra dar o conselho final na engenhosidade da banda. E tudo aqui está sublime, zelando por todo o conjunto de elementos da sonoridade do grupo, os arranjos orquestra, melodia, coros e rispidez típica do estilo. A arte faz referência ao contexto das letras, que é baseado no conceito filosófico da ilusão do tempo.
É certeza que “Eonian” irá surpreender muitos, pois algo que a banda não abre mão, é de buscar evolução a cada trabalho, e na opinião deste autor, trata-se do álbum mais rico em questão de harmonia e melodia da banda, atingindo o ápice de criatividade e ousadia, onde a experiência de 25 anos conspirou a favor de Shagrath, Silenoz, Galder, Daray e Gerlioz, valendo a espera (de muitos anos) por esta maravilha vir à tona.
Certas canções nos remetem aos discos “Enthroned Darkness Triumphant” e “Spiritual Black Dimensions”, mas o ponto mais fértil aparece em “Interdimensional Summit”, que emana peso, ótimas melodias e grandes arranjos orquestrais e de corais, além do trabalho rítmico volumoso. A enérgica “ÆTheric” se mostra homogênea, intercalando timbres destrutivos e acessíveis nas guitarras. Traços atmosféricos aparecem na melódica e soturna “Council of Wolves and Snakes” (prestem atenção nos elementos percussivos), enquanto “Lightbringer” acata nuances obscuras e um peso absurdo vindo dos riffs. Os vibrantes corais e orquestras dão uma forte luz na carregada “I Am Sovereign”, seguindo as derradeiras etapas com a tirânica “Archaic Correspondence” e da harmoniosa “Alpha Aeon Omega”.
Grande retorno desta lenda do Metal norueguês, não restando dúvidas que “Eonian” estará presente, não só minha, mas na lista de melhores do ano de muita gente.
Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica
Banda: Dimmu Borgir
Álbum: Eonian
Ano: 2018
Estilo: Symphonic Black Metal
País: Noruega
Gravadora: Shinigami Records (Nac.) / Nuclear Blast (Imp.)
O projeto Appice é
a junção dos dois irmãos e influentes bateristas, Carmine e Vinny Appice. Carmine, o mais
velho e experiente, é uma referência no instrumento, criando muitas técnicas e
possuindo um estilo bem marcante, tendo no currículo bandas e artistas como
Cactus, Rod Stuart, Vanilla Fudge, King Kobra, além de projetos como Beck,
Bogert & Appice. Vinny, não menos importante, com sua pegada e técnica, tem
em sua história grupos como Black Sabbath, Dio e Heaven and Hell, o que bastaria
para ter um lugar de destaque no hall da fama do Rock pesado.
O álbum “Sinister”
não traz surpresas em termos sonoros, felizmente! Pois o que ouvimos é Classic Rock, Hard e
Heavy Metal clássico de qualidade, na veia de Whistesnake, Dio, Blue Murder e outros. As novidades ficam mesmo por conta dos
irmãos se dividindo entre as músicas e também em algumas tocando juntos, sendo
que podemos ouvir cada um deles em um canal diferente. Dessa forma fica muito
legal perceber o estilo de cada um deles, que embora praticamente sigam a mesma
escola, possuem suas personalidades, com Carmine mais clássico, rápido e técnico, e
Vinny com mais pegada e muito groove, embora também muito técnico.
Carmine e Vinny
Outro atrativo são
os convidados que aparecem durante as 13 faixas do álbum, como Craig Goldy,
Joel Hoekstra, Paul Shortino, Tony Franklin, Erick Norlander e Phil Soussan. A
cada faixa temos então sempre um time de músicos de categoria, e todos esses
pontos culminam em um álbum de Hard/Heavy muito bom, e ainda com algumas faixas
que se sobressaem. A capa também ficou muito legal, com um lado de cada face
dos irmãos costurada, no melhor estilo “Frankenstein”.
