O ano era 2016 e quatro grandes
nomes do underground extremo gaúcho se reuniram para compor juntos e trazerem à
tona o que viria a ser o apocalipse sonoro chamado Initiate Decay.
Em suas lacunas os quatro
cavaleiros do apocalipse: Aires Trajano (bateria – ex-In Torment e Mental
Horror), Diego Araújo (guitarra/vocal – ex-Revogar), Alexandre Graessler
(guitarra – In Torment) e Tiago Vargas (baixo/vocal – Carcinosi). Com um time
desses já pode ter a ideia do Death Metal brutal, lapidado e insano que se
moldaria.
Então em 2018 nascia o EP “Awaken
the Extinction” produzido no estúdio Hurricane em Porto Alegre e trazendo três composições
poderosas e dignas do currículo apresentado por seus músicos.
Com uma produção esmerada no peso
a abertura com “Spreading latente hatred” mostra que o grupo não veio para
brincadeiras velocidade, técnica e momentos mais cadenciados de puro peso e
variações. Assim como em “Proliferation of Manipulated Perception” e a faixa
que leva o nome do lançamento, mostrando ótimas dobras de vocais e estruturas
de guitarras monstruosas, com o baixo seguindo insanamente as marretadas da
bateria que alternam muito bem entre velocidade, cadencia e técnica apurada.
Em outras palavras: um super
grupo de quem entende de Metal Extermo, com profusões técnicas e bem
trabalhadas.
Agora é esperar pelo Debut, pois
a certeza de qualidade é garantida!
Musicista entrevistada: Clarissa Carvalho (guitarra) – Banda: Estamira
do Distrito Federal.
A Estamira está na ativa desde 2007, tendo uma breve pausa entre
2013/2015. Mas de certo modo, se mantendo ativa na cena e sendo uma banda
unicamente de mulheres, sempre levantando a causa feminista e o direito da
mulher, certo?
Nossa pausa começou quando
Ludmila saiu do País para fazer o doutorado. Ao voltar, Maiara tinha acabado de
ter filhos e neste momento só era possível nos encontrar para matar a saudade e
lembrar como era bom estar juntas tocando. Em 2017 fizemos um show revival para
matar a saudade, mas foi só no final de 2018 que tivemos a possibilidade de
voltar com todo o compromisso que isso exige. Então foi tempo suficiente para
voltarmos mudadas, mais maduras. Nesses quase 7 nos envolvemos com outros
projetos de vida (uma virou mãe, outra doutora, outra se tornou professora de
música e por aí vai...), outros projetos musicais (a Sara montou a Mãe Hostil e
tocou na P.U.S, e a Clarissa assumiu a bateria da Soror), também tivemos outros
tipos de contato com a cena (sendo público, produzindo eventos, colaborando com
as bandas, fazendo participações...).
Então a gente voltou diferente,
com outro gás e mais perspicácia, com outras vontades e com outras influências
de som, que esperamos poder mostrar nas novas composições em breve. Mas sim,
nossa essência não muda. Somos uma banda que nasceu sem a pretensão de ser uma
banda só de mulheres, pois todas as integrantes originais vinham de bandas
mistas, mas rolou dos contatos nos levarem a mulheres, e se nem todas se
consideravam feministas na época, essa união não premeditada ascendeu um desejo
de celebrar isso e assumir todas as vantagens e desvantagens de ser uma banda
formada apenas por mulheres, como uma forma de arte e de luta também. Somos uma
banda de metal e também somos uma banda de mulheres, temos orgulho disso. E
sim, esse é um tema que perpassa várias das nossas letras e dos nossos
posicionamentos, porque falamos do que vivenciamos como mulheres, inclusive no
meio underground - que se diz libertário, mas muitas vezes não é.
Gostaria que nos falasse a curiosidade por trás do nome da banda, que
tem um significado muito interessante.
Mais que curiosidade foi uma escolha política
em reforçar a memória da mulher Estamira Gomes de Sousa, uma catadora de lixo
do Rio de Janeiro, hoje já falecida, que ficou conhecida por fazer reflexões
extremamente sábias sobre as hipocrisias da sociedade, mesmo sendo considerada
uma mulher com “distúrbios mentais”. Aconselhamos fortemente assistir ao
documentário sobre a vida dela, que se chama “Estamira” mesmo, e é de 2004. Nos
identificamos com a história dela, por conta desse lugar subalterno que a
sociedade insiste em colocar as mulheres, né? Ela foi uma mulher negra, pobre e
considerada “louca”, um ser sem valor. De certa forma todas as mulheres são
Estamiras em algum momento de suas vidas (lógico, com todo respeito e
reconhecimento às diferenças existente entre este grupo nada homogêneo que são
as mulheres, com muitas ressalvas às desigualdades raciais, de classe,
sexualidade e identidades de gênero, entre outras que existem entre nós).
Mas
essa subalternidade está em todo lugar, na sub-representação das mulheres nos
espaços de poder e tomada de decisão, na exploração do seu trabalho e do seu
corpo que vem desde o seu lugar de mulher escravizada e estuprada na
colonização à desvalorização do trabalho doméstico que ela dedica à família
hoje. Está no lucro que não vai para ela quando vende a imagem do seu corpo
para a publicidade e massa. Está nos altos índices de feminicídio e violência
doméstica e muitos ouros aspectos, mas está em chamar-nos de “loucas”, como a
Estamira e como as feministas em geral, quando perdemos o medo de falar.
Até o presente momento a Estamira tem duas músicas lançadas e dois
videoclipes oficiais. Como está a produção e composição do Debut?
Pois é, esse é o nosso grande
objetivo!! Pretendemos aproveitar o período de isolamento para disponibilizar
esses sons mais antigos em uma só plataforma e gravar nosso primeiro álbum. Ele
terá algumas composições antigas ainda não gravadas e novas composições. Já
temos músicas inéditas desde antes da pandemia e estamos aproveitando o
isolamento para compor mais.
Uma das faixas de grande destaque certamente é a poderosa “Quem Morre
Sangrando Por Mim?” que traz uma letra instigante, e claro, um peso e
agressividade descomunal. O vindouro lançamento seguirá está linha?
Se as pessoas estão esperando
peso, raiva, porrada no som e nas letras, como foi com a “Quem Morre Sangrando
Por Mim?” esperaram certo. Quanto mais conscientes nos tornamos e quanto mais
vivências adquirimos, bem como solidariedade com as diferentes opressões, mais
raiva imprimimos nas letras. É o que está rolando. E o som reflete isso também.
A ideia é seguir cantando em português ou em breve teremos composições
em inglês?
Sim, sempre em português.
Entendemos que em inglês poderíamos alcançar um público maior e respeitamos as
bandas que decidem por esse caminho. Mas nós falamos de subalternidade e
opressão. Não conseguiríamos exprimir em inglês a experiência de mulheres que vivem
em um País colonizado. Não faria sentido pra gente.
Nesses mais de dez anos de banda vocês já tocaram em diversos
festivais. Quais aqueles que vocês julgam como inesquecíveis?
Vamos listar três e os motivos: O
Festival Vulva la Vida, que rolou em Salvador, em 2012, por ser um festival
feminista, completamente independente no esquema: faça-você-mesma, que não
apenas foi um show foda, mas nos rendeu várias amizades e parcerias com bandas
do Brasil inteiro. O Festival Ferrock, que tocamos na 24° edição em 2009, que é
um festival histórico da Ceilândia, a maior cidade periférica do DF, e que
criou bandas e cenas importantíssimas por aqui. Foi uma honra tocar nesse
festival. Por último, registramos o Festival Bruxaria, também do DF e um
festival feminista: faça-você-mesma, que além de bandas, sempre tem oficinas,
rodas de conversa, rango vegano, feira de produções de mulheres, e muito mais.
Temos muito carinho pelo Bruxaria, porque fomos convidadas para tocar na
primeira edição e depois Clarissa, Ludmila e Sara passaram a integrar a
coletiva que o organiza, e tem sido uma experiência maravilhosa. Nosso revival
foi lá na 2° edição, e também nosso show de retorno, na 4° edição, em 2019.
Em relação aos planos para a reta final de 2020/começo de 2021, o que a
Estamira está preparando?
Bem, não podemos negar que a
pandemia definirá as possibilidades e limites. Mas dentro destes, descobrimos
que dá pra fazer muito. Estamos compondo, estamos soltando nosso merchan novo,
estamos atualizando nossas mídias sociais, estabelecendo várias parcerias com
outras bandas do underground e matutando os frutos disso: quando a pandemia
permitir, queremos voltar a fazer shows, principalmente em cidades que ainda
não tocamos. Estamos com saudade de dividir o palco com a Manu Castro, nossa
primeira baixista que agora retorna à banda. Mas como já mencionei: nosso
principal objetivo é o álbum. Se sairmos da pandemia com ele pré-produzido,
será sensacional!
Confira os dois videoclipes oficiais nos links a seguir:
O Grave Stompers foi formado em 1993, em Munique (Alemanha), uma história familiar a muitas outras, amigos que queriam montar uma banda e fazer o som que gostavam. Para os estilos underground, como o Metal e o próprio Psychobilly, não podemos dizer que é um caminho fácil, pois muitos ficam pela estrada. (English Version)
No caso dos Grave Stompers, eles realizaram o sonho, fazendo shows e gravando álbuns, tendo conquistado fãs do estilo por todo o mundo, e seguem levando a bandeira do Psychobilly, mantendo o estilo vivo e ativo.
Conversamos com o vocalista/guitarrista e fundador Gernot, que nos contou um pouco mais da história da banda, que se intitula "Psychobilly Old School", tendo inspiração em nomes clássicos do estilo, como The Cramps, contos de horror e até chegaram a colocar elementos do Metal em sua música. Confira:
RtM: Olá Gernot vamos começar com
um pouco de história, o Grave Stompers foi formado em meados de 1993 em Munique,
conte-nos um pouco mais sobre esse início da banda.
Gernot: Um amigo da escola (o
nome dele era Florian) e eu queríamos formar um grupo e tocar música
Psychobilly. Psychobilly era a nossa vida!! E nós queríamos fazer nosso som
próprio. Nós precisávamos de um baixista e eu sabia que Holzi (um cara adepto do
Psychobilly, de uma cidade perto da nossa) tinha um contrabaixo. Então, uma
tarde, peguei meu violão, fui até a casa dele e perguntei se ele queria formar
uma banda conosco e que deveríamos fazer uma jam session ali mesmo.
Ele disse
que sim e nós três nos tornamos amigos. Então precisávamos de um baterista, e
outro cara que eu conhecia tocava bateria. Depois de alguns shows, trocamos o
baterista e Martin se juntou à banda. Nesse ponto, entramos em contato com
alguns promotores, então tivemos a chance de fazer shows e festivais como banda
de apoio de muitas dessas grandes bandas de Psychobilly que costumávamos ouvir.
Significou o mundo para nós!
RtM: A partir de quando vocês
estabilizaram essa formação que segue até hoje?
Gernot: Nós fizemos nosso primeiro
disco, "Rising From the Darkside" 1997). Depois disso, fizemos shows
na Alemanha e na Áustria e tivemos outra mudança de formação: o vocalista
Florian deixou o grupo e eu passei para o microfone também. Portanto, o Grave
Stompers são: Martin (bateria), Holzi (baixo e backing vocals) e eu, Gernot (guitarra e voz). Desde então, a formação nunca mais mudou e
estamos muito felizes com isso. Fizemos uma música, “Never Never You Go!”, em “Bone
Sweet Bone”, que foi dedicada à nossa amizade e musicalidade ao longo de todos
esses anos.
RtM: Abanda buscou um som mais sombrio, com contos
de horror clássico como inspiração. Conte-nos que outras coisas mais lhe inspiram
para compor?
Gernot: Histórias clássicas de
horror gótico são os principais itens de nossas letras. Bebendo, festejando e
ouvindo Psychobilly também. Para ser sincero, nós gostamos mais de groove e
música do que letras profundas e sofisticadas (risos)
RtM: Falando sobre sua música,
além desse rock n 'roll obscuro, você tem outros estilos musicais que lhe
influenciam no processo de composição?
Gernot: Quando começamos em 1993,
fazíamos o Psychobilly limpo e dançante. Então começamos a incorporar elementos
de metal, guitarras pesadas e distorcidas em nossa música (Rising from the Darkside,
Funeral Suite). Isso ocorreu durante um período de dois ou três anos, depois
voltamos ao estilo tradicional novamente. O conceito lírico sempre foi
assustador e sinistro.