A faixa título abre o álbum com muito peso e pegada, e, principalmente, quebradeira "baterística". Carregada de energia, alternando trechos cadenciados e rápidos. Para falar já
sobre as faixas de destaque, a segunda faixa, “Monsters and Heroes” merece ser citada, pela
bela homenagem a Ronnie James Dio, amigo pessoal dos irmãos. Um Hard/Heavy com groove e com um grande refrão. E claro, uma letra repleta de
citações. Destaque para os vocais de Paul Shortino e o vídeo bem legal, em que os irmãos ficam fazendo alguns malabarismos, como trocar baquetas um com o outro.
Sobra groove na cadenciada "Killing Floor", e aqui os irmãos contam com Craig Goldy na guistarra e Chas West nos vocais. Nestas 3 primeiras os brothers se dividem na bateria, e podemos ouvir Vinny canal esquerdo e Carmine no direito; em "Danger", Vinny assume a batera, destacando os vocais de Jim Crean, neste Heavy clássico, numa linha bem Dio.
Em "Drum Wars", faixa praticamente instrumental, destaca o "duelo" dos irmãos, onde podemos ouvir mais claramente cada um mostrando suas habilidades, com Carmine podendo ser ouvido no canal direito e Vinny no esquerdo; Carmine assume as baquetas solo em "Riot", que relembra os tempos de Blue Murder, nesta faixa composta por John Sykes e que abriu o álbum homônimo do grupo de Carmine e Sykes. Os vocais aqui ficaram a cargo de Robin McAuley.
"Suddenly" é bluesy e cheia de groove, numa linha bem Whitesnake clássico, com Shortino lembrando bastante o estilo de Coverdale. Aqui Vinny inicia e Carmine assume depois, para em seguida se alternarem na bateria; O Heavy/Hard de "In the Night" tem uma pegada contagiante, com refrão pegajoso, e traz Ron Bumblefoot esmerilhando a guitarra. A bateria aqui ficou por conta do irmão mais velho; Em "Future Past" Vinny assume a bateria, em uma faixa cadenciada, pesada, com teclados ao fundo, que segue uma linha bem Dio. Craig Goldy marca presença nas guitarras e algumas linhas de baixo.
"You Got Me Running" Carmine, além da bateria, assume os vocais, mostrando bastante competência. Classic Rock com suingue; "Brother in Drums" soa bem setentista, destacando a voz rouca de John Carridi; em "War Cry" a classe de Joel Hoekstra se faz presente, neste Hard 70's composto em parceria com os irmãos Appice e Paul Shortino. Os irmãos novamente se alternam, e temos vários momentos com muito groove; fechando o álbum, "Sabbath Mash", que como o nome dá pistas, é uma homenagem a um dos pais do Rock pesado, onde Vinny e banda, tendo Jim Crean nos vocais, apresenta um mash up com clássicos do Sabbath.
Um álbum onde além de mostrarem sua técnica e estilo, os irmãos Appice proporcionam excelentes momentos de prazer aos ouvidos, com "Sinister" trazendo Hard/Heavy e Classic Rock bem feito, contando com um time de grandes músicos convidados, nos dando momentos bem interessantes semeados entres as 13 faixas. Parece ter sido feito em um clima de descontração, o que traz uma atmosfera muito boa.
O Guitarrista mineiro Guilherme Costa começou seu interesse na guitarra aos 15 anos, quando descobriu o Black Sabbath e Tony Iommi, o qual cita como sua maior influência. Foi construindo sua trajetória tocando não só em projetos voltados ao Heavy Metal, o que certamente lhe trouxe uma bagagem e visão mais abrangentes dentro da música, forjando sua personalidade musical. Em 2016, Guilherme parte para sua primeira empreitada solo, o EP "The King's Last Speech", o qual só corrobora a expectativa criada em torno do seu potencial. O que mais chama atenção nas músicas, são as melodias marcantes e bem construídas, valorizando a composição acima da técnica, ou seja, não é do tipo de álbum instrumental direcionado somente para músicos ou guitarristas. Agora Guilherme já está em fase de composição do full-lenght, que também trará músicas com vocais. Conversamos com Guilherme para que este nos contasse mais de sua carreira, do EP de estreia, informações sobre o novo trabalho e muito mais. Confira e saiba mais sobre esta grande revelação da guitarra e do Metal nacional: RtM: Olá Guilherme, obrigado por
tirar um tempo para nos responder esta entrevista, e parabéns pela excelente
primeira amostra de seu trabalho solo.