RtM: O The Grave Stompers se
identifica como Psichobilly Old School, mas o quanto o Metal influenciou seu
estilo de tocar?
Gernot: Bem, tivemos alguns anos
influenciados pelo Metal em toda a existência da banda, mas no geral não tem
grande influência no Grave Stompers. Eu mesmo posso dizer que, além de
Psychobilly e Rockabilly, gosto muito de Metal e ouço desde meados dos anos 80.
Black Metal especialmente! E Mötley Crüe e Saxon.
RtM: Você poderia nos listar algumas
bandas ou estilos que influenciaram sua
carreira?
Gernot: Eu diria que os Cramps,
Meteors e todo o material psychobilly inglês dos anos 80 foram de grande influência
para nós. Krewman, Batmobile, Long Tall Texans, para citar alguns. Nós
estávamos totalmente interessados nisso e queríamos tocar a música que
estávamos ouvindo !! Também gostamos dos anos 60 e garage punk! Todo esse som
também foi uma influência para nós!
RtM: Houve um episódio curioso em
1997, quando vocês lançaram seu álbum de estreia “Rising From TheDark Side". As fotos da arte do CD foram
tiradas no cemitério, certo? Parece que houve algum tipo problema com a polícia,
e os seus equipamentos para a sessão de fotografia, os machados, ossos e
caveiras incomodaram os oficiais? Conte-nos sobre esse episódio.
Gernot: As imagens mostradas
nesse álbum não foram tiradas daquela sessão em especial no cemitério. Mas deve
ter sido nessa época em que tivemos outra sessão de fotos em um cemitério
local, o que causou alguns problemas com a polícia. Uma tarde, entramos no
cemitério com roupas de couro, bem equipados com caveira, ossos e machados para
fazer uma sessão de fotos. Se você gosta de terror e Psycho, é óbvio que você
precisa fazer uma sessão de fotos como essa no cemitério local! (risos)
Após a sessão, saímos de carro, e
logo que nos afastamos vimos que a polícia chegou ao cemitério e entrou com
armas nas mãos. Não tínhamos ideia de que era por nossa causa. Na mesma noite,
nosso baterista Martin, que dirigia o carro, foi visitado pela polícia. Algumas
pessoas no cemitério que nos viram, obviamente se sentiram ofendidas com a
nossa aparência, chamaram a polícia e deram o número do nosso carro. Então
tivemos alguns pequenos problemas com a coisa toda e, no final, ela foi
descartada porque ficou claro que o caso todo não era tão sério. Hoje é uma
história engraçada do passado!!
RtM: A banda passou por mudanças
de sonoridade, onde ficou mais pesada e mais dark, as turnês afetaram você
pessoal e musicalmente?
Gernot: Começamos a banda em 1993
e por volta de 1996 começamos com aquele som mais pesado e mais sombrio. Martin
tinha aquelas raízes orientadas ao punk e eu tinha minha paixão por Black Metal,
então foi por alguns anos que esses gêneros musicais foram incorporados em
nossa Psychobilly Music, mas com o álbum “Bone Sweet Bone”, voltamos ao estilo
Psycho Rockabilly clássico dos anos 80 novamente.
Os shows não tiveram nenhum
efeito real sobre nós - foi divertido, adoramos tocar ao vivo e foi uma grande
aventura para nós quando entramos nessa coisa de música/concertos full time!!
Bem, um efeito pode ser que você começa a beber mais bebida do que provavelmente
deveria - isso é porque as bebidas são de graça! (risos)
RtM: O Grave Stompers fez muitos
shows na Europa, vocês têm 25 anos de trabalho duro. Para finalizar nossa
conversa e sobre eu quero perguntar, é possível dizer aos seus fãs brasileiros
se há alguma chance de anunciar uma turnê brasileira no futuro, já teve algum convite? Embora sua música seja
mais restrita e underground, há muitos fãs seus em todo o país.
Gernot: UAU!!! Estamos muito
satisfeitos em saber que existem muitos fãs em todo o país! Nós apreciamos
totalmente isso!! Sentimo-nos profundamente honrados! Infelizmente ainda não há
planos de irmos ao Brasil ...
Rtm: Sinta-se à vontade para
enviar uma mensagem aos fãs brasileiros.
Gernot: Então, finalizando, eu
agradeço muito pelo interesse nos Grave Stompers! Desejo a você tudo de melhor
para seu futuro e seu site - mantenha o ótimo trabalho! É totalmente necessário
que as pessoas nunca parem para manter a cena musical viva e agitada! E erguemos nossas garrafas de bavarian brew a
todos os roqueiros, metalheads e psycho do brasil - obrigado por seu apoio -
nós os saudamos!! Um Brinde!
Entrevista: Louise C. Wagner
Tradução/Edição: Carlos Garcia
Grave Stompers was formed in 1993 in Munich (Germany), a story familiar to many others, friends who wanted to start a band and make the sound they liked. For underground styles, like Metal and Psychobilly itself, we cannot say that it is an easy path, as many are on the road. (leia a versão em português)
In the case of the Grave Stompers, they fulfilled the dream, doing shows and recording albums, having conquered fans of the style all over the world, and continue to carry the flag of Psychobilly, keeping the style alive and active.
We talked to the vocalist/guitarist and founder Gernot, who told us a little more about the history of the band, which is entitled "Psychobilly Old School", taking inspiration from classic names of the style, such as The Cramps, horror tales and even put Metal elements in your music. Check out:
RtM: The Grave Stompers were formed in mid 1993
in Munich, Gernot, would you tell us a little more about the beginning
of the band.
Gernot: A school friend of mine (his name was
Florian) and myself, we both wanted to form a group and play Psychobilly music.
Psychobilly was our Life!! And we wanted to play the sound by ourselves. We
needed a bass player and I knew that Holzi (a tall Psychobilly guy in a town
near ours) had a double bass.
So one afternoon I picked up my guitar, drove to
his house and just asked him, if he wants to form a band with us and that we
should do a jam session right here and now. He said yes and we three became
friends. So we needed a drummer and another guy I knew from former days, did
the drums. After a few gigs we changed the drummer so Martin joined the band.
At this point of time we came in contact with organizers and got the chance to
play concerts and festivals to support many of those big Psychobilly Bands we
used to listen to. It meant the world to us!
RtM: How did this actual line-up get solid?
Gernot: When
we did our first record, “Rising from the Darkside“. After that we did concerts
in Germany and Austria and another line-up change was drawing nearer: vocalist
Florian left the group and I took over to the microphone as well. So the Grave
Stompers are: Martin on drums, Holzi on bass and b-voice, and me, Gerno, on guitar and singing. Since
then the line-up never changed anymore and we are pretty happy about that. We
did a song „Never let you go!“ on Bone Sweet Bone wich was dedicated to our
friendship and musicianship throughout all these years.
RtM: The band has tried to reach a darker sound,
besides, has influences as the classical horror stories. Do you have other
lyrics inpiration beyond that? Tell us.
Gernot: Classic, gothic horror Stories are the main
items in our lyrics. Drinking, Partying and listening to Psychobilly as well.
To be honest, we are more into groove and music than into deep and
sophisticated lyrics :-)
RtM: Talking about your music, beyond this obscure
rock n’ roll do you have other music style that
influences you in composition process?
Gernot: When we started in 1993 we did clean and
rocking Psychobilly. Then we started to incorporate metal elements, heavy
distorted guitar into our music (Rising from the darkside, Funeral Suite). This
was over a period of two or three years, after that we returned to the
traditional style again. The lyrical
concept has always been spooky and sinister.
RtM: The Grave Stompers indentify themselves as Psichobilly
Old School. How much did Metal influence your music?
Gernot:Well, we had some metal influenced years in the
whole existance of the band, but all in all Metal Music has no big influence on
the Grave Stompers. I for myself can say that beside Psychobilly and
Rockabilly, I really like Metal a lot and I´ve been listening to since the mid
80ies. Black Metal especially! And Mötley Crüe and Saxon!!
RtM: Could you list us any bands, any styles, that
influenced your carreer?
Gernot: I would say that the Cramps, the Meteors and
the whole english Psycho Stuff of the 80ies where big influence for us.
Krewman, Batmobile, Long Tall Texans, to name a few. We were totally into that
stuff and wanted to play the music we were listening to!! We also liked 60ies
garage punk pretty much!! That whole sound was also a influence to us!
RtM: There was a curious episode in 1997, when you
released your debut album “Rising From The Dark Side”. Did you shoot your CD photos on a
graveyard, right? Were there any events with the police? Let us know about it. The whole
problem was about your gear (lol) for the
photography session? The axes, bones and skulls
bothered the police?
Gernot: The pictures shown on that album were not taken
from that special graveyard shooting. But it must have been around that time when we had another fotosession on a local
cemetery which caused some trouble for us with the police. One afternoon we
entered the cemetery in full Leather gear, well equiped with skull, bones and
axes to do a foto shoot. If you are into Psychobilly and gothic horror stuff
it´s just obvious that you have to do a foto shoot like that at your local
cemetery (laughs)
After the shoot we went off by car exactly when
we drove away we saw that the police arrived at the graveyard and got in with
guns in their hands. We had no clue that it was because of us. The same evening
our drummer Martin who had driven the car got visited by the police. Some
people at the graveyard who had seen us, obviously felt offended by our
appearance and called the police and gave them the number of our car. So we had
some minor troubles with that whole thing and at the end it was put down
because it was clear that the whole case wasn´t that serious. Today it´s a
funny story from the past!!
RtM: You went through musical sound changing in your
carreer, where did you get heavier and
darker? Did the tours affect you personal and
musically?
Gernot: We started the band in 1993 and around 1996 we
started with that heavier and darker sound. Martin had those Punk orientated
roots and I had my passion for Black Metal, so it was for a few years that this
musical genres got incorporated in our Psychobilly Music but with the "Bone
Sweet Bone" album we returned to the classic 80's PsychoRockabilly style again.
The concerts had no real affect on us – it was fun, we love playing live and it
was like a huge adventure for us when we got into that whole Music/Concert
Thing!! Well, one affect might be that you start drinking more booze than you
probably should – that´s because the drinks are for free (laughs)
RtM: Grave Stompers did a lot of shows in Europe,
you have experienced from 25 years of
hardwork. At the end of our conversation I want
to ask you, is it any chance to announce a
brazilian tour? Have you already had any invitations? Although your restrict
and underground music, we have a lot of fans of yours around the country.
Gernot: WOW!!! We are very very pleased to hear that
there are lot of fans around the country!! We totally appreciate that!! We feel
deeply honored!!! Unfortunately there are no plans to come to Brazil yet...
RtM: Feel comfortable to send message to the fans.
Gernot: So at the end I say a big thank you for the
interest in the Grave Stompers!
I wish you all the best for your future and
your website – keep up the great work!
It´s totally necessary that people never stop
to keep the music scene alive and rockin!!
And at the end we raise our bottles of bavarian
brew to all brazililian Rockers, Metalheads and Psychos - thank you for your support - We salute You!!!
Cheers!!!
Interview: Louise C. Wagner (with Colaboration of Renato Sanson)
Sempre é bom se deparar com novas
bandas surgindo do underground, e também é ótimo nos depararmos com bandas que
já estão a um certo tempo na estrada destilando seu veneno metálico, como é o
caso do Noldor de São Paulo, capitaneado pelo multi-instrumentista Patrick Marçal.
O Noldor chega em 2020 com seu 5°
álbum de estúdio o interessante e diversificado “Banned from Light”, apostando
no Death Metal Melódico, mas com estruturas altamente técnicas e agressivas.
Os riffs são extremamente
empolgantes e as melodias surgem no momento certo, com vociferações screams/guturais
insanas! As inclusões de alguns vocais líricos femininos surgem e dão um certo
tom de dramaticidade as composições, o que deixa a musicalidade mais intensa.
A produção do trabalho é muito bem-feita,
produzido e masterizado por Patrick em seu home-studio, deixando os instrumentos
e variações climáticas (entre vocais líricos e teclados) na medida certa, sem
destoar e apostando muito no peso.
São 9 faixas que mantem a homogeneidade
em temas líricos abordados sobre distúrbios e problemas psíquicos, onde cada
composição apresenta o seu clima individual, mas se entrelaçando como um todo
no decorrer da audição.
Poderia dizer que o Noldor é uma
grata surpresa do nosso underground, mas uma banda com 5 álbuns de estúdio já
mostra mais que experiência e que merece maior reconhecimento por toda sua
qualidade apresentada. Confira sem medo e surpreenda-se!