Guilherme Costa: A honra é toda minha em poder bater esse papo com vocês galera!
RtM: Para iniciar, nos fale um pouco
sobre o seu início na música, quando é que você começou a se interessar por
tocar um instrumento e quem foram suas principais influências e incentivadores?
GC: Eu comecei a me interessar pelos estudos de música aos 14 anos quando
meu avô começou a ensinar violão. Aos 15 eu comecei a ouvir Black Sabbath e daí
foi quando eu me interessei de fato a estudar guitarra, na verdade desde
pequeno eu tinha um sonho de seguir uma carreira artística e eu comecei a
correr atrás disso depois que entrei na aula de guitarra. Posso dizer que tive
bastante incentivo da família também, mas a iniciativa no início foi por minha
própria conta.
“ 'The Beginning of a Journey' foi minha primeira música composta, ela possui esse nome por ser realmente o início da minha jornada como compositor solo."
RtM: E quando você decidiu que
queria entrar definitivamente nesse mundo e fazer música profissionalmente?
GC: Com poucos dias de aula de guitarra eu já havia tomado essa decisão,
pois eu me sentia super realizado em poder tocar minhas músicas favoritas.
Depois tocando em bandas e desenvolvendo minhas habilidades esse desejo foi
aumentando cada vez mais.
RtM: E como foi o início de seu aprendizado?
Onde você começou a buscar informações e quais formas buscou para evoluir no
instrumento?
GC: No início meu avô me ensinava sertanejo de raiz no violão, essa era a
maior vivência dele. Quando entrei na aula de guitarra eu já comecei a voltar
meus estudos para o Heavy Metal e o Rock n’ Roll, estudei bastante Iron Maiden,
Guns N’ Roses, Black Sabbath, Metallica e muitas outras bandas. Eu sempre
estudava músicas de bandas de várias vertentes do Rock para evoluir no
instrumento, usava muito a internet para assistir vídeo aulas de um assunto que
me interessava e para baixar as tablaturas das músicas que eu gostaria de
aprender. Outra forma que busquei para evoluir no instrumento também foi
estudar com vários professores diferentes, isso me ajudou principalmente na
minha forma de ensinar aos meus alunos de guitarra e violão.
RtM: Conte-nos um pouco sobre a sua
trajetória até aqui, principais trabalhos e bandas que você passou.
GC: Com poucos meses de aula de guitarra eu montei minha primeira banda
com alguns amigos, nosso repertório era bem variado, tínhamos rock nacional e
internacional de várias vertentes, essa banda nunca chegou a fazer nenhum show.
Aos 19 anos eu entrei na banda de heavy metal Seawalker, meu primeiro show
inclusive foi com eles num evento com a banda Nervosa de São Paulo. No início
de 2014 comecei a trabalhar ao lado do cantor de MPB Walter Cicarini, com ele
fiz um show e gravei um DVD.
RtM: Muito bom, várias vertentes diferentes, o que certamente traz uma visão mais abrangente!
GC: No final de 2014 me juntei ao D.A.M, banda de death
metal melódico, e permaneci na banda até o primeiro semestre de 2015. Logo após
minha saída da banda, comecei a trabalhar mais nas minhas próprias composições
resultando então na gravação do meu EP. Hoje eu trabalho também na cena cover
de Belo Horizonte com bandas que prestam tributo à bandas consagradas, sempre faço
shows na cidade e tem sido algo muito gratificante e um aprendizado único.
"Com poucos dias de aula de guitarra eu já havia tomado essa decisão (de ser músico profissional), pois eu me sentia super realizado em poder tocar minhas músicas favoritas."
RtM: E sobre suas principais
influências como guitarrista, que músicos você citaria?
GC: Minha principal influência como músico é Tony Iommi, de fato eu não
seria músico se não fosse por ele. Como compositor eu tenho como maior
influenciador Joe Satriani. Outras influências que tive ao longo do tempo
também posso citar Glenn Tipton e Synyster Gates.
RtM: Falando sobre o EP, o que mais
gostei é que dá para perceber que você valoriza muito a composição, as
melodias, tornando um trabalho agradável de ouvir, e não somente algo
direcionado a outros músicos, pois muitos guitarristas acabam se preocupando em
mostrar o quão rápido podem tocar ou mostrar capacidade técnica, mas esquecem
de fazer música com sentimento. Gostaria que você comentasse a respeito, e
falasse sobre sua maneira de compor.
GC: Eu sempre gosto de fazer primeiramente a harmonia das músicas, depois
disso eu canto a melodia da música enquanto eu toco as bases que criei. Assim
posso ter uma ideia melhor de como quero que a música soe. Eu posso dizer que
as composições são também uma forma que eu encontrei de expressar meus
sentimentos, é de fato uma grande terapia pra mim me expressar através das
minhas músicas.
RtM: Falando um pouco sobre as
faixas, gostaria que falasse da “The King’s Last Speech”, de onde surgiu a
inspiração para ela, a qual me lembra algo do estilo clássico e neoclássico do
Blackmore e Malmsteen, por exemplo.
GC: “The King’s Last Speech” nasceu de uma ideia que tive de criar uma
introdução utilizando arpejos e escala menor harmônica, no primeiro momento me
baseei nas frases de Paulo Schroeber, no final da introdução me baseei nas
construções melódicas de Yngwie Malmsteen que costumam ser extremamente rápidas
e eu quis reproduzir isso na música também. No decorrer da música eu já
utilizei bastante as melodias do Malmsteen como referência, principalmente no
uso de arpejos e escala menor harmônica. Em um determinado tempo da música antes
de repetir a introdução no final, eu utilizei uma harmonia que Ritchie
Blackmore usa na música “Burn” do Deep Purple, que inclusive é um clichê
harmônico muito utilizado pelas bandas de rock e heavy metal.
"As composições são também uma forma que eu encontrei de expressar meus sentimentos, é de fato uma grande terapia."
RtM: As outras duas, acredito que
seguem por um caminho mais contemporâneo, e me lembraram algo de mestres como
Satriani. Gostaria que comentasse um pouco sobre as músicas “Come on and Play”
e “The Beginning of a Journey”. Os títulos parecem bem sugestivos, como se você
estivesse apresentando esse seu início de trabalho solo mesmo.
GC: “The Beginning of a Journey” foi minha primeira música composta, ela
possui esse nome por ser realmente o início da minha jornada como compositor
solo. É uma música que eu tive a intenção de causar emoções nos ouvintes e
fazê-los cantarem mesmo ela não possuindo letra. Durante o processo de
composição do EP eu pensei em compor uma música que alguém pudesse tocar em
harmonia comigo, sendo em um show ou um workshop. Essa música foi nada mais
nada menos que “Come on and Play”, ela inclusive possui esse nome como se fosse
um convite para outra pessoa vir tocá-la comigo. Eu pensei bastante em melodias
com duetos no decorrer dos temas, e na hora dos solos eu fiz como se houvessem
dois guitarristas revezando improvisos.
RtM: E o que você tem observado de
novo dentro do rock e metal, em termos de guitarristas e novas tendências, como
bandas com sonoridade mais moderna, como o djent. E o que você prefere? Os
estilos mais clássicos ou os mais modernos? Há muitos puristas, mas acredito
que sabendo mesclar com inteligência estilos e tendências, pode-se agradar
públicos de gostos distintos.