Músico entrevistado: Jefferson
Witt (guitarrista) – Banda: One of Them de Porto Alegre/RS
“Blind Faith” marca um novo
momento para a One Of Them. Uma nova formação e a continuidade do Thrash Metal
visceral apresentado em outrora. Como está este novo recomeço?
Primeiramente muito obrigado pelo
espaço! Sim, tivemos alterações na formação da banda. O que fez a gente demorar
um pouco para lançar material novo. Contudo mantivemos o estilo Thrash e
adicionamos ainda as experiências dos novos integrantes.Deixando o som mais agressivo eu diria. Estamos
muito felizes com as composições e como estamos nos saindo nos shows. O EP teve
resenhas muito boas.
Musicalmente temos aquele velho e
bom Thrash oitentista. Beirando a insanidade com muito peso e agressividade.
Conte-nos mais sobre o processo de composição deste novo trabalho.
É isso que querermos apresentar
mesmo. É o tipo de som que a gente ama e gosta de tocar. Mesclamos umas mais
antigas que fizemos umas modificações e colocamos músicas compostas com essa formação
atual. Uma delas fizemos bem pouco antes de entrar no estúdio para gravar. Ou
seja, pegamos bem a identidade atual da banda! Cada um trás uma ideia e nos
ensaios vamos mexendo até ficar de um jeito que democraticamente a maioria
aprove.
Dentre uma das novidades em “Blind
Faith” temos a faixa “Pulverizados” que encerra o trabalho. Cantada em
português e que caiu muito bem esteticamente para a banda. Para o futuro,
teremos mais composições cantadas em língua pátria?
Eu diria que sim! Ela foi feita
inicialmente em inglês pelo Jonas (batera) que sempre traz uma ideia de letra
com a tradução junto. Mas na hora que começamos a tocar passou pela nossa
cabeça que em português ia ficar ainda mais “cavala". Testamos, cortamos
algumas palavras e fechou. Como somos fãs de Korzus e de Overdose, entendemos
que seria também uma homenagem a essas bandas pioneiras no Brasil.
Foram onze anos de intervalo
entre o primeiro registro – a Demo “I am One of Them” – até chegarmos no Debut.
O que gerou está demora?
Justamente a troca de integrantes.
Dois guitarristas e a batera. Sendo que o batera que saiu foi um dos
fundadores. Então foi um recomeço. Várias músicas ficaram para trás. Resolvemos
realmente gravar aquelas que entendemos representar o som atual da One of Them.
Em termos de repercussão, como
está sendo a aceitação do novo material?
Está muito boa!!! Tivemos
resenhas muito boas em sites e revistas. Entramos na lista de melhores álbuns
de 2019 de dois colaboradores da Roadie Crew. Fora isso os shows que fizemos a
galera respondeu muito bem! Comprando o CD e camisetas. Isso entendemos que representa
uma boa aceitação do álbum.
Com o ano de 2020 praticamente
comprometido devido ao Covid-19, quais os planos da One of Them para 2021?
Claro, se tudo realmente “normalizar” (risos desesperadores).
Sim, por esse ninguém esperava...
tínhamos já dois shows agendados e certamente apareceriam mais. Estava indo bem!
Tinha tudo para ser um ano fantástico em matéria de shows. 2019 já tinha sido
bacana. Tocamos com o Angelus Apatrida e foi muito legal. Vamos ter que esperar...
não tem o que fazer. Espero que ainda de para agitar esse ano!
A arte de “Blind Faith” é
realmente impactante e muito bem trabalhada. Trazendo à tona o que teremos ao
apertar o play da bolacha. Como surgiu a ideia para esta arte?
Muito obrigado! O artista é um
parceiro do Paraná, Jean Michel. Mandamos os sons e as letras e ele veio já com
a ideia da capa. De cara achamos genial! Ele captou perfeitamente! Conseguiu
botar parte de várias das letras na arte! Ficou muito THRASH!
O Crushing Axes é uma one-man-band. Formada
em 2008 e destilando um som extremo e diversificado. Como surgiu a ideia do
projeto?
Tive bandas entre 1997 e 2008, porém no geral as bandas preferem
covers, sempre quis tocar as minhas composições, minhas músicas são
consideradas estranhas pela maioria, acho que isso também ajudou na ideia de
montar algo em que pudesse dar vazão a criatividade.
De 2008 para cá foram 17 discos
completos e 3 EP’s. De onde surge tanta inspiração para compor? Além das vozes
e guitarras, você também grava os demais instrumentos?
Boa parte das temáticas vem da mitologia nórdica, sempre achei que é o
tema perfeito para transparecer a agressividade. Outro tema recorrente é a
misantropia, alguns discos são conceituais como o “Black Book” ou o “Undead
Warrior”. “Frozen Soul” é um disco completamente voltado a misantropia, em
outros discos tentei fugir um pouco como em “Evoking The Power of Chaos” onde a
temática é Mitologia Suméria. “Sons of Fire” é baseado na Divina Comédia de Dante
Alighieri. Mas basicamente as principais fontes de inspiração são livros e
filmes.
Além das guitarras e vozes eu gravo o baixo e a bateria na maioria dos
discos é programada, em alguns trabalhos com elementos de orquestra eu também
faço a programação dos instrumentos virtuais.
Alexandre, falando da guitarra em
si, você é um grande estudioso do instrumento. Quais são suas principais
influências? E no que essas influencias impactam diretamente o Crushing Axes?
Gosto muito do metal tradicional, Iron Maiden, Judas Priest, Black
Sabbath, as principais influências em termos de composição são o Slayer,
Claustrofobia, Kreator, Megadeth, Nuclear Assault, Bathory, Mirrothrone,
Myrkgrav, Darkthrone, Windir.
Além das influências das bandas que geralmente influenciam nas estruturas
e sonoridade, também me inspiro muito em guitarristas como Randy Rhoads, Zakk
Wylde, Jake E Lee, Andy LaRocque, Steve Vai, Joe Satriani, Paul Gilbert, Nuno
Mindelis, Yamandu Costa.
Sempre achei importante para ajudar na criatividade a diversidade, fora
das influências mais óbvias, sempre ouvi muita música clássica, Beethoven,
Bach, Corelli, Strauss, Vivaldi, Händel.
Para este ano você lançou o EP
“Blackwater Lake”. Conte-nos mais sobre o mesmo.