GC: Eu percebo que existem muitas bandas atuais que conseguem se destacar
positivamente utilizando mesclas de elementos dos anos 70 e 80 com elementos
utilizados a partir dos anos 2000. Eu particularmente prefiro os clássicos, mas
gosto e admiro bastante muitas bandas modernas que tem se destacado
ultimamente. Uma das bandas atuais que mais tenho ouvido recentemente inclusive
é o Black Veil Brides, acho muito interessante a mescla que eles fazem dos
elementos das bandas glam dos anos 80 com elementos utilizados no Metalcore.
RtM: E quanto aos planos para um
full-lenght? O que você pode nos adiantar? Você pretende incluir músicas com
vocais?
GC: O que posso adiantar é que terão bastante músicas com melodias
marcantes, desde baladas até músicas mais agressivas, muitas influências
diferentes e alguns elementos de outros estilos musicais fora do rock e do
heavy metal. Vão ter músicas cantadas também e convidarei alguns cantores para
fazerem participações especiais nas músicas.
RtM: Guilherme, obrigado pela
atenção, esperamos voltar a conversar em breve e ficamos no aguardo do seu
full-lenght.
GC: Eu que agradeço a vocês de coração pelo convite e será um prazer poder
bater um papo novamente com vocês após o lançamento do full-lenght!
Versatilidade, que palavra definiria melhor Bruno Sutter? O
cantor e humorista que foi revelado pelo programa Hermes e Renato, exibido pela
MTV entre o final dos anos 90 e começo de 2000, já mostrou que seu talento vai
muito além do humor. Vale lembrar também que há mais de 3 anos Bruno apresenta
o bem sucedido “Bem que se Kiss”, na rádio Kiss FM de São Paulo.
Recentemente Sutter lançou seu primeiro álbum ao vivo, “Alive
in Hell”. A capa do disco foi feita por Eduardo Francisco (artista que já fez trabalhos para Marvel e Hi-Rez), que já
havia trabalho nas capas do EP “Detonathor” e de seu auto-intitulado álbum
solo. As músicas foram capturadas de shows ao vivo em casas como Tom Brasil e Tropical Butantã, durante o ano de 2016. Ao lado de Bruno, músicos de grande capacidade, como Attílio Negri
(guitarra), Guilherme Mateus (guitarra), Christian Oliveira (bateria) e
dividindo o baixo, Gustavo Mateus e o experiente (e ícone) Luís Mariutti
(About to Crash, ex - Angra e ex - Shaman).
A sonoridade do repertório é variada, logo de cara o show
começa com “Stalker”, uma canção bem heavy metal, onde Bruno mostra sua
“verdadeira voz”, sem os gritos e exageros do personagem Detonator. Em seguida
“Grattitude” com uma ótima introdução, ficou ótima ao vivo. Os arranjos bem
construídos de “Facing Temptation” me chamaram muito a atenção.
Em seguida, “My Boss is a Corpse”, uma das músicas mais pesadas do repertório. Destaque para
“Socorro” que Bruno diz ser “uma poesia que seu pai fez”. A seguir, a música "Troll", mais uma faixa com uma temática bem atual, aliás, nada é clichê no
trabalho solo de Bruno. Na impactante “Rebuilding Destruction”, Sutter agita a
galera e impressiona com a versatilidade vocal. Dando continuidade, a cativante
“I Bloody Love to Love You” e em seguida a animada “Haters Gonna Hate”. A faixa
“Hipócrita” agitou o público que cantava com muita energia.
Já quase no fim do
disco, “Provoke Yourself” me faz imaginar que não dá pra ficar parado em um show
do Bruno Sutter. Sem perder a agitação é a vez de “The Best Singer in The
World”, primeiro single do primeiro álbum. E para dividir opiniões, a
divertidíssima versão heavy metal para a música “Galopeira”. Teoricamente este
seria o fim do disco, mas Bruno nos presenteia com a impecável faixa bônus de
“The Evil That Man Do” (presente somente para aqueles que adquirem o CD), cover
do Iron Maiden. Particularmente eu achei o resultado do registro ao vivo melhor
do que do álbum de estúdio.
Muita gente pode até torcer o nariz para Bruno Sutter, mas
conseguir vender mais 20.000 cópias ( contando trabalho solo e Detonator ) de
forma totalmente independente, são frutos de um trabalho árduo
operacionalizando desde o marketing, até a logística de entrega dos produtos da
loja virtual. Sutter tem nos surpreendido sempre, agora nos resta aguardar qual
será sua próxima faceta. Texto: Raquel de Avelar Edição/Revisão: Carlos Garcia "Alive In Hell" Tracklist:
Antes
de mais nada, esqueça o Decapitated de ‘Winds of Creation’ ou ‘Nihility’.
Aquele Death Metal de outrora ficou no passado. Muito embora a qualidade
daqueles álbuns, mesmo com seus integrantes ainda adolescentes, aquele som
poderoso não se ouve em seus discos posteriores e muito menos neste ‘Anticult’.
Com
o passar do tempo e o normal amadurecimento do ser humano, bem como a agregação
de novas experiências e influências, tanto musicais como pessoais, propiciam
novos estágios evolutivos. Em bandas isso é mais do que normal.
Se
destas evoluções se obterão resultados satisfatórios ou não é questão de gosto
pessoal. Ouvindo este álbum, percebemos uma banda que alcançou o status que tem
não à toa, dado o talento de seus músicos e qualidade de suas composições.
‘Anticult’
apresenta um Decapitated antenado no Metal mais moderno, ou podemos dizer
também, ‘grooveado’, em que as mudanças de andamento dão a tônica em todos os
sons, às vezes apostando em partes mais trampadas e pesadas, outras em partes
com apelo à melodia, mas nem por isso deixando de exalar riffs poderosos; os vocais
estão mais urrados e menos guturais; o baixo faz malabarismos e ‘riffa’
juntamente com a guitarra; enquanto a batera é severamente surrada com uma
pegada bastante crua.
São
oito sons que lançam mão de uma variedade interessante, ponto favorável à banda
e que sempre foi uma de suas particularidades. Algum ouvinte pode torcer o
nariz pelo fato de ter, sim, partes que remetem ao ‘Alterna Metal’, como já
referido acima nos ‘grooves’, riffs ‘pula-pula’, o que, pessoalmente, não posso
discordar, muito embora o ora apresentado aqui seja bem mais pesado que o tal
‘Alterna’.
Percebe-se
que a partir da quinta música, ‘Anger Line’, o disco passar a ficar mais denso
e brutal, essencialmente pela qualidade e peso de seus riffs e o uso correto de
blast-beats. Aqui podemos lembrar do ‘antigo’ Decapitated. Parece uma volta ao
passado; ‘Earth Scar’ é outro baita som, com ótimos solos e vocalizações; na
sequência ‘Never’ abre nervosa e com uma pegada até Hardcore e riffs quase
Thrash; por fim, ‘Amen’ é o epílogo do disco, a faixa mais curta, climática e
arrastada.
Evidentemente,
que ‘Anticult’ é um bom disco, onde ouvimos uma banda no auge de sua forma técnica
e criativa. Pode não soar essencialmente Death Metal, como de fato, não se pode
incorrer no erro de dizer que lhe falta peso e agressividade. Longe disso.
Vale
a pena conferir e tirar suas próprias conclusões. As minhas foram favoráveis.
Já antes do lançamento do seu quinto álbum, "Into the Great Unknown", os suecos do Heat anunciavam que trariam algumas novidades em sua sonoridade, e realmente, o disco apresenta um Melodic Rock com roupagem mais contemporânea, onde podemos notar um maior uso de teclados e alguns efeitos de estúdio.
Talvez alguns fãs possam não ter digerido muito bem, principalmente os mais conservadores, e eu mesmo estranhei um pouco no início, mas logo fui contagiado pela energia e qualidade da banda, que novamente entrega um álbum cheio de grandes melodias e refrãos, mergulhando em alguns caminhos diferentes, mas que funcionaram muito bem.