Acabei não divulgando tanto esse EP por falta de tempo, tive alguns
problemas e não consegui fazer a devida divulgação, embora seja um trabalho
curto é um trabalho conceitual sobre uma bruxa que é afogada em um lago e
retorna alguns anos depois para se vingar. Com exceção do “Undead Warrior” e
algumas participações especiais, todos os trabalhos foram gravados em São José
dos Campos – SP, no meu próprio homestudio, o “Blackwater” foi o primeiro
gravado totalmente fora da minha cidade natal, foi gravado em Itanhaém no
Litoral sul de SP.
Apesar da variação constante de equipamentos nos trabalhos anteriores,
esse foi o primeiro que gravei com um set completamente diferente. Foi um bom
desafio para sair da zona de conforto.
Tem uma particularidade que me
chamou bastante atenção neste lançamento que foi a inclusão de certas falas em
português nas faixas em momentos distintos. Como surgiu está ideia e porquê?
Basicamente tenho gravações com quase todos os músicos que tive banda,
as gravações funcionam mais ou menos como fotos, constantemente tento escrever
algo em português, mas infelizmente sempre achei o inglês mais sonoro, alguns
dos meus amigos são bem criativos, algumas das ofensas trocadas por aplicativo
são tão criativas que resolvi encaixar em algumas músicas. Geralmente entre um
take e outro em estúdio sempre rende algum tipo de áudio engraçado, seja o
músico xingando ou até mesmo uma conversa inusitada, a ideia basicamente veio
desses takes.
São doze anos lançando materiais
e 20 lançamentos ao total. Qual o seu preferido? E qual aquele que você
gostaria de mudar algo?
Essa pergunta não poderia vir em melhor hora, estou agora mesmo
terminando a etapa final para lançar uma música que foi gravada em 2013 no
disco “Frozen Soul” remixada e remasterizada.
É uma tarefa realmente complicada escolher um trabalho favorito, um
amigo de infância chamado Rafael Coelho fez a capa de dois álbuns “Viking
Winter” (2009) e “Back to North” (2017) gosto bastante desses dois, acho que o
trabalho que resume o Crushing Axes é o “Undead Warrior” (2014), esse trabalho
foi gravado, mixado e masterizado no VibeVale em Taubaté pelo Rodolfo
Bittencourt, a bateria ficou a cargo do Gledson Gonçalves (ex-Primal Rage), o
baixo foi gravado pelo Fernando Molinari, e a capa do disco foi feita pelo Rafael
Tavares que fez capas para bandas como Ophiolatry e Chaos Synopsis.
Pode parecer controverso, porém eu gosto muito do som rústico dos
primeiros álbuns, da dissonância de algumas partes orquestradas, eu não mudaria
por fazer parte de uma evolução ao mesmo tempo que a ideia sempre foi fazer um
som mais original e menos comercial, gosto muito de bandas como Darkthrone e
Burzum, e da sonoridade mais crua e honesta do Black Metal visceral.
Uma das ideias que sempre estão comigo é convidar algum baterista e
regravar algumas das músicas, mas sempre acho melhor trazer músicas novas. Não
gosto muito da ideia de ficar remoendo as músicas antigas. Em geral fora raras
exceções as bandas que tentaram fazer um retorno a origem sempre carregam uma
sonoridade falsa e fraca.
Teremos mais algum lançamento
para 2020 ou o próximo full somente em 2021?
A Princípio o próximo full seria recheado com participações, mas a
situação atual com o COVID complicou um pouco as coisas, estou reavaliando e
pensando em alternativas, mas é 99% de certeza que sai algum full esse ano.
O VODU ocupa um lugar de destaque na galeria da história do Heavy Metal brasileiro, fundada em 1985, foi um dos pioneiros do estilo, dividindo o espaço com outras bandas históricas surgidas no início dos anos 80, principalmente no circuíto paulista. (English Version)
O Vodu também foi uma das primeiras bandas brasileiras de Heavy Metal a lançarem um full-lenght, "The Final Conflict" (1986), alcançando excelente repercussão, lhes rendendo uma tour que passou inclusive pela Argentina.
Depois da estreia, a banda lançou mais um EP e dois full-lenghts, mas as alterações de line-up, mudanças do cenário musical e outras dificuldades acabaram acarretando em um longo hiato iniciado após o lançamento do álbum "Endless Trip" (1993), e que durou até 2015, quando o Vodu saiu do período de hibernação e iniciou um retorno com muita energia e fôlego.
Com o retorno do Vodu, quem ganha é o cenário Heavy Metal, e agora a banda está prestes a lançar seu novo full-lenght, "Walking With Fire". Precedido pela demo "Voodoo Doll" (2018), o novo álbum promete ser o melhor da banda até agora, é o que eles apostam! Conversamos com Sérgio Facci, fundador e único membro presente em todas as formações da banda, e com o vocalista André Gois, para saber um pouco mais sobre o retorno do Vodu, sobre o novo álbum e trazer um pouco da história desta grande banda. Quem curte o clássico Heavy Metal, não pode perder esse álbum!
RtM: A banda teve um longo hiato, apesar de os
integrantes sempre continuarem com projetos ligados à música, e sempre era um
nome lembrado quando se falava em bandas pioneiras. Fale um pouco de como
acendeu essa chama, que resultou na vontade de retornar com a banda.
Sérgio Facci: Fomos convidados separadamente para um evento
que a Banda VIPER faz anualmente, isso em 2015. Quando percebemos, estávamos
André Pomba, André Gois, J.Luis "Xinho"Gemiganani e eu no camarim,
prontos para tocarmos uma musica do Viper ! Então surgiu a idéia de retormarmos
nosso caminho, desde que fosse com o objetivo de fazer novo material!! E
partimos para essa missão.... e dentro de alguns dias vocês ouvirão nosso novo
trabalho: o CD "Walking With Fire"!!
RtM: E para chegar a essa formação atual? Com
integrantes da fase inicial, inclusive o Andre nos vocais, senti que vocês
buscaram um line-up que tivesse uma química e também orgulho da história e de
escrever novos capítulos.
Sérgio Facci: Foi meio que uma coincidência, pois o Jeff
(guitarrista da segunda fase do VODU), também voltou com a gente, mas por
motivos profissionais, não conseguiu dar continuidade, e então o Paulo
Lanfranchi (também guitarrista da segunda fase), que estava tocando comigo no V
PROJECT, retornou a banda e formamos nosso line-up!!