Com certeza isso irá atrair outros ouvintes além do tradicional fã de Hard Rock e Melodic Rock. Méritos para o grupo, que conseguiu evoluir, mas de nenhuma maneira soa como se fosse uma nova banda, ou seja, não se desfigurou.
Não se assuste se ouvir comentários como "Melodic Rock moderno" para definir o que o H.E.A.T fez em "The Great Unknown", pois é somente uma tentativa de traduzir que a sonoridade foge um pouco dos caminhos mais tradicionais, e principalmente da sonoridade dos seus primeiros 2 discos. A produção é excelente, a ilustração de capa estilo ficção científica também é linda (concebida pelo russo Vitaly Alexius), espelhando essa roupagem mais contemporânea, e porque não, futurística, além de também fazer uma conexão com o título do álbum.
Mergulhando um pouco nas faixas, para tentar levar para vocês o que o álbum traz, balanceando de forma bem dinâmica composições mais enérgicas e Rocker, com outras mais Melodic Rock, sendo que você notará a diferença na produção mais moderna, a utilização de efeitos e flertes com o Pop Rock contemporâneo. E a abertura com os riffs de guitarra à frente em "Bastard of Society", já dá a largada com muita energia, unindo a veia mais tradicional com essa roupagem mais atual.
Em "Redefined", você vai sentir mudanças um pouco mais profundas, já com maior uso de teclados e efeitos, mas com melodias e refrão extremamente cativantes. Dá para fazer um parâmetro com bandas de Hard/Melodic Rock que são pioneiras nessa roupagem mais moderna, e até mais comercial, atingindo outros públicos, como o Mr. Big e o Aerosmith, se olharmos para a fase a partir de discos como "Permanent Vacation" e "Pump", por exemplo. Aliás, "Shit City" me lembrou demais a banda de Steven Tyler.
"Time on Our Side" é uma das que a banda arrisca mais esses novos elementos, com muitos efeitos no teclado e até no vocal. Foge da linha tradicional, digamos um Hard Pop moderno bem "radiofônico".
Na ótima "Best of the Broken" temos um refrão bem na linha conhecida do H.E.A.T; Classe e inspiração também marcam o trabalho, como em "Eye of the Storm", balada moderna, com um refrão e melodias que grudam de imediato. É ouvir e ficar com o refrão na cabeça direto! Grande música!
"Blind Leads the Blind" traz alguns efeitos, mas segue uma linha mais enérgica, com uma batida contagiante e um refrão explosivo! Na bela "We Rule", destacam-se as linhas de teclado e os vocais inspirados de Erik. E que grandes melodias! Um Melodic Rock moderno, com toques sinfônicos, que me lembram algo de Queen em alguns arranjos.
Finalizando, temos a batida moderna de "Do you Want It", com vários efeitos no teclado, e linhas vocais bem diferentes, mas que funcionaram legal, com melodias cativantes. Provavelmente a faixa em que mais inseriram elementos diferentes. A faixa título fecha, e segue a linha mais tradicional, principalmente nos riffs de guitarra, e tem um andamento mais cadenciado, um grande e melodioso refrão e bastante presença dos teclados.
O H.E.A.T mantém a qualidade em alta neste quinto álbum, trazendo uma roupagem mais contemporânea, uma excelente produção sonora, e acima de tudo, excelentes melodias, em composições cativantes e criativas. Perfeita amostra de que é possível evoluir e criar novos caminhos sem se desfigurar. Um álbum que pode agradar facilmente um público além dos tradicionais fãs de Hard Rock e Melodic Rock, ou seja, o grupo viu necessidade de arriscar, fazer algo diferente para expandir seu território.
Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica:
Banda: H.E.A.T
Álbum: "Into the Great Unknown" 2017
Estilo: Hard Rock, Melodic Rock
País: Suécia
Produção: Tobias Lindell
Selo: earMusic/Shinigami Records