"Fomos umas das bandas pioneiras, tocamos em quase todo o Brasil em uma época difícil de acontecer."
RtM: E o embrião inicial do Vodu? Conte-nos um
pouquinho de como surgiu a banda e também sobre a oportunidade de gravar o
primeiro álbum, que inclusive um dos primeiros full-lenght do Metal Nacional.
Sérgio Facci: A Banda surgiu da primeira banda que formei no
Colégio. A Banda chama-se Resomnância e foi na época do show do KISS no Morumbi
(1983)!! Marcelo Boccato que tocava guitarra e eu, queríamos ir ao show,
compramos os ingressos, mas não tinhamos com quem ir...e um amigo de um amigo
nos ofereceu carona ... esse amigo era o André Cagni, hoje Pomba!! E contou
que tocava baixo ... chamamos para entrar na banda!
Com ele, incorporamos um
segundo guitarrista, o Bruno Bomtempi Jr. Boccato acabou saindo, encontramos um
vocal chamado Jeferson, e então mudamos o nome da banda para VODU ! André Gois
"Andrews"na época, assumiu os vocais e iniciamos a caminhada com
shows em colégios, e festivais, até que pintou a oportunidade de gravarmos nosso
primeiro LP.
RtM: A tour do álbum também rendeu muitos shows não
é? Inclusive fora do país. Conte-nos um pouco sobre isso, e também como eram as
condições naquela época, tipo, transportes, hospedagem, o som nos locais.
Sérgio Facci:: Simmm!! O Pomba já ajudava bastante na Rock
Brigade (Revista e nossa Gravadora) e tinha muitos contatos, o que acabava
gerando muitos shows ... e entre eles, conhecemos o Pocho Almeida que tinha um
fanzine ou algo assim na Argentina, e nos convidou para irmos para lá fazer 3
shows! Todos os shows do VODU, eram no esquema "mambembe" mesmo!!
Íamos para a rodoviária, ônibus de linha mesmo e íamos embora... muitos kms
percorridos ... hospedagens normalmente era na casa do produtor ou de algum
amigo do mesmo, raramente tinha hotel e mais raramente o hotel era bom!!
Hehehe!! Quanto ao equipamento, tudo era sofrido, pois não existia coisa muito
boa aqui no Brasil, então nós levávamos o que dava e encarava o restante no
local.... muitas vezes doía ... mas fazia parte!!
RtM: Porque a banda, depois de um começo promissor,
teve a mudança na formação? Principalmente a saída do André, pois a troca de vocal
geralmente é algo que é mais sentido.
Sérgio Facci: Ah... isso era ideologia na época, falta de
experiência, imaturidade, falta de retorno financeiro, ... enfim um somatório
de fatores.
RtM: Vocês iniciaram o movimento no Brasil, ao lado
de Viper, por exemplo, que cantava em inglês, ao contrário de uma tendência na
época, que era fazer as músicas em português, como o Stress, Centúrias, Harppia
e outros. Vocês já miravam e sonhavam em um mercado fora? Ou porque realmente é
a língua mais usada no Rock e Metal.
Sérgio Facci: Começamos cantando em português, inclusive será
lançado pela Classic Metal um box com os LPs Seeds of Destruction e No Way, com
alguns bônus em vide o (inclusive duas em português - nosso início !)
RtM: Você
Mensura a importância do Vodu dentro da história do Metal brasileiro?
Sérgio Facci: Ahh.. Fomos umas das bandas pioneiras, tocamos
em quase todo o Brasil em uma época difícil de acontecer, fomos para o
Nordeste, sul, Argentina, enfim, divulgamos muito o heavy metal no inicio da
cena aqui no Brasil!
RtM: O que motivou a banda a encerrar as atividades
depois do “Endless Trip” (93)? Nos 90 muitas bandas aqui do Brasil e fora
sentiram aquela mudança na indústria da música, isso também pode ter afetado na
decisão?
Sérgio Facci: Sim. Estávamos cansados na verdade, e isso
acabou "motivando" o encerramento das atividades, ou suspendendo hahaha!!
RtM: Durante esses anos em que a banda esteve
parada, tivemos muitas mudanças no cenário e indústria musical, e claro, no
cenário Metal, como a explosão da internet, mp3, plataformas digitais e até
estamos vendo agora nos últimos anos uma retomada no crescimento das mídias
físicas.Gostaria que você comentasse
sobre as principais diferenças daquela época em que vocês iniciaram e a atual,
o que melhorou e o que piorou na sua opinião?
Sérgio Facci: Então, mudou tudo literalmente!! Divulgação,
compartilhamento das musicas, enfim, tudo ficou muito mais fácil! Antigamente
você mandava fita cassete via correio, demorava um mês ou mais até chegar ao
destino, e isso agora, não existe mais. Divulgação a mesma coisa, tudo via
correio, hoje você solta a nota aqui e em 2 minutos já está no mundo todo!
"Com certeza será o grande trabalho do VODU!! Muito esforço e dedicação estão neste trabalho."
RtM: Falando sobre o novo disco, vocês já começaram
a trabalhar nas novas músicas em 2015, logo após o retorno? Fale um pouco sobre
esse processo, e acredito que muita coisa deve ter mudado nas composições de lá
pra cá? Vocês compuseram quantas novas músicas?
Sérgio Facci: Sim. Desde 2015 fizemos novas composições, para o
CD foram em torno de 12 músicas e ficaram nove gravadas. As composições são na
maioria do André Gois e do Pomba, o Xinho também tem uma e nosso amigo Valder
Santos nos presenteoucom duas músicas
sensacionais! O Val foi baterista do VIPER na época do Theatre of Fate, depois
passou a integrar a TOYSHOP, sendo um dos grandes compositores que conheci até
hoje.
RtM: Além disso, claro, vocês vão regravar algumas músicas dos primeiros discos, com melhores condições, e quem sabe mais próximas da maneira que vocês gostariam que soasse na gravação original.
Sérgio Facci: Sim, são cinco músicas regravadas e repaginadas. Final Conflict e Let Me live do LP Final Conflict e Seeds Of Destruction, Whats the Reason?, e Keep On Fighting do segundo LP Seeds Of Destruction.
RtM: Sobre as regravações de músicas dos primeiros álbuns, além da possibilidade agora de dar uma gravação melhor, vocês mudaram algum arranjo? E que critérios vocês usaram na escolha das regravações.
Sérgio Facci: Sim, mudamos algumas músicas, e escolhemos aquelas que se destacaram mais.
RtM: Não só no caso do Vodu, mas muitas gravações da épocanão traduziam o que a banda fazia ao vivo, e agora, somando a experiência, equipamentos e estúdios mais capacitados, você acha que talvez esse novo disco possa ser o melhor da banda?
Sérgio Facci: Olha, com certeza será o grande trabalho do VODU!! Muito esforço e dedicação estão neste trabalho !!
RtM: Os planos eram lançar o álbum quando? Agora também esta situação com a pandemia, com certeza atrasou ainda mais os planos para lançamento. Fora isso, quais as principais dificuldades que vocês encontraram atualmente?
Sérgio Facci:: Na verdade esse álbum era para ter saído ano passado (2019), mas alguns contratempos aconteceram e atrasou o lançamento, agora com a pandemia, acabou atrasando um pouco mais, mas em um mês o CD estará com vocês!!
"Walking With Fire" foi escolhida para ser a música título por ser muito forte e representar o espírito e o estilo que temos hoje, um Heavy Metal clássico!
RtM: Algo que achei legal foi a
temática de algumas letras, tendo a ver com o nome da banda, como Voodoo Doll
(aquelas percussões na batera caíram muito bem, deram um clima legal) e Say My
Name. Gostaria que vocês comentassem mais sobre essas duas músicas.
André Gois: "Say My Name" e "Voodoo
Doll" tem uma temática de terror e fantasia, coisa que nunca exploramos no
passado por sermos mais direcionados a temas políticos e sociais. Agora, depois
de tanto tempo, essa temática de horror e fantasia faz mais sentido para o
estilo de Heavy Metal mais clássico que tocamos e com o nome da banda, coisa
que nunca exploramos também. "Voodoo Doll" fala de um cara que se
envolveu com uma feiticeira vodu e perdeu a alma (hahaha) e "Say My
Name" fala de um ritual, com a entidade dizendo o que é preciso fazer para
que ela se manifeste.
RtM: Walking With Fire, faixa título,
que saiu também como bônus na versão em CD de Final Conflict. Gostaria que
vocês também falassem mais sobre ela, e também o porquê da escolha dela para
faixa título.
André Gois: "Walking With
Fire" foi escolhida para ser a música título do disco por ser muito forte
e representar o espírito e o estilo que temos hoje, um Heavy Metal clássico,
melódico, pesado e rápido com variações de ritmo muitas vezes. Fala de uma
volta por cima, que é melhor deixar para trás aquilo que já não nos pertence ou
que nunca nos pertenceu e seguir em frente, mesmo que a estrada e a tempestade
possam assustar.
RtM: A demo “Voodoo Doll” deu uma ideia muito boa do
que está por vir, pessoalmente gostei muito, gerando muita expectativa. Que
faixas mais você acha que terão uma aceitação melhor e assimilação mais rápida
do público? Tem alguma que tenha algum elemento que você acha que possa causar
alguma surpresa?
Sérgio Facci: Acredito que "I Spit On Your Grave" e "(Un)blessed", que são duas
músicas muito fortes!!
RtM: Gostaria que vocês falassem como vocês estão
sentindo a repercussão e aceitação das novas músicas que já foram apresentadas
ao público, além do desafio de mostrar o som da banda para um novo público,
buscar o espaço no cenário atual.
Sérgio Facci: Só elogios! A galera tem curtido muito os
clips e comentado muito nas redes!!
E com a experiência agregada em todos estes anos, estamos preparados para
lançar um grande álbum!!
RtM: Desta vez miram algo mais fora do Brasil? Quais
expectativas mais vocês têm para o futuro da banda?
Sérgio Facci: Sim, sempre!! Espero poder mostrar que o VODU
cresceu e se modernizou, sem esquecer as raízes do Heavy Metal !!
RtM: E os integrantes que gravaram álbuns seguintes?
Pensaram em alguma participação especial no álbum novo? Talvez em um show de
lançamento com convidados especiais, incluindo alguns ex-integrantes.
Sérgio Facci: Só eu mesmo que participei de outros LPs.
Quanto aos convidados, SIM, teremos imenso prazer em ter ao nosso lado, nossos
amigos e ex integrantes de outras formações!!
RtM: Para fecharmos esta entrevista, o que acha de
comentar um pouquinho de cada disco do Vodu, as principais diferenças entre
eles e o que eles representam na história da banda?
Sérgio Facci: Vamos la´: "The
Final Conflict" – nosso primeiro trabalho, início de tudo, esse LP abriu caminho
para muitas bandas e músicos!! Éramos uma banda que tentava fazer um Heavy Metal bem trabalhado e bem tocado!!
"Seeds Of Destruction" – Foi a fase mais
"Thrash" da banda. Músicas rápidas sem perder a característica de ter
um bom trabalho musical
"No Way" – Na verdade um EP, que foi gravado de
uma lado, ao vivo no CAVERNA II no Rio de Janeiro e de outro lado, algumas
idéias em um estúdio fazenda no interior do Rio de Janeiro também.
"Endless Trip" – Nosso último trabalho gravado.
Tentamos misturar elementos eletrônicos ao nosso som.
RtM: Obrigado pela entrevista, ficamos no aguardo
das novidades sobre o álbum! Fica o espaço para a sua mensagem final e também
para informar aos headbangers onde poderão adquirir o novo material,plataformas digitais
Sérgio Facci: Gostaria muito de agradecer o espaço aberto
para nós, e dizer que você faz um trabalho de divulgação das bandas sensacional!!
Agradecemos aos nossos amigos e fãs por todas a
força e incentivo que vocês nos dão .. Valeu!
E bangers, sigam nossas redes sociais!! Em
nosso site –www.voduband.com,
tem links diretos para todas nossas redes, e por la vocês saberão do lançamento
do novo CD !! Facebook/Instagram/ Youtube entre outras estão por lá! E nos
próximos dias lançaremos a pré-venda do nosso CD, com alguns bônus extras ...
aguardem!
Valeu Bangers – Quando as agulhas do metal lhe
tocarem, você estará eternamente possuído!!
Entrevista: Carlos Garcia
Vodu: André Gois: Vocals Sérgion Facci: Drums André "Pomba" Cagni: Bass J.Luis "Xinho"Gemiganani: Guitars Paulo Lanfranchi: Guitars